Abaixo, Tribuna Cultural (Tribuna do Nordeste) de domingo passado (11). No mesmo dia, nO Estado do Maranhão, Reuben, que prefacia o Breganejo, escreveu um belíssimo texto (começa “plagiando” Clara Crocodilo; acesso ao link exclusivo para assinantes do jornal) sobre a participação maranhense no FIQ, citado abaixo.
TRIBUNA CULTURAL
por Zema Ribeiro*
CLÁSSICO BREGA BANG BANG
Bruno Azevêdo dá um tapa na mesmice e sacode o cenário literário maranhense.
[Breganejo Blues – Novela Trezoitão. Capa. Reprodução]
Breganejo Blues – Novela Trezoitão [Editora Pitomba, 2009, R$ 15,00 no http://www.bazevedo.blogspot.com], de Bruno Azevêdo, foi lançado no 6º. FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), recentemente realizado em Belo Horizonte/MG. Lançamento em São Luís, terra do autor, deve acontecer em novembro. Merece comemoração: uma salva de foguetes ou “saraivadas de balas pro ar”, como cantou Jorge Ben em Charles, Anjo 45. Umas cervejas no Kabão – um dos cenários da história – também caem bem.
O autor pensa e age rápido e com acidez, como um Tex Willer, já pondo a mão no revolver, o personagem de Bonelli e Galleppini, incidental aqui e acolá no Breganejo, vício do motorista de táxi-detetive que só “faz corno”.
Adailton e Adhaylton, uma dupla breganeja, resolve forjar a morte de um deles para o sucesso. “Suspense! Tiros! Fêmeas fatais!” dão o tom desta comédia literária faroeste urbano, regada à música da dupla protagonista e similares do gênero, que fazem a alegria de quem frequenta a Chopperia Marcelo – outro cenário.
O livro deve agradar a bregas e… bem, no fundo, todo mundo é brega, ao menos um pouco: o amor é brega, a literatura… Bruno Azevêdo, graduado em História pela UFMA e especialista no gênero, se utiliza de coisas tidas por vezes como “anti”-literárias e nos brinda com este pequeno clássico, muito bem vindo em tempos de tanto bom-mocismo em que impera a preocupação única de parecer politicamente correto.
MAIS – Um preview da obra está disponível no blogue do autor: http://www.bazevedo.blogspot.com/; a obra está disponível para download a partir de hoje (11) no site da Mojo Books, editora virtual cuja proposta gira em torno da pergunta: “se música fosse literatura, que história contaria?”
MAIS MAIS – TRECHO
Não faço a mínima idéia de onde começar. Fui até no Bar da Prensa, mas ninguém conhece esse cara. Fui na House, na Metalúrgica, Obs, João Lisboa, Roxy. Até no castelo de Crêiscow e naquela sauna do São Cristóvão…
Le trou.
Como?
Le trou, é “o buraco” em francês. Tem um cara lá que é meu peixe.
Porra, sauna de bicha com nome de buraco em francês, podia ser logo Lê cu.
Cu é pescoço.
Qualé, Miranda. Tá falando francês agora. Virou viado também? E caralho em francês, diz aí, como é que é. Caralhô?
Caralho eu não sei. Vende isso, rapaz.
O lado bom da lógica policial.
Saco a parada. Tu vacilou, Adailton, não contou com isso, não sacou que o cara ia sair do controle.
E agora, Mané?
(página 85)
*Zema Ribeiro escreve no blogue http://zemaribeiro.blogspot.com