Chegou Dezembro!

[texto e nota que fazem nossa coluna de hoje no Diário da Manhã; o primeiro foi publicado ainda em dezembro do ano passado no blogue que fazia antes de mudar-me para este endereço; de tanto a imprensa local recusar-se a publicá-lo, coloquei lá; como agora tenho liberdade na Diário Cultural, achei por bem reproduzi-lo. Em tempo: à época eu disse sobre O Natimorto: “a melhor ficção lida por mim em 2004”]

O “Risco: Ruído” nada Natimorto da DBA Editora

Conhecida pela produção de livros institucionais, a DBA Editora entrou certeira no mercado da (ótima) literatura de ficção. Lançou em São Paulo, ainda em 2004, sua coleção “Risco: Ruído”, cujos dois primeiros volumes são as luxuosíssimas edições de “O Natimorto”, de Lourenço Mutarelli e “Gozo Fabuloso”, de Paulo Leminski, último volume da obra do poeta paranaense deixado organizado pelo autor para publicação. Alice Ruiz, sua ex-companheira, revisou-o e assinou o prefácio.

A coleção “Risco: Ruído” tem curadoria de quatro grandes nomes da ótima – a redundância é intencional – literatura produzida atualmente no Brasil: Joca Reiners Terron, Marcelino Freire, Nelson de Oliveira e Ronaldo Bressane.

O Natimorto

Fumante inveterado e viciado em cafeína, O Agente, protagonista de “O Natimorto” – mais recente título de Lourenço Mutarelli [SP, 1964] a chegar ao mercado – tenta adivinhar a própria sorte através das imagens contidas nos maços de cigarro, fazendo destas figuras, cartas de um estranho tarô de nossos tempos.

O Agente (que não age) apaixona-se por uma cantora – A Voz – que não canta. História de amor e ódio, ele confina-se num quarto de hotel, após abandonar a esposa, que não aceitando a sua tentativa de tornar-se um ser assexuado, o trai constantemente.

Um musical silencioso escrito por um desenhista. Poderia ser apenas mais um “livro na minha estante, que nada diz de importante”, mas não é. Cinema? HQ? Poesia? Música? Teatro? Literatura? Absurdo? Trágico? Engraçado? Intrigante? Tudo isso e mais um pouco, num caldeirão fervente, temperado com a experiência mutarellica de “O cheiro do ralo” [romance de estréia do autor, Editora Devir, 2003, que está sendo filmado, como já noticiou esta coluna], que já venceu seis edições do Prêmio HQ Mix, o mais importante do gênero no país.

Se você fuma ou é viciado em café, compre este livro! Se fizer os dois, melhor ainda. Se não é nem uma coisa, nem outra, compre assim mesmo e vicie-se em ótima literatura contemporânea.Você compra os livros da DBA Editora no site da mesma:www.dbaeditora.com.br ou pelo telefone (11) 3062 1643.

Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira

E o prêmio vai para Amílcar Bettega Barbosa! Com “Os lados do círculo” (contos, Editora Cia. das Letras), ele faturou a edição de 2005 do prêmio. O escritor Joca Reiners Terron, comentou assim a vitória: “Palmas para o júri, pela coragem em investir num autor novo e por consagrar o prêmio à literatura, e não aos resultados de vendas”.

A coluna Diário Cultural torce para que isso se torne uma tendência, necessária, diga-se de passagem. Que tal se isso chegasse até a academia brasileira de letras (em minúsculas mesmo)? Por lá, o mérito menos importante para se tornar um imortal é a literatura.

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