Temporada Paulo Leminski 6

TODA POESIA NO METRÓPOLIS

O programa Metrópolis, da TV Cultura, dedicou uns bons minutos anteontem (5) ao lançamento de Toda Poesia (Companhia das Letras), que reúne a obra poética de nosso homenageado.

O destaque é o papo com Ademir Assunção e Rodrigo Garcia Lopes, que qual Leminski militam em várias frentes/linguagens: poesia, prosa, música, jornalismo etc. Ao final (no segundo vídeo abaixo), o segundo canta Adeus, poema do samurai malandro que ele musicou.

Temporada Paulo Leminski 5

UM INÉDITO DA BESTA DOS PINHEIRAIS

O “auge” de Leminski, publicado em 14 de setembro de 1986 (clique para ampliar)

Via Cassiano Elek Machado.

Temporada Paulo Leminski 4

Mudei o nome de Semana para Temporada, por razões óbvias.

Hoje, um artigo de Leminski, de seu Ensaios e anseios crípticos, recentemente relançado pela Unicamp, numa edição bonita. Infelizmente o livro não identifica quando o texto foi escrito, certamente após a ditadura militar brasileira. Notem, meus caros, que ainda não havia facebook, ou antes orkut, e seus “miguxês”. É outra coisa…

A VOLTA DO REPRIMIDO

Este é mesmo o país de Ruy Barbosa.

É inacreditável a estupidez que vem cercando a discussão atual sobre os perigos que corre a língua portuguesa no Brasil e seus possíveis corretivos pedagógico-educacionais.

Em primeiro lugar, mal consigo acreditar em meus olhos quando vejo professores universitários, supostamente formados em linguística, atacando o português “errado” falado (ou escrito) pelos jovens, defendendo um português “certo”, como se existisse um português errado ou certo. Certo e errado, queridos, não é critério linguístico. E moral ou jurídico. Só uma lei determina o que é certo. Como disse para sempre o apóstolo Paulo, “a lei criou o pecado”. São as regras das gramáticas que criam o erro, não os usuários da língua.

Quem estabelece o certo e o errado é toda a comunidade de falantes, não meia dúzia de faraós encastelados em seus filológicos sarcófagos universitários ou acadêmicos.

Não foi aqui no Brasil que se bagunçou a colocação dos pronomes de Portugal? Nós brasileiros, começamos frase com variação pronominal, e achamos mais gostoso assim (“me dá um dinheiro aí”, “te digo uma coisa”, “lhe dou uma lição”), coisa que discrepa do uso lusitano. E daí? Boa parte do esforço do modernismo (mários e oswaldes) foi no sentido de obtermos dignidade de escrever como falamos, nós, do lado de cá do Atlântico.

Leio, agora, que em Portugal o problema também é grave. Às avessas. A invasão da simpática republiqueta ibérica pelas novelas da Globo está levando o pânico às hostes dos conservadores do idioma de Camões. Leio até propostas de alguns, dignos descendentes de Salazar, recomendando a criação de comissões estatais de censura para fiscalizar a colocação de pronomes na TV portuguesa, invadida pela barbárie ipanemense da Globo. É de morrer de rir.

A “contribuição milionária de todos os erros”, de que falava Oswald, erros negros, erros índios, erros mestiços, erros mulatos, hoje, está por cima. É como dizem, geralmente, os baianos, esses primeiros brasileiros, “Deus é mais”.

E se os jovens, hoje, não sabem “se expressar” (como os velhos querem, evidentemente), isso se deve a vinte anos de uma estúpida ditadura, a um ensino aviltado e degradado, a um mercantilismo generalizado, que nada tem a ver com “domínio do português”, “conhecimento da língua” e outras bobagens, que servem, apenas, para justificar o emprego de milhares de pedagogos reacionários e repressivos.

As múmias nem percebem que os tempos mudaram. Mais que a língua, fala, hoje, a linguagem, o idioma integral do corpo, da roupa, da atitude.

Jà estamos num videoclipe. E as múmias continuam se comportando, e legislando, como se estivéssemos em plena sessão da Academia Brasileira de Letras, onde para um Antônio Houaiss tem oito Ramsés III.

É óbvio, para quem quer que não tenha o QI do português das nossas anedotas, que historicamente, o futuro da língua, um dia, lusitana, está aqui neste Brasil de 130 milhões de falantes, e não no Portugal de parcos 10 milhões, um país sem nenhuma expressão internacional, destituído de qualquer importância científica, industrial ou tecnológica, um mero eco de uma história que já houve.

Através da fala brasileira, veiculada pelas novelas da Globo, executa-se uma justiça histórica, que já tardava séculos, esses séculos em que nós estávamos errados, porque Portugal estava sempre certo.

Graças a Portugal que nos colonizou e explorou durante quatro séculos, falamos nós, a sexta potência econômica do planeta, uma língua que, em nível mundial, é apenas um “patois” do espanhol, um dialeto obscuro que ninguém, no mundo, lê nem entende. É a última sacanagem de Portugal. Estamos enclausurados numa língua insignificante. Se um dia ela tiver que ser alguma coisa, nós, brasileiros, é que temos que fazê-lo.

Só preconceitos arqueológicos-necrófilos ainda nos fazem chamar essa língua de “portuguesa”.

Está na hora de Portugal começar a falar brasileiro.

E assim será, queiram os professores ou não queiram.

(Paulo Leminski, Ensaios e anseios cripticos, p. 167-169. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011)

Semana Paulo Leminski 3

AINDA A MÚSICA (POPULAR)

Lembro de uma entrevista em que Leminski dizia algo mais ou menos como sonhar com o dia em que todas as pessoas fossem músicos, isto é, que cantassem, compusessem, tocassem algum instrumento. Era mais ou menos isso.

Na mesma entrevista, ou noutra, não lembro bem, ele se dizia chateado quando o chamavam de letrista. Que ele era compositor, letra e melodia, que muita coisa gravada por aí era completamente dele.

Outra história deliciosa, essa quem conta é Toninho Vaz na biografia cujo trecho ilustrou o post anterior, é a de quando Caetano Veloso gravou Verdura, no Outras palavras. Com a grana dos direitos autorais, Leminski, que não dirigia, comprou um fusca verde, a que batizou com o título da música.

Abaixo, ela e outros dois exemplos da lavra musical de nosso homenageado, letras e músicas dele.

Verdura, com Caetano Veloso

Mudança de estação, sucesso d’A Cor do Som, com a filhota Estrela Leminski e Os Paulêra (ao vivo)

Luzes, com Arnaldo Antunes (ao vivo)

Semana Paulo Leminski 2

PONHA UM ARCO-ÍRIS NA SUA MORINGA

Nestes dias, Leminski conheceria o músico Paulo Diniz, um pernambucano de Pesquera [o blogue mantém a grafia do livro, embora o nome correto da cidade seja Pesqueira], que se tornaria famoso ao colocar nas paradas de sucesso uma música cujo refrão dizia:

“I don’t want stay here, I wanna to go back to Bahia”. (Leminski tentou corrigir, “Está errado, tem um verbo auxiliar em excesso, o certo é “I wanna go back to Bahia”. No fim, foi gravado “errado” propositadamente.)

A música chamava-se “Quero voltar pra Bahia” e falava do exílio de Caetano Veloso, na Inglaterra – e este seria mais um ponto de identificação entre os dois Paulos.

Diniz também morava no Solar [da Fossa] – seu companheiro de apartamento era o locutor de rádio Adelzon Alves – e nos dias seguintes os dois passaram a se encontrar para tocar violão. Ficavam horas fumando baseado e conversando sobre música e poesia, tendo os jardins internos do solar como cenário. O curitibano ganhou algumas aulas de música e retribuiu a gentileza com um baú de informações e jogadas textuais. Foi a partir de uma frase pinçada nas páginas do Catatau que surgiria o título de um novo sucesso musical de Diniz: “Ponha um arco-íris na sua moringa.” (Depois que a música foi gravada, Leminski retirou a frase do livro, em homenagem.)

Toninho Vaz. Paulo Leminski: o bandido que sabia latim. 2ª. ed., Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 111.

Semana Paulo Leminski

BEM NO FUNDO

no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela – silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

Paulo Leminski. Distraídos venceremos, p. 44. São Paulo: Brasiliense, 2002

*

A Semana Paulo Leminski, que este blogue “cachorro borracho” (gracias, DP!) inicia hoje poderá ter mais ou menos de sete dias, até eu receber o Toda poesia do samurai malandro, lançamento da Companhia das Letras cujo título diz tudo, já encomendado. Depois disso me abraço com o calhamaço. A programação normal do blogue continua, durante e depois da espera.

Um blogueiro na biblioteca

Há quase um ano, salvo melhor juízo, tomei conhecimento do Cândido, jornal que a Biblioteca Pública do Paraná estava lançando à época. Fã confesso de Paulo Leminski, não resisti, ao ver uma caricatura sua na capa de estreia, a ligar para a BPP e ser simpaticamente atendido por um homem cujo nome não lembro agora.

Disse-lhe que era de São Luís, Maranhão, e que gostaria de receber o jornal. Ele anotou meu endereço e disse que meu nome não era estranho, que já havia lido meu blogue. Li o primeiro número do Cândido pela internet e este cuja capa é estampada pelo Leminski é o único que não tenho em minha coleção. O 2 demoraria a chegar e cheguei mesmo a pensar que aquela simpatia toda ao telefone havia sido apenas educação. O que não seria pouco.

Enganei-me, ainda bem. Mês após mês tenho recebido em minha casa um dos 5.000 exemplares de sua tiragem. Pode parecer bobagem, mas sinto-me honrado. Um jornal bonito, de capas coloridas e miolo em p&b, com conteúdo de primeira. Dedicado quase exclusivamente à literatura, já passaram por suas páginas nomes como Marçal Aquino, João Paulo Cuenca, Cadão Volpato, Sérgio Sant’Anna, Fernando Morais, André Dahmer, Joca Reiners Terron, Luiz Vilela, Luiz Alfredo Garcia-Roza e Reinaldo Moraes, entre muitos outros, para citar apenas alguns que me vêm à cabeça imediatamente, sem eu correr ali à bagunça das estantes para relembrar.

Cândido, o nome do jornal, é homenagem a “Cândido Lopes, que hoje dá nome à rua em que está localizada a Biblioteca Pública do Paraná. Lopes fundou o jornal Dezenove de Dezembro, em 1854, o primeiro impresso paranaense”, aspas extraídas de Pelas calçadas da literatura, texto assinado por Guilherme Magalhães no nº. 10 (maio de 2012, p. 13) do citado jornal literário.

19 de dezembro é a data em que nasci, quase século e meio depois, coincidência que eu só viria a descobrir ao ter em mãos aquele número do jornal. Mas não seria a primeira: em maio passado minha esposa viajou à capital paranaense para apresentar um trabalho em um seminário de Direitos Humanos. Dois dias depois, às próprias custas s/a, juntei-me a ela para um turismo na cidade em que, para meu confesso espanto, Leminski é pouco lembrado. Antes da outra coincidência, volto a Guilherme Magalhães, no citado texto: “Por outro lado, figuras de proa da literatura paranaense dos últimos 50 anos também ainda não tiveram a honra de virar logradouro, o que pode denotar o distanciamento do tempo como um critério para as homenagens. Jamil Snege, Paulo Leminski (que virou nome de pedreira e de escola, mas não de rua) e Manoel Carlos Karam (que dá nome a uma casa de leitura) ainda não foram lembrados pelos políticos curitibanos, responsáveis por propor nomes a logradouros” (p. 13). Visitei a belíssima Pedreira Paulo Leminski e sua Ópera de Arame, além de ter comido e bebido na Manoel Carlos Karam, praça de alimentação do encantador Mercado Público Municipal, passeio que recomendo a qualquer turista, com pouca grana como eu ou não.

A outra coincidência conto agora. Chegando em Curitiba, calhou de o ônibus que me levou até o hotel parar justo em frente à BPP – hospedei-me bastante perto dela –; uma visita ao órgão público já estava planejada, ao menos em minha cabeça. Num sábado de maio pela manhã – sim, em Curitiba a Biblioteca Pública funciona aos sábados de manhã – apareci por lá e pedi para falar com alguém responsável pelo Cândido. A recepção me encaminhou a Tatijane Albach, que me dispensou enorme atenção e simpatia, levou-me para conhecer parte das dependências da BPP, que passava por reforma e tinha alguns setores fechados, e ainda me deu alguns presentinhos, além de apresentar-me alguns projetos.

O Um escritor na biblioteca, a plateia conversa com um escritor, com moderação de um jornalista, é uma reedição de projeto da década de 1980; os melhores momentos dos debate-papos têm sido reproduzidos Cândido após Cândido, devendo virar livro em breve; assim como deve ganhar reedição um livro já publicado com os participantes de há 20 e poucos, 30 anos.

Tatijane brindou-me ainda com um exemplar de Helena (ano 1, número zero, junho de 2012), revistão colorido de 114 páginas, anunciada na contracapa como “um pouco de muito da nossa cultura”, o nome, uma homenagem à poeta Helena Kolody. “A gente tem uma tradição de publicações com nome de homens, o Cândido, a Joaquim [revista editada há tempos por Dalton Trevisan]”, ela deve ter citado outros, “agora a Helena, uma mulher”, explicou anunciando a publicação trimestral da BPP.

Voltei ao hotel para guardar o pacote com Helena e alguns exemplares do Cândido antes de prosseguir o passeio com a esposa; Tatijane desceu as escadas e foi comprar pão de queijo para um café com que ajudaria a espantar o frio nem tão rigoroso assim que fazia aquela manhã em Curitiba.

Tatijane e o blogueiro, quando este visitou a BPP

Sócrates, brasileiro

Ontem fui ao Chorinhos & Chorões, como entrega a foto acima, em que apareço com o titular do programa Ricarte Almeida Santos e os compositores Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho e Chico Saldanha. A tríade foi entrevistada pelo primeiro, divulgando o show Rosa Secular II, que apresentam sábado que vem (10), às 21h, no Bar Daquele Jeito (Vinhais).

O show é mais ou menos uma reprise de Noel, Rosa Secular, que apresentaram ano passado e, a pedidos, no comecinho deste ano – e que está concorrendo na categoria “melhor show” no Prêmio Universidade FM, a maior premiação da música produzida no Maranhão.

Digo mais ou menos por que, desta feita, além de Noel Rosa também serão homenageados outros bambas centenários, Assis Valente, Ataulfo Alves, Cartola, Mário Lago e Nelson Cavaquinho, além dos saudosos e eternos maranhenses Antonio Vieira, Cristóvão Alô Brasil, Dilu Mello, João Carlos Nazaré e Lopes Bogéa. O show contará com as participações especiais de Célia Maria, Lena Machado, Lenita Pinheiro e Léo Spirro, como eu já disse aqui.

Mas não é disso que quero falar: ao adentrar o estúdio da Rádio Universidade FM ontem, a primeira notícia que recebi foi bastante triste: a subida (ontem, 4) de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, vulgo Dr. Sócrates (1954-2011) – avesso a computadores em fim de semana, salvo raras exceções, não fui atrás de ler uma linha sobre o assunto e escrever isto aqui é a primeira coisa que faço nesta manhã de segunda-feira, após o Corinthians ter conquistado seu quinto título nacional (também ontem, 4).

Um jogador cerebral. Um dos fundadores, em plena ditadura brasileira, da Democracia Corintiana, que levou também para dentro das quatro linhas a luta pela redemocratização do país. Em campo ou fora dele, Sócrates nunca deixou de pensar.

Participou de duas copas do mundo, em 1982 e 86, sem ter vencido nenhuma. Azar das copas! Sócrates era a tradução humana da frase-pergunta que abre Catatau, o romance-ideia de Paulo Leminski: “que flecha é aquela no calcanhar daquilo?” Quem o viu jogar ou viu videotapes – dá um google aí no youtube agora! – sabe do que estou falando.

Colunista da CartaCapital, comentarista da TV Cultura, apresentador do Canal Brasil, o paraense era do tempo em que o esporte bretão e a mídia não fabricavam ídolos milionários da noite para o dia. Talvez por isso – ou não – ele tenha se dividido entre o futebol e a medicina. E depois ocupado os meios de comunicação de forma crítica – no último canal, nem sei se seu programa chegou a ir ao ar, gestado já em meio às complicações de saúde que o matariam ontem (4).

Em meio à geral, em geral acrítica, de torcedores, jogadores, dirigentes, cartolas e outros, Sócrates era voz dissidente, que despejava críticas e elogios a quem os merecesse, sendo ácido ou doce, conforme a necessidade. Não erraram seus pais quando batizaram-no com nome de filósofo.

Uma grande perda para o futebol e a inteligência nacionais, num dos raros casos em que essas duas categorias conseguem se conciliar. Descanse em paz, Doutor Sócrates! E que seu exemplo – necessário – possa ser seguido por mais gente por aqui.

Em sua memória e homenagem deixo a sinfonia de pardais abaixo, que ouvi e fotografei hoje pela manhã, antes de sair de casa.

P.S.: atualizo o post às 13h23min para recomendar, sobre o assunto, a subida do doutor, três belos textos: dois de Ronaldo Bressane e um de Xico Sá.

P.S.2: e às 8h55min do dia 6, este de Marcelo Montenegro.

Joca Reiners Terron ou a imaginação crítica: poéticas da leitura em Sonho interrompido por guilhotina

[…]

Esta não é senão a narrativa que devolve Raduan Nassar àquele tempo, personagem de Joca Reiners Terron em “Cem Mil Frangos Fantasmas”. Pródigo renitente sob o olhar de um narrador que tem diante de si uma entrevista concedida ao repórter Elvis Cesar Bonassa, da Folha de S. Paulo, em 1995, décadas à frente desse dia. As respostas de Nassar dão a liga para a malha movediça dessa história, a memória arrebatada da escrita de Um copo de cólera, a rotina dos dias gastos no fio vivo da navalha exposta na conversa em que o autor cavalga novamente o verbo, e quem sabe a ignição dessa lembrança possa atear clareza sobre seu abandono da literatura?

[…]

Um irredutível, profundo vitalismo, que se espraia noutras direções. Certamente na direção de testar espaços periféricos à literatura, esta senhora. Torquato Neto e sua fissura pelo Super-8; Paulo Leminski interessado em vídeo, música popular, publicidade, histórias em quadrinhos; Waly Salomão em trânsito sobretudo com Hélio Oiticica, Lygia Clark, Jards Macalé; Jorge Mautner com sua literatura bombástica, sua música e os roteiros de cinema – não raro, os espíritos inquietos do período se aproximam das linguagens mais velozes, aquelas que causam micoses na pele totalitária do país e facilitam que, à revelia, a informação circule.

[…]

Aqui e aqui trechos (donde catei os acima) do trabalho que batiza este post, a dissertação de meu amigo-irmão Reuben da Cunha Rocha, que ele defende logo mais na ECA/USP. A ele, todo o sucesso, mais que merecido. Força, bróder!

Joca Reiners Terron ou a imaginação crítica: poéticas da leitura em Sonho interrompido por guilhotina

[…]

Esta não é senão a narrativa que devolve Raduan Nassar àquele tempo, personagem de Joca Reiners Terron em “Cem Mil Frangos Fantasmas”. Pródigo renitente sob o olhar de um narrador que tem diante de si uma entrevista concedida ao repórter Elvis Cesar Bonassa, da Folha de S. Paulo, em 1995, décadas à frente desse dia. As respostas de Nassar dão a liga para a malha movediça dessa história, a memória arrebatada da escrita de Um copo de cólera, a rotina dos dias gastos no fio vivo da navalha exposta na conversa em que o autor cavalga novamente o verbo, e quem sabe a ignição dessa lembrança possa atear clareza sobre seu abandono da literatura?

[…]

Um irredutível, profundo vitalismo, que se espraia noutras direções. Certamente na direção de testar espaços periféricos à literatura, esta senhora. Torquato Neto e sua fissura pelo Super-8; Paulo Leminski interessado em vídeo, música popular, publicidade, histórias em quadrinhos; Waly Salomão em trânsito sobretudo com Hélio Oiticica, Lygia Clark, Jards Macalé; Jorge Mautner com sua literatura bombástica, sua música e os roteiros de cinema – não raro, os espíritos inquietos do período se aproximam das linguagens mais velozes, aquelas que causam micoses na pele totalitária do país e facilitam que, à revelia, a informação circule.

[…]

Aqui e aqui trechos (donde catei os acima) do trabalho que batiza este post, a dissertação de meu amigo-irmão Reuben da Cunha Rocha, que ele defende logo mais na ECA/USP. A ele, todo o sucesso, mais que merecido. Força, bróder!