O delito de uma gangue de bons desenhistas

[Diário Cultural de hoje]

Iramir Araújo, acompanhado de outros bambas do universo HQ brasileiro, lançam hoje o álbum “Corpo de Delito”, que reúne, entre inéditas e já publicadas, diversas histórias do delegado Augusto “Caolho” dos Anjos, de já um clássico dos quadrinhos maranhenses.

Corpo de delito. Capa. Reprodução

Preto e branco é um charme. Seja na tv, no cinema e, principalmente, nos quadrinhos. O crime, quando ficção, também é um charme. Há até quem ache que o crime compensa. E talvez compense mesmo. Ou não? O criminoso da vez é Iramir Araújo. Sim. Deve ser crime ser talentoso no Maranhão, não sabiam, caros leitores? A reclusão/pena é o total desconhecimento por parte do público. Pois é. Criminosos, ele e uma “gangue” que arregimentou: Beto Nicácio, Marcos Caldas, Bruno Azevedo, Ronilson Freire, Carlos Sales, Salomão Júnior e Luiz Saidenberg. Este último, reconhecido nacionalmente, Iramir conheceu virtualmente: “Há tempos escrevo sobre quadrinhos. Um dia escrevi sobre um trabalho dele e o texto, de um jeito ou de outro, caiu-lhe nas mãos. Começamos a trocar e-mails e, tempos depois, ele pediu para desenhar um roteiro meu. O resultado está aí”, conta, sobre uma das histórias que compõem o álbum “Corpo de Delito”, que será lançado hoje, às 19h na Galeria de Arte do SESC (Av. Gomes de Castro, 132, Centro).

“Corpo de Delito” reúne diversas histórias, entre publicadas e inéditas, de Augusto “Caolho” dos Anjos, delegado de polícia criado por Iramir Araújo e publicado pela primeira vez em 1982. Qualquer semelhança entre o delegado, obra da mente criativa de Iramir, e o poeta paraibano, dono de versos como “o beijo, amigo, é a véspera do escarro, / a mão que afaga é a mesma que apedreja”, não são meras coincidências: ambos são, para usar um lugar-comum, malditos. Caolho é um obstinado que não brinca em serviço. E não brinca, mesmo quando está brincando: no álbum, encontramos o personagem, por vezes, largando uma cerveja gelada pelos bares do Centro Histórico ludovicense – a Ilha de São Luís é palco de todas as aventuras ali narradas – para manter a ordem. Caolho combate ferozmente traficantes de drogas, de órgãos, ladrões, estupradores.

Caolho é um super-herói, sem superpoderes ou cuecas por cima das calças. Surgido nos mesmos becos e ruas onde combate crimes em São Luís, é, como disse Euclides da Cunha sobre o nordestino, “antes de tudo, um forte”. Iramir Araújo comete o pecado – ou crime, como já dito anteriormente – de ser talentoso em São Luís do Maranhão. Mas é, também, antes de tudo, um herói: o herói dos roteiros de “Corpo de Delito”, verdadeiro cinema impresso.

Serviço

O quê: Lançamento da HQ “Corpo de Delito”
Quem: Iramir Araújo, Beto Nicácio, Marcos Caldas, Bruno Azevedo, Ronilson Freire, Carlos Sales, Salomão Junior e Luiz Saidenberg.
Onde: Administração/Galeria de Arte, SESC (Av. Gomes de Castro, 132, Centro)
Quando: hoje, às 19h.
Quanto: R$ 5,00 (preço promocional de lançamento; o álbum será vendido em bancas de revista por R$ 6,00).

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