O velho flautista sanguinário está de volta
e a rataria reunida em sua volta
pra blindar o sangue negro em seus cristais,
pra transformar nossas riquezas em seus quintais.
Como um demônio, ele, lá do fundo do esgoto;
no senado ele é o chefão mais poderoso.
Ele sola o sofrimento que magoa lá no fundo,
ratos e mais ratos, como cresce o latifúndio!
O camponês enfurecido precisa romper a cerca,
a Mirante embrutecida xinga as camponesas.
Pelo flautista a rataria é seduzida:
para sua filha o poder puxou do Boizinho Barrica.
Era presente de natal, mas foi de páscoa simplesmente:
o estado embrulhado em papel de presente.
Isso é que é pai! Ferrabrás, super-amigo da filha:
o flautista e a mulher maravilha.
Veja só quantos artistas seguidores:
depois da festa a permissão aos roedores
para encher a pança com as sobras ofertadas no banquete
Butica, macaxeira, chama o flautista de peixe.
Ele é mais, ele quer mais:
dono do mar, do Maranhão,
ele é o cão, é o satanás,
ele é o anjo que o onipotente expulsou do céu,
ele é o fel, ele é a morte, ele é o juiz, você é o réu,
ele é amigo do ex-operário líder do ABC,
ele é do PMDB, ele é da base do PT,
ele é o carrasco número um da plebe,
quando ele toca a flauta a rataria toda segue.
Ratos!
Sei que o solo do flautista,
a marcha fúnebre dos pobres,
o maestro da oligarquia.
Ratos!
Dor, sofrimento,
a cor de quem mais sofre
falso juramento.
Eu vejo ratos!
Ratos, eu vejo!
A flauta tem poder,
o fautista é poderoso,
estourando tampas e mais tampas pesadas de esgoto,
infestando a cidade com bandidos, pilantras,
traidores, vigaristas e a filha, a virgindade santa.
Guerreira? Ah, ah, é brincadeira!
Guerreira é a mãe que tampa sem carteira, é carvoeira.
Vê o futuro dos seus filhos jogados ao chão,
sujo de carvão, pulando cancão
Ele é o cão de bigode,
ele é a morte,
é tudo que…
Ele é amigo do João que comandou a operação Tigre,
que matou gente inocente, não bandido grande
como aqueles que compõem sua própria gangue.
Ele é o sangue coagulado, escarrado, em DP
após sessões e mais sessões de tortura em você.
Ele é o choro da mãe preta que ninguém consola,
ele é o pai daquela que deixou seu filho sem escola.
Ele voltou, pois o Lago apodreceu,
ele voltou para o palácio abraçado com Tadeu.
Vai de uísque? Não!
Vai de café? Vai dar fé!
Então pega o Cafeteira e traz pro Zé.
Ele é de fé, eu boto é fé! Não!
Então me escuta, ele é parceiro do basquetebol da CUFA,
mas me chama de bandido, preto louco insano
Eu não preciso usar colete pra ouvido, mano.
Declaro guerra, eu sou favela, eu sou a fera mais ferida!
Não sou rato pra seguir esse tipo de flautista.
*
Transcrevi a letra acima do cd Quilombo Urbano – 20 anos de correria e periferia, que meu amigo Bruno Galvão me emprestou. Talvez haja algum erro, omissão ou coisa que o valha (não sei por exemplo, quem é o autor da pérola; quem tiver contribuições/correções traga-a(s) na caixa de comentários aí embaixo). Valho-me dela, embora nem saiba se a música está no set list do show, para convidar os poucos-mas-fieis leitores deste blogue para a gravação do DVD do grupo Gíria Vermelha, nesta quinta-feira (15), a partir das 20h, no Bar do Porto (Praia Grande):
