Os olhos verdes
da atriz pornô
quando dançam fora de órbita
disparam no céu incolor
lampejos
de uma arte rara
flashbacks
de tragédia grega
e teatro nô
sacerdotisa fast-food
a preferida do imperador
Os olhos verdes
da atriz pornô
são duros como
os olhos da virgem
não cabem
no discurso marginal
sua obra é sua moral:
pura vertigem
Os olhos verdes
da atriz pornô
anulam toda teoria
longe das luzes & ohos vorazes
despem as lentes verdes de contato
e encaram nus a luz do dia.
*

Poema de Fernando Abreu, de seu novo livro, aliado involuntário [Exodus, 2011]. O poema virou música, pelas mãos de Nosly, com quem o poeta divide o palco em Letra & Música, espetáculo poético-musical-plástico com as participações especiais de Lúcia Santos e Fernando Mendonça, que inaugura, na ocasião, a exposição Cuidado, flores!, além de dar uma canja no palco, ele que já assinou projeto gráfico de disco de Nosly (Nave dos sonhos) e, músico bissexto, já musicou coisas de Fabreu. Detalhes no Overmundo e/ou no cartaz abaixo:
Em tempo: o poema que batiza este post não está em Parador, disco novo de Nosly, que traz outra parceria da dupla: Você vai me procurar.
Em tempo 2: ainda escreverei acá sobre aliado involuntário e Parador. Questão de tempo.


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