A batucada de Mila

Carioca radicada há tempos no Maranhão, Mila Camões esbanja talento, passeando com desenvoltura pelo repertório de nomes como Hermeto Pascoal, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Antonio Vieira, entre outros – e aqui falo do que lembrei, de cabeça, imediatamente, ao tentar referendá-la.

Seu nome nunca sei se se grafa com um ou dois “l”: a imagem que colo aí em cima o traz com um, o release da produção, que recebi por e-mail, com dois. Seu disco de estreia, aguardo ansiosamente há tempos. É tanto tempo de gestação que sua gravidez foi mais curta. Digo: já faz bem mais que nove meses que Mila grava, ensaia, regrava, refaz, com carinho de mãe coruja. Um disco que me desperta curiosidade, por não saber mais que do talento dela como elemento, sob direção musical de Celson Mendes – o que quero dizer é: não sei, por exemplo, do repertório, mas certamente vem coisa boa por aí.

Aperitivo: Mila Camões apresenta o show Na batucada da vida nesta sexta (2), às 21h, no Cumidinha de Buteko (Cohajap). A formação do trio que a acompanhará é inusitada para um repertório de samba: o citado Celson Mendes (violão), Fleming (bateria) e Jeff Soares (contrabaixo). Conceito: homenagear a mulher no contexto do samba, passeando por obras de compositores e intérpretes como Arlindo Cruz, Assis Valente, Chico Buarque, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Janet de Almeida, Jovelina Pérola Negra, Mônica Salmaso, Paulo César Pinheiro e Wilson das Neves, entre outros e outras.

Maiores informações no blogue do produtor, Celijon Ramos.

Vida de Quilombo entra em cartaz amanhã

A exposição fotográfica Vida de Quilombo, da turismóloga mineira Gabriela Barros Rodrigues, será aberta amanhã (1º.), na Galeria Zaque Pedro. Na ocasião será lançado também um livro de bolso homônimo, composto de fotografias colhidas na experiência que ela teve com as comunidades de São Sebastião dos Pretos e Catucá, ambas em Bacabal/MA. Foram mais de 2 mil imagens e 30 horas de gravação. Estas geraram um dvd com duração de 1h20min, com vários temas do cotidiano dessas comunidades quilombolas.

Maiores informações no Odeon.

Balanço da Mostra

Produtor local da 6ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, o cineasta Francisco Colombo analisa a realização da etapa ludovicense do maior evento do gênero no continente

POR ZEMA RIBEIRO

A cantilena de que São Luís padece de falta de espaços para a fruição de cinema de qualidade parece perder o sentido, em parte, se observarmos a quantidade de festivais que a capital maranhense tem recebido nos últimos tempos: Festival Lume, Maranhão na Tela, Guarnicê, Mostra de Cinema Infantil e, mais recentemente, a 6ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, encerrada domingo passado (6 de novembro). Em parte, frise-se: fora um ou outro cineclube, o Cine Praia Grande ainda é a única sala a exibir produções fora do circuito comercial, o que o torna palco natural e privilegiado para eventos do porte, não fossem os problemas que veremos a seguir.

Realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) com produção da Cinemateca Brasileira e patrocínio da Petrobras, através da Lei Rouanet, a Mostra chegou pela segunda vez à São Luís, trazendo 47 filmes – 46 de dez países da América do Sul, mais Morango e chocolate, coprodução de Cuba e México – em 25 sessões, durante sete dias, tendo início em 31 de outubro.

Pela segunda vez entrevistado pelo Vias de Fato – a primeira há um ano, em novembro passado, sobre a quinta edição da Mostra –, o cineasta Francisco Colombo, produtor local, concedeu, via msn messenger, a entrevista a seguir.

ENTREVISTA: FRANCISCO COLOMBO

Vias de FatoQual o seu balanço após a realização da etapa São Luís da 6ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul?
Francisco Colombo – Acho que deu tudo certo apesar de algumas variáveis que não estavam sob controle, digamos, da produção: a sequência de feriados – interpretada de modo diferenciado pelos poderes executivos estadual e municipal, judiciário e Ministério Público. Isso influiu na mobilização de públicos e na disponibilização, por exemplo, de transporte para entidades ou grupos. No Odylo Costa, filho, a Mostra era a única coisa que funcionava em alguns dias. Além disso, o ar-condicionado do cinema estava muito ruim. Quando vamos ao cinema queremos conforto, queremos nos desligar um pouco do mundo. E fica difícil no calor.

É a segunda vez que a Mostra chega à São Luís. Qual o comparativo entre as duas edições recebidas pela capital maranhense? Houve uma pequena, mínima, queda de público. Mas como disse anteriormente, isso se deveu às variáveis mencionadas. Vi muita gente diferente nessa edição da Mostra. Acho que conseguimos cativar mais gente. A cobertura da imprensa também foi muito boa. A expectativa gerada para a abertura, por parte dessa cobertura toda, em particular da televisiva, foi excelente.

A grande concorrência gerada pela sessão de abertura tem também a ver, ainda que minimamente, com a distribuição dos kits-brindes da Mostra. A sessão de O céu sem eternidade [sexta-feira, 4/11, 19h], no entanto, superou, a de abertura [segunda-feira, 31/10, 19h]. O filme foi rodado em Alcântara/MA e trata do embate dos quilombolas com a base espacial. Você recebeu isso com surpresa ou esperava? A distribuição de kits é uma ferramenta importante na promoção da Mostra. Ao contrário de muita gente que questiona sobre o interesse em parcela significativa do público na ida à Mostra, pra mim tudo é positivo. Imagino que, mesmo que alguns queiram apenas o kit, ainda assim terão contato com os filmes da Mostra e, é claro, serão tocados, ainda que minimamente, pela questão dos Direitos Humanos. Quanto à sessão de O céu sem eternidade, havia sim a expectativa por um público numeroso. Não dava pra imaginar é que superaria ao da abertura.

Ainda é cedo ou já é possível falar em perspectivas para a 7ª. Mostra? A produção local continuará em tuas mãos? O Cine Praia Grande continuará sendo o palco? Aprendemos muita coisa nessas duas edições da Mostra em São Luís. Creio não ser cedo pra falar na próxima. Acho que continuo com a produção, que alia certo conhecimento de cinema, de produção e um trânsito junto à imprensa, ao poder público, à iniciativa privada, às instituições e aos movimentos sociais. Quanto ao Cine Praia Grande, apesar da boa vontade de Frederico Machado e da Lume Filmes, não sei se será possível mantermos a Mostra por lá. Acho que é preciso um lugar um pouco maior, porque assim as pessoas se sentirão, inclusive, mais seguras para arriscar prestigiar a sessão de abertura ou a de exemplos como O céu sem eternidade, e que agregue conforto, boa localização e acessibilidade. Acho que a Mostra tem potencial pra crescer e isso estará, irremediavelmente, associado ao local de realização.

A programação da 6ª. Mostra trouxe 46 filmes de 10 países, incluindo o clássico Morango e Chocolate, coprodução de Cuba e México. Não se faz, por exemplo, entre os filmes brasileiros, uma divisão por estado. O céu sem eternidade foi rodado aqui, com colaboração de gente daqui, mas não é um filme “maranhense”. Cabe perguntar: a que se deve a não participação de produções maranhenses? Existe uma convocatória nacional para a Mostra. Isso equivale a uma abertura de seleção, como em qualquer outro festival. Infelizmente, apesar de eu ter repassado a alguns realizadores, e mesmo de algum jornal ter publicado nota sobre essa convocatória, não houve inscrições de obras maranhenses. Na verdade tenho a impressão de que os realizadores locais, com algumas exceções (pouquíssimas mesmo), fazem filmes ou vídeos para serem vistos apenas em um ou outro festival maranhense. Além da convocatória, há também um trabalho de curadoria, realizado pelo Francisco César Filho, o Chiquinho, lá em São Paulo. O céu sem eternidade, de fato, foi rodado no Maranhão, tendo sido dirigido por Eliane Café, mas não é uma produção maranhense.

Outro problema encontrado pela produção local foi com as constantes quedas de energia no Centro Histórico, sobretudo no último dia da Mostra, quando as sessões chegaram a ter um atraso de até uma hora e meia. Aliado ao abandono do Centro Histórico e a questões estruturais, como falta de transporte e segurança pública, isso certamente também ajudou a diminuir o público. A Mostra é uma realização de um órgão público, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que envolve vários outros parceiros, públicos e privados. Falta sintonia por parte dos poderes públicos locais para um maior sucesso da Mostra? A falta de energia é um problema, a meu ver, inaceitável. Não falo isso apenas por causa da Mostra. Ali é o Centro Histórico. Apesar do número de turistas ser reduzido, a Praia Grande é também frequentada por maranhenses que querem, simplesmente, dar uma volta, passear. Como se não bastasse a falta de segurança, o acúmulo de lixo, o mau odor, o abandono generalizado… falta também energia. É demais mesmo! Houve uma articulação e parcerias para a Mostra, mas não creio que tenha faltado sintonia. Acho apenas que a Secretaria de Estado da Cultura podia ter um tipo de envolvimento um pouco maior. A nossa equipe tratava de captar público pra Mostra e eu me perguntava: por que a Secma não se preocupa em captar público pros equipamentos do estado?

A questão dos direitos humanos está em voga atualmente, sobretudo com relação à temática do Direito à Memória e à Verdade, assunto abordado em diversos filmes da 6ª. Mostra. O que você tem a dizer sobre o assunto? A história do Brasil é muito mal contada. Particularmente, temos um grande problema com o período da ditadura militar que começou em 1964 e da qual o atual presidente do Senado foi colaborador contumaz. Aqui não se buscou responsabilizar os culpados pelas torturas, pelos assassinatos, pelos desaparecimentos… Creio que o cinema ajude um pouco a preencher essa lacuna. Veja que, quando me refiro à história brasileira, não falo apenas no período ditatorial. Outro exemplo: quem sabe alguma coisa sobre a Balaiada? Uma das maiores revoltas populares da América Latina e talvez do mundo! As pessoas que estão no poder não querem que saibamos de história! Talvez tenham medo de que aprendamos com os exemplos e, portanto, preferem nos manter na ignorância.

Em a Mostra, em São Luís, deixando o Cine Praia Grande, certamente irá para uma sala maior. No entanto, cidades maiores, como Brasília e Rio de Janeiro, atualmente, realizam suas etapas da Mostra em salas menores que o Cine Praia Grande. Qual a tua opinião sobre isso? Às vezes é difícil conseguir um bom espaço. Não sei se é essa a questão. Mas acredito que aqui, onde as violações de direitos humanos são extremas, quero alcançar o maior número possível de pessoas. E isso é, de fato, uma posição pessoal.

[Vias de Fato, novembro/2011]

Uruguaios na roda de choro

Ricarte Almeida Santos apresenta, neste domingo, em seu Chorinhos & Chorões, a música do La Chorona, grupo uruguaio que se dedica ao choro. O blogue entrevistou Gonzalo Perera, violonista do quarteto.

Eles são uruguaios. Mas tocam como brasileiros. E nem de longe isso é desmerecer os hermanos, a analogia só é possível por tratar-se do mais brasileiro de todos os gêneros musicais: o choro. Outra analogia, cabível ou não, seria dizer de meninos que tocam como gente grande: os músicos do La Chorona têm entre 32 e 37 anos, são, pois, gente grande, e tocam como tal.

Gonzalo Perera (violão), Martin Perez (sax soprano), Nacho Delgado (pandeiro) e Santiago Silvera (bandolim e cavaquinho) formam o grupo de Montevidéu que passeia com desenvoltura por composições de nomes de lá e cá.

Deste lado da fronteira, grandes mestres da música brasileira, o choro em especial: André Victor Correia, Donga, Jacob do Bandolim, Lina Pesce, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Pixinguinha, Waldir Azevedo e Zequinha de Abreu, espalhados nos dois discos que o grupo gravou até aqui: Instrumental (2005) e Chorando al sur (2010), ambos gravados de forma independente, este último quase todo dedicado à turma de Pindorama – das oito faixas, apenas La Rita é assinada por Santiago Silvera.

História – O “embaixador” do choro no Maranhão, Ricarte Almeida Santos, recebeu os dois discos do La Chorona de presente do amigo César Choairy, que topou com o grupo tocando em uma praça em Florianópolis/SC, conforme a história que conta aqui, anunciando seu programa de amanhã (27), o Chorinhos e Chorões, às 9h, na Rádio Universidade FM (106,9MHz).

Por e-mail, este blogue conversou com Gonzalo Perera, que carinhosamente agradeceu a divulgação do disco por estas plagas – as perguntas foram enviadas em português, as respostas vieram num misto de português e espanhol e aqui publicadas em português, numa quase-tradução de Zema Ribeiro.

ENTREVISTA: GONZALO PERERA, DO LA CHORONA

Zema Ribeiro – Desde quando o La Chorona está na ativa?
Gonzalo Perera – O La Chorona começou no ano 2003, com Santiago Silvera, atual cavaquinho e bandolim do grupo. Depois disso, mudou várias vezes de integrantes até hoje.

Como descobriram a música brasileira, sobretudo o choro? A música brasileira é muito difundida e o povo uruguaio gosta muito. O contato com o choro vem da pesquisa. Em busca de outros ritmos e estilos apareceu o choro, primeiro num disco de vinil de Altamiro Carrilho, depois apareceram Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha… e aí não largamos mais!

Onde está sediado hoje o La Chorona? Desde o ano passado estamos radicados em Florianópolis.

Vocês sonham dividir o palco com algum músico brasileiro? Os músicos com que gostaríamos de dividir o palco são muitos… todos, eu acho. Hamilton de Holanda, por dizer algum. O [grupo] Choro das Três (não só porque são lindas, mas porque tocam muito), o Trio Madeira Brasil…

Que músicos uruguaios você recomendaria aos brasileiros conhecer? Alfredo Zitarrosa e o Quarteto Zitarrosa, que são os músicos que o acompanhavam. Jorginho Gularte, que faz candombé. Jaime Roos, Hugo Fatorusso, Trio Ibarburu, todos com estilos diferentes entre si.

Na sua opinião, qual o maior músico brasileiro? É muito difícil dizer qual é o maior músico brasileiro. Inclusive acho injusto com muitos outros. Mas a título pessoal, dentro do choro, acho o Jacob do Bandolim um gigante. Chico Buarque, outro estilo, outro gigante.

Mídia eletrônica, controle social e poder econômico: particularidades da concessão da TV Difusora/ Rede Globo

Os que têm minha idade ou são um pouco mais novos devem se assustar e pensar: o blogueiro errou. TV Difusora? Rede Globo?

Eu, criança, lembro de, por exemplo, Zé Raimundo na Globo e da confusão causada em minha cabeça de menino quando a Globo deixou o canal 4 para o 10. Já nem lembro quem tinha os melhores desenhos animados, mas lembro de perder uns de que gostava por ficar esperando no canal errado.

O título do post roubo da dissertação que o jornalistamigo Franklin Douglas defende hoje, às 17h, no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFMA. A defesa acontece na sala de multimídia do programa, no Campus Universitário do Bacanga, e tem na banca os professores doutores Marina Maciel Abreu (orientadora), Josefa Batista Lopes, José Ribamar Ferreira Júnior e Ilse Gomes Silva (suplente), todos da UFMA.

“Abordo como a família Sarney tomou a Difusora dos Bacelar para si e, depois, acabou cedendo à família Lobão, para ter o controle da concessão da Globo. Afinal, significava selar a relação política-poder-mídia entre Sarney-Roberto Marinho no Maranhão”, contou o concludente de mestrado ao blogue, por e-mail.

“Para isso, acabaram com o Magno Bacelar, herdeiro do Raimundo Bacelar, que funda a TV no Maranhão em 1963, como principal parceiro de Assis Chateaubriand no Maranhão. Foi nossa a segunda televisão do Nordeste, uma das primeiras do país e, em sua primeira fase (emissora própria, sem rede), a cultura maranhense foi destaque: a TV transmitia das 18h30min às 22h, ao vivo, e já precursores da telenovela brasileira, Reynaldo Faray e Aldo Leite estavam lá dirigindo o teleteatro ao vivo. Imagina isso em 1960!!!”, conclui, entusiasmado.

Se a montanha não vai até Maomé…

O técnico em agropecuária José Sousa Andrade fotografou um “monumento” no mínimo inusitado no povoado Brejinho da Siquel, distante 60km da sede de Buriticupu/MA, a 418km da capital São Luís.

Assim ele descreveu a criatividade do povo de lá: “cansados de ficar sem sinal de telefonia móvel, resolveram construir uma plataforma/torre com mais ou menos 20 metros de altura em um morro a 500 metros do povoado. De lá é possível utilizar os serviços de telefonia das operadoras Tim e Vivo”.

Atingidos pela Vale concedem entrevista coletiva

Coletiva de imprensa é parte do Encontro Tripartite Canadá-Moçambique-Brasil, que acontece em São Luís

“Questões trabalhistas e socioambientais de comunidades afetadas pela Vale”. Este é o tema do Encontro Tripartite Canadá-Moçambique-Brasil que acontece em São Luís entre 23 e 25 de novembro, para tratar de diversos conflitos ocorridos nas áreas de atuação da empresa mundo afora.

Dia 25 (sexta-feira), às 11h, acontecerá uma coletiva de imprensa, de que participarão Lorraine Michael (líder do Novo Partido Democrático na província de Newfoundland, Canadá), diversos representantes moçambicanos, da Rede Justiça nos Trilhos e das comunidades Vila Diamante, em Igarapé do Meio, e Santa Rita, em Itapecuru- Mirim.

A entrevista coletiva será realizada no Hotel Praia Ponta d’Areia (Av. dos Holandeses, quadra XIII, s/nº.). Na ocasião será lançada a cartilha Que trem é esse?, que, de acordo com a organização do encontro, “tem o objetivo de orientar as comunidades sobre como se organizarem para não serem enganadas por promessas da empresa, além de partilhar experiências positivas de comunidades e pessoas que lutaram e conseguiram manter seus direitos garantidos”.

História – Estatal fundada em 1942, no Governo Getúlio Vargas, a Vale – então Companhia Vale do Rio Doce – foi privatizada em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, pela bagatela de 3,3 bilhões de reais. Desde então já lucrou 45,8 bilhões e os conflitos com comunidades que vivem ao longo de sua área de atuação têm se acirrado.

Serviço

O quê: Entrevista coletiva com atingidos pela Vale.
Quem: Lorraine Michael (líder do Novo Partido Democrático na província de Newfoundland, Canadá), diversos representantes moçambicanos, da Rede Justiça nos Trilhos e das comunidades Vila Diamante, em Igarapé do Meio, e Santa Rita, em Itapecuru- Mirim.
Quando: dia 25 (sexta-feira), às 11h.
Onde: Hotel Praia Ponta d’Areia (Av. dos Holandeses, quadra XIII, s/nº.).

Repressão e prevenção ao trabalho escravo em debate

Seminário discutirá responsabilidades das autoridades no cumprimento dos Planos Nacional e Estadual de combate ao trabalho escravo

Nas próximas quinta e sexta-feira (24 e 25) acontece em São Luís o seminário Efetividade na prevenção e repressão ao trabalho escravo no Maranhão, iniciativa do Fórum Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão (Forem), Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán. O evento tem apoio da Catholic Relief Services (CRS Brasil), Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e Ministério Público do Trabalho (MPT).

O seminário acontece no Auditório do Sindicato dos Bancários (Rua do Sol, 413/417, Centro), a partir do dia 24 (quinta), às 13h, tarde em que acontecerão mesas discutindo os seguintes temas: Contexto e os desafios no enfrentamento ao trabalho escravo no Maranhão e Efetividade na prevenção do trabalho escravo contemporâneo no Maranhão.

Na manhã seguinte serão debatidas a Efetividade na repressão ao trabalho escravo contemporâneo no Maranhão e Atuação parlamentar no enfrentamento ao trabalho escravo.

Contexto – O Estado brasileiro reconheceu em 1995 a existência de escravidão contemporânea diante das Nações Unidas. Desde então, após o Governo Federal ter criado o sistema de combate a este crime, mais de 39 mil trabalhadores foram libertados da escravidão no país. Apesar dos esforços e avanços empreendidos por órgãos governamentais, entidades da sociedade civil, empresas e movimentos sociais, milhares de brasileiros continuam tolhidos de sua liberdade de ir e vir, despidos de seus direitos e de sua dignidade humana.

Neste sentido o seminário reunirá entidades governamentais e da sociedade civil com objetivo de discutir as responsabilidades das autoridades no cumprimento dos Planos Nacional e Estadual de combate ao trabalho escravo.

O evento é aberto ao público. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (98) 3222-6064 (Núcleos do Forem, das 14h às 18h), (99) 3538-2838 (CD Carmen Bascarán, em horário comercial) ou no local. Leia abaixo a programação completa.

PROGRAMAÇÃO

24 de novembro 2011 (quinta-feira) > 13h: Abertura: Milton Teixeira Santos Filho (Secretário Executivo do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran) e Mari Silva Maia (Advogada da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos). > 13h15min: 1ª. Mesa: Contexto e os Desafios no Enfrentamento ao Trabalho Escravo no Maranhão, com Marcelo Sampaio Carneiro (Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFMA – São Luis/MA), Antonio José Ferreira Lima Filho (Advogado, Coordenador da Assessoria Jurídica do CDVDH/CB, co-organizador do Atlas Político do Trabalho Escravo no Maranhão), Vicente Carlos de Mesquita Neto (Presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos), Representante da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional no Maranhão (OAB/MA) e Representante da Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT/MA). > 14h45min: Debate com a plenária. > 15h15min: 2ª. Mesa: Efetividade na Prevenção do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão, com Allan Kardec Ayres Ferreira (Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Maranhão, Auditor Fiscal do Trabalho), José Armando Fraga Diniz Guerra (Secretario Executivo da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae), Luiza de Fátima Amorim Oliveira (Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Cidadania do Maranhão e Presidente da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo no Maranhão – Coetrae), Francisca Regilma de Santana Santos (Coordenadora da Cooperativa para a Dignidade do Maranhão – Codigma, que busca gerar trabalho e renda para pessoas oriundas do trabalho escravo ou que se encontram vulneráveis ao aliciamento para tal prática). > 16h45min: Debate com a plenária. > 17h15min: Encaminhamentos para o dia seguinte.

25 de novembro 2011 (sexta-feira) > 8h30min: 3ª. Mesa: Efetividade na Repressão do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão, com José Inácio Sodré Rodrigues (Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra – no Maranhão), Representante do Ministério Público Federal, Representante do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª. Região Maranhão, Frei Xavier Plassate (Campanha de Olho Aberto Para Não Virar Escravo – CPT), Cristiane Vieira Nogueira (Procuradora Regional do Trabalho no Maranhão), Nonnato Masson (Advogado do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán, co-organizador do Atlas Político do Trabalho Escravo no Maranhão, atua como assistente de acusação em alguns processos de trabalho escravo no Maranhão). > 10h30min: Debate com a plenária. > 11h: 4ª. Mesa: Atuação Parlamentar no Enfrentamento ao Trabalho Escravo, com José Nery (Ex-Senador da República, Coodenador da Frente Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, assessor parlamentar da Senadora Marinor Jorge Brito), Domingos Dutra (Deputado Federal, Vice presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados) e Bira do Pindaré (Deputado Estadual no Maranhão). > 12h: Debates. > 13h: Encaminhamentos e encerramento.

Baixe aqui o folder de divulgação do Seminário.

Com informações da Assessoria do evento.

Deu bode no Papoético

Acima, primeira parte (de cinco, todas disponíveis no YouTube) do documentário Bode rei, cabra rainha [Brasil, 2008, 52min.], de Helena Tassara. O filme será exibido e debatido no Papoético de amanhã (24), às 19h30min, no Chico Discos (Rua de São João, 389, esquina com Afogados, sobre o banco Bonsucesso), com a presença da cineasta.

Conforme e-mail de Paulo Melo Sousa, vulgo Paulão, organizador e coordenador da tertúlia, o doc “prioriza como personagens o bode e a cabra, e inclui a fala de criadores, artistas populares, comerciantes e outras figuras cuja vida está profundamente ligada a esses animais, como o escritor Ariano Suassuna e Manelito Dantas, com participação de Zeca Baleiro, dentre outros artistas, na leitura e interpretação de textos. A música original é de Fabio Tagliaferri e Paulo Tatit”.

“A proposta da diretora, Helena Tassara, foi a de realizar um documentário divertido e rico, pontuado por histórias reais ou imaginárias, para ilustrar a essência da personalidade de seus protagonistas e a sua relação com os homens e mulheres nordestinos”, ainda segundo o e-mail.

Bode rei, cabra rainha, uma co-produção Fundação Padre Anchieta/ TV Cultura e Sesc TV, com produção da Cinematográfica Superfilmes, foi um dos vencedores do concurso Doc TV – Janela Brasil 2007 e já abocanhou diversos outros prêmios: melhor média metragem na 32ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2008); melhor longa/média de temática nordestina na 36ª. Jornada Internacional de Cinema da Bahia (2009, Prêmio Especial do Banco do Nordeste); Troféu Nêgo Chico para o melhor filme/vídeo do 12º. Concurso Refestança concedido pelo Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho da Superintendência de Cultura Popular da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão no 32º. Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo (2009); menção honrosa para melhor filme de média metragem no 11º. Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) de Goiás (2009); melhor filme, melhor documentário e melhor trilha sonora no III Festival de Vídeo e Cinema Rural de Piratuba/SC (2011).

O Papoético tem entrada franca e é o único lugar em São Luís (fora sua própria casa) em que se podem ver filmes tomando cerveja. Faltou só uma carninha de bode de tira-gosto…

Um cordel de Wilson Marques

O escritor Wilson Marques é uma espécie de pop star das letras locais: suas palestras em escolas sobre sua obra são sempre concorridas pelos pequenos leitores. Que, dependendo de estímulos como esse, poderão vir a ser os grandes leitores. É um caso raro por estas bandas, embora ele não viva da literatura que se produz. Mas ele é reconhecido nas ruas como o “pai” de Touché, seu personagem mais famoso, que estrelou vários de seus livros.

O que fez o jornalista barbudo (é a publicidade quem paga suas contas) foi adaptar ao universo infantil diversas lendas já bastante ouvidas por nós, maranhenses já saídos da infância. Com ilustrações de Dedê Paiva, que já havia desenhado em seu O Tambor do Mestre Zizinho (e estará no lançamento), ele lança amanhã (24), A Lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado, em versos de literatura de cordel, sua mais nova aventura (mais na imagem abaixo, clica para ampliar).

O engodo Paula Fernandes

(OU: A FALSA NINFETA)

“A marca registrada da mineira são os figurinos com cintura marcada, decotes e minissaias. Ela sabe o que isso provoca. “Paula sempre pede para encurtar a saia e apertar a cintura o máximo que puder”, conta Fabiola Senra, consultora de estilo da artista. Fora dos palcos, usa blusinha e calça jeans. “Ela já me disse que não gosta do visual ‘Barbie sertaneja’, mas são negócios”, diz o amigo e ex-assessor da cantora, Mauricio Santini. Gostando ou não, o fato é que Paula não está preocupada em ser cool. Ela representa o oposto das cantoras festejadas pelos críticos, como Tiê, Karina Buhr e que tais: usa de todo o seu arsenal para ser cada vez mais popular e ganhar dinheiro. Tem funcionado.”

Antes do vídeo, trecho da matéria Lady Paula, assinada por Ana Luiza Leal na revista Alfa [nº. 15, nov.2011, p. 78-79, Pelé na capa].

No vídeo, Paula Fernandes canta e dança um tema da novela global O Clone, recentemente reexibida [a ele chegamos, na busca do YouTube, através de dica em outro trecho da matéria, p. 80].

A confissão acerca do visual ‘Barbie sertaneja’, na modesta opinião deste blogueiro, traduz o que de fato é Paula Fernandes: um engodo. Antes, confesso: o er… an… crítico musical que aqui lhes escreve um dos que sempre que necessário elogia merecidamente estrelas como Tiê, Karina Buhr e não só, Céu, Mariana Aydar, Tulipa Ruiz, Juliana Kehl, Ceumar, Patrícia Ahmaral, Roberta Sá, Lena Machado, Tássia Campos e tantos outros nomes deste país de cantoras.

Quiçá não seja só o virual ‘Barbie sertaneja’ o que lhe desagrada: talvez Paula Fernandes sequer goste de música sertaneja, tendo caído de paraquedas no filão. Isto é, canta música sertaneja como poderia cantar qualquer outra coisa que esteja (ou estivesse) fazendo sucesso (forró, pagode, calipso etc.) e isso nada tem a ver com versatilidade. Se não, vejamos: ela estourou para o Brasil após um mise-en-scène em que era a ninfeta derramando-se para o “coroa” mais popular do país (em termos musicais, já que outro “coroa” superpopular estrela a capa de Alfa): Roberto Carlos. A partir daí tem sabido como ninguém explorar sua imagem, vide, novamente, as confissões da matéria (ou do trecho que recortamos para acá).

Ou seja, “a imagem sexy no palco e o vozeirão de mulher em contraste com o jeitinho virginal e meio moleca virou a cabeça dos homens” [Alfa 15, p. 76]. O que ela quer é capitalizar, discordo com o “vozeirão” (ela quase não abre a boca para cantar e isto está longe da naturalidade de, por exemplo, Marisa Monte). Paula Fernandes sabe que a beleza não dura para sempre, logo, o quanto puder ganhar em menos tempo, usando mais da beleza (fabricada?) que do canto (idem?), ganhará, para que, em poucos anos, passado seu boom, possa gozar uma confortável aposentadoria.

Em tempo: Paula Fernandes se apresenta hoje em São Luís, na Nova Batuque (Cohama), à caça de mais níqueis para atingir seu intento.

Pra ouvir e/ou baixar

Íntegra do Chorinhos & Chorões de domingo passado (13), ocasião em que tive a grata, honrosa, prazerosa e mais que difícil missão de substituir Ricarte Almeida Santos na condução do programa, na Universidade FM (106,9MHz). Agradecimentos especiais deste blogueiro a ele, por confiar-me o posto, e a Marcos Belfort, pela gravação do áudio que temos o prazer de disponibilizar aos poucos-mas-fieis leitores deste modesto blogue.

O choro que voz me nordestes

Amanhã (13) este blogueiro tem a honrosa e difícil missão de substituir Ricarte Almeida Santos no Chorinhos e Chorões (Rádio Universidade FM, 106,9MHz). O programa vai ao ar às 9h. O titular do programa está viajando a trabalho.

Este aí do título o mote inventado para conceber o script, que acabo de redigir. A ideia: mostrar a influência do choro na criação de alguns artistas nordestinos, não necessariamente tidos como “chorões” por nós, muitas vezes.

No cardápio sonoro da seleção musical que preparei: Novos Baianos, Tom Zé, Zé Ramalho, Fagner, Josias Sobrinho, Chico Saldanha e Chico Maranhão, isto é, um passeio por um pedaço do Nordeste: Bahia, Paraíba, Ceará e Maranhão. É claro que há(via) muito mais a mostrar/tocar, mas em uma hora…

Que os poucos-mas-fieis leitores nos ouçam! Agradecemos a audiência, a preferência, a paciência… Que os muitos-e-fieis ouvintes de Ricarte idem. Deixe aí um comentário e ouça seu nome no Alô, Chorão!