SANTO CUNHA:

A POESIA EM PESSOA. PARABÉNS!

Com o título acima, foi publicado no Jornal Pequeno de hoje, texto nosso sobre a passagem de aniversário de J. M. CUNHA SANTOS, na opinião deste que vos escreve, “o maior poeta vivo do Maranhão”. 52 anos de vida, dedicados integralmente à poesia e ao bom jornalismo. Viva ele! Parabéns!

Sinto-me honrado em estar trabalhando na edição (com lançamento previsto para o ano que vem) de suas OBRAS COMPLETAS, que trarão: “MEU CALENDÁRIO EM PEDAÇOS”, “O ESPARADRAPO DE MARÇO”, “PAQUITO, O ANJO DOIDO”, “A MADRUGADA DOS ALCOÓLATRAS”, “PESADELO”, “ODISSÉIA DOS PIVETES”, os inéditos “O CORRUPTO” e “VOZES DO HOSPÍCIO”, além de “CRÔNICAS DO 5º DIA”, colhidas no Jornal Pequeno, onde Cunha assina a página Ação e Planejamento, todas as sextas-feiras.

E por falar em sexta-feira, Cunha será um dos homenageados na próxima edição da SERENATA DOS AMORES, que acontece dia 12/11, às 20h30min, no Largo da Igreja do Desterro (detalharemos em breve, aqui no blog).

Parabéns, Cunha Santos! Muitos anos de vida, felicidades e sucesso!

Abaixo, alguns sonetos do poeta maior:

MOTEL



O mênstruo da aurora em tom vermelho

repete-me abatido na vidraça

minha imagem em dó, ré, mi, coalha no espelho

o sol, lavando o rosto, vê e passa

é a manhã, rebento do meu sono, afoito

me mudo para a lâmpada que, acesa,

crava minha sombra sobre a mesa

caneta e eu, poema, eterno coito

saudades dela em mim como estrias

na pele. E como é duro remove-las

devassos nós dormimos quando é dia

que às noites, como cães lassos de orgia

se ela faz suruba com as estrelas

eu vivo em coito anal com a poesia

REVOLUÇÃO



Quem é esta mulher que em mim reclamo

com o brilho eterno e morno de um sol posto

por quem noites inteiras é que eu chamo

como é a sua voz e onde está seu rosto

Estranha a sua paisagem me consome

sufoca o peito e a alma me deforma

quem é esta mulher, qual o seu nome

porque seu corpo é incerto e não tem forma?

Tantos se amam e nos meus sonhos fluo

de amar alguém sem lar, sem endereço

praças abertas, sol, amor, eu suo

De uma tortura que, sei, não mereço

O tempo e os namorados passam, eu continuo

amando esta mulher que eu não conheço!

DOR DESCONHECIDA



Se é de dente, se é física ou d’alma

se é íngua, se é fígado, mazela,

se é falta de paz, se é de calma,

se é cancro, é ânsia, ou berinjela

se é saudade, é ressaca, ou é azia,

pólio, tifo, arteriosclerose,

desespero, venérea, distonia,

congestão, estupor, tuberculose

não direi, é voraz, vil, deprimente,

sanguessuga tenaz, aqui ausente

se não sei, ou melhor, se não pressinto

o que faz esta dor mais inclemente

é senti-la assim tão profundamente

e, por fim, não saber o que é que eu sinto.

TRIPÉ



Do que quis ser, meu pai, sou quase nada

um bacharel em briga com a norma

um jornalista com as tintas paradas

e um poeta sem sonhos nem forma

Porque advogar pelos exploradores

ser jornalista escondendo os fatos

ou um poeta esbagaçando flores

é iniqüidade, é xila e desacato

São três denúncias que de mim enfronho

neste papel de luz da eternidade

qual mosqueteiro em céus enfadonhos

um advogado cujas leis deponho

um jornalista escondendo a verdade

e um poeta a sufocar seus sonhos!

FLORES BRANCAS



Quanto mais eu desejo a flor que escondes

no jardim de cabelos desta praia

mais enfias a flor não sei por onde

mais oprimes a flor dentro da saia

Mais escondes a flor que eu desejo

e nem queres também, tu, flor de homem

ah! Se unimos nossas flores num só beijo

serão só duas flores que se comem

Dá-me a flor, não reflete, dá-me agora

quer nas praças, escolas, cines, bondes

dá-me a flor, sem moral, dá-me sem pejo

que não entendo a razão dessa demora

quanto mais eu desejo a flor que escondes

mais escondes a flor que eu desejo!

E fechando, um poema deste blogueiro, que o homenageia:

BALADA PARA J. M. CUNHA SANTOS

Poema de Zema Ribeiro, publicado

na coluna Diário de Bordo, da amiga Vanessa Serra, no Jornal

Pequeno



Por exerceres o ofício

Quase um vício

Da poesia

Por mais que vinte e quatro

Horas por dia

Poeta do quinto dia

Serias,

Se a semana fosse de quatro.

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