Cesar Teixeira, 60 anos

Um de nossos maiores compositores completa hoje 60 anos. Em 2003, por conta de seu meio século, fui (também) o único a dizer algo: o texto saiu no Jornal Pequeno.

A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), de que Cesar Teixeira é sócio e ex-assessor de comunicação, homenageou-o (no fundo foi por ele homenageada) em sua Agenda 2013, em que o artista comparece com sete ilustrações (incluindo a da capa), seis poemas e em uma foto (de Aniceto Neto, a mesma que ilustra este post).

Abaixo, o texto que escrevi para a terceira capa da agenda. A Cesar uma saraivada de vivas, votos de vida longa e muita arte!

Carlos Cesar Teixeira Sousa completa 60 anos em 2013: nasceu em 15 de abril de 1953. Esta agenda é uma homenagem da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) a um de seus mais ilustres sócios. Nascido no Beco das Minas, na Madre Deus, bairro boêmio encravado no coração de São Luís, o artista plural é filho do compositor Bibi Silva e desde criança habituou-se a ouvir o som dos tambores do mais antigo terreiro afro da Ilha e das rodas de samba que ocupavam a área. Dedicou-se, ainda na adolescência, às artes plásticas, tendo vencido alguns salões em fins da década de 1960.

Na mesma época iniciou sua trajetória musical, participando de festivais de música no Liceu Maranhense, onde estudou. Datam deste período músicas como Salmo 70, em parceria com o poeta Viriato Gaspar, e Sentinela, com Zé Pereira Godão.

Em 1972 integrou a trupe que fundaria o Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte). Em 1978, Papete, no antológico Bandeira de Aço, pelas mãos do produtor Marcus Pereira, registraria três músicas suas: Boi da Lua, Flor do Mal e a faixa-título.

Cesar Teixeira viria a ser um dos mais gravados compositores maranhenses, tendo sua obra registrada nas vozes de nomes como Alcione, Célia Maria, Chico Maranhão, Chico Saldanha, Cláudio Lima, Cláudio Pinheiro, Cláudio Valente, Dércio Marques, Fátima Passarinho, Flávia Bittencourt, Gabriel Melônio, Lena Machado, Papete e Rita Ribeiro, entre outros, além da Escola de Samba Turma do Quinto, cuja ala de compositores integrou durante algum tempo.

Sua Oração Latina, originalmente composta para a trilha sonora de uma peça teatral, em 1982, venceu o Festival Viva de Música Popular Maranhense, em 1985. A música é até hoje cantada em atos, greves, manifestos e mobilizações populares, não só no Maranhão. Seu único disco até aqui, Shopping Brazil foi lançado em 2004, e apresenta pequena parte de sua significativa obra musical. No carnaval de 2010, o artista foi homenageado pela Favela do Samba.

Sua atuação jornalística também merece destaque: formou-se pela UFMA em 1984, foi editor de cultura do jornal O Imparcial (1986-88), assessor de comunicação da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) (1989-2002), entidade da qual é sócio até os dias atuais, fundador do Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante (2002), onde escrevia sobre música, cultura popular, teatro e artes plásticas, e fundador do jornal Vias de Fato (2009).

Homenageado com a medalha Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís, Cesar Teixeira não chegou a receber a comenda. Em 2011 foi agraciado com o troféu José Augusto Mochel, do PCdoB, por sua destacada atuação na luta em prol dos Direitos Humanos no Maranhão.

Bota o teu, o palco da solidariedade

Dois meses após as chuvas terem varrido, ou melhor, lavado, ou pior, levado tudo o que tinham os moradores da Vila Apaco, por detrás da UEMA, nas imediações da Cidade Operária, estudantes universitários resolvem unir-se em um evento artístico solidário.

Sob o inspirado nome de Bota o teu, gíria local, artistas plásticos, músicos e humoristas ocuparão o palco do Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy) para arrecadar alimentos às vítimas das chuvas em nossa cidade.

O espetáculo multicultural acontecerá graças aos esforços próprios dos artistas e da produção envolvida. Os ingressos custam um quilo de alimentos não-perecíveis (quem quiser pode doar mais, exceto sal).

Entre as atrações estão confirmados os nomes dos artistas plásticos Felipe Figna, Rodrigo Hemilianenko e Kenny Oliveira; os músicos Zanto e Tiago Máci (da banda Saga dos Salientes); e o ator e humorista Jonatas Barbosa. Outros nomes devem se somar à empreitada até lá.

Mondego por Bruzaca

O talentoso Jonilson Bruzaca postou há pouco em seu perfil no facebook a imagem abaixo, caricatura de um de nossos mais geniais artistas plásticos: Édson Mondego. Não escondo minha admiração por ambos.

266883_242823425730238_5472378_o

Há algum tempo entrevistei o retratado, um artista sábio.

“Feminino Plural” será aberta hoje (8)

convite_feminino_plural[1]

Será aberta hoje, às 19h, na Galeria Trapiche Santo Ângelo (em frente ao Circo da Cidade), a exposição Feminino Plural, cujo título entrega: diversos artistas pensam e retratam o universo feminino. O time é composto de mulheres e homens e a exposição surgiu de uma reação à violência contra a mulher.

Estão escaladas/os Adriana Karlem, Alain Moreira Lima, Ana Borges, Beto Lima, Binho Dushinka, Clara Vidotti, Cláudia Matos, Cláudio Costa, Cláudio Vasconcelos, Cyro Falcão, Diego Uchôa, Edgar Rocha, Edi Bruzaca, Fábio Vidotti, Fernando Sah,  Fonseca Maranhão, Fransoufer, Giselle Viana, Hiago, Lícia Garcia, Luís Carlos, Lurdimar Castro, Marcelo Cunha, Márcio Vasconcelos (autor da foto do convite que ilustra este post), Marília de Laroche, Marlene Barros, Murilo Santos, Ribaxé, Romana Maria, Silva Quadash e Wilka Barros, entre pintura, fotografia, vídeo-arte, instalação e performances.

Feminino Plural fica em cartaz até 10 de abril, com entrada franca.

A música no traço de Máci

cartaz chico tairo

Logo mais às 20h, no Chico Discos, acontece a exposição Musicaricultura, do desenhista Tiago Máci, composta de 20 trabalhos retratando figuras da música, entre compositores e intérpretes. O autor dos desenhos também é músico e se somará a um grupo de amigos em pequenas apresentações durante a exposição.

Sobre Musicaricultura, Máci conversou com o blogue por e-mail.

Musicaricultura, o título de tua exposição, é bastante ousado e original, e dá uma ideia do que será a noite de hoje, soma e desfile de talentos. Como chegou a ele? O motivo do nome é que foi escolhido um tema pros caricaturados. Serão somente artistas, compositores, intérpretes, enfim, de música, além de existir musica de fundo tocada e cantada por jovens compositores daqui da ilha. São 20 caricaturas, dentre elas figuras de São Luís, nacionais e internacionais expostas de uma forma diferente, tentando agregar todo o espaço possível do Chico Discos como no isopor da cerveja, ímãs de geladeira, teto, janelas, banheiro.

O compositor Cesar Teixeira no traço de Máci

Você também é músico? Sim, também sou músico. A música chegou bem mais depois do desenho. Comecei a compor em rodas de amigos que também escrevem e aprendi bastante com eles. Posso dizer que foram muito importantes para o meu “amadurecimento” musical. Sou vocalista da banda Saga dos Salientes, em que fazemos rock, blues, country e funk. Mas além disso tenho alguns sambas de minha autoria, baladas e outras linguagens, outras ideias. Um outro lado que vou apresentar hoje, na noite da exposição.

A madredivina Patativa, por Máci

Quando começou a se interessar por desenho e artes em geral? Teus pais incentivaram? Quais as tuas influências? Comecei a me interessar com uns oito anos. Meu tio, Tatto Costa, cantor e compositor também da ilha) ainda tocava em barzinho e chegava em casa pra comer alguma coisa, não lembro direito, e eu e meus irmãos éramos muito atentados. Ele também desenhava muito e ocupava a gente com os desenhos. Um dia a professora pediu que fizesse um trabalho sobre meios de transporte e meu grupo ficou com o avião. Pedi então que meu tio desenhasse um avião lindão e assim fez. Levei pra sala de aula, mas falando que eu tinha feito [risos], ninguém acreditou e eu fiquei muito chateado. Não entendia por que achavam que eu não era capaz de fazer. E me convenci que poderia fazer. Daí comecei a copiar os desenhos que meu tio fazia, guardava, rasgava, colava, até que me vi ampliando desenhos tipo Pokémon, Digimon, mangá etc. A caricatura mesmo apareceu bem depois, por volta dos 15 anos. Meu professor de física me deu três pontos numa prova que eu tinha certeza que ia tirar quatro. Eu também fiquei muito chateado e por raiva desenhei o professor sacaneando muito! Nesse momento não tinha nenhuma ideia que um dia pudesse estar fazendo uma exposição com caricaturas de minha autoria. Entao eu passei o desenho pra sala toda. O professor viu. Todos os professores viram e curtiram. Então comecei a fazer todos os professores, desenhar a galera e trocar os desenhos por vale transporte, lanche. No começo acho que meus pais olhavam aquilo como uma coisa que ia passar, eu que dizia que ia ser advogado, mas com o tempo perceberam que dali poderia sair alguma coisa se existisse estudo, empenho e seriedade. Comecei a estudar, a ler mais sobre o assunto e a conhecer outros caricaturistas nacionais e internacionais, como o mineiro Gilmar Fraga, que conheci virtualmente e de quem tenho bastante influência no traço. Foi com ele que percebi que não era necessário eu fazer realmente toda a figura humana na caricatura. Poderia fazer só um olho, uma perna, não colocar um nariz. O importante é a expressão, o sentimento do desenho.

O que significa juntar os amigos músicos para canjas no ato da exposição? É lindo! Curto e respeito o trabalho de todos. Desde o intimismo de Sergio Muniz à graça poética de Paulo Linhares. É um prazer mesmo estar somando e fazendo música com eles.

Odyr

Acho que “guzzices” é hoje um termo melhor que “mainardices” para definir as “sandices” (que são bem mais que isso) da revista Veja, que em sua edição ora nas bancas, chegou a comparar a união entre pessoas do mesmo sexo com a relação entre homens e cabras, além de inúmeras baboseiras outras (encravou, no texto, por exemplo, “homossexualismo” em vez de “homossexualidade”, intenção em vez de vacilo).

Sobre o assunto (ou diante da falta dele), o genial Odyr Bernardi postou em seu facebook (“bernardice”, ao contrário de seu significado original, é, aqui, sinônimo de vida inteligente na “cartunice” brasileira).

Fernando Mendonça inaugura exposição logo mais na Galeria Hum

Carranca pontilhada em azulejos, uma das peças da exposição

FM é rádio, mas são também as iniciais de Fernando Mendonça, artista plástico maranhense radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1980. Aos 50 de idade o artista, que nunca perdeu os laços com a terra natal, inaugura exposição em que homenageia a capital maranhense por seus controversos 400 anos.

“É uma mostra para marcar a data. É a minha parcela de contribuição com o movimento cultural da cidade. Além de tudo, completo 50 anos de vida, sendo mais de 30 dedicados à pintura”, diz o artista sobre o caráter comemorativo da exposição.

FM Upaon Açu + 400 será aberta hoje (25), na Galeria Hum (Rua Um, 167, São Francisco), às 19h. As cercas de 60 peças que compõem a exposição, entre nanquins, aquarelas e acrílicos, começaram a ser concebidas em maio passado, especialmente para esta ocasião.

Laborarte: raízes de um ideal

CESAR TEIXEIRA

1974: Josias Sobrinho e Cesar Teixeira faziam uma dupla de violeiros em encenação de “Marémemória”, espetáculo multimídia (antes de a palavra existir) baseado no livro-poema de José Chagas

Fundado oficialmente em 11 de outubro de 1972, o Laborarte completa 40 anos, mas a história da sua criação começa bem antes. A ideia original de formar um coletivo de arte integrada – reunindo teatro, música, dança, artes plásticas, fotografia etc – partiu do Movimento Antroponáutica (1969-1972), até então estruturado em cima da poesia.

Houve uma primeira convocação geral dos artistas de São Luís, em 1970, sem discriminação de tendências estéticas ou ideologia política. Foi um erro. A reunião ocorrida no prédio do Liceu, num domingo, acabou em verdadeiro tumulto, com os antroponautas subindo nas carteiras de uma sala de aula e discutindo entre si.

Uma nova convocação foi realizada em meados de 1972, tendo sido convidados grupos já constituídos e afinados com a proposta, entre eles o Teatro de Férias do Maranhão (TEFEMA), dirigido por Tácito Borralho, e o Grupo Chamató de Danças Populares, sob o comando de Regina Telles. Em uma reunião noturna nas escadarias da Biblioteca Pública (Praça Deodoro) foi decidida a programação cultural para lançar o movimento.

A manifestação seria realizada no auditório daquela biblioteca, cujas escadarias seriam ocupadas por uma exposição de artes plásticas. No auditório haveria performances com teatro, dança e música, culminando com o lançamento do livro Às mãos do dia, do poeta Raimundo Fontenele, que deveria fazer um ácido discurso-manifesto no final das apresentações.

Entre os convidados estaria o Secretário de Educação, Prof. Luiz Rego, que, conforme planejado, deveria ficar sentado num vaso sanitário. No coquetel, em vez de vinho ou guaraná, seriam oferecidos aos presentes penicos de leite e caranguejos vivos. Sem falar que em cada lance de escada que dava acesso ao auditório haveria um boneco de pano enforcado, ali representando o próprio artista marginalizado por um governo conservador.

Nada disso aconteceu, pois a Polícia Federal soube da mirabolante programação e mandou vários agentes para o local.

Houve exposição, teatro, dança e apresentação musical com a participação de Chico Maranhão e Sérgio Habibe, além do lançamento do livro. Mas o discurso ficou preso na garganta do poeta, que teve de prestar depoimento à PF, sendo liberado após intervenção da escritora Arlete Nogueira, então diretora do Departamento de Cultura do Estado.

Contudo, o movimento foi em frente, tendo sido escolhido o nome Laborarte (Laboratório de Expressões Artísticas) quando o grupo já estava instalado no prédio da Rua Jansen Müller, 42, contando ainda com a participação de alguns atores do Grupo Armação, criado por Borralho quando era seminarista em Recife.

A proposta de uma linguagem artística integrada, com identidade própria e respeitando as raízes culturais, portanto, já existia antes e se consolidaria na convergência para o Laborarte, instituído em 11 de outubro de 1972, uma quarta-feira, ocasião em que foi lançado o folheto de poesia mimeografado Os ossos do hospício, de minha autoria.

Naquele lugar se deu uma verdadeira alquimia que ajudou a quebrar alguns tabus e influenciar positivamente as artes no Maranhão. Não só a música ali produzida, mas sobretudo o teatro, apoiado nos estudos de Grotowsky, Artaud, Suassuna, Boal, Stanislavsky e Brecht. Sem esquecer de rezar nas cartilhas de Eduardo Garrido, Bibi Geraldino e Cecílio Sá, teatrólogos de verve popular.

O trabalho do Laborarte rendeu o prêmio de Melhor Plasticidade no Festival Nacional de Teatro Jovem, em Niterói (1972), com Espectrofúria, e o Troféu MEC/ Mambembe, no Rio de Janeiro (1978), com O cavaleiro do destino. Enfim, a entidade fez o dever de casa, e o que começou numa sala de aula vazia acabou virando uma escola.

Infelizmente, não posso relatar mais detalhes da história, porque fui expulso do Laborarte no início de 1975 e não vi de perto o que aconteceria depois. Mesmo assim, ainda contribuí indiretamente escrevendo o Testamento de Judas, impresso em forma de cordel (antes era mimeografado), entre 1990 e 2005, o que provocaria a fúria de muitos “herdeiros”.

[Viajando a trabalho, não cheguei a ir ao Laborarte dia 11, quando estavam previstas diversas atividades pelos festejos de suas quatro décadas; deixo com os poucos mas fieis leitores a memória e a pena afiadas de um de seus fundadores]

Mariana e o cazumba

(OU: O CAZUMBA DE MARIANA)

Mariana Régia é uma menina bastante inteligente que gosta de bichos, livros, churrasco e batata frita, que fica quietíssima e em absoluto silêncio em frente a um computador ou à televisão, quando ganha um novo dvd, com algum filme/desenho que nunca viu. Tios corujas, vez em quando eu e minha esposa a levamos para passear, justo para tirá-la de frente da tevê ou do computador.

Fico naquelas de Professor Raimundo para Ptolomeu, personagens de Chico Anysio e Nizo Neto, pai e filho, na Escolinha do primeiro, “queria ter uma filha assim”, costumo pensar quando vamos a uma banca ou simplesmente levo uma revista ou um livro para presenteá-la.

Ela é fã incondicional, por exemplo, de Isabel Comics!, as fototiras de Bruno Azêvedo e Karla Freire que retratam o primeiro ano de sua filha.

Tenho em casa, há alguns anos, uma careta de cazumba. É pequena, cabe na minha mão e vive pendurada numa estante, entre livros. Há algum tempo era preciso escondê-la quando Mariana aparecia para nos visitar.

Mariana hoje tem nove anos e um talento para desenhar que, em minha modesta opinião, está para além do talento que toda criança tem para desenhar.

Outro dia ela passou lá em casa com sua irmã Manuela e a prima Maria Clara: brincaram, comeram, tomaram banho de mangueira e desenharam. Mariana já não teme o Cazumba. Desenha-o.

Os velhinhos (já) não gostam de “buceta”

“Nunca quis e jamais haverei de querer entrar para a ABL [Academia Brasileira de Letras]. Tenho o senso do ridículo. Já imaginou me ver metido naquele fardão patético, com aquela espada absurda e aquele chapelão que, como você costuma dizer, se assemelha a um espanador ou a um rabo de avestruz?”, argumentou certa feita [o poeta Carlos Drummond de Andrade].

O trecho acima colhi da resenha de Fernando Jorge sobre o livro Drummond e o Elefante Geraldão, publicado na revista CartaCapital desta semana. O poeta tinha, como disse, senso do ridículo.

Há alguns dias recebi do poeta Josoaldo Rego um e-mail cujo assunto dizia simplesmente “os acadêmicos”. Seu conteúdo trazia uma matéria do jornal O Globo sobre a interrupção de uma palestra do ciclo Mutações – O futuro não é mais como era, no site da ABL. Motivo: a exibição do famoso quadro A origem do mundo, de Gustave Courbet, e a menção da palavra “buceta”.

Entrevista: o artivismo de Carlos Latuff

Carlos Latuff é um artista contemporâneo fundamental. Incomoda fazendo arte. Faz arte incomodando. Quer transformar as pessoas, não nega. E assim, transformar a sociedade, torná-la melhor. É mais conhecido fora que no Brasil. Tem incomodado ditaduras no norte da África. Aqui incomoda a polícia. “A violência policial é um tema tabu”, diz ele que já foi levado a delegacias por pautar o assunto em seus desenhos.

Grande honra tê-lo chamado para desenhar o cartaz da Campanha de Combate à Tortura, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e organizações parceiras do Comitê Estadual de Combate à Tortura:

Vejam a seguir entrevista que o artista deu ao Globo News em Pauta, onde comenta estes e outros assuntos.

Um desenho do blogueiro

Acontece até o próximo dia 17 o Encontro Inter-regional Nordeste da Cáritas Brasileira, na Casa das Irmãs de São José de São Jacinto, Filipinho, São Luís. O tema do evento é “Estiagem, grandes projetos e políticas públicas”. Este que vos bafeja fez o desenho utilizado pela Cáritas em adesivos (colados nas pastas distribuídas aos presentes) e nas faixas. Vejam abaixo.

Carlos Latuff contra a tortura

Nem lembro quando e como conheci o trabalho de Carlos Latuff. Provavelmente a primeira lembrança que tenho de um cartum seu é a famosa imagem abaixo, em que o jornalista Vladimir Herzog aparece enforcado vestindo uma florida camisa de turista tomando um coquetel (ou caipirinha ou “refresco”) com aquela fruta espetada na beirada do copo, enforcado por um cinto, o suicídio inventado, paródia da talvez mais conhecida foto do ex-diretor de jornalismo da TV Cultura. Aludia ele ao episódio em que a Folha de S. Paulo afirmara que a ditadura brasileira não passara de ditabranda.

Latuff é um gênio! Menos conhecido no Brasil que fora dele, nem sei dizer se infelizmente. Lá fora tem cumprido utilíssimo papel ao fazer críticas bem humoradas com seus traços e cores a diversos acontecimentos políticos. De sua arte também não escaparam episódios nacionais como o massacre de Pinheirinho, em São Paulo, e a ocupação do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, apenas para citar alguns dos mais recentes. Quem quiser saber e ver mais do trabalho do rapaz, basta acessar seu blogue, o dele, digo.

Em março passado, mais precisamente dia 22, quando se completaram cinco anos do assassinato do artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô, espancado até a morte por policiais militares em 2007, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA), Ouvidoria de Segurança Pública e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) lançaram Campanha de Combate à Tortura.

Dias antes, fiz contato com Latuff, cujo compromisso com causas e ideais nobres eu já conhecia. Um e-mail e alguns telefonemas depois, ele me encaminhou a bela arte do cartaz da Campanha, que abre este post e eu já havia publicado em alguns lugares.

Hoje é Dia Mundial de Apoio às Vítimas de Tortura. Roubo do perfil do jornal Vias de Fato no facebook a imagem abaixo, que o carioca desenhou há dois anos. A imagem permanece atual: infelizmente a tortura ainda é prática recorrente em nosso país. É preciso mudar este quadro, urgentemente!

Clube do Choro Recebe

Alguns poucos mas fieis leitores, à menção do saudoso projeto semanal produzidapresentado por Ricarte Almeida Santos, pensarão em sua volta. Ou sentirão um fremir desejando-lhe.

Mas na verdade, acontece outra coisa: a cantoramiga Lena Machado recebeu por e-mail o e-flyer abaixo:

Ora, ora, dirão aqueles mesmo poucos mas fieis leitores, se não é a logomarca do Clube do Choro Recebe, capitaneado, repita-se, por Ricarte, entre 2007 e 2010?

Sim, é. E vem com a assinatura escondidinha aí no canto inferior esquerdo de Adelson Carvalho, se a vista míope e astigmática não me falha, que o nome de tão pequenininho (quase) não consigo ler.

Então, agora o respeitadíssimo Clube do Choro de Brasília tem nome de projeto e logomarca iguaizinhos ao Clube do Choro do Maranhão? Noutras plagas a isso chamamos plágio.

Para termos uma ideia, post de Ricarte em 7 de outubro de 2009 anunciava o “novo banner de fundo de palco do Clube do Choro Recebe“.

Liberdade de expressão

É o nome da nova exposição do artista plástico Valdemar Barros, cuja vernissage acontece hoje, às 19h30min, na Galeria Maggiorasca, na pizzaria homônima, na Av. Litorânea.

A mostra é composta por 12 telas abstratas, em que o artista não faz uso de pincéis: a tinta é respingada direto nas telas.

Liberdade de expressão pode ser visitada até o próximo dia 5 de junho, das 16h às 23h.

Abaixo, uma das telas da mostra, mostra do talento de Valdemar Barros.

“O segredo está na quantidade de tinta e na combinação de cores”, explica o artista.