Entrevista: Ceumar

Entrevista publicada na revista Nossa, em dezembro de 2005. 
Francinne Amarante é jornalista cultural. Foi estagiária da Assessoria de Imprensa do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e estudou na Escola de Música de Brasília/DF. Escreve para a revista Nossa e apresenta o Balaio Cultural (TV COM – NET, canal 8, na capital federal).

O EnCanto de Ceumar

por Francinne Amarante

Dona de uma voz suave e afinada, ela toca, compõe, faz arranjos e o resultado é uma melodia onírica. Mineira de Itanhandu, Ceumar vem de uma família musical, sua maior referencia, além de Clara Nunes e Joni Mitchel.

Apesar de não tocar nas rádios, tem sua música reconhecida por um público fiel. Recusa rótulos e faz questão de escolher seu repertório. Tem como parceiros Chico César, Zeca Baleiro e outros mestres da música brasileira

Nossa – Qual o seu estilo musical?

Ceumar – Procuro cantar de uma maneira clara, sem muitas invencionices. Gosto de experimentar linguagens, mas quero passar suavidade, um som limpo.

Como surgiu a idéia de fazer o primeiro disco, Dindinha?

Já morava em São Paulo, em 95, conheci o Zeca Baleiro e a Táta Fernandes e começamos uma amizade. Em 97, eu já estava com meu bebê, e surgiu a oportunidade de fazer um disco independente, nós três escolhemos o repertório e a idéia era de fazer um disco acústico. O Dindinha ficou pronto em janeiro de 2000 e lançado pela gravadora Elo Music.

E o Sempre-Viva, segundo disco?

Uma indústria chamada biodinâmica me convidou para fazer um disco para presentear os funcionários na época do natal. Tive pouco tempo para faze-lo, em dois meses ficou pronto. Depois lancei, como CD independente.

Incomoda saber que o espaço não é democrático?

Incomoda quando percebo que há um abuso de poder, da informação, isso se reflete também na música. Não se tem curiosidade com o que está acontecendo, quando não se buscam informações, do novo.  A música deveria ser para todos e não para poucos.

Como você divulga sua música?

O universo paralelo é muito grande. Existem outras formas, a Internet; esse ano participei do Festival Cultural de Música pela TV Cultura, as pessoas gostaram do meu trabalho, o importante é levar minha música às pessoas.

Mas você tem seu público?

A prova que tenho de que minha música funciona é quando vejo que ela chega até as pessoas, mesmo sem a ajuda dos veículos de massa e de uma grande gravadora.

Como você percebe os rótulos que se dão aos cantores?

Perde-se quando se define, a música vem de dentro; ainda estou me buscando, não tenho rótulos.

Você é espiritual, emocional?

Sou, minha religião é minha música. É assim que eu exerço a minha função, tento mostrar através das canções pensamentos que trazem e levam Luz.

Hoje, qual a sua fonte de inspiração?

Minha horta. Vejo as sementes germinando e crescendo em meio à caótica São Paulo. Me dá energia, me sinto feliz.

Projetos para 2006?

Penso em montar um Selo independente. Tenho um projeto de gravar um disco com o Dante Ozzetti (irmão da Na Ozzetti). Estou compondo com meus parceiros Kleber Albuquerque, Táta Fernandes, Rubi e Gero Camilo, temos o Canto De Cozinha, um evento que apresenta repertório musical inédito.

Como funciona o Canto de Cozinha?

O Canto de Cozinha tem a intenção de desvirtuar o lugar comum, quebrar como imaginável, intransitável. É possível a música percorrer o espaço através de novas vias. A poesia do som, como o verbo -verso, canto e proclamação, experiência com a cena -ato teatral, e o canto – gesto interpretativo. Liberdade de expressão, de movimentação, de experimento.

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