
Certa vez perguntei ao compositor e jornalista Cesar Teixeira sobre fama. “Fama é o feirante te chamar pelo nome”, respondeu com a sinceridade e modéstia que lhe são peculiares.
Por dever de ofício lido com famosos, com o constante exercício de não me deixar isso subir à cabeça (eles são famosos, eu não). Mas hoje tive meu dia de VIP.
Entrei para almoçar, já tarde, num restaurante que frequento há mais de 20 anos. Meu prato predileto já havia acabado. Pedi uma bisteca frita, ditei os devidos acompanhamentos e sentei-me a esperar, enquanto esposa e enteada, após também fazerem seus pedidos, aproveitaram o mormaço ludovicense para visitar uma loja de variedades quase vizinha.
A comida chegou, avisei-as por mensagem, enquanto a garçonete servia. Já estava traçando a bisteca quando Dos Anjos – o sobrenome uma redundância: ela é o próprio anjo, com mãos de fada – adentra o salão com mais uma cumbuca, deposita sobre minha mesa e diz: “come este assado, que eu sei que tu veio procurar por ele”.
A porção de assado com molho não serviria uma refeição, mas ela não só sabe e lembrou de minha predileção como me garantiu o prazer gastronômico. Pança cheia, já me dava por satisfeito, levanto para ir ao banheiro e ouço a pergunta dela: “vai querer pudim?”. “Ouvi dizer que não tem”, respondi e fui desmentido. E haja pudim de sobremesa.
Dona Ana está viajando, ela me informou quando perguntei pela proprietária da Pousada Cristo Rei, que segue em boas mãos durante o passeio e descanso da chefa. Seu assado de panela e pudim de leite estão entre os melhores do mundo.
Como já disse Xico Sá: uma das maiores alegrias de um homem é chegar a um bar ou restaurante e ser saudado pelo garçom com um “o de sempre, doutor?”.
Os compromissos da tarde me chamavam, se não era capaz de eu ter ido sentar no sofá para ver o telejornal e talvez ainda estar lá, cochilando até agora, essa crônica esperando por ser escrita.
A quem interessar possa: a Pousada Cristo Rei fica na Rua das Crioulas, Centro (entre Santana e Domingos Barbosa).
