De covers e letras miúdas

“Desleixo” na propaganda omite informações importantes ao público de São Luís sobre bandas que tocarão na cidade em novembro.

Formada por Doug ‘Cosmo’ Clifford (contrabaixo), Stu Cook (bateria), John Tristao (voz, guitarra), Steve Gunner (guitarra, teclado) e Elliot Easton (guitarra), a banda Creedence Clearwater Revisited é que virá à São Luís no dia da bandeira, 19 de novembro. Na banda, formada em 1995, só os dois primeiros são remanescentes da formação original da Creedence Clearwater Revival, liderada por John Fogerty, em carreira solo desde o início dos anos 1970.


Abba. Fernando.

Abba The Show é formado por Katja Nord (voz), Camilla Hedrén (voz), Ulf Andersson (saxofone) e Roger Palm (bateria). As duas primeiras lembram vocal e visualmente as Abba girls da formação original; os dois últimos são instrumentistas que acompanharam o quarteto original em discos e shows. O grupo será acompanhado por membros da Orquestra Sinfônica de Londres (e não a orquestra inteira, como também faz crer a propaganda).

Depois do sucesso do show dos Scorpions alardeou-se que a capital maranhense havia definitivamente entrado na rota dos shows internacionais. Mais atrações chegam agora em novembro. A produção local, através das propagandas, no entanto, deveria deixar as coisas mais claras, para que os fã-clubes locais não comprem gato por lebre: a Creedence Clearwater Revisited está sendo divulgada apenas como Creedence e em Abba The Show as duas últimas palavras parecem as letras miúdas que em geral não lemos ao assinar contratos.

Em outras capitais já aconteceram prisões de produtores por propaganda enganosa. Aos poucos-mas-fieis leitores deste blogue, resta recomendar redobrada atenção. E desejar, a quem for, um ótimo show, sabendo, é claro, do que realmente se trata.

[Este post é ilustrado por vídeos das bandas originais]

15 respostas para “De covers e letras miúdas”

  1. Zema, quem é fã de Creedence, como eu, sabe de toda essa história aí, pode ter certeza, e não vai ser enganado. De qualquer forma, vale muito a pena escutar os sucessos do CCRevival, e o Revisited toca todos de forma impecável com metade da banda original (baixo e bateria), já que John Fogerty (voz, letras e solos do Revival) tá em carreira solo e seu irmão Tom (guitarra base) já morreu. Abraço!

  2. Olá Zema,

    A divulgação é sutil e disfarçada. Como você afirmou não esclarece de fato que se trata de um grupo cover. Será que os produtores acreditam que São Luís é habitada somente por desinformados? Que a farsa vai passar despercebida? O pior, existem jornalistas apoiando esta farsa, ou seja, não são comprometidos com a informação. Faltaram às aulas de ética na universidade. A propósito, o nome verdadeiro do grupo é Waterloo e a denominação do espetáculo é “ABBA The Show”. Trata-se de uma homenagem ao quarteto pop sueco, autorizada pelos membros originais.

    Um grande abraço,

  3. obrigado pela informação, grande eduardo: eu, que tenho compromisso com a informação, por exemplo, não sabia do nome waterloo. sabe por quê? por que isso não está dito nem na propaganda oficial, nem nos meios de comunicação que têm publicado sobre o assunto. a depender de nós, meu caro, essas informações não passarão despercebidas. em tempo informo: este texto foi reproduzido ontem no imperatriz notícias (editado por marcos franco: http://itznoticias.com/site/?p=696) e hoje na página de cultura do jornal o debate. abração!

  4. Na verdade Eduardo Julio, tanto Abba The Show quanto Creedence são marcas licenciadas e o uso de direitos autorais estão presentes na contratação. Acho reacionário criticar a divulgação por este fato, uma vez que a internet (do qual você fez sua pesquisa no wikipédia) é comum a todos e, portanto, mãe de todas as verdades. O hot site do evento disponibiliza links diretos para os sites oficiais das “franquias”, se assim você preferir chamar. Rotulações a parte, a propaganda não é enganosa pois anuncia um evento no formato que se propõe a realizar.Em nenhum momento acunciamos “The original Abba” ou Creedence Clearwater Revisited”. Não. Isso não foi feito, mas sim um conjunto da obra realizadas por estas marcas.
    E reforço a colocação: São Luís entrou para a rota dos shows internacionais. Querendo ficar com axé o ano todo, fique a vontade. Não subestimamos os fãs que conhecem a banda, apenas nos esforçamos para realizar, sem dúvida nenhuma, um grande evento musical.
    Aguardamos a presença de todos para aproveitar de uma grande noite.

    Eduardo Martins, diretor de cfriação 712 Propaganda

  5. A propaganda é mascarada, porque em nenhum momento esclarece que se trata de um grupo cover. Também omite o nome verdadeiro do grupo, que se apresentará em São Luís: Waterloo (nome, incusive, de uma música do ABBA). A autorização oficial não justifica esta omissão. Por fim, o fato de ser uma atração internacional não garante boa qualidade. ABBA é tão brega quanto Ivete Sangalo e companhia.

  6. Caro Eduardo

    Vamos combinar uma coisa?
    São Luís NÃO entrou para a rota dos shows internacionais, como você quer fazer crer. As “grandes” atrações internacionais são uma rebarba das turnês. E somente qdo vão pra Fortaleza, aqui ao lado. Que grandes atrações internacionais são estas? Scorpions, Abba… Atrações em final de carreira…. Tragam um Cranberries, um Metallica, um Green Day e depois conversamos sobre São Luís em rota de atrações internacionais.

  7. eduardo martins: é engraçado que somente ontem ou hoje, portanto após a publicação de meu post que tem gerado estes comentários, o hotsite tenha disponibilizado dois links com minibios das atrações que vocês estão trazendo à são luís, onde só então eu pude ver que sweden's waterloo é o nome do grupo que virá (antes eu tinha lido isto apenas no comentário anterior de eduardo júlio). a divulgação é tendenciosa ou não é?: o creedence clearwater revisited é anunciado apenas como creedence. por quê? o nome da sweden's waterloo é substituído por abba the show, isto é, a banda é trocada pelo espetáculo, no segundo caso. por quê? ninguém aqui é contra ninguém trazer este ou aquele grupo, até por que o povo é livre e vai se quiser, mas é bom que as coisas sejam devidamente esclarecidas à população. esta é a tarefa que me proponho a cumprir. não se trata com isso de preferir axé o ano inteiro, mas ao menos neste caso a propaganda é mais honesta.

    eduardo júlio: concordo: nacionalidade não garante qualidade. não é o fato de ser de fora que vai garantir que o show seja bom, embora patrick, fã do creedence clearwater revival, garanta que o revisited é competente na execução das músicas da banda dos irmãos fogerty.

    adriano: também concordo com você. o que acontece com grandes produções nacionais também. são luís aproveita a visita a vizinhas como teresina, belém e fortaleza para trazer shows para cá. sou contra? não. a articulação entre as produções locais deveria até acontecer mais vezes, assim recursos (públicos ou privados) poderiam ser otimizados, garantindo mais shows com ingressos mais baratos com mais frequência na capital maranhense. e some aí à sua lista o cake, bob dylan e yann tiersen, entre outros.

  8. Pois é Adriano, mas entrou. Não importa se pegamos a rebarba de Fortaleza ou Teresina, o que importa é o esforço para melhorar o nível das atrações que chegam à ilha. A comunicação promocional em nenhum momento anunciou as bandas originais, mas sim o formato que elas se apresentam hoje, tanto que disponibilizou o contato dos sites oficiais das turnês.
    Em relação, a outros shows, tudo é uma questão de oportunidade. Por que não Green day? Por que não Mettalica? Hoje vivemos um momento que tudo é possível, pois acreditamos num evento e o realizamos a contraprova de todas as dificuldades.
    Precisamos que as pessoas acreditem, porque nós acreditamos que podemos fazer mais.
    Conheço cada um de vocês, inclusive o Adriano, meu amigo de UFMA, por isso acreditem que não existe nada pessoal nas minhas palavras.
    Não concordo com o posicionamento explosivo do D'eça, como também não concordo com reacionarismo à partes.
    Concordo,sim, com a verdade da informação, mesmo que seja reclamda por uma minoria. Acredito que a informação deve chegar inteira e a todos, por isso foi divulgado o site oficial da turnê para que os interessados em saber mais detalhes encontrassem suas respostas.
    No mais, como não podemos exigir que todo mundo tenha o mesmo nivel de acesso aos meios, o material está sendo ajustado para que essa compreensão seja exata, sem dúvidas a restar.
    Agradecemos as opiniões postadas que nos conduziram a um posicionamento de correção que acreditamos estar dentro de um nível ético entre profissionais.
    Sabe Zema, percorremos um caminho muito difícil, cheio de obstáculos e para isso contamos com os amigos que fazemos nessa jornada.
    E assim, respeitando todas as opiniões, trabalhamos sério para que nosso objetivo aconteça: realizar mais um grande show.
    Fique a vontade para obter a informação que você deseja com a nossa assessoria, a Cores.
    Saudações, Eduardo Martins, dessa vez respondendo não como diretor de criação, mas como um sujeito que sempre gostou de desafios que nos engradeçam como seres humanos e profissionais.

  9. Em nenhum momento afirmamos, eu (nos comentários) e Zema Ribeiro, que a comunicação promocional anunciou as bandas originais. Alertamos para a falta de informação sobre o fato de o Abba The Show (como está anunciado) ser um grupo cover e a ausência do nome original do quarteto (Sweden's Waterloo) na peça publicitária. Existe uma que sai todos os dias em O Imparcial, na qual não aparecem as informações que reclamamos. No mesmo jornal, foi publicada uma matéria extensa, no último dia 19, na qual não existe nenhum esclarecimento sobre isso. Inclusive, se não estou enganado, no subtítulo é anunciado o Abba. Não sei de quem foi a culpa. Aliás, não é nosso papel apontar culpados. Mas esta omissão e descaso pode induzir o leitor leigo a pensar que é o grupo original. Enfim, a divulgação em vários momentos não afirmou, mas também não tratou de deixar claro que o tal Abba é Waterloo e é um grupo cover, mesmo sendo oficial e autorizado.
    A propósito, odeio Abbas, axés, forrós e todo tipo de música de baixa qualidade. No entanto, como profissional com Especialização em jornalismo cultural, exijo e vou exigir sempre informação clara e precisa nos cadernos culturais de São Luís.

  10. eduardo martins: nada de pessoal nas minhas palavras também. imagino o quão difícil seja realizar um evento desse porte. o que se contestou em meu texto foi a clareza nas informações: como eu disse à raquel (da cores) num telefonema que dela recebi ontem: “por que o creedence clearwater revisited é anunciado apenas como creedence? e por que o sweden's waterloo (a banda) é anunciada como abba the show (o espetáculo)?” covers ou não, autorizados ou não, isso é o que menos importa. o que importa é que as pessoas que irão comprar seus ingressos para ver os shows saibam a que shows, de fato, estão indo. fico feliz em ter/estar contribuído/contribuindo com o debate. se isso já levou a produção/assessoria a repensar a publicidade, para dar maior clareza ao que, como diz eduardo júlio, com quem concordo (abraço, eduardo!), exigimos e exigiremos, maravilha!

    não pelas opiniões diferirem das minhas, mas anônimos têm comentários apagados: regras do blogue (colocadas na parte superior desta caixa de comentários). se eu assino textos e comentários (aqui, em respostas, ou em blogues alheios, quando o faço), por que quem vem aqui não pode fazer o mesmo?

    abraços a todos e obrigado pelas participações.

  11. Beleza Zema, o diabo é que nunca tinha lido ou ouvido falar deste tal D'Eça. Assinamos o Estado do Maranhão por falta de outro jornal no estado – que me perdoe o JP, que se perdeu nos caminhos da história – que tenha a mesma abrangência. Talvez sirva de consolo para ele o fato de que só através do seu Blog é que tenha o lido pela primeira, e se possível a última vez. O cara é muito deselegante. Continue fazendo o seu jornalismo, posso te garantir: os teus leitores que podem até não estar entre os que tenham muitas posses materiais, mas tem uma qualidade intelectual muito acima daquele tal camarada deselegante, e possivelmente da maioria dos leitores dele – digo isso não por desrespeito aos leitores, mas por achar que quem lê o autor daquele comentário chulo e preconceituoso, e achar interessante, não tem virtudes intelectuais.

  12. novarck, você, a quem reputo como uma das figuras mais inteligentes que já tive o prazer de conhecer, sabe das coisas. obrigado! domingo à noite te liguei para saber se a bodega estava aberta. só vi teu retorno, mais de meia noite, na manhã seguinte. hora dessas re-apareço por lá. abração!

  13. Perdi o ápice dessa discussão,mas pela quantidade de comentários excluídos, e pelas manifestações dos leitores,imagino que esse tal Sr. D'eça tenha “d'esçaído” o nível por aqui – o que demonstra despreparo e descontrole.
    Moro em SLZ há pouco mais de 1 ano, mas nas minhas andanças culturais pude perceber que o nome Zema Ribeiro é uma referência quando se fala em Jornalismo Cultural em SLZ.
    Tornei-me fã à primeira lida. Ótimos textos e informações precisas, como deve ser.
    Todos temos o direito de não levar gato por lebre!
    Grande abraço, Zema. Continue o seu belo trabalho!

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