É inegável que Copa do Mundo tem muito mais valor e graça para o brasileiro que, por exemplo, as Olimpíadas. Poderíamos até mesmo, mudar o nome da competição: olim-piadas. É uma piada a participação brasileira nos jogos olímpicos. Embora generalize, falo por mim, claro. Pouco entendo de esportes, de futebol, que seja.
Começa pelo seguinte: Copa do Mundo é quase sinônimo de feriado. Repartições e escolas fecham, o asfalto preto ganha o verde e amarelo da bandeira. Concordo que é um patriotismo meio (meio?) bobo, que a gente devia ser patriota o tempo inteiro, talvez principalmente quando houvesse um cientista dando entrevista na Caros Amigos.
Bom, hoje o Brasil deixou mais uma vez de sonhar com medalha de ouro olímpica no futebol masculino. Como diria Susalvino, “todo mundo leva cartão vermelho, menos Dunga!”. Pode crer! Após perder por 3×0 para a Argentina, a selecinha brasileira disputará o bronze – o bronze! – com a Bélgica.
Eu caminhava, perto de meio dia, por perto da Rua Grande. Um grupo de meninos ainda no fardamento escolar, não só por acaso, creio, azul e branco, voltava para casa ou ia vagabundear um pouco, ainda. Um dizia aos outros: “hoje vou sair com a camisa da Argentina de papai”. E entoavam, todos:
Argentina és tudo!
Argentina és tudo!
Argentina és la mejor!
Caprichavam na pronúncia: “ar-rentina”, “merrór”, portunhol selvagem dos garotos bronzeados. Opa! Perdão do trocadilho e pelas piadas infames: o Brasil é ouro em bronze. Ou: o que o Brasil foi fazer na China? Pegar um bronze.
Mais engraçado, só mesmo o horário eleitoral gratuito, que começou hoje e já tem clássicos, depois conto. É como a lei seca, é como o samba de Candeia: rir pra não chorar.
[*título de música de Amado Regis, gravada por, entre outros, Caetano Veloso]
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João Guilherme, feliz aniversário!
