TIÃO CHORÃO


[Tião incorporará João e outras facetas, sábado]

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O capitalismo, principalmente quando se trata da relação da música, da arte, ele sai destruindo com muita força, com muita arrogância, é isso que eu sinto, quando tratamos do lado musical, social, cultural. É algo pesado. Por exemplo: é muito comum, esse ano eu não sei, mas eu já observei muitas vezes, por exemplo, em Cururupu, um [grupo de bumba-meu-]boi tradicional fazendo a festa dele, e ao lado, uma “radiola” de reggae com o som altíssimo. E o pessoal do boi cantando, fazendo um som sem microfone e a “vitrola” ali do lado. E as pessoas já não têm mais sensibilidade de pensar “ah!, hoje é dia de São Pedro, dia de São João, dia de São Marçal, dia de Santo Antonio…”, uma festa religiosa que as pessoas têm ali. Se não quisermos entrar no contexto religioso, poderíamos pensar que ainda assim, há ali uma manifestação cultural que deve ser respeitada.

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Cantar João do Vale já é uma denúncia social. É uma coisa muito comum do brasileiro e do nordestino que tende a se perder também com a globalização. O pai Francisco, ele é isso aí, o quê que é o pai Francisco? É uma tragédia, né? É o cara que pega toda essa coisa trágica e traz alegria, brinca com a perda do filho, trapaceia daqui, trapaceia dali e faz a gente rir, mas no fundo o cara tá perdendo um filho.

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Sobre capitalismo x arte/cultura e João do Vale, trechos de entrevista que fiz com Tião Carvalho em setembro de 2006. Você lê a íntegra no Overmundo e um bonus track neste modesto blogue. Recebido pelo Urubu Malandro [Antonio Vieira (percussão), Arlindo Carvalho (percussão), Domingos Santos (violão sete cordas), João Neto (flauta), Juca do Cavaco e Osmar do Trombone], o cantor e compositor, autor de Nós [já gravada por nomes como Ná Ozzetti e Cássia Eller] é o convidado da 41ª. edição do Projeto Clube do Choro Recebe, este sábado.

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