Agradável e amistoso são adjetivos que eu poderia usar para o lançamento, ontem (25), da Canal.com (baixe clicando na capinha acima), revista-laboratório dos alunos do 5º., 6º. e 7º. períodos de Jornalismo da UFMA. Convidado a compor uma mesa de debates, dividi-a com Andréa Gonçalves (editora de Cultura do jornal O Imparcial, que em seu Cine Ímpar abrigou a cerimônia), Bruno Azevedo (historiador, músico, autor de Breganejo Blues) e Elizandra Rocha (atriz e produtora cultural), sob mediação de Pedro Venâncio (músico, estudante de jornalismo da UFMA), tod@s amig@s (a depender de como fiquei, assim que a turma me mandar umas “fotinhas” penduro aqui).
A revista focou suas matérias na produção cultural independente do Maranhão e o resultado é bom. De acordo com a professora Vera Sales, há a intenção, por parte dos alunos, de continuar com a revista, que, penso eu, poderá mudar de nome e ganhar caráter comercial. Provoquei: que tal um lançamento da Canal.com em um bar, com música ao vivo e discotecagem? A revista não está chata ou hermética, como é muito comum entre publicações acadêmicas só lidas por alunos e professores dos cursos que as produzem, e pode muito bem ir às bancas.
Norteou as matérias a questão da produção cultural independente no Maranhão, pautas cobertas pelos estudantes por vários ângulos. A reflexão de Bruno Azevedo sobre os conceitos de “produção”, “cultural”, “independente” e “dependente” fez a minha alma mal-diagramada ficar penando no limbo entre os dois últimos conceitos. Explico: sou independente já que me pauto e escrevo quando e como quero neste blogue. Por outro lado, “dependo” de meus trabalhos – ainda que como jornalista, em assessorias de imprensa – para comprar este ou aquele livro, disco ou dvd e ingressos para shows interessantes e escrever sobre.
“Alguns de vocês poderão simplesmente me chamar de “otário””, brinquei com a plateia, explicando como é que eu pago para escrever. Bueno: vez ou outra, assessorias de artistas, editoras e distribuidoras me enviam “produtos culturais” para “apreciação e crítica”. Mas é mais comum do que imaginam os poucos-mas-fieis leitores deste blogue eu gastar suados trocados em troca de um “objeto cultural” ou ingresso de um espetáculo para “traduzi-lo aqui”. Certo, não escrevo sobre tudo que vejo-leio-ouço-vou, mas é mais ou menos assim que funciona.
Por isso abandonei as colunas de cultura que já assinei em vários jornais aqui em São Luís (pelo menos quatro, além de “frilas” não-remunerados, se é que vocês me entendem): mesmo em versão impressa, eu simplesmente tinha que manter o “procedimento” do blogue (comprar ou receber os “produtos”), escrever e enviar o texto nas datas combinadas até o horário combinado. Experiência interessante, não nego, pelo exercício de disciplina auto-imposto.
Há proprietários de jornais sacanas e há proprietários de jornais legais. Já saí brigado de algumas dessas “relações”. Escrever de graça e ser censurado? Tou fora! Escrever de graça e não “negociarem” a edição? Quero não! Manter uma coluna sem receber nada por ela sabendo que o jornal “pode” pagar? Se preferem a mediocridade do control c e control v de releases, tudo bem, fiquem com eles (e publiquem os meus quando eu os mandar: é o que me paga, para que eu possa continuar escrevendo “por prazer” – eufemismo para não repetir o “de graça”. Ops! Desgraça!).
É claro que há jornalistas em que acredito e confio e jornais para os quais continuarei escrevendo quando convier. Essa reflexão-conexão aparentemente sem sentido para alguns me veio à cabeça quando li, no blogue de Ademir Assunção, “sobre a pressão dos donos de jornais em cima do Google e do Yahoo para que estes sites paguem direitos autorais pelos textos dos grandes jornais reproduzidos por terceiros na web”. Isso mesmo!, pasmem!: as empresas jornalísticas receberiam – ou receberão, a depender de como a coisa irá se desenrolar – direitos autorais; ninguém fala em direitos autorais dos jornalistas, cronistas e articulistas, isto é, aqueles e aquelas que “escrevem” os textos. Vale a pena se ligar na discussão. Com ou sem Tiririca, pior do que tá pode ficar sim! Não podemos ficar “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.
Falando em Raul Seixas: Wilson Zara e banda realizam mais um tributo ao baiano, neste sábado (28), a partir das 22h, no Circo da Cidade. Os ingressos custam R$ 10,00 (antecipados; meia para estudantes) e R$ 15,00 (na hora; meia para estudantes) e estão à venda na Gil Som Eletrônica, Livraria Poeme-se, Banca do Calhau, Bar do Léo, Banca Dunas, Alfama Café (Rio Anil Shopping), San Motos, Zênite Materiais de Construção e Ryhad Esfihas (Jaracaty Shopping).

