ECONOMIA DA CULTURA: QUE BICHO É ESTE , AFINAL?

por Joãozinho Ribeiro (*)

Não poderia ser mais oportuno o momento para iniciarmos em nossa cidade discussão de tema tão relevante. Principalmente quando artistas, produtores, gestores públicos, empresários e agentes culturais em geral se preparam para participar da I Conferência Municipal de Cultura, que deve acontecer em setembro próximo.

A iniciativa é do Fórum Cultura Cidadã, espaço legítimo de articulação e discussão das questões culturais, construído coletivamente por um expressivo elenco de entidades e instituições da sociedade civil e do poder público, que vem realizando às quartas-feiras, no Teatro Alcione Nazaré, sempre às 19h, ricos debates sobre as várias dimensões da Cultura: enquanto direito, enquanto política pública, enquanto manifestação artística, e agora, também, como forte fator de geração de trabalho e renda.

Uma das primeiras iniciativas de estudo da Economia da Cultura no Brasil foi realizada nos anos 90 pela Fundação João Pinheiro, escola de gestão do Governo de Minas Gerais, sob encomenda do Ministério da Cultura. Recentemente a PUC do Rio de Janeiro, através de uma equipe multidisciplinar, coordenada pelo professor, cineasta e produtor cultural, Luiz Carlos Prestes Filho, elaborou outro riquíssimo estudo publicado sob a denominação “A Cadeia Produtiva da Economia da Música no Rio de Janeiro”. Para se ter uma idéia da importância do fato, entidades de peso da economia carioca patrocinaram a pesquisa e a sua publicação em forma de livro; Federação do Comércio, SEBRAE, Federação das Indústrias, ECAD, SESC, entre outras.

Em nosso Estado, o fenômeno ainda não mereceu um decente estudo pelos setores acadêmicos, apesar de sua palpável relevância e visibilidade incontestáveis. Daí, este primeiro esforço em juntar empresários, órgãos de classe e representantes de instituições de ensino superior numa mesma mesa, como passo inicial para, quem sabe, num momento mais adequado, aprofundarmos o estudo da questão e as grandes possibilidades de geração de renda e trabalho para os habitantes de nossa querida São Luís, que esta iniciativa poderá oportunizar para o desenvolvimento do Município.

A respeito disso, não é demais lembrar que a cidade de Olinda/PE acaba de arrebatar o importante título de “Capital Brasileira da Cultura – 2006”, na primeira versão deste concurso, feito que lhe possibilitará, enquanto cidade eleita, entre outras vantagens, projeção como referência da cultura nacional, restauro do patrimônio histórico e atração de investimentos privados. Tudo isso em função de ter apresentado um respeitável programa de atividades culturais para o respectivo período. Claro exemplo do que é capaz a aposta num planejamento onde a Cultura faça parte do centro das políticas públicas, como questão transversal que dialoga com todos os aspectos da administração municipal, auxiliando decisivamente na elaboração de uma visão matricial da gestão.

Para isso é que está servindo o ciclo de debates preparatórios à I Conferência Municipal de Cultura, intitulado “Diálogos Interculturais”.

(*) poeta, compositor, professor universitário, coordenador do Fórum Cultura Cidadã

 

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