CHITA GESTÃO

Eu brinco com o nome da Chita Discos, o selo de Chico César que lançou, entre outros, o Compacto e simples, single com duas músicas do compositor, “bregas”, tirando sarro com a música brega (sem aspas) brasileira.

Bom, mas não é disso que eu quero falar. Eu havia recebido um e-mail da amiga Francinne Amarante dando conta da posse de Chico César como Diretor Executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Não havia noticiado o fato ainda por não ter conversado com Lau Siqueira, que até onde eu sabia era o presidente da FUNC de lá (isso é didático, para os amigos de São Luís).

Troquei um e-mail com Lau, que disse já estar fora da Funjope há certo tempo e parabenizando Chico César. Aí eu colo aqui um dos e-mails que Francinne me mandou, o texto de Chico César, por ocasião da posse, todo em minúsculas, como recebi:

excelentíssimo senhor prefeito ricardo coutinho, vice-prefeito luciano agra, colegas artistas e jornalistas:

minha cidade me chama e eu atendo seu chamado. atento, não como o soldado às armas mas feito o amante à amada. terei crescido a ponto de esta que me viu menino colocar-me a seus serviços? sejam quais forem tais incumbências sei que não poderei cumpri-las sozinho. vejo-me como um elemento dinamizador das forças vivas da cultura da cidade através de sua fundação cultural. primeiro, no estímulo a um mergulho radical de auto-reconhecimento em todas as áreas artísticas no município. e depois propondo o diálogo com outros municípios do estado e também com outras capitais do país. claro que é de fundamental importância aproximar as ações culturais com a sub-secretaria de cultura do governo do estado e do ministério da cultura, com quem já mantivemos contato.

este é um governo de orientação socialista, socializante. uma fundação cultural com missão e status de secretaria de cultura não pode ser um balcão de negócios da área do entretenimento. isso seria amesquinhar o seu papel. pretendo aproximar nosso trabalho com a educação e a ação social. a cidade precisa ser agente e não apenas expectador.

no início dos anos 80, sob governos conservadores experimentamos o exercício da guerrilha cultural em diversas frentes, como “projeto fala bairros”, musiclube da paraíba, movimento dos escritores independentes. tínhamos no teatro lima penante o projeto “vamos comer teatro” e ao lado um irrequieto nac – núcleo de artes contemporâneas. dessa época também recordo a explosão dos quadrinhos e uma efervescente movementação em torno do cinema. nas ações governamentais destaco projeto araponga, projeto gazi de sá, projeto boca da noite.

as condições eram adversas e tanta coisa ocorria. hoje é diferente. a sociedade avançou e aqui estamos, à frente da capital de nosso estado com tantas possibilidades. venho não pelo poder mas pelo prazer de servir à amada, de interferir, de catalisar. antes de terminar, cito escurinho, um pernambucano de catolé do rocha: você me diz que o problema é dinheiro mas eu lhe digo que o que falta é coragem”. pois essa coragem encontro no coletivo da cidade que me chama. e eu atento, atendo.

(chico césar)

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E penduro também o link para a notícia que dá conta da posse, direto do paraiba.com.br. Interessante observar o termo que finaliza o texto, antes da fonte da notícia.

A Paraíba avança assumindo sua paraibanidade. O Maranhão retrocede negando sua maranhensidade.

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