se ricarte almeida santos fosse este blogueiro, é quase certeza, teria ido apresentar seu “chorinhos & chorões” (rádio universidade, 9h, domingo[s]), de ressaca. quiçá, ainda bêbado. é necessário comemorar vitórias. é necessário comemorar sucessos. e sua produção de zé da velha & silvério pontes, no show “só pixinguinha” [circo da cidade, 18/8], foi sucesso só.
primeiro, que ali não estava o público de outro pixinguinha, o projeto da funarte, que faz caravanas de músicos chegarem às mais diversas regiões do país. no mesmo circo da cidade, passaram diversas caravanas. evento gratuito, público ali por puro modismo (quase sempre), barulho, barulho. amém!, não foi o que aconteceu sexta-feira passada. o público presente sabia o exato porquê de estar ali.
segundo, que o repertório não se limitou a “só pixinguinha”, título do mais novo disco da dupla. eles sabem (muito) mais e mostraram (muito) mais.
terceiro, zé da velha & silvério pontes, “a menor big band do mundo”, são geniais. feras. monstros. e qualquer outro adjetivo que sirva (ou que tente servir) para designar suas qualidades.
quarto, um depoimento do próprio ricarte, ao perguntar-me na platéia se estava bonito. à minha resposta – um convicto sim para considerações posteriores (o que tento fazer agora, nesta breve memória desordenada, apesar de minha noite de sexta regada à água mineral) -, ele respondeu com um “eu fiz com carinho, eu fiz com paixão…” se todos fossem iguais a você…
quinto, que o show (uma autêntica roda de choro, samba, maxixe, gafieira e até frevo, “vassourinhas”, aplausos) não foi burocrático. repito, uma autêntica roda de choro, com espaço para o que eles (todos eles, e não só os mestres zé & silvério) sabem fazer de melhor: música. ensaiada ou improvisada, sincera. simplesmente música. boa música.
sexto, que a apresentação foi além do prometido. em todo o material de divulgação, os nomes de zé da velha & silvério pontes acompanhados por netinho albuquerque (pandeiro), alessandro cardozo (cavaquinho) e charles da costa (violão), além das participações especiais da brilhante lena machado (que acompanhada do instrumental toque brasileiro, cantou a inédita “flanelinha de avião”, de cesar teixeira), do regional tira-teima e do flautista serra de almeida. subiram ao palco ainda (presentes para os presentes) mestre antonio vieira (que já havia cantado acompanhado por zé & silvério em shows no rio de janeiro e interpretou “clássicos” de sua lavra: “tem quem queira”, “banho cheiroso” e “cocada”) e flávia bittencourt (que cantou “terra de noel” de josias sobrinho e “ponto de fuga” de chico maranhão e anunciou show no teatro alcione nazaré, sábado, com os mesmos músicos ali presentes, zé & silvério entre eles).
sétimo: etc. se você estava no show e lembra de algo mais, acrescente aí na caixa de comentários.
“só pixinguinha” promete ser o pontapé inicial do reinício das atividades do clube do choro do maranhão. é aguardar noites como a de sexta.