[aviso desnecessário: isto não é jornalismo! textinho nosso sobre a apresentação de otto, anteontem, no taa. pena que não era quinta-feira, vocês entendem…]
ao grito de “cai fora!” emitido por algum gaiato da platéia, o público respondeu com uma sonora vaia, que deturpada, ganhou a ilha como tendo sido para o músico tutuca, que no bis do set de abertura, brindou a platéia com um belo boi, com a percussão luxuosa de jeca. que fique claro aqui: a vaia não era direcionada ao músico maranhense que abriu o show de otto [e banda, “mtv apresenta”, projeto mpb petrobrás, dia 29 de maio, às 20h, teatro arthur azevedo].
o mangue-boy parecia um moleque deslumbrado. repetiu infinitas vezes do prazer e da felicidade de estar ali. aqui. “belém ou são luís?… o quê que tu acha?”, respondeu em tom de deboche a um engraçadinho que caçoava do embaralhar das idéias do autor de “bob”, enquanto este contava o percurso dessa turnê, que se encerrava ali, aqui, na ilha do amor.
otto correu por entre a platéia, sentou na beira do palco, deitou, tocou percussão, cantou e se divertiu, muito, antes, durante e depois do espetáculo, onde fez confissões menos recomendáveis sobre controversos cigarrinhos.
entre seus próprios hits – muitos pedidos pela platéia, para meu espanto. confesso: julgava otto menos conhecido por aqui e, felizmente, estava enganado – o discurso da felicidade, várias vezes repetido, os cabelos – e a barba, desarrumados – molhados, “aqui é quente demais, mas eu gosto é assim”, dizia, enquanto se banhava com copinhos de água mineral. e cantou homenagens para lia de itamaracá e um outro pernambucano, o maior, luiz gonzaga, pinduca, rei do carimbó no vizinho pará, e a parceria de erasmo carlos e ronnie von, num dançante brega eletrônico, “pra ser só minha mulher”. coisas de otto. “tv a cabo”, “ciranda de maluco”, “o celular de naná”, “pelo engarrafamento”, “dedo de deus”, “cuba” etc., etc., etc. bis e tris garantiram, entre outras, “condon black”, cuja letra, de versos como “é pau, é cu, é buceta!”, foi dos vários momentos em que otto e a platéia cantaram juntos, íntimos, cúmplices.
“canção barata”, jornalismo também – lembro de há quase dez anos, ter ouvido “samba pra burro” doze vezes seguidas (seguidas: sim, no mesmo dia, sem tirar o disco, pasmem!), assim que comprei a bolachinha-solo de estréia do ex-percussionista de bandas pernambucanas não menos conhecidas, como mundo livre s/a e nação zumbi.
vi, anteontem, um polido otto agüentar comentários como “esse projeto é legal por que traz um monte de gente nova” ou perguntas como “o seu trabalho tem alguma influência do manguebit?” disparados pelo casalzinho que apresentava o jornal de meio-dia na tv mirante.
sobre outra coisa qualquer, durante o show, otto disse: “é foda!”