linguagens

vozes da democracia” será relançado hoje em são luís: às 19h na livraria athenas (sobreloja do monumental shopping).

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em junho de 2005, quando estive em brasília, o amigo glauco barreto organizou uma roda de violão para receber-me. entre vários amigos estava nelson luiz de oliveira, jornalista que eu já tinha ouvido em gravações caseiras enviadas por glauco, a quem conheci (primeiro virtualmente) por intermédio de gildomar marinho. quando topei com nelson, disparei: “reconheça e abrace seu herói / ou esqueça e veja como dói”, versos de sua “cabeça de nego” (que está no disco e traz, no registro, o violão de glauco).

abaixo, a primeira classe de hoje, jp turismo, jornal pequeno.

A múltipla linguagem de Nelson Oliveira

Jornalista mineiro radicado em Brasília estréia em disco carregado de influências literárias – o que não dificulta sua audição.

por Zema Ribeiro *

Linguagens[Independente, 2006, R$ 20,00 pelo e-mail oliveiranelson.musica@gmail.com e/ou telefone (61) 3362-7428] é um disco amador, e eis aí um elogio. Nelson Oliveira, 45, jornalista (graduou-se na UnB e é funcionário do Senado Federal), poeta e compositor mineiro (nascido em Itapagipe) radicado em Brasília desde 1969, reúne um punhado de canções e amigos, sem compromissos com os estresses do showbusiness.

Homem pacato, cidadão cordial, Nelson já havia publicado livro [“O velho testamento”, 1988, Editora Thesaurus] e agora chega ao disco, onde continua dando mostras de ser um homem atento, antenado, um grande leitor. Se de “Linguagens” ficou de fora “Alba” (poema de Ezra Pound musicado por Nelson Oliveira, que tive oportunidade de ouvir em demo), a faixa “Os Lusíadas” traz trecho (fragmento do Canto Primeiro) do poema homônimo, obra maior do poeta português Luiz Vaz de Camões, em roupagem de belo fado, sem enfado. E as referências literárias não param por aí: estão lá Shakespeare, Pessoa e Nicholas Berh (que declama um poema seu em “A gente fala”, faixa bônus do disco), entre outros tra(du)zidos na bagagem das linguagens de Nelson.

Linguagens” passeia por diversos ritmos e diante de tantas influências e “funções”, pergunto-lhe se o músico não compete com o jornalista e vice-versa ou se os dois convivem harmoniosamente em Nelson Oliveira: “São esferas de um mesmo espectro de interesse cultural, que tem na palavra o seu elo. Só há competição quando estou muito preso ao mundo verbal e a música, cuja linguagem, vinda de outra fonte de sensibilidade, não encontra espaço para fluir. Sou, na origem e na essência, um poeta que “musica”, embora já tenha criado peças instrumentais, uma das quais [Obstinado] foi incluída no CD”, responde ele por e-mail.

* Correspondente para o Maranhão do site Overmundo, escreve no blogue http://zemaribeiro.blogspot.com

8 respostas para “linguagens”

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