
[O seminarista. Capa. Reprodução]
Aos quase 85, Rubem Fonseca segue genial. Talvez outros adjetivos caibam para falar de O seminarista [Agir, 2009], seu novo romance. Uns podem ver neste novo Rubem Fonseca ecos de… Rubem Fonseca. E não há mal nenhum nisso.
O título pode enganar, homônimo a clássico da literatura brasileira, de Bernardo Guimarães. Justifica as muitas citações em latim do protagonista, um ex-seminarista, assassino profissional que tenta largar a função. Em vão. (Quase) um vício. Mesmo depois de mudar de nome e se apaixonar pela bela Kirsten.
As chaves para entender a literatura do mestre, nascido em Juiz de Fora/MG, mas carioca “desde os oito anos de idade”, são as semelhanças entre o autor José Rubem Fonseca e o matador de aluguel José Joaquim Kibir: além do primeiro nome, a reclusão (o autor de Agosto só dá entrevistas muito raramente e não gosta de falar em público, ao menos não no Brasil), o gosto por bons vinhos, poesia e rock.
Todo narrado em primeira pessoa, o livro é carregado de cenas crueis: José dá detalhes de serviços que fez, entre o humor negro e o nonsense e há graça nisso. Rubem Fonseca, um dos escritores brasileiros mais respeitados fora do país (onde fala em público e costuma lotar auditórios), dá conta da engenhosa trama de mistério: quem quer matar O Especialista? (assim Kibir é conhecido por quem o contrata). Somos levados a desconfiar, como ele próprio, de todos.
Rápido obtemos resposta (mais não conto para não estragar-lhes a surpresa): a leitura rápida certamente agradará não só os leitores de ficção policial. Aos quase 85, Rubem Fonseca segue em forma.
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Comentariozinho sobre minha recém-concluída primeira leitura do ano novo. O título do post foi influenciado por essa resenha do Ronaldo Bressane. Meu exemplar não veio acompanhado do conto-bônus A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro, citado por esta matéria da Bravo! No site do livro pode-se ouvir Rubem Fonseca lendo trecho do conto e do primeiro capítulo de O seminarista.

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