

Quem foi ontem (30) ao Teatro Sesc Napoleão Ewerton assistir ao show Marco Zero, de lançamento do EP homônimo de Emanuele Paz, presenciou, na verdade, dois espetáculos. Na primeira parte da noite, o lado A, o reggae side, trajando uma esvoaçante saia vermelha, a cantora e compositora apresentou o repertório do EP, cantando sobre bases da DJ Selekta Groove; na segunda parte, com um vestido branco curto (“eu estou vestida, tem um short aqui por baixo”, gracejou a certa altura), levou ao palco o Projeto Lado B, o lado forrozeiro, acompanhada por Memel Nogueira (sanfona), Hugo César (baixo) e Dudef Peixe (zabumba), além de tocar triângulo.
Sua energia no palco impressiona. Quando as cortinas se abrem, ela surge, levantando-se do chão, metáfora possível do desabrochar. Dança o show inteiro, sem desafinar. É uma artista jovem, mas já com pleno domínio do palco, consciente de seu lugar e papel: olha para frente sem esquecer as origens, o que demonstra desde a capa do EP, para a qual foi fotografada no bairro em que nasceu e vive. Simbólica também a presença da avó na plateia, saudada pela artista no palco. Gigante.
A ideia do Lado B surgiu quando Emanuele Paz percorria o circuito dos barzinhos, onde o público médio quer ouvir os hits de rádios mais populares, as músicas que estão nas trilhas das novelas e os artistas consagrados e já identificados com o ambiente da noite, os clássicos que quem canta da noite sabe de cor e salteado.
Assim, ela, cantando e tocando triângulo, apresentou releituras de nomes como Lucimar (“Como a moda”), Juliana Linhares (“Balanceiro”, dela com Khrystal Saraiva, Moyseis Marques e Sami Tarik), Fagner (“Lembrança de um beijo”, de Accioly Neto) e Mariana Aydar (“Onde está você”, de Zezum), entre outros.
Entre um e outro set, a participação especial do cantor e rapper Biodz, “o primeiro cara que me convidou para fazer uma love song”, disse. “Primeiro e único”, completou, para deleite da plateia. Juntos cantaram “I Need Ya Luv”, composição de ambos gravada em dueto idem.
Emanuele Paz estava em casa, super à vontade. Fez graça até quando pediu a alguma assistente ajustar um nó no cropped, que estava caindo. A plateia se divertia, prestava atenção nas mensagens de suas letras, aplaudia. Uns dançavam nos assentos, outros levantaram-se e se arriscaram no forró nos corredores laterais do teatro.
Emanuele Paz volta a se apresentar dia 15 de fevereiro (sábado), às 18h, no Pólo Nega Glícia (1976-2024) – homenageada pela artista no show de ontem –, que fica na Praça do Reggae (esquina das ruas da Estrela e de Nazaré, na Praia Grande), na programação de pré-carnaval do Governo do Maranhão. Na mesma data e palco, a partir das 14h, também se apresentam Negra Jane, Dread Sandro, Dennis Brown e Silvia, Regiane Araújo, DJ Chirley Roots, Rose Bombom, Sandra Marley e a banda Barba Branca.
