As linhas de Nóbrega


Foto de celular: Francisco Colombo

Nenhum movimento em Antonio Nóbrega é excessivo. Tudo parece milimetricamente calculado, tamanho o seu domínio do palco e do próprio corpo. Como se o artista fosse um marionete de si mesmo, tangido por linhas invisíveis, a agilidade, a precisão, a síncope.

O pernambucano apresentou-se ontem (27) em São Luís no lançamento de um dos editais do programa Rumos, do Itaú Cultural. Veio só. Digo, sem banda. Dançou, contou, cantou, tocou. Violão, bandolim, violino. As linhas do tempo da formação da chamada cultura popular brasileira, ele que a estuda há 30, 40 anos. Ele, às vésperas de completar quase 60. Ele, um menino.

Índio, negro, europeu. E o que veio depois. Samba, frevo, choro, capoeira. Contados e cantados por Nóbrega sobre bases gravadas. Nenhum demérito. Tudo com competência e domínio. A plateia aprendeu. E da melhor maneira possível: se divertindo.

O Teatro João do Vale lotado. Chovia em São Luís, São Pedro até que maneirou. Nu da cintura pra cima, como iniciou a aula-espetáculo, assim Nóbrega terminou-a, íntimo do público, desculpando-se por eventualmente ter sido prolixo. Que é isso, seu Antonio? Ficou um gosto de quero mais.

6 respostas para “As linhas de Nóbrega”

  1. Zema, confesso que das expressões artísticas, a dança é a que mais me incomoda por não ter uma percepção mais clara para ler o que está sendo dito pelo corpo. Durante o espetáculo, fui sendo guiado pelo som. Mas, Antônio Nóbrega supera tudo isso. É lindo vê-lo se movimentando em cena.

    Voltei para casa ontem com o pensamento no vazio, sobre a importância da pausa e do silêncio, com a alma conectado ao anima. E João Valentão fez todo sentido para mim.

    Abraços

  2. é por aí, meu caro alberto. bom te ver, ainda que rápido, ontem. bom te ver sempre. não pense que pra mim foi fácil escrever, ainda que quatro paragrafinhos, sobre a aula-espetáculo de ontem: justo por esta minha confessa deficiência em dança. mas nóbrega tá acima disso. saí dali com uma decisão e meia: procurar toda a discografia e videografia do artista (de quem só tenho o disco “lunário perpétuo”) e fazer capoeira (esta minha decisão pela metade, meu completo sedentarismo me impede até de pensar nisso). lindo! abraço!

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