este texto foi publicado [sem a ilustração] no jp turismo, encarte do jornal pequeno, de ontem.
“Um pé no mato um pé no rock” revê carreira de Zé Geraldo
Músico mineiro, autor de “Senhorita” e outros sucessos mais que conhecidos, revisa carreira em dvd e cd inspirados.
por Zema Ribeiro
Alguns fãs de Zé Geraldo vêem nele – com razão – um quê de Bob Dylan. Talvez por suas canções “visionárias”, e aí entram “Milho aos pombos”, “Cidadão” (de Lúcio Barbosa), ou mesmo “Como diria Dylan”, que ele batizou depois de alguém dizer que o homem que acaba de lançar “Modern Times” a assinaria. Outros podem ver Dylan ainda – seu pé no rock – por sua interpretação para “Negro Amor”, versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcante para “It’s all over now, baby blue” do gênio folk.
Outra influência confessa de Zé Geraldo – não só – em “Um pé no mato um pé no rock (ao vivo)” (dvd, R$ 40,00; cd, R$ 20,00, pelo site http://www.zegeraldo.com) é a de Tião Carreiro. Somados, Dylan e Carreiro, temos o autor de “Senhorita”, canção adotada por onze entre dez seresteiros do país, em discos, shows, botequins e similares espalhados pelo Brasil.
Dividido entre as duas vertentes – o rock, urbano; o mato, rural – Zé Geraldo faz uma revisão de sua carreira. É o 15º disco (14 faixas), é o primeiro dvd (19 faixas). Urbano e/ou rural, um Zé emocionado. Que emociona. Um Zé que envelheceu e permanece jovem. Um Zé entre amigos, cúmplice de banda, platéia e participações especiais: Renato Teixeira (em um pé no mato), Alexandre Lima (da banda Manimal, em um pé no rock). Um Zé que – como se não bastasse – não pariu só canções bonitas: sua filha Nô Stopa, backing vocal em todo o disco, canta com ele “Terceiro mundano” e é homenageada com “Olhos mansos”, que ele compôs quando ela nasceu. Homenagem à altura, assim como a “dedicada ao amante da natureza” (diz o encarte) Chico Mendes, “O seringueiro”.
As ausências de “Negro amor” e “Reciclagem” nem de longe empobrecem o disco/dvd; lá está a – quiçá – mais bela música de Zé Geraldo: “Semente de tudo”. Um disco que fala, sobretudo, de amor, do amor de Zé pela música: “minha vida é a poeira, o canto e você” – você, ouvinte! – ele canta em “A poeira, o canto e você”, esta, só no dvd.

