há umas boas semanas, chorei o fim do departamento de cds e dvds das lojas americanas da rua grande. era alarme falso, graças a deus. o departamento voltou maior e cheio daquelas bandejonas onde é possível comprar bons dvds entre r$ 9,99 (dez reais) e r$ 19,99 (vinte reais).
mas do que vou falar aqui, ainda não se compra lá. não por enquanto.
enquanto eu lia este post, no blogue da trip (provavelmente a melhor revista mensal do país), pensava comigo: bom, o filme de que trata o texto ainda não chegou por aqui.
imediatamente, lembrei-me também do fechamento da music play (rua grande), que acabou virando play modas (e agora vende, óbvio, roupas). uma promoção que durou muitos dias me garantiu coisas como um disco de yann tiersen, episódio que contei aqui.
ó: o disco “cê ao vivo” foi lançado. ainda não o vi nas (poucas) lojas de discos de são luís. digo isso só para dar um exemplo do mercado “oficial”.
voltando: lido o texto sobre “tropa de elite“, eu caminhava rumo ao almoço quando me deparo com uma cópia que me sorri, numa banca próxima à rua grande. r$ 5,00. pouco mais caro que um ingresso no cine praia grande. muito mais barato que um ingresso no box.
uma leitura, um aprendizado disso: o mercado “pirata” ludovicense acompanha o do resto do país. o “oficial”, não. sorrio, já com o dvd na mão.
câmeras nervosas e uma crueza que pode incomodar (seja isso bom ou ruim para você que vai ver o filme, caro leitor) mostram a realidade das favelas cariocas, a guerra instalada, infelizmente, obra de não-ficção, a guerra, repito.
josé padilha, o mesmo diretor de “ônibus 174”, “recruta” (para usar um verbo do mundo militar) wagner moura (o olavo da novela dazoito), que dá (mais) um show de interpretação, num filme que estréia nos cinemas só mês que vem, mostrando o cotidiano de policiais do batalhão de operações policiais especiais (bope), uma polícia militar paralela, tida como mais inteligente (ao menos por eles próprios) — sabemos que não é bem assim.
não se sabe se o vazamento do filme aos camelôs foi intencional (estratégia de marketing pensada) ou não. mas, mesmo sem os créditos finais (com a tela da tv sendo invadida por listras verticais no lugar deles), vale ver/ouvir as histórias do capitão nascimento e cia., nas quase duas horas de “tropa de elite”, um filme real. cru como a vida dos ali traduzidos.
