Pitomba vai botar a banca no Sebo no Chão

A banca da Pitomba

Depois do sucesso do lançamento coletivo de ontem (11) no Chico Discos, a editora Pitomba vai botar a banca no Sebo no Chão: domingo (15), a partir das 19h, na praça da Igreja do Cohatrac, Bruno Azevêdo, Celso Borges, Jorgeana Braga e Reuben da Cunha Rocha autografam seus novos livros, respectivamente Baratão 66, O futuro tem o coração antigo, A casa do sentido vermelho e As aventuras de Cavalodada em + realidades q canais de tv.

Na ocasião haverá ainda o tradicional comércio de livros organizado por Diego Pires, exibição do filme Luises – Solrealismo maranhense, do coletivo Éguas, além de apresentações musicais de Acsa Serafim, Sfanio Mesquita e Tammys Loyola.

No Guesa Errante (Jornal Pequeno) de sábado passado (7) escrevi sobre As aventuras de Cavalodada em + realidades q canais de tv. Continue Lendo “Pitomba vai botar a banca no Sebo no Chão”

Pitomba neles!

POR FLÁVIO REIS

A primeira vez que ouvi falar em Pitomba como nome de uma editora foi mais ou menos há cinco anos. Era uma reunião entre amigos, inclusive livreiros, sobre a organização de uma editora e Bruno Azevêdo, que tinha ideia semelhante, foi contatado, aparecendo já com a sugestão do nome Pitomba, que causou estranheza geral. Achei até bom para os textos que ele fazia, bastante influenciados pela linguagem dos quadrinhos, mas ruim para os livros que tínhamos em mente publicar de imediato, sobre São Luís e o Maranhão. O projeto da editora “séria”, entretanto, gorou muito cedo. A obsessão de Bruno com a Pitomba, felizmente, não.

Conseguiu, então, um logotipo canalha para o selo, uma pitomba que é também uma bomba, expressando de forma bem inteligente a dupla face da coisa, e começou a publicar livros e outros materiais. Os livros sempre trazem seis tópicos colocados como manifesto, programa ou algo similar, ou talvez apenas uma grande tiração com isso tudo, afirmando que a palavra “não é palavra, antes de ser ouvida” e, se há de ser dito, “que seja dito com cacófatos e microfonias, pra que, assim, quem ouça também diga” (…) “porque a informação não se pertence e a posse de ter é a posse de dar e é essa posse que reivindicamos”. No resumo, “porque para além do caroço, que é quase tudo, existe a casca, que se quebra, e existe a polpa, que se quer: pitomba!” Sacou?

Pois é, muita gente sempre torceu o nariz pra esse “manifesto” da Pitomba, mas ele continuou lá. Nesse tempo ainda inicial, Celso Borges voltava de São Paulo, após vinte anos, enquanto Reuben da Cunha Rocha fazia o caminho inverso, não sem antes eles se cruzarem, resultando na invenção de uma revista sem periodicidade ou critério de classificação. Decidiram embarcar no nome e na tirada do logotipo e batizaram a nova cria com o mesmo nome da editora.

Nascia a Pitomba, uma revista fora do sério, pra provocar e avacalhar, na trilha da literatura, das artes, mas num clima underground, de liberdade e doideira, que aqui sempre é difícil. Nada muito sofisticado, apesar da elaborada e agressiva diagramação, nem de bairrismos, nordestinismos e outras baboseiras, tão comuns em publicações regionais, apesar de trazer em seu cerne um princípio corrosivo que se volta diretamente contra a antiga cultura ateniense e contra a exaltação publicitária da cultura popular.

Material cru, pra saborear com sangue: poesia variada (da boa e da ruim, quem sou eu, hein), traduções, frases-bomba, desenhos malucos, fotografias, quadrinhos, novelas, fotonovelas, pornografia variada, sátira política, crítica cultural e o que mais pintar. Em quase três anos e apenas cinco números lançados, acredito que este seja um caso muito estranho em que nem os editores nem os (poucos) leitores parecem saber ao certo do que trata mesmo a revista e até o que esperar dela. Justamente aí, no entanto, reside o melhor da coisa. Existe uma diferença entre a editora e a revista, a primeira saiu da cabeça de Bruno e é dirigida por ele, a segunda, não. Mas uma é a cara da outra na disposição anárquica, no traço de caravana.

Pitomba não chegou a se configurar como “movimento” ou “coletivo”, é bem menos complicada, nem tem objetivo claro ou programa é, antes, fruto de uma f(r)icção de individualismos, que se estimulam e energizam no coletivo. Talvez se resuma mesmo apenas a um “estado de espírito”, uma caravana aberta aos acasos, onde ressoa a necessidade urgente de acelerar a destruição de determinadas ideias canonizadas sobre cultura e literatura, num lugar onde estes termos tornaram-se sinônimos de tombamento,  de exaltação vazia. Para isto, apostaram decisivamente na estratégia do atrito. Como disse Celso em entrevista: “eu acho que tem que manter o atrito, é uma característica da revista. Isso a gente não tem que abrir mão, nem é essa coisa do atrito, é a coisa da irritação mesmo”.

Na cultura da afirmação e do elogio em que vivemos, mergulhados na sedação da mediocridade, a estranheza e o incômodo que a revista pode causar se traduziu apenas no silêncio, no desconhecimento puro e simples. Nada de espantar, Narciso só repara nos seus próprios movimentos e na situação atual da cidade, quatrocentona em estado terminal, não consegue esboçar mais nenhuma reação senão aos clichês do próprio espetáculo.

Entretanto, tal reação (ou ausência de) nunca mudou nada na determinação dos editores, na lógica radical explicitada por Reuben: “nós não temos apoio, portanto faremos”. É um caso de combinação, de articulação entre o individual e o coletivo, de pulsações que se encontram na mesma pegada. Sem a diagramação, a anarquia e a putaria de Bruno, a revista perderia sua linguagem mais atual e desconcertante; sem Celso, a cara da poesia, sua capacidade de misturar códigos e, principalmente, a disposição de juntar, a revista sequer existiria; e sem Reuben, perderia na crítica cultural, feita diretamente ou através de traduções que são também finas transposições de situações, reflexões, e na experimentação, ou seja, perderia em densidade e aventura, risco.

No geral, um não gosta de poesia, enquanto outro não vive sem ela, nem se sente à vontade com os quadrinhos e outro transita mais facilmente entre estas linguagens; um gosta de brega, outro é roqueiro de raiz, mas aberto, ouve de tudo, enquanto outro anda garimpando todo tipo de experimentalismo e doidice sonora. No fundo, eles terminam se encontrando na eletricidade do rock e na firme disposição em embaralhar e ampliar o escopo do que seja literatura, sem nenhuma preocupação com convenções, prêmios, público, nada.

Pra fazer a revista, não é fácil, é uma briga. Segundo o depoimento dado em entrevista preciosa ao Vias de Fato, feita por Zema Ribeiro e Igor de Sousa, Celso precisa tocaiar Bruno e “hostilizá-lo” para a coisa começar a sair do papel e das ideias para o computador. Recolher o material nem é tanto o problema quanto traduzir isso tudo em forma gráfica, em diagramação. O processo costuma ser mais fácil quando está presente o ponto de união entre os extremos, Reuben. Mas ele mora longe, tornando o lance mais complicado. Foi o que vimos neste segundo semestre. Celso, envolvido com várias coisas, não obteve êxito na tocaia e Bruno conseguiu escapar, colocando todos os esforços no Isabel Comics! ano II, no Baratão 66 e outras iniciativas da editora Pitomba. Era muito difícil mesmo a missão de Celso, mas agora ele terá a ajuda de Reuben para tocaiar e prender Bruno, o passo decisivo para a elaboração da Pitomba.

Não tem a revista no final do ano (e que ano intenso!), mas tem uma festa de arromba da editora nesta quarta 11/12, no QG de quase todas as experiências de doideira que tem rolado nos últimos anos por aqui, o Chico Discos. É a Pitomba espocando pra valer, lançando de uma tacada mais quatro publicações de seu já variado catálogo, que até agora comporta quadrinhos, “novela trezoitão”, poesia, ensaios, “romance festifud”, e experiências para além de qualquer classificação.

É o caso do livro de Reuben, As Aventuras de Cavalodada em + Realidades Q Canais de TV, o mais louco dos novos lançamentos.  Manipulando principalmente o aforismo e outras formas fragmentárias, como o anúncio, a citação, a colagem, no ritmo da escrita sintética das redes, saturada de visualização e sonorização, o livro destila veneno pra todo lado, numa percepção ácida e virulenta da cultura do espetáculo e da brutalização do cotidiano. Respira e transpira todo o clima de insurreição cultural que já se insinua claramente em certos círculos da moçada mais criativa das cidades.

Em movimentos rápidos, toca em temas como circulação e apropriação dos espaços urbanos, através de figuras tão inesperadas como o mijador de rua e o skatista; a crise dos sistemas de signos, através do pixador (assim mesmo), “cavalo das ruas”, o anunciador do “estado da escrita na realidade onde vivemos”; ou as relações entre diamba e bruxaria, vale dizer, entre a maconha e experimento de sensações, a questão crucial da alteração da percepção num mundo de sobrecarga visual e atrofia de sensibilidades.

As Aventuras de Cavalodada estão carregadas da experiência urbana contemporânea, da redefinição da relação com o espaço, buscando discernir a “camuflagem superposta da comunicação das ruas”. Tenta mesmo fundir novamente cidade e literatura, na esteira dos modernistas mais radicais, e neste sentido é texto complexo, um grito contra o “pensamento pobre” e o “pensamento conveniente”. Pode até ser lido como pura curtição, mas, no fundo, é de leitura densa, na leveza enganosa da colagem de curiosidades ou reflexões ditas de maneira extemporânea.

Depois de alguns trabalhos publicados, entre eles o incrível O Monstro Souza, seguramente um dos retratos mais cruéis e cômicos já feitos da cidade de São Luís, realismo fantástico do século XXI, Bruno traz à luz o Baratão 66 (ou 69, depende da hora), uma novela em quadrinhos, misturando erotismo, sátira e crítica de costumes, ao seu estilo. Agora, no entanto, aparece mais afiado, com o controle maior do ritmo e do entrelaçamento das partes da narrativa, feita em camadas que se revelam aos poucos, como um saco infindável de surpresas.

 Este é um traço em que ele vem caprichando, principalmente com a experiência de A Intrusa, novela erótica em 12 capítulos, publicada originalmente como folhetim no jornal alternativo mensal Vias de Fato e também já disponível em forma de livro pela Pitomba. O enredo, desta vez, se desenrola numa casa que, durante o dia, funciona para depilação, cuja especialidade são os desenhos nos pelos pubianos, o Baratão 66; e, durante a noite, transforma-se num puteiro, o Baratão 69, onde se aceita tudo, menos “fazer cu fiado”.

Bruno fala da sacanagem e dos puteiros como traço identitário do maranhense e satiriza um futuro reconhecimento como patrimônio da cultura, através da instalação da Casa de Cultura Baratão 66. A trama é cheia de surpresas, envolvendo Francinete, a dona do bordel e seus ataques com as lembranças do marido, suas filhas e a ambição de deixarem a vida de puta, o porteiro apaixonado pelo padre, mas com obrigação de comer a velha matrona, o representante da Piu-Piu, franquia de desenho de boceta e o governador, sonho de dez entre dez putas do Baratão que almejam algum golpe na dureza da vida.

A edição é cuidadosa e os desenhos de Luciano Irrthum são um ponto alto, onde afinal se materializa todo o tom de excesso da trama. O livro saiu com duas capas diferentes, à escolha do freguês e é repleto de detalhes gráficos. Tem ainda um posfácio escrito por quem entende do riscado. Enfim, uma beleza, presentão de natal, “quadrinhos para toda a família!”.

O pacote traz também o livro de Celso Borges, O futuro tem o coração antigo, uma experiência com “poemas fotográficos” e imagens do centro antigo, em fotografias tiradas por alunos do Curso Técnico em Artes Visuais do IFMA, utilizando um dos métodos mais antigos, sem lentes, com câmeras feitas à mão, com latas ou caixas, um furo em um dos lados e um pedaço de filme no outro. É o método pin hole, criando imagens não muito nítidas e que podem sofrer deformações ou alterações variadas, dependendo do formato das caixas e do tempo de exposição do filme à luz.

O resultado é um encontro conflituoso do poeta consigo mesmo e com a cidade, numa superposição de suas metamorfoses, em que os tempos se embaralham e a poesia tornada palavra-imagem e palavra-som (o trabalho se completa com o vídeo, feito em colaboração com Beto Matuck) se volta sem melancolia ou saudosismo, mas não sem saudade, para uma cidade que, numa palavra, simplesmente morreu, não existe mais. A edição, como sempre nos trabalhos de Celso, é caprichada, o texto todo datilografado numa máquina Hermes, criando um detalhe estético forte associado à questão do tempo, papel de primeira, textura em preto e branco, formato retangular, capa dura. Um luxo.

Tem ainda um romance que é a estreia de Jorgeana Braga na prosa, A Casa do Sentido Vermelho, ela que tem um livro de poesia publicado na Pitomba. Este ainda não li, vou adquirir no lançamento, mas já comecei a gostar pela capa, sem contar o que ouvi falar acerca da beleza de sua escrita. A conferir.

Enfim, com site na rede, um cartel de cerca de dez publicações (já com material fora de catálogo), uma caixa de madeira novinha pra venda ambulante e, principalmente, muita irreverência e disposição para chutar o pau da barraca, a Pitomba está em festa e justa celebração, literalmente “cuspindo os caroços”. Editora, revista, espaço de criação, base de lançamento… É Pitomba neles!

De quatro é mais gostoso

A lua, a data e o catálogo da Pitomba são crescentes. 11/12/13. Noite. Chico Discos. Quatro autores, Bruno Azevêdo (Baratão 66, com Luciano Irrthum), Celso Borges (O futuro tem o coração antigo), Jorgeana Braga (A casa do sentido vermelho) e Reuben da Cunha Rocha (As aventuras de Cavalodada em + realidades q canais de tv), autografam seus novos livros, a estreia, no caso do último.

Se liguem: dia onze, mês doze, ano treze. Sacaram? “O gato preto cruzou a estrada/ passou por debaixo da escada”. Antes isso que ficar em casa nessa data. Pra quem não for, nunca a frase “azar o seu” fez tanto sentido.

Apareçam! Encontrem conhecidos e desconhecidos. Conversem. Bebam. Tirem gosto com queijo e azeitona. E principalmente: comprem e leiam os livros, que estão lindos por fora e por dentro.

Mais sobre cada um digo depois (sobre o de Celso eu e Flávio Reis, autor também publicado pela Pitomba, já dissemos). De aperitivo, deixo-lhes as capas.

Esse sai com duas capas. A outra vocês conhecerão no lançamento
Poesia de Celso Borges vem embalada em registro fotográfico da cidade fora do convencional
Segundo livro da poeta, que estreia no romance
Entre a poesia e o manifesto, a estreia de Reuben da Cunha Rocha

Isabel, cômica

Isabel faz pose enquanto autografa um exemplar do álbum de retratos inventado por seus pais

O escritor Bruno Azevêdo e a jornalista Karla Freire escolheram uma forma nada convencional – mais que isso, uma forma genial – de documentar os primeiros anos de sua filha, Isabel: fotografando-a e criando histórias.

Ontem, na Livraria Leitura (Shopping da Ilha), aconteceu o lançamento de Isabel Comics! – ano dois [Pitomba, 2013, 54 p., R$ 20,00], que reúne tiras do segundo ano de vida da criança mais famosa de São Luís.

Os pais, autores de, entre outros, O Monstro Souza – romance festifud [Pitomba, 2010, 244 p., esgotado] e Onde o reggae é a lei [Edufma/ Pitomba, 2012, 304 p., R$ 45,00], respectivamente, passaram boa parte de seu tempo, nos últimos dois anos – que Isabel completou em março passado –, fotografando, escrevendo e montando as histórias mui engraçadas de sua filha.

A capa já entrega a sapequice – existe essa palavra? – da guria, ao desafiar a ordem estabelecida, tentando subir em um escorregador justo no lugar em que se deveria descer. Não se pode ser herdeira de Bruno e Karla impunemente.

Bruno Azevêdo é um quadrinhista que não desenha. Em Isabel Comics!, ele e sua esposa também são atores na fotonovela cuja personagem principal é sua filha, com pontas do Gato Marreco – um agente secreto aposentado – e de alguns parentes e amigos. Fotografam-se uns aos outros e recheiam as histórias de referências a alta e baixa cultura, distinções que aqui nem fazem sentido (e fazem nalgum lugar?).

Estão lá A Galinha Pintadinha, as “tias” da creche, o mar cheio de merda da Ilha capital (uma das páginas preferidas deste blogueiro), o sorveteiro Quantos – sucesso absoluto (há “quantos” anos?) pelos corredores da UFMA, onde os pais de Isabel cursaram graduações e mestrados –, Tony, o Troninho, a nutricionista (recomendando em alto e bom som “Mocotó pra Missu!” – seu apelido), Bob Esponja, South Park, Star Wars e os Backyardigans – “Biardigans”, na pronúncia de Missu. Sobra até mesmo para o sociólogo Pierre Bourdieu e o diabo – sim, o capeta, imortalizado em uma parede do Desterro, bairro do Centro Histórico ludovicense, e agora em uma página de Isabel Comics!.

Algumas histórias do álbum podem ser vistas no perfil da publicação no Facebook e no blogue do pai. A quem ainda não sacou o sorriso de Bebel fazendo-nos sorrir, se liguem: este ano dois é o último da publicação deste álbum de fotografias, pois como advertem os pais numa espécie de bilhete de abertura, “não queremos que você cresça como um personagem de gibi”. Será mesmo que não rolaram umas sobras?

Dica: três quadrinhos charmosos

Compartilho com os poucos mas fiéis leitores três publicações que me chegaram recentemente às mãos. São quadrinhos charmosos, independentes, de bolso e a preços justos. Infelizmente não são encontrados em qualquer banca de revista – embora mereçam ser mais populares –, mas podem ser adquiridos pela internet, direto com os autores.

Onde meu gato senta, de Pedro Leite: ele tira onda de si mesmo, como todo bom humorista deveria saber fazer. Zoa dizendo que é considerado um dos maiores desenhistas do Brasil, pelo fato de ter mais de dois metros de altura. Mas ele é realmente bom. O livro [2012, 57 p.] é sobre a mania que gatos, donos de tudo, inclusive de seus donos, têm de encontrar o lugar mais inapropriado e se instalar. Em cima do jornal que leio sobre a mesa, dentro da mala que arrumo, sobre o teclado do computador justo quando estou digitando e tantas outras situações por que quem tem gato – ou gata, Pagu, no meu caso, veja-a curtindo meu exemplar – certamente já passou.

Quadrinhos ácidos, zine de Pedro Leite e Leandro Difini: uma série de tirinhas que faz piada com nosso cotidiano besta. Diz umas verdades e pisa nuns calos. É melhor não presentear aquele amigo que gosta de Big Brother com ele, por exemplo. Os quadrinhos fazem jus ao nome.

Tension de la passion, vol. 1 [Beleléu, 2013, 36 p.]: este livreto cor de rosa é obra coletiva. Diversos artistas do traço interpretam o seguinte mote erótico: “A noite me envolvia quando François apareceu, misterioso e sedutor/ nossos corpos trêmulos se tocaram/ no estupor do momento, perdi a razão/ nunca mais o vi, jamais o esqueci”. Comparecem às páginas Daniel Carvalho, Daniel Lafayette, Eduardo Arruda (ilustrador de A intrusa, de Bruno Azevêdo), Eduardo Belga, Elcerdo, Koostella, LTG, Mateus Acioli, Pablo Carranza, Rafael Campos Rocha, Rafael Sica e Stêvz (autor do texto mote).

Desejos de pai

Para Bruno e Reginho, grávidos, pais um pouco diferentes dos retratados nas tiras acima. Do Allan Sieber, que estará na 7ª. Feira do Livro de São Luís, debatendo “quadrinhos e transgressão”. Autor de quadrinhos, cartunista e diretor de animação, como se define no currículo, publica tiras na Folha de S. Paulo.

Proscritos no Dia do Quadrinho Nacional

Certamente intencional a escolha da data de hoje para Beto Nicácio lançar seu mais novo álbum. Proscritos chega ao mercado logo mais às 19h, na Galeria do SESC Deodoro, quando o autor distribuirá sorrisos e autógrafos e discutirá O quadrinho no Brasil: produção e mercado, tema da mesa que precede o lançamento em si, que ele dividirá com Bruno Azevêdo, Iramir Araújo, Rôm Freire e Zilson “Zeck”, nomes sempre lembrados em se tratando de uma cena local de HQs.

No lançamento o livro será vendido por 30 reais e haverá ainda coquetel e sorteio da promoção realizada no blogue de Proscritos.

Abaixo, a homenagem de André Dahmer à classe.

A volta de Luiz Gê

A Paulista é a avenida mais importante da maior cidade do Brasil. Av. Paulista [Companhia das Letras/ Quadrinhos na Cia., 2012, 88 p.], de Luiz Gê, é um profundo retrato do corredor, espécie de miniatura do mundo.

Surgiu de encomenda, em 1991, quando a história foi publicada na extinta Revista Goodyear, distribuída apenas para clientes, que naquele dezembro levaram-na ao recorde de 30 mil pedidos.

Fruto de extensa pesquisa de Gê, os quadrinhos contam a história da via que lhe dá título, desde sua fundação até os dias atuais – 20 anos depois, ganhou atualizações nos textos e mais páginas com desenhos.

Os quadros se mesclam a textos que funcionam como um guia, conduzindo o leitor a um passeio não só pela paisagem, mas pela história da avenida, fugindo do óbvio e do rigor acadêmico: Av. Paulista é também uma análise de sua “evolução”, sem poupar críticas ao conservadorismo de sua fauna e à especulação imobiliária, pragas contemporâneas.

Por isso falamos em miniatura do mundo: todos já ouvimos falar e de algum modo fomos atingidos por expressões como capitalismo, globalização, neoliberalismo, crise e FMI, temas que também passeiam pelo traço fino e crítico de Luiz Gê, nome menos conhecido do que deveria.

Talvez por que ele, arquiteto, doutor em Comunicações e Artes, professor universitário, tenha feito um monte de outras coisas, além de quadrinhos, a que Av. Paulista marca sua volta triunfal: foi um dos editores da saudosa Circo – um dos maiores sucessos dos quadrinhos nacionais, chegando a vender 40 mil exemplares mensais em bancas –, desenhou as HQs que inspiraram Clara Crocodilo (1980) e Tubarões Voadores (1984) – os discos mais conhecidos de Arrigo Barnabé – e foi roteirista do infantil global TV Colosso.

À pesquisa para a realização de Av. Paulista se mistura a ficção, em que prédios ganham e perdem vidas, onde não se sabe o que é glória e decadência, passado e futuro. Mais ou menos como diria o poeta: “a arte existe por que a vida não basta”.

Pitomba! no Chico Discos

 

Nesta quinta-feira (15) o Papoético cede seu espaço semanal ao lançamento do número 4 da revista Pitomba!, editada por Bruno Azevêdo, Celso Borges e Reuben da Cunha Rocha.

Jornalismo

Qualquer semelhança com o jornalismo cometido pela maioria absoluta de nossos jorna(l)is(tas) não é mera coincidência.

André Dahmer, gênio!

Reinventando a resenha

Criança, sempre ouvi dizer que “remédio de doido é doido e meio”, dito popular em que você pode substituir o doido por qualquer palavra que dá certo. Por exemplo, excêntrico.

Bob Dylan proibiu a presença de jornalistas e fotógrafos nos shows que fez recentemente pelo Brasil, exigência sem sentido num tempo em que (quase) qualquer pessoa que bloga “pode” ser um jornalista e que qualquer celular que não o meu fotografa. A gente troca por excêntrico ou deixa o doido mesmo no ditado?

Não googlei, mas devem ter pipocado na internet milhares de textos relatando a experiência, (ainda) inédita para este que vos enrola antes de ir ao que interessa, de ver um show do Bob Dylan. Jotabê Medeiros (sempre ele!) havia postado em seu blogue uma foto feita por sua mulher, que foi pega pelos seguranças e liberada após não encontrarem a imagem em sua câmera, sei lá por que, apagou depois.

Rafael Grampá foi ao show e nos conta o que viu:

Tomei emprestado daqui. Lembrar o Cohen foi lindo, que disco idem esse novo, Old Ideas…  assunto para outro post.

Lançamento duplo no Papoético

Dyl Pires lança O perdedor de tempo, reunião de poemas, e Bruno Azevêdo e Karla Freire lançam a reunião de fototiras que “conta” o primeiro ano de Isabel, filha do casal (abaixo, na foto que traz detalhes sobre os lançamentos, clica que amplia!, pai, filha e o gato Marreco, personagem das fototiras), Isabel comics! – ano I, mais detalhes aqui em breve.

Adão

“Intelequituais” ufanóides continuam “vendendo” São Luís como Athenas Brasileira enquanto a cidade fecha, uma a uma, suas livrarias e a gente encontra inúmeros exemplares deste personagem de Adão a qualquer hora, em qualquer shopping center, que abrem (mesmo inacabados), um a um, violando legislações ambientais e sem trazer novas livrarias entre suas lojas.