o humor brasileiro tem andado bem mal-humorado, de uns tempos pra cá, quando teve que começar a se preocupar com o que é ou não “politicamente correto”. sem perder piadas que desagrada(ria)m às minorias, o elenco de “uma linda quase mulher” garante mais de duas horas de boas e prolongadas risadas.

[o elenco em clique do site kamaleão]
cíntia sapequara e cia. tiram onda de homossexuais, negros, religiões afro-descendentes e até estudantes do ceuma, que se não necessariamente representam uma minoria, eram a maioria na platéia do circo da cidade, ontem (16). a comprovação veio quando uma das personagens da peça da companhia deixa de bobagem afirmou ter “sete anos de ufma e oito greves”. a platéia também entra no jogo, quando uma reprodução de pelúcia de um vibrador em tamanho superfaturado, digamos assim, é atirado em sua direção. depois, outros sobem ao palco como jurados de um concurso.
com um vocabulário claríssimo, diretíssimo, e por que não dizer?, carregado de palavrões, ouvido em todos os lugares ali representados – um ônibus, o apartamento da patroa, um terreiro de umbanda, um concurso de beleza, a praça joão lisboa e arredores etc. – é possível ouvir “cus”, “caralhos”, “bucetas”, “bichas”, “qualiras” (e sua variante também maranhensíssima “qualhira”) etc.
a peça, em cartaz há sete anos (o tempo de ufma da personagem inteligente), modifica-se a cada apresentação, garantindo atualidade à grande piada com várias piadas dentro. críticas ao trânsito complicado na avenida beira-mar, por conta de uma interminável obra de reorganização no trânsito, pedidos ao papai noel pela proximidade do natal e, ficção, a vencedora do concurso de beleza encenado ali irá acompanhar o governador josé reinaldo na posse do eleito jackson lago, com a vaga deixada pela ex-primeira-dama alexandra (ex-)tavares. nem mesmo roseana sarney escapa das línguas finas, ferinas e afiadas da turma.
“uma linda quase mulher” conta a história de júlia roberta, empregada doméstica (“secretária executiva”, ela mentia às “amigas”) que sonha com o estrelato. a personagem acaba… não, não vou contar. que tal deixar o preconceito atrás da porta e ir ver este grupo divertidíssimo?
a última sessão desta temporada é hoje (17), às 20h, no circo da cidade [clique no título do post para mais detalhes]; “a bilheteria será aberta às 16h, para evitar filas e atraso, para que não se desrespeite os que chegam cedo”, avisou um dos atores, ao fim da sessão de ontem; os ingressos custam r$ 12,00; estudantes com carteira pagam metade.
deixa de qual(h)iragem, rapá!: vai lá!
