URGENTE!

Comprei a Caros Amigos de maio e, apesar da recomendação de urgência de Tom Zé, ela ficou ali, vacilando entre uma Trip e uma Piauí e outras que eu ia deixando pra depois, tanta coisa por fazer, sempre. Eis que numa pausa entre uma coisa e outra, li, dum tapa, a entrevista com o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, densa e mágica, como o pessoal da revista mesmo cunhou, certeiramente.

No site da revista você pode ler uns trechinhos. Aqui, selecionei outro, que a vontade é de transcrever para cá a entrevista na íntegra. Não deixem de conferir, nem de multiplicar. E urgentemente, como nos recomenda o gênio de Irará.

*

[…]

VINÍCIUS SOUTO Como o pessoal de fora enxerga sua experiência no Brasil? O pessoal está atônito. Quando apresentei o projeto de Natal em Davos, na Suiça, em janeiro, foi curioso. Estava do lado de colunistas, um deles famoso aqui, ouvindo gente falar do Brasil o tempo inteiro, ia no computador na manhã seguinte, abria nos jornais de São Paulo e ninguém falava nada. Vi um economista argentino falar bem do Brasil. Chorando, emocionado, “é um exemplo, é um país que está dando um show”. No dia seguinte, não tinha uma palavra. No meu dia, vou falar sobre um projeto educacional, mostrei: “A ciência não é só para ser feita em universidade, ficar em prédio fechado, é para se abrir para o mundo.” Tinha acabado de sair uma carta que assinei com o presidente, primeira vez que um presidente de qualquer país assinou um editorial na Scientific American.

MYLTON SEVERIANO Quem? O Lula? É. Não saiu em lugar nenhum. Estava na capa da maior revista de ciência do mundo, o presidente, o ministro da Educação, se comprometendo a levar o currículo de educação científica infanto-juvenil desenvolvido em Natal para 1 milhão de crianças brasileiras. Mostrei as crianças montando robô, usando telescópio, medindo lua de Júpiter.

MYLTON SEVERIANO Lá em Natal? Em Macaíba, na periferia de Natal. Foi um choque. Mas só fora daqui saiu nos jornais, saiu na Scientific American, na Science, na Nature, nas grandes revistas do mundo.

ROBERTO MANERA Qual é a parte da grande imprensa nisso? Ah, omissão. Cheguei à conclusão que hoje no Brasil é difícil falar bem do Brasil. Existe uma cultura de se confundir o país com quem está no governo. E a gente não pode contar boas notícias. É uma coisa meio assustadora, não consigo entender.

MYLTON SEVERIANO Porque o presidente não é doutor? Pode ser. Mas acho que o buraco é mais embaixo: não podia dar certo. O governo dele tinha de ser o pior da história do Brasil. E se você analisar os fatos friamente e objetivamente, não é. Se você passar duas semanas no interior do Rio Grande do Norte, da Paraíba, é outro Brasil. A gente respira aquele país que, quando eu era criança, me diziam que nunca seria possível se fazer. [Nesse momento Nicolelis chora] E é chocante, você só consegue falar sobre isso fora daqui. O Brasil, de certa maneira, carrega hoje a responsabilidade de ser uma das poucas boas esperanças do mundo. De preservar seu ambiente, construir um país honesto, que cresça não à custa de outro, mas à custa do seu próprio trabalho, um país que tem uma democracia explodindo, não? Eu coloquei na minha porta na Universidade de Duke: 95 milhões de votos contatos em quatro horas. Qualquer semelhança é pura coincidência. Eu me tornei mais brasileiro vivendo fora daqui. E acho inconcebível que nossas crianças cresçam sem apreciar a diferença entre patriotismo barato e verdadeiro amor pelo Brasil. Têm direito ao acesso à informação legítima, honesta e limpa. Para saber que país é, quais são os problemas, mas quais são as maravilhas do Brasil… [chora novamente]. Tem duas piadas que me deixam possesso. Uma é quando alguém fala, aqui, que “isto é coisa de primeiro mundo”. Que primeiro mundo? E a segunda é que “Deus criou esse maravilhoso país, mas deixa ver o povinho que vou pôr lá”. É o ranço do coronelismo. É inserir no genoma nacional o complexo de inferioridade. O Santos Dumont não pensou que não era do primeiro mundo quando voou, não pensou no “povinho”, ele foi e fez. E acho que o que nós não sabemos é que existem milhões de outros Brasis que estão se fazendo lá em Resende, em Lages, no Seridó, no sertão da Paraíba, em Soares, em lugares que a gente nem considera como parte da gente. E aqui nós não apreciamos isso.

[…]

DOIS E-MAILS

Anteontem colei cá no blogue um bate-papo de msn. Hoje colo dois e-mails.

O primeiro, do amigo Glauco Porto Barreto, recomendando a este blogueiro e a Gildomar o show da Mônica Salmaso:

From: glauco barreto glauco.barreto@gmail.com
Date: 2008/6/5
Subject: Monica Salmaso e Pau Brasil – Notas sobre Show
To: Zema Ribeiro zemaribeiro@gmail.com
Cc: “gildomar@bnb.gov.br” gildomar@bnb.gov.br

Amigos Zema e Gildomar,

Se vocês confiam no gosto musical desse amigo que lhes escreve agora, não percam, por nada que não seja absolutamente inadiável ou substituível, o show de Monica Salmaso com o grupo Pau Brasil, que deve ocorrer em São Luís amanhã e depois (Teatro Arthur Azevedo, 20h), segundo o site daquela divina cantora: http://www.monicasalmaso.mus.br/new/Paginas/frameset%20agenda.html

Ontem assisti à edição desse espetáculo no Teatro Nacional, em Brasília, e ainda estou em estado de graça. Genial! Cada um dos músicos é, individualmente, referência nacional em seu instrumento (exceto, talvez, o baterista, que também é maravilhoso). E a generosidade é a marca de seu conjunto, numa integração perfeita entre músicos sensíveis e extremamente talentosos, em que cada um silencia, vez por outra, prol dos demais, e ninguém parece ter a preocupação de sobressair. Por isso, desde 1986 tenho no Pau Brasil modelo de grupo instrumental.

Pensei escrever a todos os amigos de gosto mais apurado para a música o seguinte: espero que vocês ainda possam assistir a muitos bons shows, mas, se tiverem que escolher apenas um e optarem por ver Mônica Salmaso com o grupo Pau Brasil, terão feito excelente escolha!

É essa minha mais sincera impressão.

Um grande abraço!

Glauco Porto

*

O outro, de Ricarte, encaminhando-me a recomendação do blogueiro Bruno Batista, para uma entrevista que este havia feito com Léo do Bar:

From: Ricarte Almeida Santos ricochoro@hotmail.com
Date: 2008/6/5
Subject: FW: entrevista com o léo
To: “ribeiro, zema” zemaribeiro@gmail.com, “do Choro Recebe, Clube” clubedochorodomaranhao@gmail.com

olha aí zema, blog do bruno, com uma excelente entrevista com léo do bar.

blz, boa novidade.

falou. e o teu conjunto novo? o conjuntivite?

ricarte, engraçadinho não?

Date: Wed, 4 Jun 2008 09:40:50 -0700
From: br_batista@yahoo.com.br
Subject: entrevista com o léo
To: ricochoro@hotmail.com

Salve, Ricarte! Tô te mandando o link do meu blog com a entrevista que fiz com o Léo. Rolou até um videozinho. Viajei pra Teresina no dia seguinte àquele que vc me ligou e ainda não pude passar lá pra pegar o Cd. Devo fazer isso hoje e o Choro Pungado vai ser assunto do blog logo, logo, pode contar.

Abraço grande, meu irmão!!

http://oimparcial.site.br.com/blogs/bruno/

MOVIOLA

A jornalista Elis Galvão, com quem havia feito contato quando do lançamento de O Dia Mastroianni, do João Paulo Cuenca, me mandou um link, via msn, como quem não queria nada. Pedia que eu desse uma olhada na Revista Moviola, para onde ela havia entrevistado o moço, autor também do aclamadíssimo Corpo Presente.

Entre a conjuntivite, textos por revisar, textos por escrever e outras coisas, resolvi dar uma pausinha e seguir a recomendação da moça. Valeu a pena! Li, em várias tacadas, entre intervalos das coisas que me deixavam os olhos mais vermelhos ainda (ontem à noite eu andava de óculos escuros, tentando minimizar os riscos para os que estavam comigo), a entrevista com o Cuenca, partindo dela para uma com o Galera e daí a um texto sobre o Hunter S. Thompson (figura que me será útil na mono).

Apesar do nome — Elis me ensinou que moviola é um aparelho antigo para se ver fotogramas de uma película cinematográfica –, a revista não é especializada em cinema.

Merece destaque aqui, um outro texto dela na Moviola: Antonia de Thuin, neta de Odylo Costa, filho, está com um livro prontinho, de cartas do avô, ilustre maranhense que batiza Centro de Criatividade na Praia Grande. No corpo da matéria é possível ler, por exemplo, o manuscrito de uma carta que lhe foi enviada por João Cabral de Melo Neto, em 1966. O tipo de “trivialidades” que me interessam. Alguma editora aí/aqui se interessa?

Certamente há mais por descobrir entre os rolos da publicação virtual. Escarafuncharei com a devida atenção e recomendo aos poucos mas fiéis leitores deste blogue fazer o mesmo.

*

Caso algum destes mesmos poucos mas fiéis leitores não tiver, por acaso, acreditado no que escrevi sobre Fhátima Santos, posts abaixo, pode tirar a prova aqui.

PARTE QUE SE DESCARTE

zema diz:
tu não me ama mais
– Mariana diz:
quê?
– Mariana diz:
haha
zema diz:
já sacou, né?
– Mariana diz:
saquei o quê?!
zema diz:
o porquê disto
– Mariana diz:
não saquei haha
zema diz:
blogue novo e nem avisa, pow
zema diz:
já re-linkei
zema diz:
e já vou avisar a turma
– Mariana diz:
eu ACABEI de fazer hehe, eu ia mandar
– Mariana diz:
aliás, eu entrei no seu hoje haah
zema diz:
tá! eu acredito
zema diz:
ahah
– Mariana diz:
vou te linkar
– Mariana diz:
entrei no seu pelo do marcelino freire
zema diz:
figuraça. bebemos juntos uma vez, aqui em são luís. minha raiva: ‘tava sem minha máquina fotográfica…
– Mariana diz:
ahh ele deve ser superlegal
– Mariana diz:
ele é foda, cara, escreve bem pra burro
zema diz:
demais, demais
zema diz:
é sim, superlegal…
– Mariana diz:
=)
zema diz:
vou avisar a turma, pois
zema diz:
e vê se não some
zema diz:
nem para de escrever
– Mariana diz:
pararei nao!
zema diz:
vou ficar no calo
– Mariana diz:
haha beleza
zema diz:
vou entender isso como uma promessa
zema diz:
e promessa é dívida
– Mariana diz:
haha ok
zema diz:
nem me demoro hoje. uma conjuntivite me tirou de aula, trabalho, o escambau.
zema diz:
até o aniversário dum amigo tive que faltar.
zema diz:
só vou avisar a turma de teu retorno e me vou
zema diz:
abração!
zema diz:
e bem vinda de volta
– Mariana diz:
obrigadaa! =))
– Mariana diz:
bjs

*

Bati o papo acima com a amiga Mariana Bradford, há pouco, via msn. Um viva!, ela voltou a blogar. Estudante de comunicação carioca, é figura que tem o que dizer. Vida longa ao novo link aí ao lado.

*

O amigo de que falo, que aniversaria hoje (3), é Salim. parabéns, amigo! Vida longa a você também, e perdoe a falta. O motivo ‘tá exposto aí no papo. Te devo uma cerva! (Ê, seu porra!, as cópias ‘tão prontas). Abração!

DUAS ESTRÉIAS

Que, de certa forma, noticio aqui tardiamente. Nunca é tarde, nunca é tarde, repito, como a querer convencer-me.

1. Lena Machado no MySpace. Grata revelação da música brasileira, em vias de gravar seu segundo disco, a maranhense mostra o que anda aprontando. Se, depois do MySpace, você quiser mais, é só aparecer sábado no Chico Canhoto e vê-la/ouvi-la, ao vivo, entre os canjeiros.

2. O Ombro Amigo, Consultório Sentimental, blogue no site da Revista Trip. Nina Lemos e o sempre impagável Xico Sá recebem as queixas de dores, dúvidas e outros males (e mares) de amores, reprocessam e dão conselhos sérios aos que os procuram por lá. Acesse e, se for o caso, escreva.

ESTRANHÍSSIMA COINCIDÊNCIA

Via msn, o jornalista Rogério Tomaz Jr. me avisa, de Brasília/DF, que João Pedro Stédile está dando uma entrevista na TV Band. Instantes depois (pouco depois de 23h30min, horário de início do Canal Livre), quando o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra diz algo sobre a hidrelétrica de Estreito/MA, a emissora sai do ar, de forma estranha. Não conformado com a tela azul, ligo para a TV Maranhense, retransmissora da Band aqui, e falo com um funcionário da portaria, que me diz algo sobre “problemas técnicos no sistema”. Pergunto a previsão para a volta ao ar, e ele me diz que “daqui a algumas horas”. Isso me cheira a sabotagem, censura ou algo parecido. É, no mínimo, uma estranha coincidência.

[Novidades sobre o caso na caixa de comentários, abaixo. Quem tiver contribuições, escreva lá, por favor]

ONTEM


A presença (de palco) de Fhátima Santos.

Não lembro o crédito da foto, se meu ou de Venas (como chamamos Vinícius, que ontem voltou a cortar os cabelos), e, vá lá, a imagem não ‘tá lá essas coca-colas, essas brastemps, mas a cantora Fhátima Santos (alagoana radicada no Ceará) arrebentou ontem, em mais uma edição do Projeto Clube do Choro Recebe. O genial João Pedro Borges era um dos muitos que elogiavam-lhe a voz e a presença de palco.

No clique, Fhátima aparece com o acompanhamento de Serrinha de Almeida (flauta), Léo Capiba (pandeiro), Luiz Cláudio (percussão) e Francisco Solano (violão sete cordas), o que me faz pensar que a foto é de Venas mesmo, já que eu (acho que) não teria cortado da imagem o pianista Tito Freitas, amazonense que acompanhava a cantora nas três apresentações que ela fez por São Luís — do Chico Canhoto, ontem, ela ainda seguiu para o Dom Calamar.

Aliás, o Clube do Choro Recebe manteve os níveis, qualita e quantitativo, já que ontem tinha várias concorrências: show de Rosa Reis no Circo, de uma carioca cujo nome me foge à memória no Armazém (ela “seqüestrou” parte da formação do Choro Pungado: João Neto [flauta] e Robertinho Chinês [bandolim e cavaquinho] deixaram a apresentação para tocar com a cantora da Lapa, após canja dela no Canhoto), de Djalma Chaves e uns italianos no Arthur Azevedo (que “seqüestrou” Rui Mário [sanfona], outro pedaço do Pungado), além (mamãe, por exemplo, não foi por isso) do capítulo final de Duas Caras, novela global.

Posto ao som de Homenageando amigos, disco independente de Fhátima Santos que comprei fiado (valeu, Ivo, segura!), após uma interrupção na audição do Chorinhos e Chorões por conta de uma falta de energia elétrica onde moro. A “luz” voltou a tempo de eu ouvir Ricarte Almeida Santos tirar as palavras de minha boca e dizer algo como: “Não dá para entender como o Ceará tem uma cantora assim, uma voz dessa, e nós, aqui, só ouvirmos falar daquelas bandinhas medíocres de forrós de chulos repertórios”.

[No meio do post a energia elétrica faltou novamente. Menos mal, o blogger salvou o que eu já tinha digitado.]