Uma semana sumido é algo que raramente acontece por aqui, então cabe uma breve explicação aos poucos-mas-fieis leitores deste modesto espaço: emendei algumas atividades de trabalho e estou em Igarassu/PE, onde se encerra hoje a 17ª. Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira. Daqui a pouco participamos da celebração eucarística de encerramento, em Olinda, e pegamos o busão rumo à São Luís.
Por aqui, na cobertura do evento. Entre os raros momentos com folga para internet, soube, via twitter, das balas que atingiram Mário Bortolotto, numa tentativa de assalto a um bar no Espaço Parlapatões, SP, na madrugada de ontem. Estamos na torcida pela pronta recuperação do dramaturgo.
A micro-entrevista abaixo foi publicada no site da Cáritas Brasileira (há outra matéria nossa na capa, sobre o lançamento do Prêmio Odair Firmino de Solidariedade e Direitos Humanos). Colo aí sua versão sem edição. Em breve voltaremos à nossa programação normal. Hasta la isla!
DOM DEMÉTRIO E O SENTIMENTO DE SER CÁRITAS
Presidente nacional da Cáritas Brasileira afirma a importância da memória e utopias de Dom Helder para o fortalecimento do momento presente da instituição.
POR ZEMA RIBEIRO*
A manhã de sábado, 5, segundo dia da 17ª. Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira, foi marcada pela exposição das ações dos cinco interregionais presentes à Igarassu/PE, sede do encontro. Os grupos se dividiram em tendas, onde expunham elementos da ação de Cáritas em seus estados de origem, além de elementos culturais dos mesmos.
Diversas entidades-membro apresentaram as principais ações que têm pautado a atuação das Cáritas regionais, diocesanas e arquidiocesanas em 2009. O exercício traduziu, de certa forma, a campanha Somos Cáritas, sobre o que conversamos com o Presidente Nacional da Cáritas, Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales.
O que significa “ser Cáritas”?
Existe uma maneira, vamos dizer assim, oficial de ser Cáritas, que é participar da rede Cáritas, da entidade chamada Cáritas. Mas a Cáritas aponta para uma realidade muito mais ampla, muito mais profunda, onde todos podem se sentir identificados. A proposta da caridade, da fraternidade, da solidariedade, da palavra Cáritas, que carrega um simbolismo muito forte, que possibilita uma identificação muito ampla. Nesse sentido, todos somos convidados a se sentir identificados com o ideal da Cáritas, com a proposta da Cáritas. Aí se alargam os horizontes, todos somos convidados a participar dessa proposta bonita, nós somos Cáritas.
Da origem etimológica da palavra Cáritas, que significa caridade em latim, ao slogan da Semana da Solidariedade em 2009, que dizia que “solidariedade é a força que nos torna humanos”, todos os filhos de Deus somos convidados a ser Cáritas.
A bandeira da solidariedade, que é uma palavra muito usada, inclusive quem gostava muito dessa palavra era o papa João Paulo II, tanto que até o Sindicato [Independente Solidariedade] lá da Polônia, muito caro àquele papa, levava o nome de Solidarność [solidariedade, em polonês], então, a mensagem da solidariedade traduz, na prática, o que a palavra Cáritas quer significar em termos sociais. Do ponto de vista social, a solidariedade abre para a acolhida, o respeito, o incentivo à participação, então a bandeira da Cáritas é a bandeira da solidariedade.
O que significa a realização, nesse momento, da 17ª. Assembleia Nacional da Cáritas?
Nós estamos celebrando a Assembleia da Cáritas num ano muito especial. Por que foi Dom Helder [Câmara] quem fundou a Cáritas e estamos no ano de seu centenário. E estamos num tempo em que há uma espécie de refluxo das grandes utopias, que animavam Dom Helder. Agora, então, a Cáritas se sente no compromisso de levar adiante essas utopias bonitas e traduzi-las, na medida do possível, na prática, através de projetos, iniciativas, através da solidariedade, colocá-las em prática. Então, nesse sentido, estamos num ano importante para recuperar a memória e refazer utopias, para fortalecer o presente que estamos vivendo.
*ZEMA RIBEIRO é Assessor de Comunicação da Cáritas Brasileira Regional Maranhão
