Violões no Convento

Orquestra de Violões Uema-Emem. Fotos: Zeqroz Neto
Orquestra de Violões Uema-Emem. Fotos: Zeqroz Neto

 

O Festival Internacional de Violão de São Luís já nasce grande. Espero que não usar o ordinal primeiro antes do nome do evento não signifique estancar em edição única.

Após três dias de masterclasses realizados com grandes nomes – Turíbio Santos, Gian Correa, Rogério Caetano e Alessandro Penezzi – na Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (Emem), teve início ontem (24), a programação de concertos do evento, no Convento das Mercês, onde todos os masters das classes se apresentam.

Eu mesmo, particularmente, me preocupei com o anúncio da programação: por mais que a produção chame de shows, na intenção de popularizar os espetáculos, gratuitos e abertos ao público, três concertos de violões, em sequência, poderiam parecer algo um tanto cansativo. Estava enganado, ainda bem.

Um bom público, educado, atento, interessado no que viu, lotou o pátio central do Convento das Mercês, onde a noite foi aberta pela Orquestra de Violões Uema-Emem, regida pelo maestro Roberto Fróes, tendo por destaques no repertório o Concerto em ré maior de Vivaldi, o arranjo de João Pedro Borges para Boi da lua, de Cesar Teixeira, e A máquina de escrever, de Leo Wilczek, com o pianista Bruno Cipriano solando uma… máquina de escrever.

O Quarteto Setão
O Quarteto Setão

Depois foi a vez Quarteto Setão, formado especialmente para o Festival. Trata-se, como o nome indica, do encontro de quatro dos mais promissores violões sete cordas do Maranhão: Tiago Fernandes, Mano Lopes, João Eudes e Luiz Jr. Maranhão. Entre clássicos do choro, os destaques do repertório foram composições de maranhenses: De Cajari pra capital (Josias Sobrinho), Flor do mal, (Cesar Teixeira) e Todos cantam sua terra (João do Vale).

Os violonistas João Pedro Borges e Joaquim Santos foram homenageados. Repito o que disse em diversas ocasiões, a diversos interlocutores: sem desmerecer ou apequenar nenhum outro convidado, bastaria esta dupla, mais Turíbio Santos (também homenageado, além de José Luiz Santos, pai de Luiz Jr. Maranhão), para garantir ao festival o status de internacional.

O violonista Turíbio Santos
O violonista Turíbio Santos

E era Turíbio Santos, maranhense como os ex-integrantes da Camerata Carioca, a próxima atração, o último convidado da noite. Não escondeu a emoção de voltar à terra natal para um concerto e atacou de Sons de carrilhões (João Pernambuco), seguida por um medley de Luiz Gonzaga (Asa branca, Juazeiro, Baião).

Ao pedir para desligar a máquina de gelo seco, deu sua alfinetada nos poderosos de plantão: “vou pedir a produção para desligar essa fumaça; não é aquela queimada lá, mas é ruim, por que o violão vai ficando úmido e respondendo diferente”, provocou, antes de apresentar sua suíte Teatro do Maranhão, que fez em homenagem ao Teatro Arthur Azevedo – onde iniciou, há mais de 50 anos, sua internacionalmente reconhecida carreira de concertista.

Homenageou Chiquinha Gonzaga (Gaúcho, Ó abre alas), Carlos Gomes (diversos temas recolhidos em comunidades quilombolas) e, obviamente, Heitor Villa-Lobos (Prelúdio nº. 3, Prelúdio nº. 2 e Choros nº. 1, com que encerrou sua apresentação), que chegou a conhecer pessoalmente e cuja obra divulga em discos desde a década de 1960. Foi aplaudido de pé. “Eu não vou fazer o bis por que estou com a mão cansada”, desculpou-se, sem que a plateia interrompesse os aplausos.

A programação, gratuita e aberta ao público, continua hoje (25) e amanhã (26), a partir das 19h, no Convento das Mercês.

Concerto de orquestras de violões abriu encontro em São Luís, ontem

Foto: Zema Ribeiro

 

Um bom público compareceu na noite do feriado de ontem (1º.) ao Teatro Arthur Azevedo para prestigiar o concerto de abertura do I Encontro Interinstitucional de Violões – cujas atividades já aconteciam desde a manhã, no Convento das Mercês. O espetáculo teve entrada franca.

Além de concertos, a programação inclui oficinas, workshops, masterclasses, palestras e curso de regência, numa realização da Orquestra de Violões da Uema-Emem, em parceria com instituições como a Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (Emem), Convento das Mercês, Teatro Arthur Azevedo, Escola de Música Municipal Maestro Nonato (de São José de Ribamar) e Orquestra Maranhense de Violões, além do apoio do Grand São Luís Hotel e do Restaurante Flor de Vinagreira.

O professor Roberto Fróes, que regeu a Orquestra de Violões da Uema-Emem, a segunda a se apresentar na noite de ontem, ressaltou a importância do encontro – São Luís não realizava um do tipo há pelo menos sete anos –, da valorização do instrumento e do destaque alcançado pelo violão na identidade musical nacional.

Os concertos – impossível falar no singular – de ontem foram oportunidades de ouvir um repertório quase sempre restrito às escolas de música ou para iniciados. O interesse do público presente demonstra que a plateia gosta do que é oferecido, para se jogar lenha na fogueira daquele velho debate sobre o porquê de a mídia insistir em oferecer apenas o que em tese é mais palatável.

Regida por Domingos Nélio Soares, a Orquestra Maranhense de Violões apresentou as seguintes peças: Camiño de Felanitx, Dança andaluza (ambas de Eythor Torlakson) e Em la playa (folclórica espanhola). Fechando sua apresentação foram de Bela mocidade (Francisco Naiva e Donato Alves), clássico do Bumba-meu-boi de Axixá, quando duas violonistas do grupo trocaram seus violões por ukulele e chocalho. O público cantarolou junto, numa demonstração de que erudito e popular podem ocupar o mesmo espaço. O grupo é formado por Alessandro Freitas, Kevin Wesley, Linda Yang, Mariana Morgana, Admary dos Santos, Carlos Felipe e Luana Gomes.

Na sequência foi a vez da Orquestra de Violões da Uema-Emem, formada por Tiago Fernandes, Uriel Ewerton, Davi Farias, João Marcos Costa, Gabriel Veras e Emanoel Gomes. Roberto Fróes, que cumpriu bem o ofício de mestre de cerimônias, com a dose certa de bom humor, dança enquanto rege, talvez a celebrar o sucesso do evento – merecida comemoração.

O grupo executou Brumas (da Suíte modal), de Paulo Porto Alegre, Schafe können sicher weiden, apresentada pelo regente pela tradução, As ovelhas podem pastar em segurança, de Johann Sebastian Bach, e três movimentos (dos seis da peça) de Variações sobre um tema de Brouwer: Tema, Dança e Final. O cubano Leo Brouwer é desde sempre uma das maiores referências contemporâneas em composição para violão e as peças executadas exploram diversas possibilidades do instrumento.

Bruno Cipriano solou uma máquina de escrever num dos momentos mais inusitados do concerto – dos concertos: A máquina de escrever, de Leo Wilczek. A plateia riu, em estado de graça. O grupo encerrou sua apresentação executando um arranjo inédito de João Pedro Borges para Boi da lua, de Cesar Teixeira, ao lado de Bela mocidade um dos maiores clássicos do período junino do Maranhão. Roberto Fróes contou uma curiosidade: integrava uma camerata com Domingos Nélio entre o fim da década de 1990 e início dos anos 2000, quando receberam o presente de Sinhô, à época seu professor, mas o grupo acabou antes e o arranjo permaneceu inédito até ontem.

As duas orquestras voltaram juntas ao palco, sob regência da professora Verónica Pascucci, “uma das responsáveis pela existência do curso de música da Ufma”, como destacou Fróes. Tendo por solista Davi Farias e contando com a participação especial de Joaquim Santos (contínuo), “uma referência nacional em se tratando de violão”, como também salientou Fróes, os grupos executaram o Concerto em D (RV 93), uma das peças mais conhecidas de Antonio Vivaldi.

A programação do I Encontro Interinstitucional de Violões segue até sábado (4), no Convento das Mercês, com as presenças de Alessandro Freitas, Cristiano Braga, Domingos Santos, Endro Fadell, João Pedro Borges, Joaquim Santos, Júnior Maranhão, Marcelo Moreira, Orlando Fraga, Roberto Fróes (coordenador do encontro) e Verónica Pascucci.

Resultado do I Festival de Poesia do Papoético

Este blogue já foi procurado por sua caixa de comentários, e-mail e telefone, acerca do assunto que intitula o post. Na condição de porta-voz do citado festival, desde o lançamento de seu regulamento, não podemos nos furtar de pendurar aqui seu resultado.

Infelizmente não pude comparecer ao Teatro Alcione Nazaré anteontem (31/5), ocasião em que aconteceu a final. No e-mail em que me enviou o resultado, o poeta Paulo Melo Sousa, organizador da iniciativa, agradeceu “a presença de todos ao evento que lotou o teatro e aos amigos e parceiros que acreditaram na
ideia e colaboraram com o festival, comprando pontos das rifas ou realizando doações em dinheiro”.

A partir de 8 de junho, os 21 poemas finalistas serão publicados, um por semana, na coluna Alça de Mira, que Paulão edita desde 2006 no suplemento JP Turismo, do Jornal Pequeno, às sextas-feiras. Saiba quem foram os vencedores.

Melhores Poemas: Ante o espelho, de Rodrigo Pereira (1º. lugar, R$ 1.000,00 em dinheiro); Poética, de Kissyan Castro (2º. lugar, R$ 500,00 em livros); e Desencontro, de João Cobelo Foti (3º. lugar, R$ 300,00 em livros).

Melhores intérpretes: Keyla Santana, interpretando o poema Alfama, de César Borralho (1º. lugar, R$ 500,00 em dinheiro); Nuno Lilah Lisboa, interpretando o poema Eu comi Oswald de Andrade, de Kátia Dias (2º. lugar, R$ 300,00 em livros); e Roberto Froes, interpretando o poema Flor caída, de Sílvio Rayol (3º. lugar, R$ 200,00 em livros).

A Comissão Julgadora de Melhores Poemas conferiu ainda menção de
destaque para quatro textos concorrentes: Alfama, de César Borralho;
Uma faca só lâmina, de André Rios; Bagagem, de Rafael de Oliveira; e Paisagem Vertigem, de Elias Ricardo de Souza.

Em breve a aba [PAPOÉTICO], que abrigou regulamento, ficha de inscrições e notícias sobre o I Festival de Poesia do Papoético – Prêmio Maranhão Sobrinho, dará lugar à em que se publicará tudo sobre o concurso de fotopoesia, com lançamento previsto para muito em breve.