Das falácias dos 400 anos

Domingo, 1º. de maio do ano passado. 85 anos do jornal O Imparcial, que então estreava novo projeto gráfico. A capa do Impar, seu caderno de cultura, trazia uma entrevista que fiz com Sofiane Labidi, coordenador do programa São Luís 400 anos.

O tipo de entrevista de que saímos não botando fé. À época eu pensava, sobre os tais 400 anos: “falta pouco mais de um ano, a turma ainda tá perdida”. Na entrevista, o tunisiano radicado na Ilha declarava: o comitê estratégico organizador da grande festa de aniversário da “única capital brasileira fundada pelos franceses” (cf. Zé Raimundo) ainda não havia se reunido, ao mesmo tempo em que dizia (mentia?) que havia diálogo com o Governo do Estado do Maranhão.

Durante um tempo, já fora dO Imparcial, passei um tempo pensando na possibilidade de entrevistar novamente Sofiane Labidi. Para o Vias de Fato, para o mesmO Imparcial, para outro diário da capital ou simplesmente para o blogue. A entrevista eu faria por conta própria, sozinho, bloco, caneta, gravador, máquina fotográfica, gasolina. Entregaria o material pronto a quem quisesse publicar ou simplesmente postaria aqui. Nunca comentei a ideia com ninguém, o tempo acabou passando, São Luís está às vésperas dos controversos 400 anos, enfim, não rolou a reentrevista, cuja ideia básica seria simplesmente repetir-lhe as mesmas perguntas da entrevista publicada em 1º. de maio e checar se as respostas batiam ou divergiam, se algo havia evoluído ou dado passos de caranguejo.

Domingo, 5 de agosto de 2012. O mesmo Impar, do mesmO Imparcial, traz em sua capa matéria assinada por Samartony Martins: Prioridades do quarto centenário. Já cato o jornal com desconfiança: “ué, não deveria ser o quarto centenário a prioridade?” O sutiã do texto anuncia ajustes no programa São Luís 400 anos por conta da falta de recursos. Não é de se estranhar: seu próprio coordenador, em maio do ano passado, ainda não fazia ideia de quanto se gastaria na festança.

O repórter se empolga e chega a anunciar a contagem regressiva pelo relógio instalado na cabeceira da Ponte do São Francisco, no Centro da cidade, ridículo, diga-se, para “a maior festa dos últimos tempos realizada na cidade”. Eu seria mais cauteloso: uma coisa é o que os ludovicenses esperam; outra será o que terão, oferecido por Prefeitura Municipal ou Governo do Estado. Nunca “e”.

Anuncia-se “um grande show com um artista nacional”, mas não dão nome aos bois. Certamente ainda não sabem quem virá. Em cima da hora, qualquer grande artista nacional teria problemas com a agenda. E qualquer mudança é paga a peso de ouro, dinheiro público voando em asas de beija-flor. Boatos já ouvidos falam em Gilberto Gil, Maria Bethânia, Roberto Carlos. Talvez os três, concorrendo entre si, já que parte da programação seria da Prefeitura e outra do Governo do Estado.

“Mas nem tudo será somente festa. Sofiane Labidi informou que uma das conquistas mais importantes para atual gestão será apresentada como parte das comemorações. Na semana do aniversário da cidade, será lançado o Programa de Erradicação ao Analfabetismo em São Luís. A ilha será a terceira capital brasileira livre do analfabetismo”, novamente empolga-se o repórter em parágrafo que tomo a liberdade de copiar inteiro: são coisas bem diferentes lançar um programa e ele efetivamente vir a apresentar resultados. E mais: se João Castelo (PSDB), candidato à reeleição municipal quisesse, de fato, acabar com o analfabetismo, podia bem começar respeitando o calendário escolar: em São Luís há unidades de ensino básico em que, em pleno agosto, às vésperas da Ilha se tornar quatrocentona, o ano letivo de 2012 ainda não teve início.

Outro parágrafo na íntegra: “Com quase 100% das ações concluídas, Sofiane Labidi explicou que o fato do aniversário da cidade em pleno ano eleitoral não contribuiu para a execução do Plano de Ações Estratégicas do jeito que a coordenação imaginou, mas, nem por isso, deixará de ser grandiosa. A saída foi o fechamento de parcerias com o governo federal e iniciativa privada, uma vez que o governo do estado está também com uma programação de comemorações paralela à realizada pelo município.”

100% das ações concluídas? Que 100%? Que ações? Aniversário em ano eleitoral? Só perceberam agora? Em que mãos a Ilha está, hein? Roseana Sarney e cia. [barrica?] estão com uma programação paralela? Não me digam! Sinal de que o diálogo antes anunciado por Labidi nunca aconteceu.

O feitiço vira contra o feiticeiro

Um carro de som da campanha do candidato à reeleição João Castelo (PSDB) caiu em um buraco em São Luís. O vídeo foi postado no Youtube por uma internauta. Assista:

Rubens Salles lança disco em show em São Luís hoje (4)

O pianista baiano Rubens Salles, radicado nos Estados Unidos, faz hoje (4) em São Luís sua única apresentação no Brasil, lançando seu segundo disco, Liquid Gravity. O show é também o primeiro realizado no Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy), recém-inaugurado.

Em Gravidade Líquida, o show, o pianista será acompanhado por Daniel Santos (clarinete e saxofone), Isaías Alves (bateria), Jayr Torres (guitarra), Luiz Cláudio (percussão) e Mauro Sérgio (contrabaixo), além de contar com as participações especiais de Anna Cláudia e Cláudio Lima (com quem dividiu o disco Cada mesa é um palco).

O espetáculo acontece às 21h e os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro, ao preço de R$ 30,00. A produção é da Crioulas Comunicação & Produção, patrocínio de São Luís 400 Anos, City Luz, Maxtec, Sebrae e Result Consultoria, e apoio de Clara Comunicação, Business Solutions, Cabana do Sol e Caves du Van.

Shopping Brazil vai virar DVD

Show de hoje será gravado e imagens irão compor primeiro DVD de Cesar Teixeira, ainda sem data definida de lançamento

Durante o show Shopping Brazil, hoje (3), às 22h, no Trapiche, serão captadas pelo cineasta Frederico Machado imagens para compor o primeiro DVD de Cesar Teixeira. Trata-se, por mais este motivo, de uma apresentação histórica e imperdível.

Ainda sem data prevista de lançamento, anuncia-se um pacote de lançamentos do artista, incluindo DVD, disco novo e a reedição de Shopping Brazil (2004), seu único disco lançado até aqui e há muito esgotado.

Presente no disco, o compromisso do compositor com a defesa dos direitos humanos se fará presente no espetáculo de hoje: a música que lhe empresta o nome trata da questão ambiental, denunciando a situação vivida por quem habita e sobrevive em condições subumanas nos lixões do país. O público poderá doar lixo reciclado, cuja renda será revertida em favor das crianças atendidas pelo Centro Beneficente da Paróquia Nossa Senhora da Glória.

No repertório não faltarão músicas como Bandeira de Aço, Flor do Mal, Boi da Lua e Oração Latina, entre as mais conhecidas, além de inéditas. A apresentação contará com participações especiais do ator Auro Juriciê e do compositor Joãozinho Ribeiro.

Shopping Brazil, o show, tem patrocínio do Banco da Amazônia (BASA) e apoio da Fundação Municipal de Cultura (FUNC), Serviço Social do Comércio (SESC) e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SESC).

Praia suja faz turismo despencar em São Luís

DA FOLHA DE S. PAULO

Na alta temporada, ocupação de hotéis passou de 75% em 2011 para 53% neste ano, segundo associação do setor

Justiça obrigou Estado a instalar placas sobre poluição em abril; todas as praias estão impróprias para banho

REYNALDO TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO

A ocupação dos hotéis na alta temporada em São Luís/MA – marcada pelos festejos juninos, pelo bumba meu boi e pelas férias – despencou neste ano. A culpa, diz o setor, é das praias sujas.

Por ordem da Justiça Federal, o Estado teve de divulgar um relatório sobre a situação das praias e instalar, em abril, placas alertando sobre a poluição. Todas as praias da cidade estão impróprias para banho devido ao esgoto, segundo monitoramento do governo.

Praias como a do Calhau, considerada uma das mais bonitas da cidade, e a da Ponta d’Areia, a mais movimentada, onde ficam os clubes de reggae, estão com o nível de coliformes fecais na água acima do considerado tolerável.

TRANSPARÊNCIA  Segundo a Promotoria do Meio Ambiente, a situação é conhecida pelo menos desde 1997, quando foram feitos estudos sobre a falta de tratamento de esgoto na ilha.

“A população não percebia a realidade porque não havia transparência”, explica o promotor Fernando Barreto.

A cidade sentiu os reflexos. “O turismo e a rede hoteleira estão ameaçados. Estamos tendo que fazer cálculos mirabolantes para não demitir”, diz o presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) em São Luís, João Antônio Barros Filho.

A taxa de lotação de hotéis e pousadas na cidade em junho e julho de 2011 foi de 75%. Neste ano, caiu para 53%. “É culpa das praias.” As empresas associadas à ABIH têm 5.800 leitos, diz Barros Filho.

MÁ IMPRESSÃO – “No caminho do aeroporto para o hotel, o taxista me avisou de que nenhuma praia estava própria para banho”, disse o turista mineiro Thiago Bernardo Pinto, 32, que visitou São Luís em junho. “Foi a primeira má impressão.”

Em frente à pousada de Barros Filho, um cano despeja esgoto na praia há quatro anos. O cheiro incomoda os hóspedes, que só usam a piscina. Ele diz que alertou a Caema (companhia ambiental do Estado), sem sucesso.

A Caema, sociedade de economia mista gerida pelo Estado, explora os serviços de abastecimento e coleta e tratamento de esgoto na cidade. Segundo o site do órgão, apenas 38,6% dos moradores têm acesso à rede de coleta.

A cidade tem pouco mais de 1 milhão de habitantes.

De 1994 para cá, a Promotoria ajuizou oito ações contra o Estado e a Caema, cobrando o tratamento do esgoto.

Uma delas transitou em julgado em 2005. A Justiça ordenou que o governo parasse de lançar esgoto in natura nas bacias dos três maiores rios.

Como a ordem não foi cumprida, a Promotoria pediu à Justiça, em junho, que bloqueie as verbas de publicidade da Caema e do governo de Roseana Sarney (PMDB) para pagar R$ 22 milhões de multas.

Segundo a Promotoria, a prefeitura também é ré em parte das ações, por fazer a concessão do esgoto à Caema sem cobrar bons resultados.

Adler São Luís no Papoético hoje (26)

Logo mais às 19h quem participa do Papoético é o compositor Adler São Luís. Ele lança o livro Substância rara (poemas, Linear B Gráfica e Editora, São Paulo, 2012) e faz show na ocasião, com participações especiais de  Ângela Gullar, Chico Saldanha,  Daffé, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, Smith Junior e Uimar Cavalcante.

A apresentação será uma grande jam, um reencontro de amigos, aproveitando a passagem do artista pela cidade que lhe dá nome artístico — atualmente São Luís mora em São Paulo, onde está gravando disco novo, provisoriamente intitulado Repente de repente.

Debate-papo semanal articulado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa, o Papoético tem como palco o Restaurante Cantinho da Estrela (Rua do Giz, Praia Grande, em frente à Praça Valdelino Cécio). O couvert artístico para o show de Adler São Luís custa apenas R$ 5,00. A produção não informou o valor do livro.

Concurso – O Papoético está com inscrições abertas para seu concurso de fotopoesia. Mais informações na aba homônima neste blogue.

Haroldo Sabóia, este o povo apoia*

Gravei ontem minha declaração de apoio à candidatura de Haroldo Sabóia (PSol) à prefeitura de São Luís:

Outros depoimentos (Joãozinho Ribeiro, Lena Machado, Luis Antonio Câmara Pedrosa, Ricarte Almeida Santos, Wagner Cabral etc.) podem ser assistidos na página da coligação São Luís, o caminho é pela esquerda no Youtube.

*O título do post é lembrança de um jingle do passado, que permaneceu inédito.

Este blogue tem lado e diz. Que outros o farão?

(OU: SÃO LUÍS, O CAMINHO É PELA ESQUERDA)

Desde cedo aprendi que imparcialidade jornalística é quimera.

O fato é o fato; a notícia, uma forma de contar aquele. Uma forma, viram? Um repórter escreve uma matéria de um jeito, outro, de outro. Dois repórteres cobrindo determinado fato não escreverão a notícia da mesma maneira, a mesma notícia – a não ser que, prática corriqueira no jornalismo cometido no Maranhão, estejamos falando do control c control v que empesteia as redações, a blogosfera, o escambau.

Desde sempre aprendi que o compromisso do jornalismo deve ser com a verdade, com a informação, com o interesse público.

No Maranhão, notícia virou mercadoria. Este blogue, em pouco mais de oito anos de existência, nunca colocou um centavo no bolso deste que o escreve/edita. Não é a primeira vez que toma partido, declara voto, assume suas preferências, com as dores e delícias que estas envolvem.

A campanha eleitoral está nas ruas e logo chegará ao rádio e televisão. Este blogue declara apoio à candidatura de Haroldo Sabóia (PSol) à prefeitura de São Luís do Maranhão, encabeçando a chapa “São Luís, o caminho é pela esquerda” (PSol/ PCB).

O “selo” colocado à sua esquerda na página inicial permanecerá aí até o dia do pleito. O blogue não recebeu, não recebe, nem receberá um centavo por isso. Se, por acaso, a campanha da chapa PSol/PCB me encomendar algum trabalho, declararei cá no blogue, inclusive o valor da remuneração.

O que mais há no Brasil – e particularmente no Maranhão – são veículos e profissionais de comunicação que têm partido e candidato, mas não declaram. E dizem ser imparciais e assim exercer seu ofício. Este blogue o faz, como o fez, por exemplo, a revista Trip, que há tempos, pioneiramente, recusou publicidade de tabaco em suas páginas e, à época de um referendo, declarou-se a favor do desarmamento de cidadãos. No primeiro caso a atitude da revista foi um dos primeiros elementos que dariam na proibição da publicidade de cigarro no Brasil.

No Maranhão, programas de rádio e tevê, jornais e blogues são, em grande parte, instrumentos de campanha política travestidos de noticiário. Este blogue continuará suas atividades normalmente: a única coisa que faz aqui é assumir seu candidato, de que lado está nestas eleições municipais. Resta saber quantos e que outros veículos e profissionais o farão com clareza. Fica o desafio, quem topa?

Quem não gostar procure o Procon!

Jessyca Segadilha concedeu há pouco uma entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Cidade/ Rede Record. Falava, pelo que entendi, representando o Procon/MA e a conversa com o apresentador Sérgio Murilo tinha por mote a medida da Anatel que proíbe, a partir de segunda-feira próxima (23), a venda de chips das operadoras Claro, Oi e Tim em alguns estados brasileiros. No Maranhão a proibição afeta apenas a terceira.

Não vi a entrevista inteira: quando liguei a televisão para dar aquela descansada após o almoço, o papo entre a, suponho, servidora da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania (Sedihc) e o jornalista já estava em andamento. Para além da pauta que cobria os problemas referentes aos serviços de telefonia móvel a conversa enveredou, por exemplo, por cartões de crédito e suas abusivas taxas de juros.

“Como denunciar?” À pergunta de Sérgio Murilo, Jessyca Segadilha recomendou que os clientes, particularmente no tocante às operadoras de telefonia, reclamassem primeiro junto à empresa, garantindo assim o número de protocolo e só depois reclamassem ao Procon. Passou aos telespectadores o endereço do órgão, hoje localizado na Rua do Egito, nº. 207, no Centro de São Luís.

Indagada sobre os números de telefone do Procon ela não soube dizê-los e informou que os mesmos estavam no site do órgão; questionada sobre este endereço eletrônico, “bateu um branco”, ela novamente não soube informar e recomendou aos interessados entrar no site do Governo do Estado, depois no da Secretaria de Direitos Humanos e então acessar o link do Procon.

Um tortuoso caminho – como quando você chega numa repartição e é jogado de um funcionário a outro –, burocrático e que não atende à grande maioria da população que via o misto de noticiário e entretenimento. O Procon, que deve combater, por exemplo, abusos como as infinitas transferências de ligações entre atendentes de telemarketing, “eu vou estar te transferindo para que você possa estar resolvendo seu problema”, até que você desiste, a ligação cai ou, de um modo ou outro, seu problema continua sem solução. Pela lógica da entrevistada, repito, você acessa um site, para chegar a outro e ali encontrar o link e os telefones do Procon. Isso se a internet não cair, antes de você completar a operação – o que em São Luís é muito comum, sobretudo quando chove.

Serviço – O Procon tem quatro unidades de atendimento no Maranhão (número bastante aquém do ideal. Será que adianta reclamar… no Procon?): duas em São Luís – no endereço da Rua do Egito, acima, e no Viva Cidadão da Praia Grande –, uma em Balsas e uma em Caxias. Essa informação foi dada pela Jessyca Segadilha na citada entrevista. O blogue dá aqui o que ela não soube há pouco: http://www.procon.ma.gov.br, proconsede@procon.ma.gov.br, (98) 3261-5100. Boa sorte!

Com respeito, reconhecimento e admiração

Gosto de Gilberto Mineiro. E gosto de algumas produções de Gilberto Mineiro. O apresentador do Companhia da Música, às quintas-feiras, 20h, na Rádio Universidade FM, foi o responsável por vindas à Ilha de Ceumar, Tiê e, agora, no próximo dia 14 de agosto, de Tulipa Ruiz, que lançará no palco do Arthur Azevedo seu segundo disco, Tudo tanto.

Numa capital em que ou as coisas nunca chegam ou chegam com bastante atraso é digno de elogios o trabalho de Gilberto Mineiro, ao incluir a capital quatrocentona (há controvérsias) no roteiro de lançamentos de uma artista independente, isto é, com penetração não patrocinada no mundo jabaculezado das rádios brasileiras. O radialista certamente é um dos que não pedem mais que discos em troca de executar bons nomes, daqui e de fora, em seu programa.

“IMPERDÌVEL! Mais uma vez os produtores de música ruim, a exemplo do show da Tiê, comentam que não existe público na ilha para música inteligente. Galera, vamos lotar o T.A.A. e mostrar para esse [sic] bucéfalos que existe vida além do curral deles. IMPERDÌVEL!”

Juro que não entendi o despropositado entre aspas acima, que catei no perfil do elogiado produtor no Facebook. Algumas perguntas que me ocorrem imediatamente: Tiê faz música ruim? O show dela é/foi ruim? (não assisti: liso, na ocasião, não fui, como nunca sou, agraciado com cortesias pela Musikália. Ou é Musicália?) É o próprio Gilberto Mineiro quem comenta que “não existe público na ilha para música inteligente”?

A postagem do produtor é confusa e o deita em contradição, ele que vez ou outra tira a carapuça de “blindador de cabeças” tão alardeada em seu programa de rádio para produzir shows de qualidade duvidosa à guisa de levantar uns trocados.

“Raiva é energia”, como aprendi com o rock’n roll e com meu amigo irmão Reuben da Cunha Rocha. Mas como aprendi com o dito popular, “tudo o que é demais é sobra”. É claro que uma porrada de coisa ruim me incomoda na música produzida no Brasil hoje em dia (a trilha sonora da novela Avenida Brasil, da Rede Globo, é um exemplo; os babacas com seus porta-malas abertos em cada bar, em cada praia, em cada esquina, outros); prefiro, em vez de perder tempo falando mal de Michel Teló e quetais, elogiar (e tentar conquistar fãs e ouvintes para) Tulipa, Tiê, Ceumar, Renato Braz, Curumin, Criolo, Rômulo Fróes, Rodrigo Campos e tantos outros que merecem ser ouvidos por cada vez muito mais gente.

Espero, sinceramente, ver o teatro lotado para prestigiar a produção de Gilberto Mineiro e o talento de Tulipa, que vem provando que Efêmera era mesmo apenas o título de seu disco de estreia. Espero não ter problemas de agenda (tenho viajado um bocado a trabalho) e de grana e poder estar lá, cantando junto, reafirmando postulados poéticos, “a ordem das árvores não altera o passarinho”.

Um blogueiro na biblioteca

Há quase um ano, salvo melhor juízo, tomei conhecimento do Cândido, jornal que a Biblioteca Pública do Paraná estava lançando à época. Fã confesso de Paulo Leminski, não resisti, ao ver uma caricatura sua na capa de estreia, a ligar para a BPP e ser simpaticamente atendido por um homem cujo nome não lembro agora.

Disse-lhe que era de São Luís, Maranhão, e que gostaria de receber o jornal. Ele anotou meu endereço e disse que meu nome não era estranho, que já havia lido meu blogue. Li o primeiro número do Cândido pela internet e este cuja capa é estampada pelo Leminski é o único que não tenho em minha coleção. O 2 demoraria a chegar e cheguei mesmo a pensar que aquela simpatia toda ao telefone havia sido apenas educação. O que não seria pouco.

Enganei-me, ainda bem. Mês após mês tenho recebido em minha casa um dos 5.000 exemplares de sua tiragem. Pode parecer bobagem, mas sinto-me honrado. Um jornal bonito, de capas coloridas e miolo em p&b, com conteúdo de primeira. Dedicado quase exclusivamente à literatura, já passaram por suas páginas nomes como Marçal Aquino, João Paulo Cuenca, Cadão Volpato, Sérgio Sant’Anna, Fernando Morais, André Dahmer, Joca Reiners Terron, Luiz Vilela, Luiz Alfredo Garcia-Roza e Reinaldo Moraes, entre muitos outros, para citar apenas alguns que me vêm à cabeça imediatamente, sem eu correr ali à bagunça das estantes para relembrar.

Cândido, o nome do jornal, é homenagem a “Cândido Lopes, que hoje dá nome à rua em que está localizada a Biblioteca Pública do Paraná. Lopes fundou o jornal Dezenove de Dezembro, em 1854, o primeiro impresso paranaense”, aspas extraídas de Pelas calçadas da literatura, texto assinado por Guilherme Magalhães no nº. 10 (maio de 2012, p. 13) do citado jornal literário.

19 de dezembro é a data em que nasci, quase século e meio depois, coincidência que eu só viria a descobrir ao ter em mãos aquele número do jornal. Mas não seria a primeira: em maio passado minha esposa viajou à capital paranaense para apresentar um trabalho em um seminário de Direitos Humanos. Dois dias depois, às próprias custas s/a, juntei-me a ela para um turismo na cidade em que, para meu confesso espanto, Leminski é pouco lembrado. Antes da outra coincidência, volto a Guilherme Magalhães, no citado texto: “Por outro lado, figuras de proa da literatura paranaense dos últimos 50 anos também ainda não tiveram a honra de virar logradouro, o que pode denotar o distanciamento do tempo como um critério para as homenagens. Jamil Snege, Paulo Leminski (que virou nome de pedreira e de escola, mas não de rua) e Manoel Carlos Karam (que dá nome a uma casa de leitura) ainda não foram lembrados pelos políticos curitibanos, responsáveis por propor nomes a logradouros” (p. 13). Visitei a belíssima Pedreira Paulo Leminski e sua Ópera de Arame, além de ter comido e bebido na Manoel Carlos Karam, praça de alimentação do encantador Mercado Público Municipal, passeio que recomendo a qualquer turista, com pouca grana como eu ou não.

A outra coincidência conto agora. Chegando em Curitiba, calhou de o ônibus que me levou até o hotel parar justo em frente à BPP – hospedei-me bastante perto dela –; uma visita ao órgão público já estava planejada, ao menos em minha cabeça. Num sábado de maio pela manhã – sim, em Curitiba a Biblioteca Pública funciona aos sábados de manhã – apareci por lá e pedi para falar com alguém responsável pelo Cândido. A recepção me encaminhou a Tatijane Albach, que me dispensou enorme atenção e simpatia, levou-me para conhecer parte das dependências da BPP, que passava por reforma e tinha alguns setores fechados, e ainda me deu alguns presentinhos, além de apresentar-me alguns projetos.

O Um escritor na biblioteca, a plateia conversa com um escritor, com moderação de um jornalista, é uma reedição de projeto da década de 1980; os melhores momentos dos debate-papos têm sido reproduzidos Cândido após Cândido, devendo virar livro em breve; assim como deve ganhar reedição um livro já publicado com os participantes de há 20 e poucos, 30 anos.

Tatijane brindou-me ainda com um exemplar de Helena (ano 1, número zero, junho de 2012), revistão colorido de 114 páginas, anunciada na contracapa como “um pouco de muito da nossa cultura”, o nome, uma homenagem à poeta Helena Kolody. “A gente tem uma tradição de publicações com nome de homens, o Cândido, a Joaquim [revista editada há tempos por Dalton Trevisan]”, ela deve ter citado outros, “agora a Helena, uma mulher”, explicou anunciando a publicação trimestral da BPP.

Voltei ao hotel para guardar o pacote com Helena e alguns exemplares do Cândido antes de prosseguir o passeio com a esposa; Tatijane desceu as escadas e foi comprar pão de queijo para um café com que ajudaria a espantar o frio nem tão rigoroso assim que fazia aquela manhã em Curitiba.

Tatijane e o blogueiro, quando este visitou a BPP

Grupos folclóricos serão categorizados pela Secma

É o que leio na manchete da capa do Alternativo (link para assinantes com senha), nO Estado do Maranhão de hoje. Tipo, os grupos de bumba meu boi serão classificados em categorias, A, B, C etc., como as divisões num campeonato de futebol, por exemplo.

Uns argumentarão: “ah, mas no carnaval já é assim”. O carnaval de passarela é competitivo. Nunca vi um bumba meu boi aqui ser campeão de São João, a não ser os autoproclamados, numa estratégia de marketing. Opinião do blogue: o Maranhão, de novo, vai na contramão da história.

Nem dá mais pra falar que na contramão das políticas públicas de cultura do governo federal, por que com a Ana de Hollanda lá, parece que a turma daqui sintonizou: Secma e MinC andam pra trás. Folclóricos não são os grupos de cultura popular que a Secma pretende categorizar: folclórica é esta gestão!

Carlos Junot, coordenador do Núcleo de Observação e Relatório de Eventos da Secma, setor que eu sequer sabia existir, afirma na matéria: “Alguns [grupos] se sentiam prejudicados, já que muitos requeriam apresentações nos arraiais apoiados pelo governo, não compareciam e, mesmo assim, recebiam seus cachês”. Opinião do blogue: aí não é a categorização que resolve, mas a fiscalização.

Mais na frente o mesmo servidor afirma que “queremos privilegiar aqueles que fazem um bom trabalho”. Ao dicionário: Privilégio: direito ou vantagem concedido a alguém, com exclusão de outros; Direito: o que pode ser exigido em conformidade com as leis ou a justiça. Isto para trazermos apenas uma acepção de cada verbete. Opinião do blogue: não tem que privilegiar ninguém. Tem que garantir a participação, isto é, o direito, dos que fazem um bom trabalho e punir os que recebem recursos públicos e não dão as caras nos arraiais.

Paulo de Aruanda, presidente da Federação das Entidades Folclóricas e Culturais do Estado do Maranhão, também foi ouvido pela reportagem de O Estado. Ele sugere a categorização por sotaque, mas isso já é feito de forma até natural. Ou o grupo é de um sotaque ou é de outro e mesmo grupos como Barrica e Boizinho Incantado são classificados de alternativos. Interessante na fala dele é a lembrança dos chamados bois de promessa: “Não podemos esquecer os aspectos religiosos, econômicos, sociais e de tradição destes grupos. Um exemplo são os bois de promessa, que não têm caráter econômico e que, portanto, não podem ser comparados com os que têm esta finalidade”, ou seja, o mercado, de certa forma, já categoriza os bois que a Secma quer, digamos, recategorizar, porém, provavelmente, usando os mesmos critérios do mercado. E devo dizer que isto é mero chute do blogue, já que os critérios de categorização não estão claros e é a própria federação supracitada quem reclama da falta de transparência na matéria.

Uma última provocação: a federação, dados da matéria, “congrega 700 grupos de bumba meu boi provenientes de todo o Maranhão”. Como sabemos, a capital São Luís é “privilegiada” no período junino, abarcando a grande maioria dos recursos da pasta da cultura destinada aos festejos. O que explica, por exemplo, termos 700 grupos, isso contando apenas os filiados à federação, fora os que não, e vermos, São João após São João, sempre os mesmos menos de 10% destes grupos nas programações oficiais? Isto já não é um exemplo de categorização e manutenção de “privilégios”?

Aula de percussão com Zé da Chave

Figura fácil em festas, shows, vernissages e quetais, Zé da Chave batuca em qualquer coisa, em geral para desespero de artistas e plateia: de latas de cerveja a talheres em pratos vazios, sendo o mais comum seu molho de chaves, atire a primeira pedra o transeunte da Praia Grande que nunca tenha visto a cena.

Abaixo, pelas lentes do blogueiro, ele ensina um turista a percutir o chaveiro, depois tomando-o para si e acompanhando o grupo de bumba meu boi que se apresentava no Canto da Cultura, no dia de São Pedro.

Dom Xavier Gilles celebra 50 anos de ordenação sacerdotal

Dom Xavier recebeu de Dona Teté um presente por seu aniversário de ordenação

Missa celebrada na manhã de ontem (30/6), na Igreja do Bonfim, na Vila Nova, em São Luís, marcou o início das comemorações de 50 anos de ordenação sacerdotal de Dom Xavier Gilles, 77, bispo emérito de Viana, bispo referencial da Cáritas no Maranhão e presidente da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC).

A celebração contou com as presenças de Dom José Belisário, arcebispo de São Luís, Dom José Carlos Chacorowski, seu auxiliar, além de diversos padres, seminaristas e ex-seminaristas.

Com a igreja lotada, o bom humor dominou o ato que durou uma hora e 15 minutos, com diversas histórias e lições de Dom Xavier sendo relembradas. A missa no Bonfim, onde ele reside atualmente, marca o início de uma maratona pela efeméride: as celebrações continuarão dia 2 de julho em Viana, 5 em Buriticupu, 7 em São Benedito do Rio Preto e 8 em Urbano Santos.

Na foto que abre o post, ao reencontrar Dona Teté, 80, liderança católica da Vila Passos, Dom Xavier, ex-pároco do bairro, imediatamente lembrou um quase acidente há muitos anos: “Quase a gente morre abraçados”, brincou, relembrando a história já ouvida de ambos, uma ultrapassagem mal calculada por um frei que conduzia o veículo que lhes levava a algum município na região de Balsas. Ambos estão vivos e animados, professando a fé católica, graças a Deus, amém!

Cinema Pela Verdade em São Luís

Começa amanhã (19) em São Luís a mostra Cinema Pela Verdade, que debaterá a ditadura militar brasileira após a exibição de documentários sobre o período. Suas sessões ocuparão auditórios na UEMA, UFMA e Campus Centro Histórico do IFMA. Programação completa na página da SMDH na internet (no link, sinopses e horários das sessões, seguidas de debates e gratuitas). Abaixo, trailers de Cidadão Boilese, Condor e Hércules 56, documentários que compõem a mostra.

Amanhã (19), às 8h30min, estarei na UEMA para, após sua exibição, debater o filme Condor. Entre os debatedores da mostra, em outras sessões, estão o advogado Luis Antônio Câmara Pedrosa e o jornalista Emílio Azevedo. A curadoria local da Cinema Pela Verdade é de Andressa Brito Vieira, estudante de Ciências Sociais da UFMA.