"O CORPO É A CASA DA ALMA"

Via Nassif.

Antonio Vieira é outro que merece ser chamado de mestre. Não à toa o chamavam: Mestre Vieira. Convivi alguns anos com ele. Adorava conversar. Muito do que ele diz nos trechos de entrevista entre as músicas do vídeo acima, ouvi dele, pessoalmente.

Só o entrevistei uma vez. Era janeiro de 2004, eu ‘tava entrando na faculdade de jornalismo e, já apaixonado por sua obra e pela de Cesar Teixeira, com quem aquele mês iria ao Rio de Janeiro para uma série de apresentações no Centro Cultural Banco do Brasil, resolvi divulgar essa ida maranhense ao projeto Brasil de Todos os Sambas, sucesso absoluto de público, com participações especiais de Teresa Cristina (que cantou músicas de Cesar e Vieira), Rita Ribeiro e Célia Maria.

O texto, fruto da entrevista, com duas fotoscas que fiz, no terraço da casa de Seu Vieira, no Retiro Natal, foi publicada à época no Suplemento JP Turismo, do Jornal Pequeno (vou procurar o recorte do jornal e publicá-lo neste blogue, em breve).

Hoje Vieira se chama saudade. Hora dessas deve estar num samba do altíssimo, com Cristóvão Alô Brasil, Lopes Bogéa, Cartola, Nelson Cavaquinho, Geraldo Pereira e outros bambas.

ALMA DE MANGUEIRA

O carioca radicado em São Luís Adão Camilo encarna, digo, interpreta Cartola neste sábado, no Marisco, às 21h30min (clica que amplia). Ingressos: R$ 10.

*

Wilson Zara tributa Raul Seixas apenas no sábado 28. Local e horário permanecem inalterados: Circo Cultural Nelson Brito (Circo da Cidade), às 22h.

A IMAGEM DA PALAVRA DE CELSO BORGES

O poeta, jornalista, compositor e meu amigo-irmão Celso Borges foi entrevistado pelo programa Imagem da PaLavra, da TV Rede Minas. Abaixo, o resultado do papo, em três blocos:

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Outras entrevistas estão disponíveis no site do programa.

Ouça Celso Borges, com Otávio Rodrigues e Zeca Baleiro, no Biotônico.

CANDIDATOS EPILÉTICOS SE DEBATEM NA TV*

Hoje em dia humoristas estão amordaçados e não podem usar políticos como matéria-prima para seus afazeres diários, semanais ou mensais. Hoje em dia também há humoristas que perderam a graça, que se venderam, que trocaram de lado.

A turma do Casseta & Planeta, que outrora editou O Planeta Diário, de tão sem graça há tempos já não vejo.

Outro dia, numa dessas promoções relâmpagos a que você chega via tuíter, comprei o volume O Planeta Diário [Desiderata, 2007], de algo em torno de R$ 71 por menos de R$ 10 (bueno, o frete foi mais caro que o volume, mas ainda assim uma boa aquisição).

Confesso que me divirto bastante lendo o livro, folheando-o vez em quando despretensiosamente, que cobre de dezembro de 1984 até outubro de 1991, período só um pouquinho maior do que o que a República Federativa do Brasil teve o imortal maranhense-amapaense José Sarney na presidência.

Sarney nunca teve graça nenhuma. Digo, para o povo miserável do Maranhão.

Mas Sarney sempre foi prato cheio (tire o bigode da sopa!) para humoristas. Que agora não podem mais fazer graça, nem com ele nem com outros.

Se não há humor atual, ou por que nas receitas já não se podem usar os principais ingredientes ou pela guinada de alguns humoristas, o jeito é relembrar o passado.

Abaixo, selecionamos algumas páginas dO Planeta Diário. Assunto comum em todas: Sarney. É só clicar para ampliar e procurar com atenção.

*O título do post é uma das manchetes dO Planeta Diário. Nota do editor informa: todas as notícias, comentários e depoimentos publicados neste jornal são rigorosamente falsos. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

ANGELI NAS NEGRAS

Política não é feita por pessoas?
Você chama aquilo de pessoas?!

O que Sarney e Maluf representam?
Sarney ganhou de bandeja o poder, carrega aquela merda toda da ditadura. O Maluf… sou paulistano, qualquer paulistano que pensa tem aversão a ele. É o primeiro dos mauricinhos, perfumado, com corrente de ouro. O movimento da boca dele… [faz uma careta]. Tenho problemas com a anatomia do Maluf.

O que é política para você?
Não entendo nada de política. Minha posição é mais anárquica, vejo política como algo viciado, que acaba comendo seu próprio rabo.

É diferente fazer charge política ou quadrinhos de comportamento?
Para mim é tudo a mesma coisa. Olho da mesma forma tanto para o comportamento quanto para a política. Mesmo nas charges, penso como um crítico de comportamento. Todo político acaba tendo o mesmo…

Olhando as charges do período FHC, você batia forte. Na era Lula, também. Você é a favor de alguma coisa?
Sou a favor do grande orgasmo universal [risos].

O que faria sobre o aborto?
Sou a favor de legalizar. Faz parte do direito de cada um sobre seu próprio corpo, e corpo inclui também sua mente, o que você pensa. Estão limitando esse direito cada vez mais. Ultimamente as coisas estão tão limpinhas… As pessoas estão tentando limpar tanto o mundo, que daqui a pouco a gente vai ficar pálido.

*

Trechos da entrevista de Angeli (na imagem que abre o post) a Fernando Luna nas Páginas Negras da Revista Trip 191 (capa abaixo).

MUITO FODA ISSO AQUI! 2

Pra começar bem a semana: Céu (voz) rouba a cena. Com Herbie Hancock (piano e teclados, ele, o dono da cena, The Imagine Project), Curumin (bateria), Lucas Martins (contrabaixo) e Rodrigo Campos (percussão e cavaquinho). Atentem também para este último nome. Vocês ainda vão ouvir falar dele por aqui. E por aí…

SEXTAS-FEIRAS

Amanhã:

E quem disse que sexta-feira 13 é dia de azar?:

JÁ JÁ: MARCHA CONTRA A VIOLÊNCIA URBANA TOMARÁ RUAS DO CENTRO DE SÃO LUÍS

Falta exatamente uma hora para a Marcha Contra a Violência Urbana e Pela Revitalização de São Luís quando começo a escrever o que virá a ser este post.

Hoje, 4 de agosto, completa um mês do trágico assassinato do seminarista Mário Dayvit, executado a tiros na porta da casa da família, na Rua de São Pantaleão, Centro de São Luís.

Daqui a exatamente seis meses, em 4 de fevereiro, ele seria ordenado diácono. É mais um jovem – tinha 31 anos – que tem seus sonhos interrompidos pela violência que vem tomando conta da capital maranhense, que ainda cremos – e queremos – pacata.

A marcha é organizada pela Coordenação Diocesana de Pastoral, Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz, Pastoral da Comunicação Diocesana, Seminário Arquidiocesano Santo Antonio e Paróquia São Pantaleão, contando com a adesão de diversas entidades e organizações do movimento social maranhense.

De acordo com a nota-convite recebida por e-mail por este blogue, “A violência presente em nossas ruas do Centro de São Luís, intimamente ligada ao abandono do Centro Histórico, ao esvaziamento de suas ruas e casarões, exige uma tomada de posição concreta das autoridades, que vêm sendo cobradas, a cada dia, pela mídia local, entidades da sociedade civil e pela Igreja Católica”.

“Nós queremos vida e segurança para todos, a partir do Centro Histórico da Capital do Maranhão, São Luís, reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, mas que não está no centro da atenção e dos cuidados dos órgãos públicos da Prefeitura e do Governo do Estado”, continua.

A marcha terá concentração às 16h em frente à Igreja da Sé, passando pelo Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão e Praça João Lisboa, percorrendo as ruas Grande, do Passeio, Cajazeiras e São Pantaleão, até a igreja homônima, onde às 18h será celebrada a missa de trigésimo dia de Mário Dayvit, em memória de todas as vítimas da violência urbana em São Luís.

SALVE A TV CULTURA!

Ao PSDB sempre foi mais fácil vender as coisas que resolver os problemas que as coisas possam ter. Coisas, no caso, são coisas como a Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce), as teles (bueno, aqui Lula vem aprofundando a questão toda) e agora, em São Paulo, pode ser assim com a TV Cultura.

Ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad assumiu a presidência da TV Cultura em junho com a missão de reduzir a TV pública paulista a uma simples TV estatal. Com o aval do ex-governador José Serra e do atual governador, Alberto Goldman, Sayad pretende reduzir ao máximo a produção de programas e cortar o número de funcionários em quase 80%, dos atuais 1.800 para 400.

Sayad pensa até em vender o patrimônio da TV Cultura. Já encomendou aos advogados da emissora um estudo sobre a viabilidade de a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV, se desfazer de seus estúdios e edifícios na Água Branca, em São Paulo. [parágrafos iniciais da matéria Bomba: TV Cultura vai cortar programas e demitir até 1.400, do blogue de Daniel Castro, a que cheguei via Pedro Venâncio]

Sou contra privatizações. Luis Nassif lançou, em seu blogue, o Movimento Salve a TV Cultura, que endossamos. Você, que tem conta no tuíter, ponha lá a tag #salveaTVCultura.

OBITUÁRIO: MAGNO CRUZ


[Foto: Gilson Ferreira]

Como diriam Caetano e Gil: “é preciso estar atento e forte/ não temos tempo de temer a morte”. Faleceu na manhã desta terça-feira (3) Magno José Cruz (1951-2010).

Engenheiro de formação e militante do movimento negro por convicção, Magno Cruz foi um intransigente lutador por justiça social e direitos humanos. Forte, mas sem perder a ternura, foi líder à frente do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA), do Sindicato dos Urbanitários, além de ex-presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), entre outros espaços de atuação. Aguerrido e arrojado, não resistiu à luta contra um câncer no pâncreas, para cuja retirada havia recentemente se submetido a uma cirurgia – sua subida pega de surpresa familiares, amigos e companheiros de luta, pois a informação que se tinha era a de que a intervenção lograra êxito.

Magno Cruz foi ainda um militante pela causa da democratização das comunicações. Apresentava um programa na Conquista, rádio comunitária do Coroado (bairro da periferia da Ilha), por que sempre lutou também, apesar de sucessivos lacres e ataques à liberdade de expressão dos que geralmente não têm voz.

O velório de Magno Cruz será realizado na residência da família, localizada na Rua 19, quadra O, casa 7, Cohaserma (próximo à sede do Maranhão Atlético Clube). O sepultamento ocorre quarta-feira (4), no Parque da Saudade (Vinhais), em horário a ser definido pela família.

JULHO ACABOU BONITO

Impressões desalinhadas sobre o projeto Conexões musicais, cuja segunda edição [31/7] uniu em show os talentos de Ceumar e Tássia Campos.

A porta do Teatro João do Vale demorou um pouco a abrir e eu imaginei qualquer probleminha. O tamanho da fila me surpreendeu. “São os pais dos guris que vêm ao Chez Moi”, brincou minha mulher – “não gosto de fila nem para receber dinheiro”, costumo dizer, e estranho os adolescentes, sucessivas sextas-feiras pagando aquele mico.

Fiquei em pé, como quem não quer nada, ali pelos arredores. Ao comprar meu ingresso, um espanhol, num razoável portunhol me pediu, por acaso, informações sobre o show. Quem era, o que cantava etc. Respondi a tudo com bastante entusiasmo e recomendações e ele desembolsou os R$ 25,00 para ver/ouvir Ceumar.

Sabia que a mineira tem público razoável em São Luís, mas fiquei positivamente surpreso. A província ludovicense não aguenta mais de um evento no mesmo dia e sábado passado (31/7) estavam na ilha Eric Donaldson, Capital Inicial, sei-lá-que-praga-do-forró e ainda a volta do Clube do Choro Recebe, com atrações locais, além de Geraldo Azevedo ter se apresentado no dia anterior.

Topei alguns conhecidos antes de adentrar o hall do teatro, identifiquei outros na plateia, completamente cheia. O projeto Conexões Musicais, da Musikália Produções de Gilberto Mineiro, marcaria, nesta edição, o encontro do talento mineiro – ora radicado na Holanda – de Ceumar com a, segundo o material de divulgação, “voz revelação da Ilha” Tássia Campos.

Em qualquer hipótese, era algo imperdível: para quem conhecia a ambas – caso deste blogueiro –, para quem conhecia uma delas ou para quem – caso do espanhol – nunca tinha ouvido falar de uma ou outra. Tássia Campos, amém, tem se dedicado mais à música. Gravando disco de estreia, aparece vez ou outra nos palcos ilheus. Arrebatou o público, logo na primeira música, acompanhada apenas pelo teclado de Rinaldi, em uma interpretação matadora para Mais simples (José Miguel Wisnik).

A escolha antecipava ao público: a moça não é fácil, o repertório, lógico, não seria óbvio. Na sequência João Simas (violão) entrou em cena e Tássia Campos passou ainda por Vitor Ramil (Viajei), Maurício Pacheco (Eu sou melhor que você) e Otto (Crua com direito ao “fudia” da letra original).

Uma gravação explicava o porquê do nome de Ceumar – Meu nome é o nome de seu novo disco, autoral, ao vivo, voz e violão – antes de ela subir ao palco. Íntima do público ludovicense, dona da situação, desfilou um repertório baseado no deste mais recente – e bonito e ousado – disco. Sempre conversando com a plateia que, outra surpresa minha, cantou direitinho todas as músicas. Aqui e acolá faixas de seus outros trabalhos, aqueles clássicos que não podem ficar de fora – Dindinha (Zeca Baleiro), O seu olhar (Arnaldo Antunes/ Paulo Tatit), entre outras – além de Bacurau pragueiro (Josias Sobrinho), música dele que ela não gravou. “Ainda”, como frisou.

O compositor maranhense, aliás, roubou a cena. Além da inédita – na voz dela – e de As ‘perigosa’ – cantada no bis com Tássia Campos e Ben Mendes (saxofone), seu benzinho, o marido holandês, que já havia aparecido em duas músicas durante o show –, ela ainda emendou Engenho de flores à Oração do anjo. Os poucos-mas-fieis leitores deste blogue que me perdoem: estava lá de fã, não de jornalista, daí alguns fatores fora de ordem – não alteram o produto – e omissões. A vantagem, se é que assim podemos dizer, é que deixei para beber somente depois do show.

Somadas as apresentações e os bises, Ceumar e Tássia Campos cantaram por quase duas horas. Apesar da farra-miúda-pós-espetáculo, cheguei em casa, já era agosto. Não haveria melhor trilha sonora para julho acabar.