Aos poucos, Jurema vai revelando “Florestas”, seu novo álbum

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A cantora e compositora Jurema - foto: Evandro Teixeira/divulgação
A cantora e compositora Jurema – foto: Evandro Teixeira/divulgação

Com três singles lançados, quarto álbum da cantora e compositora baiana, previsto para agosto de 2025, reflete temas atuais e entrecruza áreas de interesse e formação da artista

POR ZEMA RIBEIRO*

A cantora e compositora baiana Jurema está trabalhando em um novo álbum, provisoriamente intitulado “Florestas”, cujas faixas serão conhecidas mensalmente até agosto do ano que vem.

O trabalho entrecruza diversas áreas de interesse e formação da artista, também historiadora e advogada, com atuação prioritária em causas ambientais, mas está longe de ser monotemático ou panfletário.

O primeiro single, lançado ainda no ano passado, é “Somos Onça”, poema de Micheliny Verunschk musicado por Chico César – o contato entre ambos, amigos de Jurema, se deu por inciativa da artista.

A ele seguiram-se os recém-lançados “Lamento Sincero”, do chileno Jorge Solovera, cantada em espanhol em dueto com ele, que também produziu a faixa, e “Americano Nagô”, de Diego Moraes, produzida por Léo Mendes, que Jurema interpreta em duo com Marcos Vaz, parceiro desde “Batuque de Canoa” (2002), seu álbum de estreia, em que é acompanhada pela banda Zero à Esquina, com que começou a trilhar os caminhos da música quando ainda vivia em Salvador – a artista está radicada em São Paulo atualmente.

"Lamento Sincero" - single/ capa/ foto: Jorge Bispo/ reprodução
“Lamento Sincero” – single/ capa/ foto: Jorge Bispo/ reprodução

“Somos Onça” teve produção de Érico Theobaldo e cordas de Webster Santos. Em “Lamento Sincero” e “Americano Nagô” Jorge Solovera e Marcos Vaz gravaram todos os instrumentos, respectivamente.

Vai se desenhando um álbum bonito, diverso e sincero refletindo questões urgentes de nosso tempo. “Somos Onça” transita entre a Amazônia, o Pantanal e sua fauna em espertos jogos de palavras. Radicado na Bahia há mais de 20 anos, a canção de Jorge Solovera reflete sua relação com a morte: o artista nasceu sob a égide da ditadura de Augusto Pinochet (1915-2006); e “Americano Nagô” joga luz sobre a bipolaridade dos séculos XX e XXI, trazendo a via do diálogo e da diplomacia no lugar da guerra.

O próximo single de “Florestas” a chegar às plataformas digitais é a releitura de Jurema para “Saga da Amazônia” (Vital Farias), em setembro.

*ZEMA RIBEIRO é jornalista. Produz e apresenta o programa Balaio Cultural – em que já entrevistou Jurema –, aos sábados, das 14h às 16h, na Rádio Timbira FM (95,5). Escreve no Farofafá.

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Ouça os três singles:

Zeca, Baileiro

Há tempos digo e reafirmo: Zeca Baleiro é o maior trabalhador da música popular brasileira em atividade. Só este ano, já lançou o cd Era domingo, o dvd A viagem da família Zoró e o livro Quem tem medo de Curupira? [Companhia das Letrinhas, 2016, 80 p.; leia um trecho] – os dois últimos, respectivamente, videoclipes animados para 11 das 28 faixas do disco Zoró – Bichos esquisitos, que lançou há dois anos, e um livro com o texto da peça escrita para o grupo ludovicense de teatro amador Ganzola, no longínquo 1988, quando sequer tinha se mudado para São Paulo ou gravado seu disco de estreia [Por onde andará Stephen Fry?, 1997]. De temática infantil, dvd e livro foram lançados neste mês das crianças.

Justo no dia das crianças (12 de outubro) estreou, no Canal Brasil, sua mais nova empreitada: o programa Baile do Baleiro, que transita entre apresentações do maranhense com artistas convidados interpretando músicas autorais (dos convidados, no caso) ou alheias e os bastidores, em que aparecem o clima descontraído dos ensaios, os encontros de Zeca com as visitas e ligeiras entrevistas que ele faz com os mesmos, sobre suas referências e memórias musicais (e) afetivas.

O programa de tevê enquadra um formato de show que Baleiro apresenta há mais de uma década – quando passou pelo Maranhão teve como convidada a sambista Patativa, de quem ele viria a produzir Ninguém é melhor do que eu, seu disco de estreia.

Sem preconceito de estilo ou faixa etária participaram do primeiro programa a cantora Blubell e o soulman Hyldon, que fizeram bonito em músicas como o tango Bandido, dela, e as clássicas As dores do mundo e Na rua, na chuva, na fazenda (Casinha de sapê), ambas dele. Com ela, Baleiro dividiu Mamãe passou açúcar em mim (Wilson Simonal) – sozinho, ele abriu o programa com Segura esse samba, ogunhé (Osvaldo Nunes).

Cantadas sozinhas ou em dueto com o anfitrião, as músicas acabam convertendo-se em, além de festa, uma espécie de almanaque da música dançante (com inteligência) brasileira, a partir da revisitação a baús particulares e à grande tradição da canção popular, para usarmos termo parecido à justificativa da academia sueca em premiar Bob Dylan com o Nobel de Literatura – prêmio festejado tanto por Zeca Baleiro quanto pelo modesto repórter que ora lhes comenta seu novo programa.

Baile do Baleiro vai ao ar às quartas-feiras às 21h (horário de Brasília; hora local: 20h), com reprises aos sábados às 16h30 (no horário de verão) e às terças às 12h30 (idem). O segundo episódio, no próximo dia 19, terá como convidado Odair José. Em outros episódios Baleiro receberá ainda Edy Star, Guilherme Arantes, Jurema, Luiz Ayrão, Maria Alcina, Wado e Zizi Possi.

Veja o teaser do programa: