Agendão para este fim de semana e além

“A viagem no tempo é comprovada pela presença maciça de cabeças do século retrasado neste”. Em “As Aventuras de CavaloDada em + Realidades Q Canais de TV” (Pitomba!, 2013), o poeta Reuben cravou essa, certeira. Entre tantos temas aos quais ela pode ser aplicada, descriminalização do aborto e da maconha, entre eles, serve também para perguntar se alguém ainda mora no tempo em que era comum ouvirmos falar que em São Luís não acontece nada.

O fim de semana na ilha promete opções para todos os gostos. Confira o que vai rolar a partir de hoje.

DOIS COLETIVOS, UM SÓ FESTIVAL

Regiane Araújo e Núbia nas gravações de “Tirem as Cercas”, música da primeira. Reprodução

Hoje (29), a partir das 17h, no antigo Espaço Cultural (entre a Rua Coelho Neto – ou da Tapada – e a Praça Maria Aragão, Centro), acontece o festival Cadê o Circo na Piracema?, iniciativa em parceria dos coletivos Na Piracema das Mudanças Climáticas e Cadê o Circo?. O evento é grátis e terá a seguinte programação:

17h: Feirinha e Gilson César (mímico)
18h: Tambor da Lua
19h: DJ Pedro Sobrinho e O Circo Tá Na Rua
20h: Cordel com Rômulo
20h15: Marcos Magah
20h30: Walter
20h45: Luciana Simões
21h: Fauzi Beydoun
21h15: Josias Sobrinho
21h30: Luma Pietra
21h45: Nubia
22h: Regiane Araújo
22h15: Paulão
22h30: Beto Ehong e Siô Groove
22h45: Tarcísio Selektah
23h45: Adriane Bombom (performance)
0h: Lucía Santalices
0h15: Criola Beat

SARAU DE ESTICA DE ANIVERSÁRIO

O cantor e compositor Tutuca Viana. Reprodução

Hoje (29) acontece a primeira edição de Um Sarau Para São Luís. O evento, gratuito, é uma extensão das comemorações pelos 411 anos da capital maranhense, completados no último dia 8 de setembro. A festa acontece na Praça dos Catraieiros, na Praia Grande, e começa às 19h. As atrações são, em ordem alfabética, Gerude, Mano Borges, PP Júnior, Roberto Ricci, Ronald Pinheiro e Tutuca Viana.

SAMBA, CHORO E OUTRAS BOSSAS

Projeto mensal da Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), sediada no Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, o Samba, Choro e Outras Bossas chega hoje à sua sexta edição. A premissa é simples: acompanhados de formações instrumentais diversas, os artistas aniversariantes do mês desfilam um repertório formado por músicas dos gêneros que batizam o evento. Começa às 19h e acontece no pátio interno do Convento das Mercês, com entrada gratuita. As atrações de hoje são, em ordem alfabética, Ana Tereza Cunha, Elder Ferreira, Emanuele Paz, Eraldo Ébano, Gisele Padilha, Inácio Pinheiro, Mariana Rosa, Ribão d’Oludô, Rose Maranhão, Ticiana Duailibe e Victor Hugo, acompanhados pelos grupos Roberto Chinês Quarteto e a Banda “Choro, Samba e outras bossas”.

FESTIVIDADE PARA XANGÔ

“Xangô”. Aquarela de Carybé, 1950. Acervo Museu de Arte da Bahia. Reprodução

Hoje (29) tem Candomblé e amanhã (30) Tambor de Mina para o orixá, às 21h. Na Casa Fanti-Ashanti (Rua Militar, 1158, Cruzeiro do Anil). Entrada franca.

RÁDIO DAS TULHAS

Evento semanal comandado pelos djs Ayawo Noleto e Victor Hugo, a programação gratuita acontece todos os sábados, de meio-dia às 18h, na Feira da Praia Grande. Neste sábado (30), homenagem a Nonato e Seu Conjunto, com a participação especial da DJ Vanessa Serra.

ILHA ROCK

O single “Angry” anuncia “Hackney Diamonds”, primeiro álbum de inéditas desde “A Bigger Bang” (2005), que os Rolling Stones lançam em outubro, com o beatle Paul McCartney tocando baixo em uma faixa

A quarta edição do Ilha Rock Festival acontece neste sábado (30), a partir das 15h, no Residencial Recepções. A produção é do compositor e multi-instrumentista Chiquinho França. Informações e ingressos pelo telefone (98) 99181-3960. Serão 11 bandas maranhenses em 16 tributos a nomes do pop rock nacional e internacional. A programação tem as seguintes bandas (covers de):

15h30: Connection (The Rolling Stones)
17h: Colt (Evanescence e Pitty)
18h: Jamilson Jackson (Michael Jackson)
19h: Paquetá (Los Hermanos)
20h: Duas Tribos (Legião Urbana)
21h: Vertigo (Queen)
22h: General Purpose (Pink Floyd e Pearl Jam)
23h: Ramirez Costa (System of a Down e Red Hot Chilli Peppers)
0h: Luciano Priss (Coldplay e U2)
1h: Powerslave (Iron Maiden)
2h: Móbile (AC/DC e Charlie Brown Jr.)

III REXISTÊNCIA FEST

O coletivo Ponto BR. Da esquerda para a direita, em pé: Ribinha de Maracanã, Thomas Rohrer, Mestre Walter França, Henrique Menezes e Éder O Rocha; sentadas: Renata Amaral e Dona Zezé de Iemanjá. Foto: divulgação

Iniciativa do Coletivo Resistência Cultural Upaon-Açu, o Re(o)cupa, o evento marca o encerramento do setembro amazônico em São Luís. É um festival de música que busca pensar questões como a preservação ambiental em geral e da Amazônia em particular. A programação é gratuita e começa ao meio-dia, neste sábado (30), no Parque do Rangedor. As atrações são as seguintes:

12h: DJ Adriano Sounds (Palco Amazônia é Agora; em itálico as atrações deste palco)
12h40: Grupo Pau Doido Forró In Jazz (Palco Rexistência)
13h30: Samba de Mina homenageia Patativa
14h20: Regiane Araújo e Raiz Tribal
15h20: Batalha na Praça Entrada 1
16h: Paulão
16h50: Batalha na Praça Entrada 2
17h30: Lombreta
18h20: Ballroom MA
19h: Ponto BR
20h: Selekta Rocha, Mr. Adnon e Biodz
20h30: Cofo de Parafernalha
21h20: Selekta Rocha, Mr. Adnon e Biodz
21h50: BNegão

TOTTI NA COZINHA

Totti Moreira durante sua apresentação no sarau RicoChoro ComVida (2021). Foto: Zeqroz Neto. Acervo RicoChoro ComVida

O cantor e compositor Totti Moreira apresenta repertório de música popular e swing brasileiros, forró e reggae. É neste sábado (30), a partir das 20h11, na Amabile Cozinha (Rua Projetada, 17, Solar dos Lusitanos, Turu). O couvert artístico individual custa R$ 10,00.

+ BONUS TRACKS

O IMORRÍVEL VOLTA À ILHA

O cantor e compositor Di Melo em sua apresentação em São Luís no Festival BR-135 (2016). Foto: Marco Aurélio/BR-135

Dia 7 de outubro tem show de Di Melo, O Imorrível, no Secreto Bosque (Rua G, Jardim Atlântico, Turu). A programação começa às 17h e o evento terá ainda como atrações o Trio Tropix, Adriano B2B Felix, Filtro de Barro, Paulão, Lucas Ló, Nicole Leal e Dicy. Ingressos à venda neste link.

MENINO EM FÚRIA NA ILHA

O cantor, compositor e escritor Clemente, lenda viva do punk brasileiro. Foto: divulgação

No sábado seguinte (14), “dia do eclipse eu vendi meu ray-ban” (Cesar Teixeira), é a vez de Clemente, lenda viva à frente dos Inocentes, há algum tempo também na Plebe Rude. O músico se apresenta no Ilê Pub Terrasse (Rua Boa Esperança, 153, Turu). A abertura é da Tenessí. “Mesas mediante reserva antecipada”, informa o perfil da casa no instagram. Ingressos e informações pelo telefone (98) 98138-8081.

O título desta nota alude ao livro que Clemente Tadeu Nascimento e Marcelo Rubens Paiva lançaram em 2016, “Meninos Em Fúria: e o Som Que Mudou a Música Para Sempre” [Alfaguara, 2016, 220 p.].

MÚSICA (E DANÇA) NA ESTRADA

O Quinteto Villa-Lobos. Foto: Daniel Ebendinger/ Divulgação

O Festival Música na Estrada, em sua nona edição, chega à São Luís entre os dias 17 e 19 de outubro. A programação inclui um workshop de dança, ministrado pelo professor Cesar Cirqueira, bailarino da Cisne Negro Companhia de Dança, na sala de dança do Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro). Nos três dias do festival acontecem oficinas de música com Rubem Schuenck (flauta), Cristiano Alves (clarineta), Philip Doyle (trompa) e Miguel Campos Neto (regente), na Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (Iema/Emem, Rua da Estrela, 363, Praia Grande). As inscrições para as oficinas são gratuitas e devem ser feitas no site do projeto. Haverá certificação ao final.

Dia 18 de outubro o programa da Cisne Negro inclui as apresentações de “Ziggy – Tributo a David Bowie” (2016) e “Trama” (2011). Dia 19 o Quinteto Villa-Lobos celebra seus 60 anos de trajetória, com um repertório de Ronaldo Miranda, Edino Krieger (1928-2022), Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Hermeto Pascoal e Radamés Gnattali (1906-1988). As apresentações acontecem às 20h, no TAA, com retirada de ingressos gratuitos duas horas antes do início de cada sessão.

Joãozinho Ribeiro e grande elenco apresentam “Canções de Amor e Paz”

[release]

O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação
O poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. Foto: divulgação

Espetáculo poético-musical acontece nesta sexta-feira (22), no Teatro Arthur Azevedo

Diariamente somos bombardeados pelo noticiário e pelas redes sociais com notícias desagradáveis. São fartos os casos de desastres (supostamente) naturais, violências de toda ordem e assassinatos, não raro os três se relacionando.

Na contramão disso, temos as artes, para servirem não como alienação, alheamento ou fuga da realidade, mas também para nos ajudar a refletir sobre a quadra histórica que atravessamos.

“O dever do artista é salvar o sonho”, sentenciou o artista plástico italiano Amedeo Modigliani (1884-1920), frase que se tornou um mantra para o poeta e compositor maranhense Joãozinho Ribeiro.

Nesta cruzada quase quixotesca em busca de salvar o sonho, Joãozinho Ribeiro apresenta nesta sexta-feira (22), às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), o espetáculo “Canções de Amor e Paz”, reunindo um grande elenco da música e poesia cometidas por estas plagas.

Desfilando um repertório autoral, Joãozinho Ribeiro agrega como convidados/as o Coral Infantil Batucando Esperança, Elisa Lago, Emmanuel Ferraro, Adriana Bosaipo, Anna Cláudia, Fátima Passarinho, Zeca Baleiro – que fará uma participação especial virtual, apresentando uma parceria inédita deles em vídeo –, Ivandro Coelho, Gisele Vasconcelos, Marconi Rezende, Rosa Reis, Leda Nascimento, Elizandra Rocha, Gilson César, Rosa Ewerton, Uimar Junior, Moizes Nobre e Tatiane Soares.

O anfitrião e a constelação que o acompanha terão seus feitos musicais e poéticos emoldurados pelos talentos de Rui Mário (sanfona e direção musical), Arlindo Pipiu (baixo), Hugo Carafunim (trompete), Danilo Santos (saxofone e flauta), Robertinho Chinês (cavaquinho e bandolim), Tiago Fernandes (violão sete cordas) e Marquinhos Carcará (percussão). A produção é de Lena Santos e a direção geral de Joãozinho Ribeiro.

Os ingressos custam R$ 50,00 (R$ 25,00, a meia-entrada para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei) e estão à venda na Bilheteria Digital e na bilheteria do Teatro Arthur Azevedo.

Serviço

O quê: show “Canções de Amor e Paz”
Quem: Joãozinho Ribeiro e convidados
Quando: sexta-feira (22), às 20h
Onde: Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)
Quanto: R$ 50,00 e 25,00

Com debate na UFMA Flávio Reis lança hoje “Crise da Democracia – Dois Ensaios”

“Crise da Democracia – Dois Ensaios”. Capa. Reprodução

Um dos mais brilhantes pensadores nascidos no Maranhão, o professor Flávio Reis lança hoje (14), às 17h30, no Auditório Ribamar Caldeira (Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão), a edição impressa do livro “Crise da Democracia – Dois Ensaios”, disponibilizado em junho para download gratuito no site da Editora Passagens.

A obra “é fruto de uma pesquisa realizada no âmbito do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA”, ao qual Reis é vinculado, “junto com a professora Arleth Borges, sobre A Crise Atual da Democracia. O projeto, vinculado ao GAL (Grupo de Estudos em Democracia, Estados e Territorialidades na América Latina), foi basicamente uma tentativa de compreender, à luz da literatura mais recente no campo da ciência política, o quadro que se colocou na década de avanço da extrema direita no mundo, com um discurso antidemocrático, antiglobalização, repleto de componentes racistas e voltados para o combate da diversidade cultural, de gênero, de crenças religiosas”, como afirma o autor na Introdução.

Os dois ensaios a que se refere o subtítulo da obra são “Regressão Democrática e Teoria Política” e “O Brasil na Encruzilhada: Visões da Crise Política”. Um debate com o autor, a colega de departamento Arleth Borges, o jornalista Emílio Azevedo (Agência Tambor) e o professor Wagner Cabral (do Departamento de História da UFMA) marcará o lançamento.

A força de dois cometas musicais

Sérgio Habibe, ladeado por Edinho Bastos e Zezé Alves. Foto: Guta Amabile
Sérgio Habibe, ladeado por Edinho Bastos e Zezé Alves. Foto: Guta Amabile

Vi semana passada dois shows que chamam a atenção por diversos aspectos, que me perdoe a meia dúzia de fiéis leitores a demora no comentário.

Primeiro, Sérgio Habibe, na quarta-feira (6), véspera do feriadão, no Miolo Café Bar, no projeto Sonoridades, produção de Tutuca Viana. Aos 74 anos recém-completados – no último dia 31 de agosto –, o cantor e compositor demonstra estar em plena forma e por que é considerado um dos maiores da música popular brasileira.

Acompanhado de Edinho Bastos (violão) e Zezé Alves (flauta), bastava o rosário que desfiou, cada canção uma conta: “Solidão”, “Cavalo cansado” (gravada por Doroty Marques), “Eulália”, “Ponteira”, “Dia de será” (parceria com Cláudio Nucci e Juca Filho), “Panaquatira” e outras, em pouco mais de uma hora de apresentação.

Aberta por Léo Vianna (compromissos me impediram de chegar a tempo de ver), a noite transformou-se em verdadeira jam session, com canjas inspiradas de Alberto Trabulsi, César Roberto, Gerude, Tutuca, Célia Leite e Fátima Passarinho (que cantou “Vestido Bordeaux”, de Habibe com Raíque Macau, à capela).

Rita Benneditto. Foto: Márcio Vasconcelos
Rita Benneditto. Foto: Márcio Vasconcelos

Depois, Rita Benneditto, no último sábado (9), na Noite da Encantaria, na programação das celebrações do aniversário de 411 anos de São Luís, realização da Prefeitura Municipal de São Luís.

Para além da exuberância de figurino, repertório, arranjos e arregimentação, a apresentação da cantora e compositora era necessária – talvez uns já soubessem, mas quem ainda não, e foi à praça, comprovou.

Rita Benneditto celebra em 2023 os 20 anos em cartaz de “Tecnomacumba”, projeto que já rendeu álbuns de estúdio e ao vivo, dvd e o irretocável show com que continua na estrada, longe de soar repetitivo ou única carta na manga da artista – que mantém outros projetos, com outras formações e repertórios, em paralelo.

Acompanhada da banda Cavaleiros de Aruanda – Fred Ferreira (guitarras e vocais), Wagner Bala (contrabaixo e vocais), Ronaldo Silva (bateria, programações eletrônicas e vocais) e Júnior Crispim (percussão e vocais) – Rita Benneditto equilibra os tambores dos terreiros das religiões de matriz africana, e consequentemente de nossa ancestralidade, costurando um repertório entre clássicos da música popular brasileira e pontos entoados em terreiros, não raro alguns números se encaixando em ambas as prateleiras. Em entrevista concedida a este repórter e veiculada no Balaio Cultural do dia do show, comigo e Gisa Franco, na Rádio Timbira, ela comentou certo incômodo e cansaço com a eterna tentativa de setores da mídia de rotulá-la.

Além da banda, Rita Benneditto contou com intervenções da bailarina Kiusam de Oliveira e do diretor, ator e bailarino Ciro Barcelos, celebrando os orixás Oxum e Oxóssi, e ao fim formou-se uma bela roda de tambor de crioula, com integrantes dos grupos da Floresta (Apolônio) e Liberdade (Leonardo).

O prefeito de São Luís Eduardo Braide afirmou, fazendo às vezes de mestre de cerimônias, ao anunciar a apresentação de Rita Benneditto, após a de diversos artistas locais: “vocês não são invisíveis. Desde ano passado, e todos os anos, na celebração do aniversário da cidade, haverá uma noite na programação dedicada à encantaria, aos povos de terreiro”. A plateia aprovou a iniciativa, com aplausos.

Ao repertório não faltaram clássicos como “Jurema” (domínio público adaptado por Rita Benneditto) – que antes de “Tecnomacumba” (2003), inaugurou a incursão da artista por este universo, gravada em seu álbum de estreia, ainda “Rita Ribeiro” (1997) –, “Domingo 23” (Jorge Benjor), “Oração ao Tempo” (Caetano Veloso), “A Deusa dos Orixás” (Toninho/ Romildo), “Tambor de Crioula” (Oberdan Oliveira/ Cleto Jr.) e “7Marias” (Felipe Pinaud/ Rita Benneditto), entre outras.

Também chamou a atenção e mostrou-se mais necessário que nunca, a performance do artista plástico Fernando Mendonça, que ao longo do show retratou Iemanjá em uma tela. Era uma espécie de desagravo, como demarcou Rita Benneditto, lembrando de mais um episódio de violência, racismo e intolerância religiosos ocorrido recentemente em São Luís: a depredação da estátua do orixá na praia do Olho d’Água. “Você pode quebrar quantas estátuas quiser, mas nunca vai quebrar nosso axé”, disse a cantora. Recado dado!

A “Mariposa” de Elizeu Cardoso no aniversário da ilha

[release]

O cantor e compositor Elizeu Cardoso. Foto: Zeqroz Neto. Divulgação
O cantor e compositor Elizeu Cardoso. Foto: Zeqroz Neto. Divulgação

Não é de hoje que mariposas embelezam com seu voo a música popular brasileira. De Heitor Villa-Lobos (1887-1959) a Adoniran Barbosa (1910-1982), passando por Francis e Olivia Hime e Gonzaguinha (1945-1991), não poucos teceram loas à exuberância das asas do inseto, também conhecido como borboleta noturna.

O pinheirense Elizeu Cardoso adotou e foi adotado por São Luís, onde vive, sempre às voltas com o fazer criativo, nos diversos ofícios que desempenha: é cantor, compositor, escritor, professor e mantém no ar a radioweb Todas as Tribos, cuja excelência na programação é referendada por um séquito fiel de ouvintes.

Mas é do cantor e compositor Elizeu Cardoso que quero falar. Entre as águas doces do Pericumã e as salgadas da Baía de São Marcos, sua obra se banha e é impregnada pelos ritmos da cultura popular do Maranhão e da herança ancestral africana, temas tão caros ao artista.

Justamente no dia do aniversário de São Luís, nesta sexta-feira, 8 de setembro, ele lança novo single, “Mariposa”, um verdadeiro presente para a cidade e seu fã-clube.

A inspiração, ele conta, foi um par de olhos, azuis que ele conseguiu perceber em meio ao estampado florido das saias das coreiras, em uma roda de tambor de crioula na Praia Grande, observando tudo com atenção e encantamento. No entanto, distraiu-se com um dose de cachaça oferecida, o tempo perdeu-se numa ampulheta imaginária e quando ele procurou-a novamente, ela já não estava ali.

"Mariposa". Single. Capa. Reprodução
“Mariposa”. Single. Capa. Reprodução

“Mariposa” é sobre esse desencontro e essa procura. “E você onde é que está?/ Em que beco se escondeu?/ Me deixou na madrugada,/ os tambores, minha amada,/ solidão dos olhos teus”, diz um trecho da letra, em que Elizeu Cardoso (voz) está acompanhado por Luiz Cláudio (percussão, arranjos e produção musical), João Paulo (baixo), João Simas (guitarra), Renato Serra (teclados), Daniel Nóbrega (beats e efeitos eletrônicos, mixagem e masterização), Anna Cláudia (vocais) e Dicy (vocais). A capa do single é de Napoleão Filho e a gravação aconteceu no estúdio Zabumba Records.

Mariposas têm atração por luz e os quereres se atraem no amor. Que se encontrem e sejam felizes para sempre! E que a “Mariposa” de Elizeu Cardoso encontre tantos ouvidos interessados e dispostos quanto sua obra merece.

Fransoufer inaugura exposição “Maranhão Meu Maranhão” em duas etapas

[release]

60 telas inéditas poderão ser visitadas pelo público, na Procuradoria-Geral de Justiça, em São Luís, e no Centro Cultural Casa Gamela, em São José de Ribamar

O artista Fransoufer em ação. Divulgação
O artista Fransoufer em ação. Divulgação

Em 8 de junho de 1958, na Suécia, o Brasil estreou na Copa do Mundo de futebol com um sonoro 3×0 sobre a seleção austríaca, começando a pavimentar o caminho até o primeiro título mundial. No dia seguinte, no povoado Mojó, em Bequimão/MA, nascia o menino Francisco de Souza Ferreira, em meio aos batuques de um grupo de bumba meu boi de zabumba que brincava em um terreiro da vizinhança – seu pai integrava o cordão.

Como se vê, o menino parecia predestinado. Ainda criança, perambulando por olarias de sua cidade natal, começou a brincar de esculpir usando o barro. Levava jeito para a coisa e isso não passou desapercebido por uma tia, que o levou para estudar na capital; com o tempo o Brasil e o mundo ouviriam falar e reconheceriam o talento de Fransoufer, o nome artístico de sotaque francês que adotou, inventado por amigos, que uniram as sílabas iniciais de seu nome de pia.

Fransoufer foi discípulo do húngaro radicado em São Luís Nagy Lajos (1925-1989), influência definitiva em sua carreira, que não tardaria a ganhar reconhecimento: em 48 anos de trajetória, entre coletivas e individuais, o artista já expôs em vários estados brasileiros e participou do V Salão Internacional de Artes Plásticas, na Bélgica, com a obra “Bumba Meu Boi”, exposta permanentemente no Museu de Arte Moderna de Bruxelas. A sede do Instituto Fransoufer, instalada na Fazenda Canaã, em seu município natal, é um verdadeiro museu a céu aberto e abriga uma série composta por mais de 200 esculturas em tamanho natural.

O ambiente da infância e as origens ajudam a entender os rumos tomados por Fransoufer em seu fazer artístico. O menino que inventava os próprios brinquedos acabou transformando isso em profissão. Devoto de São Francisco de Assis, sua obra é marcada por traços geométricos bastante característicos e pelo uso de cores vibrantes para retratar temas da religiosidade e da cultura popular, além do povo simples do Maranhão, equilibrando-se entre o sagrado e o profano, inspirações e temáticas que predominam em suas telas. Os maranhenses têm nova oportunidade de apreciar a beleza de sua arte.

No próximo dia 13 de setembro, às 10h, Fransoufer inaugura a exposição “Maranhão Meu Maranhão”, com 30 telas inéditas, pintadas especialmente para a ocasião. O vernissage acontece no Espaço de Artes Márcia Sandes, na sede da Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Maranhão (Av. Carlos Cunha, 3261). Dia 16, às 16h, a exposição vai até o Centro Cultural Casa Gamela (Rua Maj. Pirola, Praça da Matriz, 131, Centro, São José de Ribamar) – cada endereço abrigará 30 telas diferentes.

“Maranhão Meu Maranhão”, a exposição, tem curadoria de Silvânia Tamer, produção e coordenação geral de Lena Santos, assessoria de comunicação de Paula Brito e Zema Ribeiro, projeto gráfico e identidade visual de Carlos Costa, monitoria de Gina Tavares, fotografias de Carlos Foicinha, e tradução e revisão textual de Rodrigo Oliveira. O patrocínio é do Governo do Estado do Maranhão, Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão e Grupo Mateus, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão, com apoio cultural do Ministério Público do Estado do Maranhão, Centro Cultural Casa Gamela e AD Fontes Advocacia. A realização é do Instituto Fransoufer.

Uma das telas da exposição "Maranhão Meu Maranhão", de Fransoufer. Reprodução
Uma das telas da exposição “Maranhão Meu Maranhão”, de Fransoufer. Reprodução

Serviço

O quê: exposição “Maranhão Meu Maranhão”
Quem: o artista plástico Fransoufer
Onde/quando: Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Maranhão (Av. Carlos Cunha, 3261), dia 13 (quarta-feira), às 10h; e Centro Cultural Casa Gamela (Rua Maj. Pirola, Praça da Matriz, 131, Centro, São José de Ribamar), dia 16 (sábado), às 16h
Quanto: a visitação é gratuita
Patrocínio: Governo do Estado do Maranhão, Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão e Grupo Mateus, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão
Apoio cultural: Ministério Público do Estado do Maranhão, do Centro Cultural Casa Gamela e da AD Fontes Advocacia
Realização: Instituto Fransoufer