Amanhã, neste espaço, a “Chapeuzinho Vermelho” de Frederico Luiz.
Por hoje, uma ficção do blogueiro. Até!
O cronista tem andado meio poético esses dias. E isso não reflete necessariamente em criação. Pensa unicamente na vinda de Vivi para a semana santa. E pensa em cometer pecados em plena época de jejum católico. O cronista não consegue escrever sobre outra coisa. O cronista não consegue falar sobre outra coisa. O cronista não consegue pensar noutra coisa. Lembra carinhosamente dos olhos da musa, claros, belos, a própria luz. Pensava numa aula de Teorias do Jornalismo, onde o professor propusera aos alunos, pensar sobre o nada. E o nada, parecia para ele agora, ser tudo, já que sem Vivi, nada havia.
A semana santa batia à porta. O cronista foi batizado na igreja católica, mas, como ele mesmo diz ao ser indagado sobre sua religião, é um “católico não praticante”. Para vê-lo, basta ir a um bar do lado da Faculdade. Orgulha-se de tê-lo inaugurado: “Ela, aqui, não vendia cerveja. Dei a dica, anunciando a vinda do curso de Comunicação Social e seus alcoólatras para este prédio”.
Pouca gente sabe de Vivi. Mineira, mora em Fortaleza. Ele, ludovicense de nascimento e morada, de onde adora o ar provinciano. “Eu conheço meus ídolos e vizinhos”, orgulha-se. Dificilmente largaria a ilha do amor, embora não descartasse a possibilidade. “Amanhã não se sabe”, Beatles, ou “o amanhã a Deus pertence”, num raro acesso de catolicismo.
Vivi e o cronista se conheceram num emprego comum. Ela veio parar em São Luís, transferida, indo daí para a capital cearense. Ele, trocou a empresa por outra. Aqui, à época, timidez total, por parte dos dois. Depois, o contato por e-mails. Soltaram-se. Para se amarrar. Ele cometeu poemas. Ela viria passar a semana santa com ele; iriam para uma cidade do interior: uma turma de amigos, violão, lua, cerveja, paz e amor. “Infinito enquanto dure”.
O cronista precisa entregar seu texto semanal para o jornal. De tanto pensar em Vivi, desiste. Viaja, sem se preocupar. Desliga o telefone celular. “Na volta vejo o que acontece”, pensa, num raro momento em que desvia o pensamento de Vivi, já ao seu lado.
