Em 10 anos de blogosfera nunca tive anunciantes. A relativa longevidade de minha atividade blogueira é fruto de pura teimosia. E do carinho e incentivo de alguns poucos mas fiéis leitores.
Embora o jornalismo cultural seja nossa pauta prioritária, durante este tempo não abrimos mão de debater outros temas, principalmente direitos humanos e política.
Como em outros pleitos, este blogue tem lado e anuncia. Declara voto e pede o seu! Sem medo de perder eventuais patrocinadores (mesmo sem nunca ter recebido um centavo de quem quer que seja) e/ou leitores – a razão de ser do espaço.
O que não podemos é nos dar ao luxo da omissão, diante do trágico quadro político vivido no Maranhão, sempre tão ruim e, por incrível que pareça, certamente piorando com o passar dos anos.
Votarei em Luis Antonio Pedrosa (PSol, 50) para governador do Maranhão. E em Haroldo Sabóia (PSol, 500) para senador da república.
Nunca enganamos e/leitores. E acho que o gesto de declarar votos, além de demonstrar honestidade, colabora para o bom debate político, tão necessário e urgente.
Para os outros cargos em disputa ainda tenho dúvidas. Mas não deixarei de tomar a mesma atitude em relação a candidatos à presidência da república e deputados estaduais e federais. Questão de tempo.
Em tempo, a quem interessar possa: estou engajado na campanha de Pedrosa na medida do possível, colaborando sobretudo com ideias. Nem fiz doação financeira para a campanha (que, embora modesta, carece) nem recebi ou receberei qualquer remuneração por isso.
Em tempo, a quem interessar possa 2: este blogue não se transformará, no período de campanha, em palanque virtual das candidaturas que têm meu apoio. A programação segue normal, com eventuais opiniões sobre determinados episódios, principalmente contraponto os esforços de manipulação da mídia oligárquica.
Em tempo, a quem interessar possa 3: o anúncio de apoio às candidaturas permanecerá visível neste blogue até a realização do primeiro turno.
Candidatos do PMDB e PPL sequer mandaram justificativas para as ausências, num flagrante desrespeito à organização e ao público presente
Fotosca: Zema Ribeiro
As cadeiras de Edison Lobão Filho (PMDB) e Zé Luiz Lago (PPL) ficaram vazias, ontem (20) à noite, no debate promovido pela Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Nordeste 5 (CNBB), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA).
Não lhes seguiram os passos o público, que lotou o espaço, para assistir ao debate entre os candidatos Saulo Arcangeli (PSTU), Professor Josivaldo (PCB), Luis Antonio Pedrosa (PSOL) e Flávio Dino (PCdoB). Os candidatos faltantes, cuja presença foi previamente confirmada pelas assessorias, sequer mandaram qualquer justificativa, demonstrando um profundo desrespeito com os movimentos sociais do Maranhão e seus militantes.
Em quatro blocos, os candidatos responderam perguntas elaboradas pela organização do evento e do público presente, sobre temas diversos: educação, saúde, segurança pública, economia, desenvolvimento, controle social e participação popular, entre outros. Pedro Gontijo, da CNBB, foi o mediador.
Saulo Arcangeli criticou o financiamento das duas maiores campanhas no estado e as alianças de Dino com candidatos ligados ao trabalho escravo. O socialista culpou ainda a oligarquia Sarney, que governa o Maranhão há 50 anos, pelos problemas enfrentados pelos trabalhadores. O comunista rebateu, pedindo respeito.
Flávio Dino se sentia à vontade: o candidato tem o apoio declarado de entidades do movimento social maranhense, fator criticado por Pedrosa: “O movimento social tem que ser autônomo para fiscalizar e cobrar a gestão. Se eu puder vou construir um palanque na porta do Palácio [dos Leões] para todo dia ter movimento lá, eu ouvir e dialogar com os movimentos”, disse.
Dino afirmou que, apesar das divergências, as candidaturas presentes estavam no mesmo campo político, da esquerda – o que despertou olhares espantados dos outros três presentes.
Professor Josivaldo teve um desempenho sofrível, embora bem humorado: comentando uma resposta de Saulo Arcangeli, tirou onda de si mesmo: “fui pedir emprego, acabei me atrapalhando com o tempo”, disse para risos dele e da plateia. O candidato do PSTU havia defendido um piso salarial de 3 mil reais para professores da rede pública, ao que o pecebista disse que “se sentiria contemplado com um governo do Saulo”.
Luis Antonio Pedrosa encerrou o debate comentando a recém-aprovada Política Nacional de Participação Social. “Para além de um decreto na esfera nacional ou estadual é preciso fazer essa política valer de verdade. Ninguém governa sozinho, então não adianta prometer se a coligação tiver gente puxando o governo para o outro lado, da falta de transparência, como o Maranhão já vem sendo governado. A mudança tem que ser completa, de verdade”, afirmou.
Na divulgação do debate de ontem à noite, a Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz reafirmou seu compromisso com o fortalecimento da democracia. Público e candidatos presentes colaboraram com o atingimento do objetivo. Dos candidatos faltantes não se pode dizer o mesmo.
Gildomar Marinho homenageou Manoel da Conceição e botou o 24º. Fesmap na História. Fotosca: Zema Ribeiro
Estive em Pinheiro sexta-feira passada (25), quando assisti a íntegra da primeira noite do tradicional Festival de Música Popular do município.
Era, antes de e mais que jornalista, apenas um rapaz latino americano descansando, passeando, revendo amigos e tomando cerveja.
Destaco, de cara, que qualquer coisa que dure 24 anos no Maranhão – exceto a velha oligarquia que já atingiu o dobro disso – merece que tiremos o chapéu.
Fui passar o fim de semana na Baixada e, em sabendo que o parceiro Gildomar Marinho faria o show de abertura do 24º. Fesmap, resolvi esticar, aproveitando-me da nobreza do sogro, que sempre opta por ser o anjo da rodada.
No geral, achei o festival abaixo das expectativas. O público na praça era pequeno e o nível das músicas concorrentes, em geral, ruim. Na boa banda destacavam-se Rui Mário (sanfona) e Marcos Lussaray (violão e guitarra) e entre os intérpretes sobressaíram-se Anna Cláudia e Fernanda Garcia – vencedora da última edição do certame, ano passado.
O show de Gildomar foi curto e, tocando seu violão, ele foi acompanhado por remanescentes da banda que fazia a cama para os concorrentes, de improviso. Não fosse isso, ele faria o show sozinho, ao contrário do que eu havia lido em jornais e no material de divulgação do Fesmap – sempre rodeado de um sem número de logomarcas e nomes de patrocinadores e apoiadores, também fazendo-nos crer numa dimensão maior que a conseguida.
Radicado no Ceará, com participações em outras edições do Fesmap, inclusive já tendo sido jurado, Gildomar desfilou um repertório autoral, começando pelo martelo agalopado A metade que manda, seguida de Ensejo de blues – ambas de Tocantes, seu terceiro disco, lançado ano passado.
Mas a noite entrou mesmo para a História quando o maranhense lembrou-se de, em meio a Ladainha da remissão – de Olho de Boi (2009), seu primeiro disco –, usar de incidental A batalha do cerrado, belo carimbó elétrico de Pedra de Cantaria (2010), que ele fez em homenagem a Manoel da Conceição.
O líder camponês faria 80 anos no dia seguinte. Um dos mais ferrenhos opositores à oligarquia Sarney e seu principal comandante, Mané – como gosta de ser chamado – foi homenageado em plena Praça José Sarney, na cidade em que nasceu o político ora em ocaso.
Desconheço os resultados do 24º. Fesmap. Mas pouco importa: esta edição já entrou para a História, de um modo bem particular.
Quer se concorde ou não com a escolha da candidata, a iniciativa da revista CartaCapital, de declarar apoio à reeleição de Dilma Rousseff, é digna de elogio.
A semanal da editora Confiança anunciou em editorial a opção pela petista. No texto, justificou a escolha, embora não lhe tenha poupado de críticas, sobretudo à equipe de ministros e ao duradouro relacionamento com o PMDB, partido do vice Michel Temer, também candidato à reeleição.
Impossível não lembrar o pioneirismo da revista Trip, quando abdicou da publicidade de cigarros e iniciou uma campanha que resultou no fim dos anúncios de tabaco em publicações brasileiras. A mesma Trip, depois, tomou partido quando do referendo do desarmamento.
Outros veículos nacionais e locais deveriam lhes seguir os exemplos e anunciar de que lado estão. A blogosfera, idem. Seria melhor para todos/as: candidatos/as, partidos, veículos, jornalistas e, principalmente, leitores/as. Afinal de contas, sabemos: imparcialidade jornalística é quimera.
Este blogue mesmo, como de praxe, anunciará em breve suas escolhas. Quantos mais terão coragem e independência?
Finalmente o problema do entulho acumulado na Rua das Mangueiras, no Jardim Renascença I, foi resolvido.
Não adiantaram post neste blogue, nem ofício encaminhado pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) à Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), nem abaixo-assinado organizado por moradores também encaminhado ao órgão.
Na Semosp, diga-se, a burocracia é inversamente proporcional à efetividade da prestação de serviços: não atendem solicitações feitas por telefone, e-mail ou fax. Ofícios requerendo o que quer que seja têm que ser protocolados na sede do órgão. Mas como disse, nem isso adiantou. Outro detalhe: o lixo, sobre o qual já cresciam pés de mamona e já ocupava boa parte da rua, impedindo o trânsito e estacionamento de veículos, foi deixado após um serviço de “limpeza” da empresa terceirizada pelo município para tal fim.
Evangélico, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. evocou Deus na campanha eleitoral e em recente pronunciamento sobre as chuvas que castigam a Ilha. Mas a população parece estar mesmo ao deus dará: o entulho da Rua das Mangueiras foi retirado após a contratação de serviços particulares por moradores de um condomínio ali localizado, com a contribuição de moradores de casas próximas e da própria SMDH.
Autoritarismo é uma palavra que define bem a gestão do atual reitor da Universidade Federal do Maranhão Natalino Salgado.
Ilegítimo é outra para definir o processo eleitoral para a escolha do comando do Diretório Central dos Estudantes, num processo desprovido de quórum.
Faltam palavras, no entanto, para classificar a ação de alguns estudantes, para os quais também faltam palavras, que resolveram arrombar a sede do DCE e tomá-lo à marra.
A ação truculenta dos brucutus, sob a proteção do reitor, causa repúdio a quem preza por democracia, palavra cujo verdadeiro significado é tão caro aos que lutaram por ela, sobretudo em espaços universitários, e que o magnífico parece desconhecer. Ou prefere ignorar.
Os brucutus já haviam sido denunciados, com registro de boletim de ocorrência em delegacia de polícia da capital, pelo lacre do DCE, com a troca de cadeados, impedindo a atual direção – legitimamente eleita – de adentrar a sala, em pleno processo eleitoral. Ou arremedo, para usarmos uma palavra que define bem uma porção de coisas na UFMA, o país das maravilhas de Natalino Salgado.
A imagem que abre-ilustra este post já percorre as redes sociais desde ontem e foi enviada ao blogue por estudantes que não aceitam a truculência como método de solução de impasses ou de impor os caprichos do senhor reitor à comunidade acadêmica.
A marca de centralismo e autoritarismo que caracteriza a administração do reitor Natalino Salgado ganha mais um capítulo tenebroso. Preocupado em submeter tudo e todos à sua vontade, sem conseguir sequer conviver com críticas e posicionamentos contrários, volta suas baterias novamente em duas frentes. A primeira é a tentativa de controlar o Diretório Central dos Estudantes. Através de uma manobra, a comissão eleitoral impugnou a chapa da diretoria Ninguém Pode nos Calar, que resgatou o DCE da posição vergonhosa de ter se tornado uma representação chapa branca no período 2010/2011, alheio às lutas históricas por uma universidade plural e participativa, servindo de mero apêndice da reitoria e agência de festas. Circulou largamente através do YouTube o áudio de uma conversa em que o presidente da comissão eleitoral se colocava abertamente como interessado em articular uma chapa com um canal com a reitoria (veja o vídeo que abre-ilustra este post). Apesar da eleição não contar com o quórum mínimo necessário, mostrando o repúdio dos estudantes à manobra, a direção da universidade quer reconhecer o resultado, um escândalo que deve parar na justiça. A segunda é a tentativa de criar outro sindicato de professores, um sindicato chapa branca, vinculado ao PROIFES, depois de ter perdido eleições para a diretoria da Apruma em duas oportunidades e não ter conseguido sequer organizar uma chapa para concorrer às eleições realizadas em dezembro do ano passado.
Na democracia professada pelo reitor Natalino Salgado, manifestações contrárias são sempre tratadas com intolerância, problemas de funcionamento não devem vir à luz do dia, reivindicações são apenas fruto de descontentes que “não vestem a camisa da UFMA” (leia-se, não dizem amém a todas as resoluções monocráticas vindas da reitoria), pois a instituição vive simplesmente dias gloriosos. Os que estão no cotidiano das salas de aula sabem que as coisas não são bem assim. Apesar do grande aumento no número de matriculados, numa operação cujos resultados desastrosos começam a aparecer nos inúmeros gargalos criados pela falta de professores, o que percebemos no dia a dia é um contínuo esvaziamento do campus, uma irritação e um desestímulo crescentes.
Não se trata apenas de um período de transição, no qual o próprio ensino ainda patina para encontrar novos rumos. O chão do processo é a defasagem da estrutura administrativa da universidade, pesadona e controladora, quando os tempos pressupõem exatamente o contrário. A própria forma como são propostas modificações em atividades fundamentais, como as recentes normas sobre o ensino de graduação, são pensadas de cima para baixo, com apenas um arremedo de discussão proposto em cima de um texto base que, no caso, uma observação feita pela comissão organizada pela Apruma mostrou ser cópia quase literal de uma resolução da UFPI. Mais do que crescer, a UFMA vive um processo de inchaço de uma estrutura arcaica e as iniciativas de modificação sempre insistem em afirmar a centralização de decisões nas Pró-Reitorias. No fundo, quase não há vida nas unidades, apesar da propaganda feita nas placas espalhadas pelo campus e no site da instituição insistir em mostrar um mundo dourado “como nunca se viu antes”, para lembrar um bordão que fez escola. Tanto aqui quanto nos campi do interior do estado, entretanto, existem muitos problemas, mas, segundo a ótica reinante, eles não devem ser debatidos e sequer publicizados. Todas as vezes que aparecem, geram logo profundo mal-estar entre o Magnífico e seus áulicos, como se fossem deturpações rasteiras de elevadas intenções.
Chegando ao ano final de seus dois mandatos à frente da reitoria, antecedidos de dez anos no comando do Hospital Universitário, Natalino Salgado tenta fechar o seu ciclo calando os únicos espaços institucionais que não controla, com o golpe perpetrado no DCE e a tentativa de organizar um sindicato paralelo de professores. Neste último caso, uma articulação puxada pelos áulicos de sempre, pró-reitores e assessores, para a formação do chamado Sind-UFMA, um sindicato atrelado ao PROIFES.
Por princípio, acho que a organização de interesses deve ser livre e ampla. O problema é quando esta se dá a partir de cima, quebrando na origem qualquer possibilidade de real independência. Se organizar chapas a partir da reitoria já era algo escandaloso, tentar organizar outro sindicato utilizando-se desses meios chega ser uma excrescência, sem mais nem menos. Talvez o problema mais importante e decisivo nesta universidade seja o fosso que historicamente foi estabelecido entre a administração superior e a comunidade acadêmica. Essa questão chegou ao ápice na atual gestão, onde a aproximação só se efetua através da cooptação. No momento em que entidades importantes, como a ADUFC, se desvinculam do PROIFES, frisando entre os motivos a “notória subordinação ao governo federal”, o “alheamento em relação ao movimento docente nacional, promovendo o isolamento e a desmobilização dos professores das universidades federais cearenses” e a “participação ativa na implementação de medidas e normas que precarizam o trabalho docente”, é exatamente este o modelo que o círculo próximo à reitoria quer criar aqui e ficar ainda mais à vontade para impor procedimentos, como é do seu estilo, contornando a resistência que a Apruma desempenhou, principalmente nos dois últimos anos.
A universidade brasileira, de modo geral, guarda esse traço centralizador que manteve dos tempos da ditadura, mas tem seus contornos acentuados quando tratamos de sociedades em vários aspectos ainda largamente oligarquizadas, como é o nosso caso. A luta de professores, alunos e técnicos administrativos deve buscar a ampliação e a efetividade dos espaços de participação na universidade, abrir as decisões, garantir maior autonomia para as unidades num quadro de efetiva colaboração interdisciplinar. O processo em curso tem seguido o caminho contrário, sempre falando em futuro, democracia, inclusão, diversidade, mas agindo efetivamente para garantir a continuidade do passado, com os velhos procedimentos de tomada de decisões em circuito fechado e as mesmas figuras de sempre, pessoas que atravessam décadas nos círculos da administração superior da universidade. A articulação do Sind-UFMA é uma associação pensada para atrelar a representação sindical à reitoria, nada a ver com as lutas dos docentes e a necessidade de democratização da universidade.
Todos se lembram do papel importante que o DCE e a Apruma exerceram no apoio aos estudantes em luta pela moradia no Campus diante da intransigência de Natalino Salgado, vergada apenas após uma greve de fome levada a efeito por discentes que dependem da moradia, prolongando-se por uma semana, com mobilização que envolveu outros setores da sociedade em solidariedade. São justamente estes espaços de resistência que a sanha autoritária da reitoria tenta a todo custo anular.
*FLÁVIO REIS é professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA
Lobinho em pele (ou bigode) de Sarney. Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado (com intervenção de Zema Ribeiro)
Exemplos existem aos montes de filhos rebeldes, com ou sem causa, que por discordâncias radicais na maneira de os pais conduzirem as coisas em casa – ou por motivos outros – deixam o conforto do lar dos genitores para arriscarem-se em aventuras longe dali.
De dentro não há ruptura possível, no máximo divergências pontuais, passíveis de solução via diálogo – ou não. Candidato da oligarquia Sarney nas eleições que se avizinham, o senador Edison Lobão Filho, vulgo Lobinho, fala em ruptura com o grupo político a que pertence, em matéria veiculada hoje pelo jornal Valor Econômico (Candidato dos Sarney propõe ‘ruptura’, link para assinantes com senha e/ou leitores cadastrados).
O dono do Sistema Difusora parece já ensaiado por marqueteiros e desfila diversos jargões na tentativa de antecipar-se ao período de angariar votos, a campanha propriamente dita, oficialmente ainda não iniciada, mas já tendo atingido o baixo nível típico do que os maranhenses costumam ver no período, some-se aí a propaganda eleitoral gratuita em rádio e tevê, além do “jornalismo” cometido nos meios de comunicação tradicionais – sobretudo de sua propriedade e de aliados – e nos blogues (regiamente pagos).
Herdeiro político do pai, o ministro das Minas e Energia Edison Lobão, Lobinho ocupa uma cadeira no Senado sem ter movido um músculo sequer para tanto. Não precisou nem sorrir. Como romper com o grupo que lhe deu tudo o que Lobinho tem?
Como ele não tem “críticas profundas à forma de gestão de Roseana” e, caso eleito, governaria de forma “completamente diferente”? Afinal de contas, Lobinho é “o novo”, “a ruptura”, ou não?
O postulante ao Palácio dos Leões fala em governar o Maranhão como se gerencia uma empresa. Disso ele pode até entender, mas devagar com o andor: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma empresa visa lucro e pouco importa a realidade do entorno ou as condições de quem nela trabalha, desde que seus donos possam dormir tranquilos depois de analisar as planilhas de mais um dia e confraternizar-se em restaurantes finos, com drinques cujas doses valem, cada, bem mais que um mês de trabalho de seus operários.
Mas isto já acontece, talvez me digam os poucos mas fiéis leitores. Logo, não haveria ruptura. Não me parece ser este o destino desejado por quem vive por aqui.
Parafraseio Drummond para comentar mais um fato vergonhoso que leva o Maranhão ao noticiário nacional: em paralelo à crise em Pedrinhas, desta vez um caminhão de pedras chocou-se com um pau de arara que transportava estudantes. Dói essa pedra no calo da oligarquia?
Não é para menos a comoção causada pela morte de oito crianças e adolescentes em um acidente que deixou ainda um saldo de quatro feridos, na estrada MA-303, entre Bacuri e Apicum-Açu, no litoral norte maranhense, ontem (29).
É a fatura do descaso com que são tratadas a educação e diversas outras políticas públicas pelos governantes de plantão. É preciso que sejam apuradas as responsabilidades dos condutores envolvidos no acidente – a caminhonete pau de arara que fazia o papel de transporte escolar chocou-se com um caminhão que transportava pedras e caiu numa ribanceira –, mas é preciso ir além: é necessário punir exemplarmente também gestores e autoridades responsáveis pela fiscalização.
O interior do Maranhão é tido como uma terra sem lei, onde usar capacete, tripular motocicletas aos pares ou usar cinto de segurança pode dar multa. O “folclore” também ocorre em determinados bairros da capital.
30 estudantes estavam na caminhonete no momento do acidente, ocupando apertadamente um lugar que deve ser destinado ao transporte de carga. A nota da governadora Roseana Sarney lamentando o fato e entristecendo-se com o mesmo é cinismo puro: suas gestões e as de seus aliados – e até mesmo por opositores – pouquíssimo ou nada têm feito para modificar a trágica realidade dos que arriscam a vida ao pendurar-se em tais veículos em busca de um futuro melhor.
Um futuro que parece só existir na propaganda governamental, onde as estradas são asfaltadas e os estudantes têm, além de educação, até mesmo internet pública e gratuita.
A “santa” ceia de Nuna Neto. O Imparcial, 18/4/2014
CESAR TEIXEIRA
Estou de volta do Exílio
pra onde fui despachado,
na sucursal do Inferno
até doido é torturado.
Roseana, a Sinhazinha,
me botou lá em Pedrinhas.
Saí de lá degolado.
Um crânio vazio eu deixo
para a Justiça falida,
depois que for exumado
e abrir novas feridas.
Mas como ser enforcado,
se o pescoço foi cortado
a cabeça não tem vida?
Não posso colar no corpo
esta memória com grude,
mas o sangue derramado
deixo ao Plano de Saúde
que roubou o meu dinheiro.
UNIMED é o Coveiro
que aprontou meu ataúde.
Na fila do SUS deixei
uma vela de despacho
para Ricardo Murad
que jurou erguer, por baixo,
setenta e dois hospitais,
não era menos nem mais
– procuro um e não acho.
Deixarei também a ele
o número sorteado,
que não é da Maracap
mas do Cofre do Estado
Na Saúde é um alvoroço,
e já está roendo o osso
da Segurança, o danado.
Ó cidade miserável,
de tanta dor e tormento.
Só de anos de mentira
já tem mais de quatrocentos.
Neste conto do Vigário,
o Palácio é um Calvário,
e a Zona é um Convento.
Por causa da Oligarquia,
que vive fora da lei,
jornalista já não dorme.
No Testamento eu botei
o jornal Vias de Fato
feito um grande carrapato
no cangote de Sarney.
A governadora disse
que o Maranhão é rico.
Tem manga, petróleo e gás,
rombo fiscal e penico.
Essa crise carcerária
é doença hereditária,
e o povo é quem paga o Mico.
Deixarei um funil velho
para a Refinaria
representar seu papel
no Reino da Fantasia.
Coitada de Bacabeira,
vai refinar a sujeira
e a merda da Oligarquia.
No carro da Petrobrás
tá faltando óleo de freio,
com tanta superfatura
o negócio ficou feio.
Divisas nem se discute,
se fraude é Cláusula Put,
tem putaria no meio.
Vou deixar um Lava-Jato
pra ver quem ganha a aposta.
Será Nélson Cerveró,
ou Paulo Roberto Costa?
Na quitanda, a Globo filma,
com todo o aval da Dilma,
qual dos dois lava mais bosta.
Um Jatinho da PF
no Congresso vou deixar
pro golpista André Vargas
com Youssef voar.
Lavagem com Mensalão,
Labogen, corrupção:
que remédio isso vai dar?
Antes que acabe a tinta
deixo armas e brasões
para o Edinho Trinta
(candidato dos vilões)
e o forno da Titia,
pra inaugurar padaria
no Palácio dos Leões.
Também deixo pro Lobinho
os túneis da madrugada
que cavei lá em Pedrinhas.
Vai fugir em disparada
num cavalo puro sangue,
depois de cruzar o mangue,
rumo à Serra Pelada.
Entrego pro Flávio Dino,
que é amigo do peito,
uma estrela sem destino
para quando for eleito.
O PC do B tem grife,
filiou até xerife
para garantir o Pleito.
A Foundation São Luís
em inglês não é à toa,
é pra carregar turista
pro Arraial de canoa.
O Bureau do Eleotério
para o pobre é um cemitério,
para o rico é uma Lagoa.
E para os bobos da Corte
que alugam sua voz
eu vou deixar puxa-puxas,
quebra-queixos, derressóis.
Nessa corrida de saco,
coça menos quem é fraco,
puxa mais quem é Veloz.
Já repassei ao Prefeito
um invento de fariseu
chamado VLT,
que Castelo prometeu,
mas nasceu morto, sem laudo,
e entregou pro Edivaldo:
– Toma, que o filho é teu!
Espero que não se zanguem
com as heranças sovinas,
que botei no Testamento
retirado da latrina.
Mas, se não for do agrado,
Deus é quem é o culpado,
pois sou invenção Divina.
Pra escapar da sua língua
no Beco do Gavião,
deixo um bar para Rosana
e um quilo de camarão.
Capiroto, que é bandido,
já botou o apelido:
Bar do Afeganistão.
Patativa anda sorrindo,
já botou água de cheiro
no sovaco e na chorina
dizendo pro mundo inteiro
que vai tirar o atraso,
pois agora virou caso
do cantor Zeca Baleiro.
Corinthiano é o culpado
por tudo o que aconteceu,
inventou essa cachaça
que Patativa bebeu.
Depois da tal “Fogozada”
ela não muda a toada,
e só canta Xiri Meu.
Se a múmia do Executivo,
não fosse tão paralítica,
mereceria uma Faixa
de Gaza na Zona Crítica.
Se fosse como Faustina
haveria disciplina,
sem corrupção política.
Um caminhão de lagosta,
camarão e caviar
ainda não decidi
para quem eu vou deixar.
Eu peço então à plateia
que me dê uma ideia:
que nome devo botar?
Para Wellington Reis
a receita vou deixar
pra fazer outro CD
na Arte de Cozinhar.
É uma língua alugada
ao molho de marmelada,
eu não sei se vai gostar.
Para tomar mais cuidado
na calçada em que trafega,
vou deixar Desinfetante
e uma vassoura brega
para a Secretária Olga,
que, quanto mais se empolga,
mais na Cultura escorrega.
Judas também é cultura,
mesmo subfaturada.
Por isso peço aos herdeiros:
não gastem toda a mesada
da minha miséria cômica,
que está na Caixa Econômica
com a fome embalsamada.
Para a História do Brasil
ficam marcas de tortura,
corpos desaparecidos
nos quintais da Ditadura.
Desde o Golpe Militar
já cansei de procurar
minha própria sepultura.
De almas sem Anistia
cinquenta anos se vão.
Para Herzog, Marighella,
Lamarca e Ruy Frazão
deixo as lágrimas do rosto
e o coração exposto,
por falta de vinho e pão.
(Lavrado ontem, 19, Sábado de Aleluia, na Praça da Faustina, Praia Grande)
Turíbio Santos tocou em São Luís em setembro do ano passado, por ocasião das comemorações de aniversário da cidade
Durante as comemorações de 401 anos de São Luís vi dois belíssimos concertos na Praça Maria Aragão: o da pianista Eudóxia de Barros e o dos violonistas João Pedro Borges e Turíbio Santos, maranhenses que se configuram em dois dos maiores nomes do instrumento não apenas no Brasil.
As apresentações aconteceram 7 de setembro de 2013, ocasião em que cometi a fotosca que ilustra este post. O prefeito Edvaldo Holanda Jr. esteve na plateia. Seis meses depois o internacionalmente reconhecido Turíbio Santos ainda não recebeu o cachê devido. O músico afirma ter trocado outros compromissos por uma visita à Ilha, para rever os amigos e outra vez tocar na cidade em que tudo começou. A equipe da Chorografia do Maranhão, os irmãos Almeida Santos, Ricarte e Rivanio, e este que vos perturba, aproveitou a ocasião e entrevistou-o para a série, na casa de João Pedro Borges, em que ele se hospedou.
O atraso no pagamento é “a maior falta de respeito que já fizeram comigo em 50 anos de profissão”, afirma Turíbio Santos em e-mail enviado ao blogue. “No aniversário de São Luís e no ano em que comemoro 70 anos o desgosto só faz se multiplicar”, continua.
Também por e-mail, João Pedro Borges, o Sinhô, que dividiu discos importantes com Turíbio Santos, declarou-se “completamente indignado diante desta negligência inaceitável com este artista maranhense, dos principais do Brasil e do mundo, de quem tenho a sorte de ser discípulo e amigo”.
Procurada pelo blogue a Fundação Municipal de Cultura (Func) informou que o pagamento será autorizado hoje (16) para a Fundação Sousândrade, e que a dívida com Turíbio Santos será quitada na próxima semana.
*
Update (às 12h24min de 17/4/2014):
Fundação Municipal de Cultura – Comunicado
A Fundação Municipal de Cultura (Func), órgão vinculado à Prefeitura de São Luís, comunica a todos que, até o dia 23 de abril, todos os artistas que prestaram serviços para o evento Aniversário da Cidade, em setembro de 2013, terão o pagamento efetuado por meio da Fundação Sousândrade.
Avisamos ainda que o repasse do pagamento foi autorizado no dia 15 de abril, após a sinalização da Secretaria Municipal da Fazenda (SEMFAZ), e que cada artista será notificado pessoalmente sobre a confirmação do pagamento.
Pitomba! Fotomontagem: Celso Borges e Luiza De Carli
A imagem acima é poster central de uma edição passada da revista Pitomba, editada pelos irmãos Bruno Azevêdo, Celso Borges e Reuben da Cunha Rocha. A fotomontagem é de CB e Luiza De Carli e une o dito popular ao exibicionismo barato do então secretário de Estado de Saúde Ricardo Murad expondo as netas aos altos índices de coliformes fecais das águas das praias de São Luís, querendo por força convencer a população de que a situação não era assim tão ruim.
Não era mesmo. Como reza Murphy, nada está tão ruim que não possa piorar. Sua lei, aliás, parece mesmo ter sido inventada no Maranhão. Não bastasse o cunhado da governadora fazer péssima gestão à frente da pasta da saúde e ser credor das falsas promessas da mulher do irmão (a entrega dos 72 hospitais prometidos na campanha de 2010 até hoje não se concluiu e vai ser requentada este ano), agora a filha de José Sarney resolveu nomear o mesmo Ricardo Murad para, pasmem os poucos mas fiéis leitores, a secretaria de Estado de Segurança Pública.
Ficou ruim? É pior: ele não renuncia à uma pasta para ser titular de outra. Toma ambas para si, isto é, terá em suas mãos dois orçamentos. Dois gigantescos orçamentos. Tudo isso em meio à crise na segurança pública (a Polícia Militar continua em greve) e no sistema penitenciário (ok, há uma pasta específica para a questão, a Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária, com quem a Segurança Pública deve dialogar frequente e proximamente).
Este blogue repudia veementemente a nomeação de Ricardo Murad para o cargo de secretário de Estado de Segurança Pública, bem como o acúmulo, por ele, de duas pastas no governo Roseana Sarney por conta da reforma administrativa que a governadora apresenta, tendo em vista as eleições de outubro que vem.
[Sobre Filhos da Liberdade, ato-show apresentado ontem (31/3) em memória dos 50 anos do golpe militar]
Foto: Lauro Vasconcelos/ Ascom/ Func
Não lembro quem disse certa vez que caso o Rio de Janeiro fosse completamente destruído por uma tragédia, seria possível reconstruí-lo a partir da audição da obra de Noel Rosa.
A afirmação ilustra a riqueza de nossa música, sempre tão pródiga em registrar nossa história, nossos grandes compositores verdadeiros cronistas do cotidiano.
Com a ditadura militar não poderia ter sido diferente. E além de tudo o que nos vem à cabeça quando ouvimos a expressão, sempre cabem também algumas canções.
O show Filhos da Liberdade, realizado ontem (31/3) em frente ao Memorial Maria Aragão, na praça homônima, com Cesar Teixeira, Flávia Bittencourt, Josias Sobrinho, Lena Machado e Rosa Reis, trouxe ao público presente um bom punhado de canções de protesto.
Uma luxuosa banda acompanhou-lhes: Fleming Bastos (bateria), Leandro (percussão), Jayr Torres (violão), Carlos Raqueth (contrabaixo) e Rui Mário (teclado e sanfona).
O espetáculo foi precedido do cerimonial de Ricarte Almeida Santos (sociólogo e radialista, secretário executivo da Cáritas Brasileira Regional Maranhão) e de depoimentos de Francisco Gonçalves (presidente da Fundação Municipal de Cultura), Dom Xavier Gilles (bispo emérito de Viana), Bira do Pindaré (deputado estadual), Eurico Fernandes (ex-secretário de Estado de Direitos Humanos do Maranhão) e deste que vos fala (presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos), além de imagens do acervo de Murilo Santos, retratando o período e figuras emblemáticas de resistência à ditadura militar brasileira, como Manoel da Conceição e Maria Aragão.
O repertório na íntegra e na ordem em que foi apresentado: Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros), interpretada pelo quinteto; Engenho de Flores e Três potes, ambas de Josias Sobrinho, interpretadas pelo próprio; Viola enluarada (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) e Flor do mal (Cesar Teixeira), por Flávia Bittencourt; Milhões de uns (Joãozinho Ribeiro) e A voz do povo (João do Vale e Luiz Vieira), por Lena Machado, com participação especial de Luiz Jr. (violão sete cordas); Carcará (João do Vale e José Cândido) e Gaiola (Joãozinho Ribeiro e Escrete), por Rosa Reis; Oração latina (Cesar Teixeira), cantada por todos, inclusive pelo público, de pé e marcando nas palmas; Samba pra Dedê, composta em homenagem a Maria Aragão, de Cesar Teixeira, por ele mesmo. O apoteótico final tornou a juntar a todos e todas no palco para uma sequência triunfal: Apesar de você (Chico Buarque), Vai passar (Chico Buarque e Francis Hime) e Pra não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré).
Frase repetida por quase todos os depoentes, mestre de cerimônias e artistas, que acabou por virar slogan da noite, traduzindo a necessidade do compromisso coletivo pelo aprimoramento e fortalecimento da democracia – retroceder jamais: a luta continua!
O Memorial Maria Aragão, na praça homônima projetada por Oscar Niemeyer, tem forma de pássaro, um dos maiores símbolos de liberdade, pelo fato de voarem.
Hoje os homens até voam, mas precisam de imensas carcaças de metal, nem sempre seguras, nada singelas. E que não cantam, apesar dos muitos fonezinhos de ouvidos distribuídos.
Lembro que, reza a lenda, Santos Dumont teria morrido triste por ver sua invenção usada para a guerra.
Generais, com o apoio de civis, sobretudo empresários, implantaram a ditadura militar para evitar a “ditadura comunista”. Por aí, pelo começo, percebemos o quão foi ridículo este período de nossa história.
Quase 30 anos após a redemocratização permanecemos ridículos: até hoje ninguém foi punido por crimes cometidos durante a ditadura militar. Os maiores avanços da Comissão Nacional da Verdade foram o esclarecimento da morte do ex-deputado Rubens Paiva e a mudança do atestado de óbito de Vladimir Herzog, restabelecendo a verdade: o jornalista foi morto, não suicidou-se, como rezavam os documentos oficiais há até bem pouco tempo.
Não se trata de revanchismo ou rancor, mas de memória. Somente com a punição exemplar dos envolvidos nos crimes atrozes cometidos nos 21 anos da ditadura brasileira poderemos ter a certeza de que não seremos vitimados por um novo período de chumbo. Por esse lado, ainda bem que as murchas, ops, marchas da família foram pífias, ridículas, insignificantes.
Dito isto, deixo o recado e o convite: hoje (31), quando o golpe militar (que só mesmo idiotas podem chamar “revolução”) completa 50 anos, às 19h, o ato-show Filhos da Liberdade tomará o espaço do pássaro do comunista, na Praça Maria Aragão (não por acaso outra comunista), para marcar a efeméride. Não para comemorar os 50 anos do golpe, mas justamente para lembrar, para evitar que outro ocorra.
“Com as bandeiras nas ruas ninguém pode nos calar”, o ato-show acontecerá mesmo com as greves que paralisam a capital. “Ninguém vai ser torturado com vontade de lutar”.
Deputado psolista volta a ser atacado por O Imparcial. Foto: portalmidia.net. Reprodução
O jornal maranhense O Imparcial voltou à carga hoje (30) contra o deputado federal Jean Wyllys (PSol/RJ), que protocolou projeto de lei que prevê a regulação da produção, industrialização e comercialização de maconha no Brasil, o que é bem diferente de propor o uso da erva, como estampou o jornal na manchete Deputado propõe uso da maconha (de 19 de março).
A colagem de releases, textos de assessorias e agências de notícias é prática cotidiana no jornalismo cometido no Maranhão desde sempre. Muda-se o título (às vezes) para engabelar o leitor mais desatento, mantém-se o texto, sem tirar nem por vírgula, e tem-se “outra” notícia, mesmo que seu conteúdo não condiga com a manchete.
Hoje o jornal “defende-se” dA fúria de Jean Wyllys contra a imprensa (outra manchete hodierna) alegando que o texto é da Agência Brasil – por que, na ocasião, não manteve o título da agência e/ou não lhe deu o devido crédito quando de sua publicação?
A página inteira [Política, 2] dedicada a “combater” Jean Wyllys e a maconha fecha-se com um perfil em que o deputado é tachado como alguém que “se diz defensor das minorias”. Lembremos que o psolista é o primeiro representante orgânico do segmento LGBT eleito para a Câmara Federal em tantos anos de história. Não é O Imparcial quem vai lhe dar, tirar ou atestar títulos. Cereja do bolo, ainda na página inteira: cinco políticos conservadores atacando o socialista e defendendo o jornal: Eliziane Gama (deputada estadual/ PPS), Pedro Lucas Fernandes (vereador/ PTB), Magno Bacelar (deputado estadual/ PV), Barbara Soeiro (vereadora/ PMN) e Afonso Manoel (deputado estadual/ PMDB).
O jornal afirma ainda que “O parlamentar foi procurado inúmeras [sic] ao longo da semana pela reportagem de O Imparcial para falar sobre o assunto, mas não quis se manifestar sobre o assunto [sic] em nenhum momento, sempre colocou a sua assessoria de imprensa para responder aos questionamentos [sic], os quais não foram respondidos em relação as [sic] críticas feitas a [sic] imprensa e ao imprenso [sic]”.
Só para lembrar: Jean Wyllys esteve em São Luís sexta-feira passada (28), ocasião em que participou de coletiva de imprensa na Quitanda Rede Mandioca e de Seminário Programático de Direitos Humanos de seu partido, no Sindicato dos Bancários.