Brasília/DF, 21 de dezembro de 2025

Querida Vanessa,

te escrevo esta carta aberta para demonstrar minha gratidão. Há tempos eu não ia numa festa tão boa, tão bonita. Tudo no seu lugar. O Terraço Cultural do Ceprama, ambiente, mágico e inédito, até penso que deveria haver ali eventos periódicos (inclusive produzidos por ti). A música, você conseguiu reunir um time dos sonhos, você, Jorge Choairy, a Orquestra Guajajara com os crooners Romulo Marques e Adriana Bosaipo, além das participações especialíssimas e inspiradíssimas (sim, tudo merece superlativo) de Itaercio Rocha e Fátima Passarinho, e o Conjunto Madrilenus. Além da salva de Mestra Roxa e as Caixeiras do Divino. Não é qualquer festa. É Alvorada de verdade! Com direito a desfile da corte alvoradeira. Lindo, lindo, lindo!

“Minha festa” literalmente. Eu podia parodiar a parceria de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito: “organizaste uma festa para mim”, eu cantaria. Lembrando, grato, de todas as transformações recentes. 2025 foi um ano incrível e fechei-o com chave de ouro, graças também a ti. Levei meu cooler e comi a preço honesto, quesitos também importantes para uma festa. A decoração, impecável. Tudo.

Encontrei Capella ontem. No dia do Show Baile do Alvorada, fiquei aporrinhando: a festa está bonita, se não fosse o som, eu dizia e caíamos na gargalhada. Ontem, enquanto eu finalizava o Balaio Cultural e ele montava a parafernália para entrar no ar com o Reggae Praia na sequência da programação da Rádio Timbira FM (95,5), comentávamos o espetáculo que foi, em todos os aspectos. E ele tentava elencar problemas, disse que ele e você, com a cabeça de produtores, viam coisas que a gente não viu. Devem ser os famosos pelo em ovo ou chifre em cabeça de cavalo, porque eu tenho certeza que os presentes também não viram falhas.

Fiquei emocionado com o parabéns a você tocado por ti em vinil. Dancei adoidado com Diana — taí uma coisa que não é privilégio de tua festa: onde a gente vai a gente gasta a sandália bonito, que nem naquele poema de Chacal. Márcio Vasconcelos comentou numa foto, esta que ilustra este post, flagra de Pedro Amaral, em que aparecemos todos juntos: “Zema, o dançarino apaixonado e dono da noite!”.

O salão estava bonito e florido. O Show Baile do Alvorada foi literalmente uma extensão de teu programa, com mais tempo e contigo aliando (ainda mais) trabalho e diversão. Foi bonito também te ver dançando quando não estavas no comando do set.

Outra coisa que eu perguntei ontem pra Capella foi quando vai ser o Bloco dos Alvoradeiros. Ele disse que não sabe. Retruquei: bom, espero que não seja até 5 de janeiro, quando volto de viagem. Como quem nunca comeu melado quando come se lambuza, certas coisas, depois que a gente faz a primeira vez a gente não quer mais deixar de fazer. Não perderemos mais uma festa tua!

Acompanho com entusiasmo tua trajetória como dj, a rápida ascenção, o prestígio e o respeito de que tens gozado inclusive fora do Maranhão. Alie-se a isto a capacidade da produtora incansável e de vasta experiência: a receita está pronta e o resultado, lamento por quem perdeu. Sorte deles que outras oportunidades virão, espero que muito em breve.

Vida longa ao Alvorada! E obrigado pelo carinho, preferência e amizade de sempre!

Beijão,

Zema

Bloco dos Alvoradeiros congrega equipe e ouvintes do programa “Alvorada – Memórias e Paisagens Sonoras”

[release]

A jornalista e DJ Vanessa Serra comandará o Bloco dos Alvoradeiros no próximo dia 15 - foto: divulgação
A jornalista e DJ Vanessa Serra comandará o Bloco dos Alvoradeiros no próximo dia 15 – foto: divulgação

Como na letra de “Ponto de fuga”, clássico de Chico Maranhão, a jornalista e DJ Vanessa Serra trilhou “as retas mais curvas que o mundo tem” até consolidar o programa Alvorada – Memórias e Paisagens Sonoras no coração dos maranhenses. O programa é um sucesso, veiculado todos os domingos, às sete da manhã, na Rádio Timbira FM (95,5).

A ideia surgiu quando, em meio à pandemia de covid-19, ela teve que interromper o sarau Vinil e Poesia – que logo migrou, como quase tudo, à época, para o formato online. Não demoraria para Vanessa Serra inventar de acordar cedo aos domingos e botar seu público fiel para também fazê-lo, celebrando a cultura do vinil.

“O salão tá bonito, tá florido” é um bordão com que a DJ já é saudada por onde passa e é como ela cumprimenta a audiência, mandando alôs a quem ouve e assiste suas sequências tocadas em um set 100% vinil.

Com produção, pesquisa, seleção musical, roteiro e apresentação de Vanessa Serra e sonorização de Maurício Capella, o Alvorada teve início no canal da jornalista e DJ na plataforma Twitch.TV e simultaneamente pelo instagram. A live semanal estreou no primeiro domingo de maio de 2020, tendo recebido o convite para integrar a programação da Rádio Timbira quando a jornalista Maria Spíndola assumiu a direção da emissora, à época operando ainda em amplitude modulada. A estreia no dial aconteceu exatos quatro anos depois da primeira live, em 2023, também no primeiro domingo de maio. Com a migração para frequência modulada, o sucesso continua.

“Tudo que é bom dura pouco”, diz a famosa marchinha de carnaval. Vanessa Serra ousa contradizê-la em pleno pré-carnaval. Tudo que é bom merece continuar e merece celebração.

No próximo dia 15 de fevereiro (sábado), a partir das 15h, a Monalisa Cervejaria (R. V 13, 17, Parque Shalon) será o palco do Bloco dos Alvoradeiros. As atrações são a DJ Vanessa Serra e o grupo Os Timbiras – formado por músicos que são servidores da emissora: Maria Spíndola (voz), Luiz Barreto (voz), Leônidas Costa (violão) e Mariano Rosa (percussão), além de canjas especialíssimas e o lançamento da “Marchinha da Alvorada”, de Tutuca Viana, outro alvoradeiro sempre de plantão.

O Bloco dos Alvoradeiros, que congrega a audiência cativa do programa, terá Rose Carrenho como porta-estandarte e Paulinho Durans como mestre-sala.

O vesperal tem apoio cultural da Rádio Timbira FM, Metalúrgica Kiola e Capella Sonorizações. O couvert artístico individual custa apenas 15 reais. Vista sua fantasia, leve sua alegria e não perca o Bloco dos Alvoradeiros!

Do bar ao vinil

[release]

Ao longo de um ano de “Vinil & Poesia”, a dj Vanessa Serra reuniu a nata da música e poesia produzidas no Maranhão; o resultado pode ser conferido no elepê que leva o nome do projeto

Vinil & Poesia. Capa. Reprodução

Em dezembro do ano passado, em casa de nome mais que apropriado, o Cazumbá Lounge, na Lagoa, a dj Vanessa Serra estreou seu projeto “Vinil & Poesia”, aliando duas paixões.

Já era uma dj consagrada, apesar do pouco tempo de estrada. Jornalista de formação e produtora de profissão, só começou a levar a discotecagem a sério em 2016. Sem firulas, como escrevi em seu release oficial, que tive a honra de escrever a pedido.

Não me peçam impessoalidade: fui o primeiro a subir àquele palco, recitando Paulo Leminski e Marcelo Montenegro, dois poetas de minha predileção, e é impossível não lembrar disso com emoção.

Além dos vinis de seu ofício, Vanessa Serra havia levado uns livros, priorizando autores e autoras maranhenses, instigando o público a participar. O que no início tinha jeito de brincadeira, tomou ares sérios, mas não ficou algo careta. Às quartas-feiras, a tertúlia semanal começou a receber poetas e músicos como convidados, para canjas ao vivo, durante o set da dj.

Aí veio a pandemia. O isolamento social. O lockdown. As inúmeras lives que foram/fomos inventando e reinventando para suportar a saudade da vida social, de ir ao bar, de jogar conversa fora, de ouvir boa música nas companhias de amores e amigos. Entre elas o “Vinil & Poesia”, que Vanessa Serra nunca deixou de fazer, mesmo quando foi obrigada ao formato online.

Somente recentemente, com a liberação de eventos de pequeno porte, observadas as normas de segurança sanitária vigentes, ela voltou a realizar o evento ao vivo, a partir do Cazumbá Lounge.

O projeto já era vitorioso ao estimular o diálogo entre música de qualidade e tirar a poesia do lugar solene da página do livro e levá-la ao bar, para ser dita e ouvida por gente atenta, curiosa e esperta. Gente antenada, enfim. Mas uma vitória de um a zero é menos gostosa que uma goleada e Vanessa Serra marca mais um golaço: 14 participações de artistas nas noites do “Vinil & Poesia” estão registradas em um disco de vinil. É luxo só, como diria o poeta.

“Vinil & Poesia” é uma realização de VS Comunicação e Cultura, com patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. Gravado no estúdio Zabumba Records, reúne uma constelação de primeira grandeza da música e poesia produzidas em terras maranhenses.

Na ordem de aparição, Lúcia Santos diz seu poema “No umbigo da noite insana”; Célia Leite zabumba em “Pedras de cantaria” (parceria dela com Jorge Passinho, que faz participação especial na faixa); Mano Borges evoca os ares oitentistas da intensa produção musical maranhense daquela década em “Duas ruas desertas”, de sua autoria; “De São Marcos a São José” nos conduz, pelo sotaque, ao Vale do Pindaré, na parceria de Eloy Melônio e Josias Sobrinho, cantada por este; “Esse tu” é mais uma delicada amostra da parceria profícua de Celso Borges e Nosly, que a interpreta; “Tanto fogo” (Jorge Passinho/ Inaldo Lisboa/ Maninho Quadros), interpretada por Dicy, com participação especial de Santacruz, mete o dedo em ferida atualíssima da tragédia brasileira; César Nascimento cantando o xote “João do Vale, minha homenagem”, de sua autoria, fecha o lado A do disco.

O lado B abre com a voz de Celso Borges em seu poema/toada hi-tech “Tambor de crioula”; “Chovia no canavial”, com que Zeca Baleiro presenteou o projeto, ganha interpretação especial do grupo As Brasileirinhas; o multifacetado Jorge Thadeu comparece com “Guajajara”, de sua autoria; “Ventre livre”, de Luís Du Rosário, é a bela estreia em disco de um artista que não encarou a música como profissão, apesar do imenso talento; Gerude relê o clássico “Jamaica São Luís”, parceria sua com Cyba Carvalho; Betto Pereira comparece ao disco para além da embalagem: canta o reggae “Nação vibration”, parceria sua com o jornalista Gilberto Mineiro; e Tutuca Viana fecha o álbum com a balada “Luz de neon”, que escreveu em parceria com João Marques.

A riqueza deste álbum está no atrito entre poesia e música, para além da leitura de poemas com fundo musical e da pergunta mofada “letra de música é poesia?”, num diálogo estimulante entre gêneros, gerações e a diversidade da cultura popular do Maranhão, ao mesmo tempo plural (pela variedade) e singular (certas coisas só existem por aqui).

“Aqui conseguimos reunir um belo roteiro de canções… Acordes e versos, palavras e tons, memórias profundas, alimento para a alma da gente… “Vinil & Poesia”, de fato, é uma imensidão de sentimentos… É coletividade, pertencimento, entrega e amor”, sintetiza a jornalista, dj e produtora Vanessa Serra em texto na contracapa do elepê.

Ela assina a concepção do projeto e direção geral, que tem direção técnica de Maurício Capella (companheiro de arte e vida), direção artística de Luiz Cláudio, direção musical de João Simas, produção executiva de Suzana Fernandes e produção técnica de Joaquim Zion (seu padrinho no ofício da discotecagem). As artes de capa, contracapa e encarte são de Betto Pereira e o projeto gráfico é de Eric Félix. O álbum é dedicado “à memória, vida e obra de Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo (Maestro Nonato), Nonato Buzar, Papete e Gérson da Conceição”.

Muita gente procura o bar para espairecer e vai ao lugar certo. Outros afogam mágoas e também não estão no lugar errado. Alguns, no dia seguinte, querem esquecer o que fizeram. Vanessa Serra eterniza um momento bonito e importante, de um projeto frequentado por “gente fina, elegante e sincera”. Agora, mesmo quem não sai à noite, não frequenta bares ou não curte um drinque, pode levar “Vinil & Poesia” para casa. A inscrição “volume 1”, que lemos na capa do disco, já nos leva a responder, como naquele velho rock: mais uma dose? É claro que eu tô a fim.

Serviço – A live de lançamento de “Vinil & Poesia”, com a presença dos artistas que participam do álbum, será realizada dia 16 de dezembro (quarta-feira), às 20h, com transmissão simultânea pelos perfis da dj Vanessa Serra no instagram e youtube. O projeto é uma realização de VS Comunicação e Cultura, com patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc.