Zema Ribeiro – Boa tarde, Kenard!
Roberto Kenard – Diga, Zema.
ZR – Recebeste meu e-mail?
RK – Qual deles?
ZR – Peraí… um intitulado assim: “Zema Ribeiro, ex-colunista do jornal Diário da Manhã”
RK – Sim.
ZR – É que não recebi nenhuma confirmação disso (digo, do recebimento) e me apareceu aqui uma mensagem de erro, com um de teus endereços de e-mail.
RK – Aí é com teu provedor. Bom, vou ter de sair para cortar o cabelo. Entrei no msn apenas para saber se minha coluna havia chegado ao jornal. Abraços.
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A conversa acima, rápida, deu-se ontem (portanto, após minha saída do Diário da Manhã), via msn. Aí, sua transcrição integral.
Roberto Kenard, para quem não sabe, é Diretor de Redação (além de sócio-proprietário) do citado matutino.
Quem me conhece, sabe que sou um cara pacífico. Não gosto de brigas. Principalmente se a causa não for realmente válida, o que creio ser o caso.
Deixo de escrever a Coluna do Zema no Diário da Manhã por divergências políticas. É só. E só.
Como não gosto de brigas, também não gosto de fuxicos e fofocas. E (somente) para evitá-las é que escrevo as presentes mal-traçadas.
Já é do conhecimento dos que acompanham este blogue (se você não acompanhava, está aí, posts abaixo) a nota “censurada” pelo Diário da Manhã. Abaixo, reproduzo a carta (e-mail) em que comunico minha decisão à diretoria do jornal; a conversa que abre este post deixa bem claro seu comportamento.
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Eis a carta:
São Luís, 25 de julho de 2006
Ao Sr.
Roberto Kenard
Diretor de Redação
Jornal Diário da Manhã
São Luís/MA
Prezado Senhor,
Ontem, dia 24 de julho de 2006, enviei, em tempo hábil, minha coluna, para publicação hoje, terça-feira, dia 25 de julho no jornal Diário da Manhã. Para minha surpresa, ao abrir o jornal pela manhã, a mesma não estava lá; ainda antes de meio-dia, indaguei, por e-mail, o porquê disto, não obtendo, até às 15h, resposta. Telefonei para a redação do matutino e, falando com Josélia, a mesma alegou-me que a coluna não havia sido publicada por conta do assunto lá tratado.
Perguntei-lhe se tu estavas na redação, no que fui respondido com uma negativa. Pedi-lhe então que ela te avisasse que eu não mais escreveria para o jornal Diário da Manhã – ao menos não na condição de colunista fixo, a em que ora encontrava-me.
Mês passado, tive – sem consulta prévia – o nome de minha coluna mudado: de Diário Cultural passou a chamar-se Coluna do Zema. Em tese, isso me daria (ainda) mais liberdade para escrever, o que não aconteceu.
Findada a participação brasileira na Copa do Mundo – mas ainda não encerrado o maior evento esportivo do planeta – tive recusado, um texto meu que tratava de futebol. A alegação: fugia do assunto da coluna – cultura. Engoli em seco, publiquei o texto em meu blogue e prometi não mais afastar-me do assunto – cultura, nunca é demais frisar – de minha coluna. Essa “fuga” não aconteceu ontem. Embora eu tenha dado, é certo, um viés político às duas notas, não se pode dizer que as mesmas não são “culturais”. Se não te chegaram aos olhos, o que julgo muito difícil, digo: a primeira nota tratava do movimento Vale Protestar – legítimo em contraposição ao Vale Festejar, o já tradicional São João fora de época do Estado –, e a segunda, dava conta do nome de Joãozinho Ribeiro como membro do comitê de elaboradores do programa de governo do presidente Lula, que será implementado caso se concretize sua muito provável reeleição.
Não sei se “censura” é o termo mais correto – a ditadura militar é até citada em tua coluna de hoje – mas que há, aí, ao menos o uso de “dois pesos e duas medidas”, isso há. Tanto é que outros colunistas que não têm competência para falar nem de problemas de sua – deles – rua, desatam a escrever as piores “barbaridades” sobre temas tão distantes quanto – serão tão distantes assim? – futebol e política, ou moda e segurança, ou o colunismo social a que eles deveriam limitar-se; e ainda que a isso se limitassem, deveriam aprender “português básico” para bem – melhor eu não diria – fazê-lo.
Voltando aos “dois pesos e duas medidas”: creio que “o assunto” de minha coluna de hoje – a não publicada – desagrada por meu posicionamento – se não, o que mais pode explicar-lhe o veto? – claramente anti-sarneysta (embora não reinaldista) e pró-reeleição de Lula. Ou a participação de Joãozinho Ribeiro na Comissão de Cultura para a elaboração do programa de governo do “sapo barbudo” não é “cultural”? Ou não é “cultural” também a manifestação de artistas, intelectuais, professores, estudantes, profissionais liberais – gente, enfim – contra o uso para fins politiqueiros – que há muito vem sendo praticado, sabe-se – do Convento das Mercês?
Agora, só resta-me agradecer a oportunidade, o espaço e a confiança depositados. Mas prefiro renunciar ao espaço da Coluna do Zema, evitando assim, novos “problemas” desta ordem.
Cordiais e respeitosas saudações,
Zema Ribeiro
Estudante de Comunicação Social (Jornalismo)
Faculdade São Luís