[O Imparcial, hoje]
O Imparcial ouviu três cineastas maranhenses para saber: qual o filme favorito no Oscar? Conheça as opiniões de Raffaele Petrini, Joaquim Haickel e Breno Ferreira
As apostas estão a toda, seja pelas redes sociais, mesas de bar ou almoços de família. Quais as suas apostas para o Oscar desta noite? Seja qual for o resultado da tradicional premiação da academia será impossível esquecer a injustiça do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) para com Aquarius, de Kléber Mendonça Filho.
Unanimidade em qualquer lista de melhores filmes nacionais de 2016, o filme do pernambucano foi boicotado pelo Ministério da Cultura para ser o representante brasileiro no tapete vermelho, logo mais à noite. Uma reação às críticas que o diretor, Sônia Braga (que interpreta a protagonista, Clara) e toda a equipe de Aquarius dirigiram ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) em Cannes. Aquarius teve ainda a classificação indicativa do Ministério da Justiça para 18 anos – para efeitos de comparação, O som ao redor, longa anterior de Kléber Mendonça Filho, tem classificação indicativa de 16 anos.
De férias na Itália, o cineasta e crítico Raffaele Petrini, diretor do Cine Praia Grande, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande), conversou com a reportagem e apontou suas apostas para a premiação de hoje à noite. “Amo La La Land [de Damien Chazelle], por ser uma homenagem contemporânea a uma maneira de fazer cinema que não existia mais: um cinema romântico, sonhador, bonito de ver, divertido e emocionante. Meu favorito entre os indicados é Até O Último Homem, de Mel Gibson, que dificilmente levará estatuetas. Como melhor filme estrangeiro eu adoraria ver o alemão Toni Erdmann [de Maren Ade] ou o iraniano O Apartamento, de [Asghar] Farhadi, já vencedor do Oscar pelo belíssimo A Separação; inexplicável a ausência de filmes como Julieta, de [Pedro] Almodóvar ou de Elle [de Paul Verhoeven], um dos últimos grandes filmes de sempre, sem comentar o caso Aquarius”, declarou.
La La Land tem 14 indicações ao Oscar. Entre os prêmios possíveis, Petrini acredita que ele tem possibilidade de levar nove estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor trilha sonora, melhor canção original [City of stars], melhor figurino, melhor montagem, melhor edição de som, melhor som e melhor direção de som.
O também cineasta Joaquim Haickel, diretor do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão (Mavam), concorda com Petrini quanto ao filme de Mel Gibson: “Dos indicados a melhor filme é o meu favorito”, declarou, referindo-se a Até O Último Homem, que ele classifica como “um drama de guerra baseado em fatos reais, dirigido pelo sanguíneo Mel Gibson”.
E La La Land? Para Haickel não tem todo este mérito: “coisa da indústria que quer prestigiar um musical. Ora, para fazer um documentário você usa 10 pessoas; para fazer um drama, você usa 200 pessoas; para fazer um musical, você tem 600 pessoas, querem valorizar isso”, declarou.
O cineasta Breno Ferreira aposta sabendo que muito provavelmente perderá na bolsa. “Eu acredito que vá dar La La Land, apesar do Moonlight [de Barry Jenkins] estar chegando nesse momento final com força, mas o meu voto seria para Lion [de Garth Davis]”.
Numa coisa os três concordam: La La Land deve levar a estatueta de melhor trilha sonora. “Para La La Land devem ir também os prêmios de melhor trilha sonora e melhor canção original”, aposta Haickel. Breno é taxativo: “trilha sonora é impossível não dar La La Land”, afirma, colocando-se ao lado de Petrini, que já havia incluído a estatueta entre as possíveis do filme de Damien Chazelle.