Após sucesso de Andarilho Parador, Djalma Chaves e Nosly levam turnê a municípios maranhenses

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Nosly e Djalma Chaves percorrerão 10 municípios maranhenses com Andarilho Parador. Foto: Fafá Lago

 

Após uma turnê de sucesso que percorreu Imperatriz/MA e as capitais São Luís/MA, Belém/PA, Brasília/DF, Fortaleza/CE e Teresina/PI, realizada entre o fim de 2015 e o início de 2016, os músicos Djalma Chaves e Nosly retornam à estrada com Andarilho Parador, show que reúne no palco estes dois talentosos e versáteis artistas.

Desta vez, Andarilho Parador percorrerá 10 municípios maranhenses. A nova turnê tem início já neste fim de semana, quando os artistas percorrem Timon (28 de abril, às 21h, no Bar Sertão de Dentro – Av. Jaime Rios, 370, Parque Piaui), Caxias (29 de abril, às 19h, no Completo Turístico Memorial da Balaiada – Av. General Sampaio, 297-339, Cangalheiro) e Bacabal (1º. de maio, no Sesi – Rua Frederico Leda, s/nº., Centro). Neste último o show integrará as comemorações pelo Dia do Trabalhador. Ao público recomenda-se a doação de alimentos não perecíveis, que serão destinados às vítimas das enchentes no Maranhão.

No show, Djalma Chaves (violão e voz) e Nosly (violão, guitarra e voz) percorrem suas trajetórias artísticas, relembrando grandes sucessos seus, de conterrâneos, e nomes consagrados da música popular brasileira. A banda que os acompanha é formada por Murilo Rego (teclados e vocal), Rui Mário (teclados e sanfona), Mauro Travincas (contrabaixo), Sued Richarllys (guitarra) e Fleming Bastos (bateria). A produção é de Tatiana Ramos.

Além dos três municípios deste fim de semana, até junho a turnê percorrerá ainda palcos em Barreirinhas, Pedreiras, Pinheiro, Rosário, Santa Inês e Vargem Grande, sendo encerrada em São Luís. Acompanhe a agenda na fanpage de Andarilho Parador.

“Estamos muito contentes em poder chegar, com este show, ainda mais perto do povo do Maranhão. Será literalmente uma grande viagem musical. João do Vale, um dos nomes lembrados no repertório, aprecia as paisagens numa viagem de trem numa conhecida música sua. Vamos fazer essa troca com o público: vamos apreciar essas paisagens que tanto nos inspiram e oferecer às plateias nossa melhor paisagem sonora”, comemora Djalma Chaves.

“Em time que está ganhando não se mexe. Em outros estados, outras capitais, a turnê Andarilho Parador foi exitosa. Estamos realmente muito felizes em poder proporcionar a nosso público querido estas apresentações, lembrando músicas nossas, de artistas conterrâneos, alguns nascidos em cidades pelas quais vamos passar, além, é claro, da alegria que é reencontrar estes parceiros de palco e vida, com quem tocar é sempre um enorme prazer”, completa Nosly.

O show Andarilho Parador toma emprestado os títulos dos discos mais recentes dos artistas: Andarilho, de Djalma Chaves, e Parador, de Nosly. A turnê tem patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar) e Secretaria de Estado da Cultura e Turismo do Maranhão (Sectur), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.

Turnê Andarilho Parador, de Djalma Chaves e Nosly, começa por Imperatriz/MA

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Show acontece sábado (14) no Imperial Shopping. Além do município maranhense, músicos percorrerão cinco capitais brasileiras: Teresina, São Luís, Belém, Brasília e Fortaleza

Foto: Fafá Lago
Foto: Fafá Lago

 

A expressão Andarilho Parador carrega em si aparente contradição. Trata-se da junção dos títulos dos mais recentes discos de Djalma Chaves e Nosly, Andarilho e Parador, respectivamente. Com o show, os músicos percorrerão seis cidades brasileiras em novembro e dezembro, lançando os trabalhos.

A turnê começa por Imperatriz/MA, no próximo sábado (14). Lá a apresentação acontece às 19h30, no Imperial Shopping (BR 010, s/n°., Jardim São Luís), com participações especiais de Karleyby Allanda e Lena Garcia, cantoras da cena local.

“Sou um andarilho por natureza, sempre o fui. Meu trabalho foi forjado nas andanças pelos palcos do mundo. Porém, todo andarilho tem sua parada para o descanso e nada melhor do que as harmonias e canções e a companhia de meu parceiro Nosly para tirar uma “siesta””, comentou Djalma Chaves sobre a apenas aparente contradição.

Como também atesta Nosly: “A contradição, se existe, é mesmo aparente [risos]. Andarilho, um ser que anda; parador, ser que viaja no trem Parador, que liga a estação Central do Brasil à Zona Norte do Rio [de Janeiro]. Ambos estão em movimento, moto contínuo [risos]. A gente achou muito legal essa coisa do antagonismo das palavras, daí deu a liga, os opostos se atraem, não é mesmo?”, revelou.

Recentemente os dois realizaram diversas apresentações em São Luís no projeto Djalma e Nosly Convidam, sempre com convidados especiais. A dupla já conta seis shows realizados no formato. “Esse convívio musical tem nos ajudado a alinhavar o repertório que apresentaremos em cinco capitais brasileiras, além da cidade de Imperatriz. Em São Luís investimos na formação de plateia para música de qualidade, sempre convidando algum nome de destaque da cena cultural local, o que continua fazendo parte desse encontro musical”, explicou Nosly. “Estes shows serviram como aprendizado e entrosamento com a banda que nos acompanhará na turnê”, concordou Djalma.

E que banda! Nosly (voz, violão e guitarra) e Djalma Chaves (voz e violão) serão acompanhados por Murilo Rego (teclados), Sued (guitarra), Mauro Travincas (contrabaixo) e Fleming (bateria).

O repertório de Andarilho Parador é baseado no dos dois discos que dão nome ao espetáculo. Além de composições de Nosly e Djalma Chaves, há espaço para reverências a artistas admirados por eles. No primeiro bloco estão músicas como Aldeia (Nosly e Celso Borges) e Santo milagreiro (Djalma Chaves e César Roberto); no segundo, I’ll be over you, sucesso da banda Toto, e Gata e leoa (Jorge Macau), já gravadas por Nosly e Djalma Chaves, respectivamente, entre outras.

A turnê tem patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Além de Imperatriz, o show Andarilho Parador será apresentado ainda em Teresina/PI, São Luís/MA, Belém/PA, Brasília/DF e Fortaleza/CE. Em todas as apresentações os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível, que serão doados a instituições de caridade locais.

Celso Borges e Nosly celebram longeva parceria

Os parceiros no misto de ensaio e entrevista. Foto: Zema Ribeiro
Os parceiros no misto de ensaio e entrevista. Foto: Zema Ribeiro

 

Uma das parcerias mais recentes de Celso Borges e Nosly é A ceia do mundo, em que ambos musicaram poema de José Chagas, cantada pelo segundo, em disco produzido pelo primeiro com Zeca Baleiro em tributo ao poeta [A palavra acesa de José Chagas, de 2013], falecido meses depois do lançamento: “A esta mesa sozinho, eu me sento em vão./ Não bebo deste vinho nem como deste pão./ Falta-me convite para a paz da ceia,/ e humano apetite ante a comida alheia/ Eu busco outra mesa onde muitos estão,/ sob uma gula acesa de outro vinho e outro pão/ Mesa onde se permite uma fome tão forte,/ que nos dá apetite até para a morte”.

Uma das primeiras parcerias é Proposta de quase eternidade [1984], deles com Zeca Baleiro, gravada pela cantora Rosa Reis em seu disco de estreia. “Era a época do show Um mais um, que Nosly faria com Zeca, a primeira vez que Zeca subia num palco”, recorda-se Celso Borges. “Eu vi esse poema publicado no jornal [O Estado do Maranhão, Celso à época era funcionário do Sistema Mirante], a gente acompanhava sempre, fim de semana rolava um poema, um poeta”, lembra Nosly.

Parceiros há 31 anos, eles apresentam neste sábado (25), às 19h, na Livraria Graúna [Rua Riachuelo, 337, telefone: (99) 35211873], em Caxias/MA, Palavra tem som, espetáculo com cerca de hora e meia de duração, misto de show musical e recital poético, com entrada franca. Na ocasião, autografarão livros e cds a interessados.

O blogue foi à casa de Celso Borges em uma tarde chuvosa da semana passada. Presenciou um ensaio – ou quase isso – bastante despojado, em que os parceiros brincavam entre si, tentavam lembrar letras e melodias de suas parcerias e respondiam a algumas perguntas, por exemplo, sobre como surgiu a ideia do show. “Pintou de um puxão de orelha que eu dei em Nosly, “poxa, a gente nunca fez nada em Caxias, tu é de lá”. O lançamento é um misto de show, recital e bate papo sobre nossa parceria”, antecipou Celso. A ideia é realizar apresentações em outros locais.

Palavra tem som é dividido em quatro partes: na primeira, Celso Borges diz alguns poemas, com intervenções de Nosly ao violão; na segunda, comentam suas parcerias, interpretadas por Nosly; na terceira, contam com a participação de um artista local [o nome não havia sido confirmado até o fechamento desta matéria]; na última, Nosly canta parcerias suas com outros poetas e músicos, entre as quais Noves fora, com Zeca Baleiro, Nome, com Olga Savary, Para uma grande dama, com Fernando Abreu, Voo noturno, com Sérgio Natureza, Sancho Dom Quixote, com Ferreira Gullar e Parador, com Gerude e Luis Lobo.

A tarde corre e a chuva para; as lembranças continuam: “Blues para um anjo torto foi nossa primeira parceria pelo Correio”, recorda Celso, que em seguida conta a história de uma letra que fez para a primeira filha de Nosly: “Gabriela é depois de June [outra parceria de ambos]. A história dela é linda. As histórias de minhas parcerias com Nosly são as mais lindas possíveis: eu fui para Belo Horizonte lançar um livro e estava em uma mesa na Universidade [Federal de Minas Gerais]. Conversando com a menina que produz, soube que ela era ex-namorada de Nosly, mãe de Gabriela, a primeira filha dele. Aí ela disse: “olha a foto dela” e eu vi a foto de uma menina de óculos, com sete anos. Quando eu vi aquele retrato eu fiz uma letra e mandei pra Nosly: “fiz pra tua filha”. [Cantarola/recita a letra:] “Menina que foi e veio/ carinha que vejo pelo meio/ pela frente, pelo dente, pela foto/ pelo fio do vestido de fivela/ eu sei quem é ela/ é Gabriela/ menina eu vi, viu?/ frente a frente/ distante tua fonte/ Belo Horizonte/ tua pele de princesa bela/ eu sei quem é ela/ é Gabriela/ a alma dela está ali/ sonhando além daqui/ daqui perto de mim/ como tinta numa tela de aquarela/ como boca num beijo de novela/ é ela que vai e vem/ colorindo seu estilo/ na berlinda linda das estrelas”. Em seguida Nosly se junta a ele, acompanhando a melodia ao violão.

 

Indago sobre a quantidade de parcerias e Nosly arrisca “que sejam umas 40”. “Muitas [estão] perdidas”, confessa Celso Borges. A já citada June é outra feita por correspondência. Ele relembra: “Nosly estava em Belo Horizonte, eu em São Paulo. Depois ele me liga: “CB, fiz a música”. Quando eu mandei a letra, eu já sugeri a incidental de Alegria, alegria [de Caetano Veloso; cantarola:] “por que não?/ por que não?”. Nosly complementa: “eu estava em casa estudando Sons de carrilhões, de João Pernambuco. Essa música, eu acho que foi um transe tão grande que hoje eu não me sinto capaz. Eu não conseguiria fazer essa melodia hoje. Na carta, é capaz de eu ter essa carta em casa, ele já sugeriu um aboio”.

Nosly afirma ter “um calhamaço, com parcerias, algumas inacabadas, com Gerô [o artista popular Jeremias Pereira da Silva, morto pela Polícia Militar em 2007], Zeca, Joãozinho [Ribeiro], Lobo [de Siribeira], Celso Borges. Tem mais de 10 anos que não abro, um dia eu mostro pra vocês”.

Celso Borges revela ter um punhado de fitas com parcerias deles gravadas e puxa da gaveta um hd externo, onde repassa, na tela de um laptop, nada menos que 83 parcerias, todas prontas, com Nosly, Zeca Baleiro, Gerson da Conceição, Chico César, Fagner, Otávio Rodrigues, Alê Muniz, Lourival Tavares, Mano Borges, Papete, César Nascimento, Tutuca, Djalma Lúcio e Madian. Empolgado, cantarola trechos de algumas letras e recita outras – em algumas tem mais dificuldade; talvez estivessem no rol das que ele já considerava perdidas.

“Essa aqui [In, gravada por Nosly no livro/cd XXI, de Celso, lançado em 2000] eu tinha feito a letra, um poema de amor [declama:] “te ponho dentro do poema/ entre vírgulas, parênteses/ tua pele passa/ e brilhas folha a folha/ te vejo entre aliterações e rimas/ teu corpo vivo/ nu no verso/ teu corpo verso, viva o verso/ no universo de teu corpo vivo”. Eu estava em Niterói, a segunda parte eu sabia [arrisca-se ao violão, cantarolando:] “o futuro não é delicado com a gente/ mas delicado multiplica-se nas páginas/ tu és o livro do mundo e ponto final”, eu fiz isso, mas eu não sabia fazer o começo”, remonta a feitura, esta com os parceiros lado a lado.

 

Os dois rememoram ainda Motor [gravada por Vange Milliet em Música, livro/cd de Celso, lançado em 2006] e Aldeia [parceria registrada em Parador, de 2011]. A primeira, realizada por e-mail; a segunda, uma morna com boi de zabumba: “eu fiquei vários dias ruminando isso [cantarola:] “as flores do norte perfumam/ juro que sei de onde vem”. Quando ele foi fazer o disco, eu cheguei, “tá quase pronta!”, Zeca gravou com ele. Ficou linda!”, derrete-se Celso.

Pergunto sobre a importância da parceria e ambos não escondem a admiração um pelo outro. “Eu tenho a sorte de ter parceiros muito musicais e Nosly não foge à regra. Hoje ainda conseguimos sentar e compor, conversar”, vibrou Celso. “Celso é um dos caras que mais incentivou a gente, lá no começo. Eu e Zeca, ele foi o primeiro cara que realmente nos impulsionou para a composição. A gente ficava acompanhando no jornal os poemas que ele publicava, a gente se identificava, gostava de ler. Ele despertou na gente essa coisa da composição. Nosso contato com o instrumento não era só o afã de tocar um pouquinho mais, passou a ser também o de compor, o de criar melodias. Depois ele fez um programa, Contatos imediatos, a gente ia, gravava, e ele botava no ar. Sempre estivemos muito próximos, embora depois eu tenha ido para Belo Horizonte, ele ficou aqui, depois eu fui para o Rio, ele para São Paulo, mas a gente nunca perdeu esse contato”, devolveu Nosly.

Josias Sobrinho é o convidado de projeto que Nosly e Djalma Chaves estreiam hoje

O baixista Mauro Travincas entre os anfitriões. Foto: divulgação
O baixista Mauro Travincas entre os anfitriões. Foto: divulgação

 

Parceiros de longa data, Nosly e Djalma Chaves inauguram hoje (12), às 22h, no Amsterdam Music Pub (Lagoa da Jansen), uma temporada em que receberão mensalmente outros nomes da música. A estreia do projeto Nosly e Djalma Chaves Convidam contará com a presença de Josias Sobrinho.

A dobradinha repete a bem sucedida experiência de Andarilho Parador, turnê com que Nosly e Djalma percorreram vários palcos em Imperatriz, Teresina, Fortaleza, Belém e Brasília, além da capital maranhense. A turnê foi batizada por discos dos artistas, Andarilho, de Djalma Chaves, em fase de finalização, e Parador, mais recente trabalho lançado por Nosly, com produção de Zeca Baleiro.

Nosly (guitarra) e Djalma Chaves (violão) homenageiam e recebem Josias Sobrinho, acompanhados ainda por Mauro Travincas (contrabaixo) e Fleming (bateria). O repertório contará com músicas autorais dos anfitriões e do convidado, além de músicas de artistas que lhes servem de referência. A realização é da Satchmo Produções e os ingressos individuais custam R$ 20,00 e mesas R$ 110,00.

O uivo do poeta

Aldeia, minha faixa predileta de Parador, disco mais recente de Nosly, parceria dele com Celso Borges que, na gravação original, tem a participação de Zeca Baleiro, que produz a bolachinha.

CB, parceiro de ambos, soma-se a outro parceiro, Beto Ehongue, para seu primeiro espetáculo poético-musical de 2013.

Clássico do Pink Floyd completa 40 anos

“Eu não sei nem se foi ironia ou se por amor”, como cantaria outro grande de nossa música, resolveu batizá-lo, o espetáculo, White side of the moon, justo nos 40 anos do outro, o Dark side of the moon.

O show acontecerá 27 (noite de lua cheia), às 21h, no Chico Discos, e terá poemas da trilogia A posição da poesia é oposição, formada pelos livros-discos XXI, Música e Belle Epoque, além de quatro poemas inéditos. Além de CB (poemas, voz) e Beto Ehongue (laptop e trilhas eletrônicas), a apresentação contará com as participações especiais de João Simas (guitarra) e Luiz Cláudio (percussão).

A produção não informou o valor dos ingressos, à venda no local.

Trem musical, Parador de Nosly encosta amanhã (29) na estação Arthur Azevedo

Do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: “Iniciou a vida artística em 1984 na cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão.// Residiu em Minas entre os anos de 1986 e 1995, onde integrou a Orquestra de Violões do Palácio das Artes. No ano 2000 lançou pela gravadora Dabliu o cd Teu lugar, no qual interpretou várias composições de sua autoria, entre elas, Brinco, Noves fora e Japi, as três em parceria com Zeca Baleiro; Coração na voz (c/ Nonato Buzar e Gerude); Gueno (c/ Glauco Barbosa) e June, parceria com o poeta Celso Borges, entre outras.// No ano de 2003, ao lado de César Nascimento e Mano Borges, apresentou-se no “Projeto Prêt-à-porter”, com direção artística de Sérgio Natureza, no Teatro Café Pequeno, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.// Em 2010 lançou o cd Nave dos Sonhos, no qual figura a faixa-título composta em parceria com o também maranhense Nonato Buzar, disco lançado em show homônimo no Bar Severyna, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro. No show contou com a participação dos músicos Ney Conceição (baixo), Kiko Continentino (teclados) e Victor Bertrami (bateria).// Entre seus diversos parceiros destacam-se os letristas Celso Borges, Tibério Gaspar, Chico Anísio, Fausto Nilo e Sérgio Natureza, além do compositor e sambista carioca João Nogueira.”

Do texto do encarte de Parador [ouça na Rádio UOL], assinado pelo parceiro-produtor Zeca Baleiro: “Parador é o terceiro disco de Nosly, compositor maranhense que já zanzou por muitas plagas sem fixar-se em nenhuma – São Luís, Rio, Belo Horizonte, Düsseldorf… Como seu conterrâneo Gonçalves Dias, Nosly vive no exílio, no abandono apaixonado da música, urdindo canções como quem tece num tear seu artesanato de afetos, sua teia de ritmos (…)// Sem mais delongas, digo: Nosly é um craque inquestionável da sempre nova (e muito viva) canção brasileira”

Parador abre com a regravação de Aquela estrela (Ronald Pinheiro e Jorge Thadeu) e fecha com Maria Luiza (Nosly), único tema instrumental do disco, homenagem à mãe do compositor. Entre as 13 faixas, parcerias, regravações e inéditas.

Amanhã (29), às 21h, no Teatro Arthur Azevedo, acontece o show de lançamento de Parador (2011), novo disco de Nosly, produzido por Zeca Baleiro (mais sobre o show no release escrito pelo parceiro Fernando Abreu). Abaixo, a entrevista exclusiva que o músico concedeu ao blogue, por e-mail.

ENTREVISTA: NOSLY

ZEMA RIBEIRO – Nosly, como foi sua infância e em que momento você sentiu que ia ser músico, que ia viver de música?

NOSLY – Nasci em Caxias/MA, em agosto de 1967. Sou o sétimo filho de uma família de 10 e carrego o nome do pai, Nosly. Cresci ouvindo muita música boa, música de qualidade, orquestradas e interpretadas por grandes nomes. A minha primeira lembrança, eu deveria ter talvez quatro ou cinco anos, foi colocar na “radiola”Agostinho dos Santos cantando Estrada do Sol (Tom Jobim e Dolores Duran). Depois, com sete, me divirtia com os instrumentos musicais (xilofones, saxofones, clarinetes etc.) que ganhava na época de natal. Acho que os meus pais, de alguma maneira, já identificavam meu interesse pela música. Só lá pelos 13 é que pintou o violão na minha vida. Daí foi paixão à primeira nota.

Parador pode ser considerado teu disco mais pop, embora nunca descartável, como acentua o parceiro Fernando Abreu no release de divulgação do show de lançamento. Como foi sua gestação? O disco começou a ser idealizado no começo do novo milênio, mas por conta da agenda do Zeca [Baleiro, produtor do disco] e a minha decisão de passar um tempo na Europa, foi sendo adiado, até, finalmente em 2010, partirmos pra por em prática e realizar o sonho antigo. Muitos e-mails trocados com o Zeca até chegarmos a esse repertório que aí está. Compus algumas coisas especialmente pra esse cd, como por exemplo Oh, baby perdoe (Nosly e Zeca Baleiro), Aldeia (Nosly e Celso Borges) e Apesar de doer (Nosly e Vanessa Bumagny). Muitas idas e vindas, São Luís, São Paulo, São Luís, até a conclusão e lançamento em maio deste ano.

O que o público ludovicense pode esperar do show de lançamento do disco, que contará com a participação especialíssima de Toninho Horta? O show tem como base o repertório do cd e toco ainda algumas músicas do primeiro [Teu lugar] e do segundo cd [Nave dos sonhos]. A banda é sensacional: VICTOR BERTRAMI – BATERA, NEY CONCEIÇÃO – BAIXO e KIKO CONTINENTINO – PIANO [grifos dele]. O Toninho é amigo desde 86, quando eu participei do I Seminário Brasileiro da Música Instrumental, realizado em Ouro Preto. Considero o Toninho um dos maiores violonistas, guitarristas do mundo, além de consagrado compositor, grande ídolo, desde o tempo que ouvia o Clube da Esquina. Melhor agora, depois de tantos anos de amizade, poder estreitar mais ainda nossos laços musicais e contar com a presença dele no show. É uma honra pra mim e acredito que será também para o público que vai nos prestigiar.

Parador traz uma série de parcerias, com nomes como Celso Borges, Fausto Nilo, Fernando Abreu, Olga Savary, Vanessa Bumagny e Zeca Baleiro, entre outros, o primeiro e o último aqui listados talvez os mais antigos, parceiros desde o começo da carreira. Como se dão essas parcerias? Como é lidar com essa pluralidade? Cada parceiro tem sua importância e admiro todos eles, pois a parceria nasce antes, no coração da gente, só depois vira música. Já compus de n maneiras distintas, não dá pra prever nem premeditar, tudo nasce como deve ser, naturalmente. Recebo letras de música, poemas, ideias de melodias, enfim cada caso é um caso. O importante mesmo é que o momento seja pleno e que a ideia venha à cabeça. Tive a honra de compor com grandes nomes da MPB, como Nonato Buzar, Chico Anysio, João Nogueira, Tibério Gaspar, Sérgio Natureza, Zeca Baleiro, Chico César, Fausto Nilo, Luis Carlos Sá, Celso Borges, Fernando Abreu, Gerude, Luis Lobo, Olga Savary, Lúcia Santos, Cláudia Alencar, enfim, a lista é longa e sempre cabe mais um. É muito bom poder compartilhar momentos e afinidades e a parceira é a junção dessas duas coisas.

Como foi trabalhar com o parceiro Zeca Baleiro assinando a produção? Foi muito prazeroso trabalhar com o Zeca. Já fizemos tantas coisas juntos no passado, que facilitou nesse agora. Temos muita afinidade, crescemos juntos e ouvimos muita música naquelas tardes de Monte Castelo. Além disso, nossa concepção é bem parecida, embora cada um tenha sua maneira particular de evidenciar isso. Pra resumir, foi uma beleza fazer esse cd produzido por ele, pelas ideias que dividimos e pelo despojamento sobre qualquer sentimento de vaidade que pudesse macular esse nosso encontro.

Faixas como Oh, baby, perdoe (Nosly e Zeca Baleiro), I’ll be over you (Steve Lukather e Randy Goodrum) e So I’ll have to say I love you in a song (Jim Croice), têm um acento brega, seja pela temática romântica da primeira, a segunda uma balada original que aqui ganha versão reggae e a terceira por ter tido uma versão em português gravada por um ídolo do gênero, Fernando Mendes. Sobretudo em relação às duas últimas, como se deu a escolha para que entrassem no repertório de ParadorApesar de ter ouvido na infância Odair José, Fernando Mendes, Amado Batista, Wando etc., tudo aquilo soava natural, era rotulado de brega, mas isso já tomou outra conotação dos dias de hoje. Tanto é que grandes nomes  da MPB continuam gravando esses compositores ditos brega até hoje. Nada foi intencional, recebi a letra do Zeca pela internet, via e-mail, daí apenas dei vasão ao sentimento do momento. Melodia não tem hora pra acontecer e nem se sabe como vai ser. Você sente e põe no violão. Quando gravamos não tivemos essa preocupação de fazer um acento como se fora brega. Quisemos sim, fazer rememorar alguns timbres dessa época que caíram em desuso. Seria, pois ,uma retomada de algo que foi bom e se perdeu durante um tempo e que agora temos a chance pelo menos de registrar à nossa própria maneira e entendimento.

A faixa-título é uma homenagem a um tio teu, em cuja casa tu moraste, no Rio de Janeiro. Composta em parceria com Gerude e Luis Lobo, também dá a ideia de um Nosly cosmopolita, que já morou inclusive na Alemanha, onde foi gestado outro disco teu, o anterior Nave dos Sonhos. Qual o melhor lugar em que você já morou, seja por aspectos pessoais, mas sobretudo musicais? É muito bom ser cidadão do mundo, falar quatro línguas, sair em busca do aprimoramento, da melhora que todos almejamos. Belo Horizonte é bem marcante na minha vida. Tenho saudades de lá. O Rio de Janeiro, especialíssimo, e tenho sangue carioca: meu pai era carioca. Foi muito importante pra mim o tempo que vivi lá. E por último Düsseldorf, na Alemanha, onde vivi por cinco anos maravilhosos. Fica difícil apontar essa ou aquela cidade, cada uma tem sua medida de importância em meu coração. E quanto aprendizado!

Como você analisa o cenário da produção musical do Maranhão hoje? E no seu caso particular, é mais fácil ser reconhecido aqui, sua terra, ou lá fora? Claro que se você está num grande centro, São Paulo, Rio, BH etc., você tem mais oportunidades de mostrar seu trabalho, não tem o que comparar. Quanto à produção local, acho que fazemos música de altíssimo nível, lindas poesias, letras, lindas melodias que poderiam com certeza embalar corações mundo afora. Basta, pra que isso aconteça, oportunizar, formar plateia e ocupar espaços ociosos com bons espetáculos, seja de música, teatro, poesia, artes plásticas, dança, enfim, qualquer manifestação cultural com que o povo se identifique. Na Europa, tenho público cativo, são três cds editados lá. No Brasil, minha música é ouvida de norte a sul. Vivo em busca do reconhecimento, não importa onde seja, onde esteja. Se o povo quer me ouvir, lá sempre estarei.

Para uma grande dama

Os olhos verdes
da atriz pornô

quando dançam fora de órbita
disparam no céu incolor

lampejos
de uma arte rara

flashbacks
de tragédia grega
e teatro nô

sacerdotisa fast-food
a preferida do imperador

Os olhos verdes
da atriz pornô

são duros como
os olhos da virgem

não cabem
no discurso marginal

sua obra é sua moral:
pura vertigem

Os olhos verdes
da atriz pornô

anulam toda teoria
longe das luzes & ohos vorazes
despem as lentes verdes de contato
e encaram nus a luz do dia.

*

Poema de Fernando Abreu, de seu novo livro, aliado involuntário [Exodus, 2011]. O poema virou música, pelas mãos de Nosly, com quem o poeta divide o palco em Letra & Música, espetáculo poético-musical-plástico com as participações especiais de Lúcia Santos e Fernando Mendonça, que inaugura, na ocasião, a exposição Cuidado, flores!, além de dar uma canja no palco, ele que já assinou projeto gráfico de disco de Nosly (Nave dos sonhos) e, músico bissexto, já musicou coisas de Fabreu. Detalhes no Overmundo e/ou no cartaz abaixo:

Em tempo: o poema que batiza este post não está em Parador, disco novo de Nosly, que traz outra parceria da dupla: Você vai me procurar.

Em tempo 2: ainda escreverei acá sobre aliado involuntário e Parador. Questão de tempo.