Décio Matos Jr. traz bastidores de turnê europeia de 2005 do artista baiano em Fabricando Tom Zé, onde aparece descontraidamente, entre aeroportos, hotéis, camarins, palcos e ruas.
Tom Zé se irrita com técnicos em uma passagem de som para uma apresentação sua numa edição do famoso Festival (de Jazz) de Montreaux, na Suíça. Reclama que o que está acontecendo ali é uma demonstração de preconceito, contra ele e sua banda, formada por “pobres, feios, miseráveis, analfabetos”, como ele próprio (diz). Diz que os suíços entendem da parafernália, mas que a boa música do festival, desde sempre, é levada pelos brasileiros. “Peita”, literalmente o chefe da equipe técnica, dizendo que “se for para fazer mal feito é melhor não fazer”.
Esta é uma das cenas impagáveis (muitas merecem o adjetivo) de Fabricando Tom Zé [documentário, Brasil, 2007, 89min.], documentário de Décio Matos Jr. que acompanhou a turnê do – clichê, permitam! – gênio de Irará pela Europa em 2005: seleção de mais de 250h de material gravado. O filme mostra passeios do baiano pela Itália, à vontade num quarto de hotel na Suíça e tira Neusa, sua esposa e memória, dos bastidores, tornando-a (ou simplesmente mostrando-a como) importante protagonista na vida pessoal e carreira do autor de Augusta, Angélica e Consolação.
O documentário joga luz principalmente nos bastidores, mostrando a cumplicidade de Tom Zé com os músicos que o acompanham e trazendo depoimentos de outros tropicalistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, então ministro da Cultura brasileiro.
“A censura me fodeu”, diz e mostra ao violão uma letra modificada. O hobby de jardinagem no prédio em que mora, em São Paulo, a intimidade com os taxistas que fazem ponto em frente a seu condomínio. Ficamos também íntimos de Tom Zé. Noutra cena, o irreverente aponta para as cadeiras reservadas para a embaixada brasileira na “fila do gargarejo”: “deixa o povo sentar, eles não vêm mesmo”. Após vários bises (e repeats, para quem assiste ao DVD), podemos concluir que (pena), Tom Zé continua mais adorado no exterior que em sua pátria mãe gentil.
[Tribuna Cultural, Tribuna do Nordeste, hoje]


Tive a oportunidade de assistir o documentário ano passado lá no Cine Praia Grande. Além de ter começado a admirar ainda mais o Tom Zé, percebi a dimensão do seu sucesso no exterior. Uma pena que o Brasil não dê o devido reconhecimento ao seu talento.
pois é. eu perdi a sessão no cpg, mas comprei o dvd e recomendo. tom zé é simplesmente genial. abração!
Zema,>>Vi seu post no blog do nosso querido Tom e vim ler o que falou sobre o magnífico – Fabricando o Tom. Quanto ao fato de dizer que é um escrito tardio, espero que muitas outras pessoas escrevam ainda sobre. Assim Tom terá a divulgação que merece. Abraços sonoros!
obrigado, mona. espero que tenha gostado do que leu e volte atrás de outras coisas. a casa é sua. abração!
Aí Zema, a cena de Tom Zé peitando o técnico é antológica. Acho que nenhum outro músico da nossa popular canção nacional dissse tanto em tão pouco tempo sobre noa angústia subdeenvolvida. É isso que mais gosto em Tom Zé. Ele peitou a sina do sertanejo em voz, peitou o cinismo dos hisstoriadores do tropicalismo e os que quase enterram ele vivo. E tá lá aquela figura aparentemente fraca mas firme e consistente como todo nós deveríamos de ser. Tom Zé é exemplar. É isso. Um abraço carinhoso.>CRis>Ser QUISER conferir no meu Blog postei un audio de uma paletra-aula que ele deu no ano passado em Sao Paulo. vALEU.
falou e disse, crica. vou lá sim: se é tom zé me interessa. obrigado pela visita! volte sempre, a casa é sua. abração!