O texto abaixo acabou não entrando na edição especial do Vias de Fato que ora circula (ainda não vi), cobrindo a greve de fome do deputado federal Domingos Dutra (PT/MA) e do líder camponês Manoel da Conceição, um dos sete fundadores nacionais do PT.
Eles estão em greve de fome desde sexta-feira passada (11). A ex-deputada federal e ex-secretária de estado de Trabalho e Economia Solidária Terezinha Fernandes (PT/MA) aderiu ao gesto extremo no último dia 14. Desde a data em que foi anunciada a imposição do diretório nacional do PT, protestam contra a mesma, que impõe o apoio à candidatura de Roseana Sarney (PMDB) em detrimento à do deputado federal Flávio Dino (PCdoB), legitimamente escolhido em encontro estadual pelo PT maranhense.
O número especial do jornal Vias de Fato publicou o poema A classe, escrito por Cesar Teixeira (coordenador editorial do projeto de comunicação ao lado de Emílio Azevedo) há alguns anos, em homenagem a Mané – como Manoel da Conceição gosta de ser chamado.

[Em greve de fome desde a sexta-feira 11, Domingos Dutra e Manoel da Conceição dormem no plenário Ulisses Guimarães, na Câmara dos Deputados. Foto: Dida Sampaio/ Agência Estado]
A BATALHA DE MANÉ
Nascido em Santa Inês, na região do Pindaré, Gildomar Marinho é bancário e músico, não necessariamente nessa ordem. Artista multifacetado, lançou Olho de Boi, seu primeiro disco, em 2009. Está em Fortaleza/CE, onde ora reside por conta do ofício de bancário, em estúdio gravando Pedra de Cantaria, a ser lançado ainda este ano.
Entre as faixas deste segundo trabalho, Batalha do Cerrado, tributo a Manoel da Conceição, com música e letra bastante elogiadas pelo pequeno círculo que tem tido o privilégio de ouvi-la antes de seu lançamento (a faixa já pode ser ouvida e baixada em seu myspace). [Nota do blogue: a música foi composta antes da patacoada do diretório nacional do PT e de mais este ato de bravura de Manoel da Conceição]
Se o compositor já conhecesse a decisão do diretório nacional do PT, que oPTou, no último dia 11 de junho, por entregar o partido no Maranhão à governadora biônica, filha do presidente (do senado), certamente teria acrescido aos versos-pergunta “Me diz, ó Mané…/ o que é que tu quer?” o verso-resposta “Que o PT não se entregue para o coroné”. (Zema Ribeiro)
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BATALHA DO CERRADO
Gildomar Marinho
Mané anda lento
Mané vai à roça
Mané vai à luta
Mané filosofa:
Um boi, dez posseiros
Um dono, mil bois
Na luta por cerca
Não sobra pros dois
Mané fez da perna
Uma queda de braço
Um dedo em riste
Ao rei do pedaço
É da Conceição
De tantas Marias
Mané rebeldia
Mané liberdade
Mané foi chamado
De vil comunista
Mané natureza
Mané humanista
Mané quer os meios
De o pobre ser rico
De muita cultura
Pro Zé e pro Chico
Me diz, ó Mané
O que é que tu quer…
Comida pro Chico
Cultura pro Zé
Farinha de puba
Beiju e café
Futuro pro povo
La no Pindaré
A mata nativa
Do cerrado em pé
Piaba no fogo
Pimenta e chibé
Em noite de lua
Um bom cafuné
