Subiu o amigo Celso Sampaio

Em Baracatatiua, Alcântara, em momento de descontração no intervalo de alguma atividade

Faleceu na noite de ontem (29) o advogado Celso Sampaio (foto), assessor jurídico da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), em decorrência de complicações após uma cirurgia realizada para a retirada de um tumor no intestino, detectado durante sua luta contra o câncer.

Celso Sampaio estava internado no Hospital Universitário Presidente Dutra (HUUFMA), em São Luís. Após várias desmarcações, o procedimento foi realizado semana passada. Ele não resistiu ao quadro de hemorragia e comprometimento pulmonar e veio a falecer.

Figura conhecida pelo excesso de zelo quando o assunto era higiene, exageradamente cuidadoso, sempre carregava, em viagens, uma escovinha para limpar as unhas e as roupas não tinham uma dobra sequer, tudo engomado com muito capricho – quase um Monk. Mesmo trajando apenas camisa e bermuda, era a elegância em pessoa. O que não o impediu de mergulhar no Maranhão profundo, em que muitos municípios não possuem, por exemplo, saneamento básico e não lhe garantiam as condições mínimas exigidas pelo “padrão Celso de qualidade”. Ciente de sua missão, embarcava rumo aos rincões para embates contra os poderosos que querem apossar-se do Maranhão – reza a lenda que sobreviveu a 18 acidentes automobilísticos.

Um forte, um bravo. Um homem que nunca havia ido ao médico sequer para tratar de uma unha encravada, como ele mesmo gostava de dizer, do alto de sua luta contra o câncer. Poucas vezes o vi chorar e suas lágrimas tinham dignidade. Era extremamente devotado à mãe, com quem gostava de ir à Feira do João Paulo: enquanto ela consertava panelas e utensílios de cozinha em geral, ele refestelava-se com um saboroso mocotó.

Em uma brincadeira com o seu zelo por estar sempre alinhado e cheiroso, iniciamos, eu e uma turma de amigos da SMDH, a chamada rota da baixa gastronomia, em que mostrávamos a ele estabelecimentos diferentes de lojas de conveniência que ele tanto adorava: conhecia praticamente todas as de São Luís e lhes atribuía notas avaliando critérios como espaço, temperatura do ar condicionado e da cerveja entre outros.

Da última vez em que bebemos juntos, em dezembro passado, durante uma confraternização de fim de ano da SMDH, ele agradeceu-me bastante por fazê-lo conhecer o Chico Discos, então cenário de nosso amigo secreto. “Assim que eu terminar o tratamento e estiver novamente liberado, serei um habitué”, prometeu. Infelizmente não deu tempo.

De outra, antes, ele esteve em minha casa, em um aquecimento carnavalesco – bebemos um bom bocado antes de sairmos rumo ao Carnaval de Segunda do Laborarte. Durante a conversa, ele revelou: era a primeira vez em que ele se sentia à vontade em frequentar a casa de um colega de trabalho, de alguém das fileiras dos movimentos sociais. “Caro escriba” era como gostava de me chamar.

Celso Sampaio será sepultado em Vargem Grande/MA, sua terra natal. Seu exemplo aguerrido certamente inspirará muitos militantes de Direitos Humanos por aqui. Sua cabeça pelada contrastará com os fartos cabelos e barba de Deus, que certamente saberá bem recebê-lo em suas fileiras.

Tomarei umas cervejas e ouvirei My way na voz de Frank Sinatra, uma de suas músicas prediletas, para senti-lo por perto. Mais que nunca, Celso é de Deus e feito ele está conosco.

Cesar Teixeira, 60 anos

Um de nossos maiores compositores completa hoje 60 anos. Em 2003, por conta de seu meio século, fui (também) o único a dizer algo: o texto saiu no Jornal Pequeno.

A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), de que Cesar Teixeira é sócio e ex-assessor de comunicação, homenageou-o (no fundo foi por ele homenageada) em sua Agenda 2013, em que o artista comparece com sete ilustrações (incluindo a da capa), seis poemas e em uma foto (de Aniceto Neto, a mesma que ilustra este post).

Abaixo, o texto que escrevi para a terceira capa da agenda. A Cesar uma saraivada de vivas, votos de vida longa e muita arte!

Carlos Cesar Teixeira Sousa completa 60 anos em 2013: nasceu em 15 de abril de 1953. Esta agenda é uma homenagem da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) a um de seus mais ilustres sócios. Nascido no Beco das Minas, na Madre Deus, bairro boêmio encravado no coração de São Luís, o artista plural é filho do compositor Bibi Silva e desde criança habituou-se a ouvir o som dos tambores do mais antigo terreiro afro da Ilha e das rodas de samba que ocupavam a área. Dedicou-se, ainda na adolescência, às artes plásticas, tendo vencido alguns salões em fins da década de 1960.

Na mesma época iniciou sua trajetória musical, participando de festivais de música no Liceu Maranhense, onde estudou. Datam deste período músicas como Salmo 70, em parceria com o poeta Viriato Gaspar, e Sentinela, com Zé Pereira Godão.

Em 1972 integrou a trupe que fundaria o Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte). Em 1978, Papete, no antológico Bandeira de Aço, pelas mãos do produtor Marcus Pereira, registraria três músicas suas: Boi da Lua, Flor do Mal e a faixa-título.

Cesar Teixeira viria a ser um dos mais gravados compositores maranhenses, tendo sua obra registrada nas vozes de nomes como Alcione, Célia Maria, Chico Maranhão, Chico Saldanha, Cláudio Lima, Cláudio Pinheiro, Cláudio Valente, Dércio Marques, Fátima Passarinho, Flávia Bittencourt, Gabriel Melônio, Lena Machado, Papete e Rita Ribeiro, entre outros, além da Escola de Samba Turma do Quinto, cuja ala de compositores integrou durante algum tempo.

Sua Oração Latina, originalmente composta para a trilha sonora de uma peça teatral, em 1982, venceu o Festival Viva de Música Popular Maranhense, em 1985. A música é até hoje cantada em atos, greves, manifestos e mobilizações populares, não só no Maranhão. Seu único disco até aqui, Shopping Brazil foi lançado em 2004, e apresenta pequena parte de sua significativa obra musical. No carnaval de 2010, o artista foi homenageado pela Favela do Samba.

Sua atuação jornalística também merece destaque: formou-se pela UFMA em 1984, foi editor de cultura do jornal O Imparcial (1986-88), assessor de comunicação da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) (1989-2002), entidade da qual é sócio até os dias atuais, fundador do Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante (2002), onde escrevia sobre música, cultura popular, teatro e artes plásticas, e fundador do jornal Vias de Fato (2009).

Homenageado com a medalha Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís, Cesar Teixeira não chegou a receber a comenda. Em 2011 foi agraciado com o troféu José Augusto Mochel, do PCdoB, por sua destacada atuação na luta em prol dos Direitos Humanos no Maranhão.

Quem disse que carnaval não tem nada a ver com direitos humanos?

IV Baile do Parangolé festeja 34 anos da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH). A festa, gratuita, acontece sábado (9), no Porto da Gabi (Aterro do Bacanga)

Fundada em 12 de fevereiro de 1979, em meio às lutas contra a ditadura militar então vigente no país e pela anistia, a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) completa 34 anos na próxima terça-feira de carnaval.

Uma coincidência que não se encerra no calendário. O carnaval é, por excelência, a festa da fantasia. Temporada de puro êxtase em que as pessoas se desligam do mundo real, se esquecem dos problemas cotidianos e caem na folia, “pra tudo se acabar na quarta-feira”, como determinaria o poeta.

Esta fantasia já foi cantada em verso e prosa e poupo os poucos mas fieis leitores de outros exemplos. A luta por direitos humanos é constante e não conhece folga ou férias. Carnaval é cultura e cultura é direito humano fundamental, devendo assim ser entendido e garantido, sem restringir-se apenas à festa e sem dissociar-se de outros direitos.

Batizado pelo coco de Cesar Teixeira, sócio da SMDH e seu ex-assessor de comunicação, o Baile do Parangolé, hoje já cravado nos calendários cultural e carnavalesco de nossa ilha capital, tem sido um espaço/momento de celebração e reencontros entre militantes de direitos humanos, amigos e familiares. Embora nunca tenha se fechado, este ano abre-se ainda mais, já que não haverá venda de camisas e/ou cobrança de ingressos, graças ao apoio da Fundação Municipal de Cultura (Func) e do Porto da Gabi.

O autor do Parangolé é homenageado no traço de Djalma Lúcio, que, especialmente para a ocasião, desenhou o jornalista e compositor, autor de vasto repertório carnavalesco – sambas, frevos, marchas e outros gêneros do período, algumas de suas músicas certamente comparecendo ao vesperal.

O baile terá como atrações Chico Nô e a Turma do Vandico e certamente contará com canjas de artistas militantes que se revezarão entre plateia e palco. A escolha do band leader não se dá ao acaso: é também uma forma de reconhecer seu compromisso com as lutas dos movimentos sociais maranhenses.

Isso tudo é só pra convidar vocês pra festa!

Agenda carnavalesca: Cesar Teixeira

O compositor Cesar Teixeira se apresenta hoje (2), às 21h, no Viva Liberdade. Amanhã (3), às 22h, no Ceprama.

O artista é visto ao lado no traço de Djalma Lúcio, que cedeu esta caricatura para o material de divulgação do IV Baile do Parangolé, que acontece dia 9, às 14h, no Porto da Gabi (Aterro do Bacanga), com entrada franca. A festa, com apoio da Fundação Municipal de Cultura (Func) e Porto da Gabi, comemora os 34 anos de fundação da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), entidade da qual Cesar Teixeira é sócio e ex-assessor de comunicação.

Autor da música que batiza o baile, ele completa 60 anos em 2013 e foi homenageado pela SMDH também em sua Agenda 2013.

Hoje em Brasília/DF

O Café com Direitos Humanos, realização do Escritório Brasília da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, lembrará o aniversário do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, completado no último 25 de outubro. Detalhes na página da SMDH.

O debate (de verdade)

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), União Estadual por Moradia Popular, Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Quilombo Urbano, Pastoral da Comunicação, Comitê Padre Josimo, Central de Movimentos Populares, Cooperativa de Mulheres Trabalhadoras da Bacia do Bacanga, jornal Vias de Fato e Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA) providenciaram a gravação do debate realizado no auditório da última, lotado, na tarde de quarta-feira passada (19). O evento teve transmissão ao vivo pela internet.

Dos oito candidatos a prefeito, cinco se fizeram presentes ao debate moderado por Zaira Sabry Azar (MST): Edivaldo Holanda Jr. (PTC), Eliziane Gama (PPS), Haroldo Sabóia (PSol), Marcos Silva (PSTU) e Tadeu Palácio (PP). Não compareceram os candidatos Edinaldo Neves (PRTB), que alegou problemas de saúde, João Castelo (PSDB), candidato à reeleição, e Washington Oliveira (PT), candidato oficial do Sistema Mirante/ Oligarquia Sarney. Os dois últimos sequer enviaram representantes de suas coordenações de campanha para a reunião que definiu as regras do debate. Como comentei há alguns posts, o Sistema Mirante disse que o mesmo foi marcado por “tensão” e “polêmica”. Vejam com seus próprios olhos e tirem suas próprias conclusões.

O debate que houve e o que (ou)viu o Sistema Mirante

“O (ab)surdo não (h)ouve” (Walter Franco)

Estive ontem (19) a tarde inteira no auditório da OAB/MA, onde aconteceu um debate entre os candidatos a prefeito de São Luís e as organizações sociais que o organizaram. Compareceram os candidatos, em ordem alfabética, Edivaldo Holanda Jr. (PTC), Eliziane Gama (PPS), Haroldo Sabóia (PSol), Marcos Silva (PSTU) e Tadeu Palácio (PP).

Divulguei o debate (aí por baixo há um post anunciando-o e outro a sua transmissão online em tempo real), que teve um auditório lotado para presenciá-lo e, repita-se, transmissão ao vivo pela internet. Encontrei amigos, fiz uma pergunta (representando a SMDH) e integrei um trio a que, brincando entre nós, chamamos “comitê de crise”, que serviria para “julgar” questões relativas, por exemplo, a eventuais pedidos de direito de resposta durante o debate. Éramos eu (SMDH), Emílio Azevedo (Vias de Fato) e Creusamar de Pinho (União Estadual por Moradia Popular).

O trio não foi solicitado uma vez sequer, o que, a meu ver, dá uma ideia do clima em que transcorreu o debate. Eliziane Gama e Edivaldo Holanda Jr., por razões óbvias, foram os mais citados pelos outros concorrentes. Seguraram a onda. Haroldo Sabóia levou o auditório às gargalhadas quando, para justificar-se de vez ou outra estourar o tempo de dois minutos para cada resposta, disse ser gago e que, por isso, precisava de mais tempo. Havia um clima de bom humor. É óbvio que alguns candidatos estavam mais à vontade que outros, o que é muito natural e varia de palco a palco, e depende de quem organiza e promove o debate.

O candidato Ednaldo Neves (PRTB) não compareceu ao debate e mandou justificativa prévia em que alegava motivos de doença. João Castelo (PSDB), que até agora não compareceu a qualquer debate (mas certamente não deixará de ir ao do Sistema Mirante) e Washington Oliveira (PT), candidato oficial da Oligarquia Sarney (proprietária do Sistema Mirante) não foram ao debate, não apresentando, no entanto, qualquer justificativa. Antes, sequer tinham mandado representantes de suas coordenações de campanha à reunião em que, com as organizações sociais promotoras do evento, foram acertados detalhes e regras do mesmo.

O texto de abertura do evento, lido pela mediadora Zaira Sabry Azar, professora da UFMA e militante do MST, deixou clara a opinião/posição das entidades que organizaram o debate: “o não comparecimento dos candidatos demonstra o nível de compromisso dos mesmos para com os movimentos sociais, a população, a cidade”, era mais ou menos o que dizia o texto, ao que acrescento a previsão de uma gestão que refletirá isso na eventual eleição de um ou outro. A história se repetindo como farsa e tragédia em qualquer caso, já que a reeleição do candidato tucano significará mais quatro anos do que a população já bem conhece; a do sarnopetista o modelo “cor de rosa” a que o Maranhão idem parece já estar acostumado.

A cobertura do debate de ontem à tarde pela TV Mirante sequer citou os organizações que o promoveram, a saber: Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), União Estadual por Moradia Popular, Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Quilombo Urbano, Pastoral da Comunicação, Comitê Padre Josimo, Central de Movimentos Populares, Cooperativa de Mulheres Trabalhadoras da Bacia do Bacanga, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA) e jornal Vias de Fato.

PelO Estado do Maranhão, o discurso démodé de chamar Marcos Silva (PSTU) e Haroldo Sabóia (PSol) de “ultraesquerdistas” (alguém lê por aí, onde quer que seja, a palavra “ultradireitista” para designar quem quer que seja?);  o sutiã anuncia “momentos de tensão” que não têm vez ao longo do texto; e “polêmica”, bem, os problemas que precisam ser enfrentados pela gestão municipal são sérios, urgentes e, talvez por isso mesmo, polêmicos. Fora os temas em si, polêmica nenhuma! Só que as organizações sociais jamais mascarariam a realidade em torno de promover um debatezinho comportado como os em geral promovidos por meios de comunicação que têm partido e candidato, embora não revelem isso aos cidadãos e cidadãs que os veem, leem, ouvem, acessam. Continue Lendo “O debate que houve e o que (ou)viu o Sistema Mirante”

Organizações sociais realizam debate com candidatos a prefeito de São Luís

DO VIAS DE FATO

Será realizado amanhã (19), às 15h, no auditório da OAB/MA, no Calhau, o I Debate dos Candidatos a Prefeito de São Luís com Organizações Sociais. Trata-se de uma articulação entre Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), União Estadual por Moradia Popular, Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Quilombo Urbano, Pastoral da Comunicação, Comitê Padre Josimo, Central de Movimentos Populares, Cooperativa de Mulheres Trabalhadoras da Bacia do Bacanga, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA) e jornal Vias de Fato.

Ao contrário do que fazem as grandes emissoras de TV, nenhum candidato foi excluído. Foram convidados todos os atuais postulantes ao Palácio La Ravardiere. Os temas sugeridos pelas organizações foram: educação, saúde, saneamento básico, transporte público, mobilidade urbana, moradia, regularização fundiária, despejos, impactos dos grandes empreendimentos, economia solidária, planejamento, controle social, participação popular, desenvolvimento sustentável, preservação ambiental e violência urbana.

As perguntas serão feitas pelos integrantes dessas mesmas organizações e a mediadora será Zaira Sabry Azar, militante do MST. O debate será gravado e disponibilizado no Youtube. O acesso ao auditório, que se dará a partir das 14h, será através de convites distribuídos pelas entidades articuladoras do evento.

Entrevista: o artivismo de Carlos Latuff

Carlos Latuff é um artista contemporâneo fundamental. Incomoda fazendo arte. Faz arte incomodando. Quer transformar as pessoas, não nega. E assim, transformar a sociedade, torná-la melhor. É mais conhecido fora que no Brasil. Tem incomodado ditaduras no norte da África. Aqui incomoda a polícia. “A violência policial é um tema tabu”, diz ele que já foi levado a delegacias por pautar o assunto em seus desenhos.

Grande honra tê-lo chamado para desenhar o cartaz da Campanha de Combate à Tortura, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e organizações parceiras do Comitê Estadual de Combate à Tortura:

Vejam a seguir entrevista que o artista deu ao Globo News em Pauta, onde comenta estes e outros assuntos.

Carlos Latuff contra a tortura

Nem lembro quando e como conheci o trabalho de Carlos Latuff. Provavelmente a primeira lembrança que tenho de um cartum seu é a famosa imagem abaixo, em que o jornalista Vladimir Herzog aparece enforcado vestindo uma florida camisa de turista tomando um coquetel (ou caipirinha ou “refresco”) com aquela fruta espetada na beirada do copo, enforcado por um cinto, o suicídio inventado, paródia da talvez mais conhecida foto do ex-diretor de jornalismo da TV Cultura. Aludia ele ao episódio em que a Folha de S. Paulo afirmara que a ditadura brasileira não passara de ditabranda.

Latuff é um gênio! Menos conhecido no Brasil que fora dele, nem sei dizer se infelizmente. Lá fora tem cumprido utilíssimo papel ao fazer críticas bem humoradas com seus traços e cores a diversos acontecimentos políticos. De sua arte também não escaparam episódios nacionais como o massacre de Pinheirinho, em São Paulo, e a ocupação do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, apenas para citar alguns dos mais recentes. Quem quiser saber e ver mais do trabalho do rapaz, basta acessar seu blogue, o dele, digo.

Em março passado, mais precisamente dia 22, quando se completaram cinco anos do assassinato do artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô, espancado até a morte por policiais militares em 2007, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA), Ouvidoria de Segurança Pública e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) lançaram Campanha de Combate à Tortura.

Dias antes, fiz contato com Latuff, cujo compromisso com causas e ideais nobres eu já conhecia. Um e-mail e alguns telefonemas depois, ele me encaminhou a bela arte do cartaz da Campanha, que abre este post e eu já havia publicado em alguns lugares.

Hoje é Dia Mundial de Apoio às Vítimas de Tortura. Roubo do perfil do jornal Vias de Fato no facebook a imagem abaixo, que o carioca desenhou há dois anos. A imagem permanece atual: infelizmente a tortura ainda é prática recorrente em nosso país. É preciso mudar este quadro, urgentemente!

Papoético premiará hoje vencedores de seu I Festival de Poesia

Dos 110 inscritos, 21 poemas concorrem hoje na final do I Festival de Poesia do Papoético – Prêmio Maranhão Sobrinho, organizado pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa. Os poetas Celso Borges e Josoaldo Rego compuseram a comissão julgadora da categoria, que terá ainda Mariano Costa e Gilson César julgando as interpretações, na noite de hoje. O evento, com entrada franca, terá início às 19h, no Teatro Alcione Nazaré, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande).

Doações, em dinheiro e produtos culturais, e rifas garantiram os quase 3 mil reais necessários à realização do festival, fruto da necessidade de expansão dos encontros semanais do Papoético, onde se discute cultura e arte de modo geral, embora o espaço não se furte a debater temas outros, qual quando abrigou o lançamento da Campanha Estadual de Combate à Tortura, organizada pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e outras entidades da sociedade civil, em 22 de março, data em que o bárbaro assassinato do artista popular Jeremias Pereira da Sivla, o Gerô, completou cinco anos.

Cato da matéria Noite de premiação para a literatura (acesso exclusivo para assinantes do jornal, com senha), capa do caderno Alternativo no jornal O Estado do Maranhão de hoje (31), o seguinte depoimento de Paulão, como é mais conhecido o organizador do Papoético, de seu festival de poesia e de um concurso de fotografia que será lançado hoje, com inscrições abertas a partir de amanhã (1º.): “Infelizmente o que temos é uma omissão dos poderes públicos, dos quais não conseguimos nenhum apoio. No entanto, recebemos apoio de pessoas que acreditam na proposta, na literatura, na arte como instrumento transformador”.

Este blogue acompanhou o processo de perto: cedeu seu espaço ao abrigar em uma aba regulamento e ficha de inscrição para o festival, esteve presente a algumas edições do Papoético, acompanhou por e-mail cada agradecimento que Paulão enviava a cada um que doou livros, revistas, discos, dinheiro, aos que, como o blogueiro, compraram pontos de duas rifas realizadas e por aí vai. Além de um gesto de educação e gratidão, a garantia da transparência e lisura do processo.

Tardios e recalcados ufanistas ainda se orgulham de dizer que moram na Athenas Brasileira, embora já quase não se encontrem livrarias e lojas de discos por aqui. Gestores públicos ainda se orgulham de adjetivos que talvez já não façam sentido (se é que um dia o fizeram), à guisa de propagandear aos quatro(centos) ventos a beleza exclusividade televisiva da cidade quatrocentona. Um festival como o que se encerra hoje, que busca descobrir novos talentos, valorizar a tão propagada “terra de poetas”, é solenemente ignorado pelos poderes públicos: ao pedido de apoio do comitê organizador ao Comitê Gestor dos 400 anos de São Luís sequer (h)ouve resposta.

Este blogue continua aliado a iniciativas desta natureza: amanhã a aba [PAPOÉTICO], onde você encontra, por exemplo, a lista dos 21 poemas classificados para a final de logo mais à noite, será trocada por outra que trará regulamento, ficha de inscrição e notícias acerca do concurso de fotografia que será lançado hoje. Para 2012 está previsto ainda um concurso de contos, que este blogue também divulgará em momento oportuno. “Após a premiação, haverá comemoração no Chico Discos”, avisa Paulão.

Maranhão: violência e barbárie

O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Pe. Jean Marie Van-Damme, publicou Nota sobre a violência no Maranhão, em que comenta os recentes acontecimentos/homicídios no estado. A nota pode ser lida no site da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, no blogue do Tribunal Popular do Judiciário ou ainda no blogue Outros Olhares, do advogado Igor Almeida.

Nove entidades da sociedade civil maranhense, entre as quais a SMDH e a Cáritas Brasileira Regional Maranhão, ambas com assessoria de comunicação deste blogueiro, publicaram nota convidando a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) a conhecer o Maranhão e seu ambiente de barbárie.

A nota é fruto de uma polêmica gerada por declarações do jornalista Emílio Azevedo à Rede Brasil Atual, no calor dos recentes acontecimentos/homicídios nas últimas semanas no Maranhão, sobretudo a execução do jornalista Décio Sá. Um dos coordenadores do jornal mensal Vias de Fato, Azevedo se viu alvo de uma campanha covarde e raivosa, por parte de jornalistas que não se veem na barbárie citada por ele, a exemplo do que já havia acontecido com o advogado Luis Antonio Câmara Pedrosa, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA.

Ambos foram atacados diuturnamente por jornalistas ligados à Mirante/Sarney, que preferem se enxergar no mundinho cor-de-rosa, cor-de-roseana que nem o bárbaro, cruel e covarde assassinato de Décio Sá serviu para provar que não existe.

Chico Discos: um bar

Ao contrário do que muita gente é induzida a pensar o Chico Discos é um bar. Explico: quem diz isso é o próprio Francisco de Assis Leitão Barbosa, o Chiquinho, seu proprietário, em entrevista ao jornal Vias de Fato, em sua edição de março, que saiu da gráfica quinta-feira passada (22).

Uma entrevista hilária concedida ao colega de redação, copo & alma Emílio Azevedo, nosso redator-chefe, editor, gerente e quantas outras funções “a dor e a delícia” de parir este jornal às ruas mês após mês exigirem.

Chico, desde antes de eu conhecê-lo, e já se vão mais de 12 anos, ele uma dessas amizades qual uísque, que melhoram com o passar dos tempos, sempre foi, como este blogueiro, “um homem de vícios antigos”, sempre comprando muitos discos, livros e dvds. Não raro nos encontrávamos no saudoso Bar de Seu Adalberto, um dos “bares pequenos” que ele cita na entrevista e onde costumávamos beber (e onde A vida é uma festa começou), cada qual com uma sacola debaixo do braço num doce e saudável exercício de fazer inveja um ao outro, exibindo mutuamente nossas mais recentes aquisições literárias, musicais, cinematográficas, afetivas, enfim.

Chico diz que seu bar, localizado no segundo andar de um casarão na esquina das ruas Treze de Maio e Afogados, no centro de São Luís, não passa disso: um bar. Nega as charmosas denominações de “centro cultural”, “casa de eventos” e outras pomposas honrarias. O fato é que ele começou vendendo livros e discos usados e locando dvds, atividade que abandonou em sequência. Hoje em dia vende cervejas, cachaças e outros alcoóis, petiscos, tira-gostos e o que mais nós, chegados a um grogue, tanto gostamos.

Quinta-feira passada (22) estive lá. Participando do Papoético, que acontece semanalmente, sob organização de Paulo Melo Sousa, o primeiro à esquerda, na foto acima, feita a meu pedido por Andréa Oliveira, esposa de Celso Borges, o terceiro. O segundo sou este que vos tecla e o quarto o músico André Lucap, que na semana anterior iniciou uma temporada de shows no bar.

Preciso deixar a cretinice e a preguiça de lado e aparecer mais no Chico Discos, bar em que, ao lado do Bar do Léo, sinto-me bastante à vontade, em casa mesmo. No Papoético em que a foto que ilustra este post foi feita acontecia o lançamento da Campanha Estadual de Combate à Tortura, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e outras entidades do Comitê Estadual de Combate à Tortura.

Além do Papoético (às quintas, 19h30min, grátis) e da temporada de Lucap (uma sexta-feira por mês, R$ 10,00 o ingresso; este blogue avisará da próxima edição e seu autor estará na plateia), também o cineasta Beto Matuck tem organizado aos sábados (19h, grátis) a sessão Encontro com Cinema, seguida de música, com pesquisa de Eduardo Júlio (eles não estão na foto, mas também encontrei ambos, quinta passada).

Finalizo recomendando a leitura da entrevista, hilária, repito, de Chiquinho, no Vias de Fato, já nas bancas, que traz ainda dois textos meus, já publicados aqui e aqui.

Cinco anos do assassinato de Gerô serão lembrados hoje

Na data em que se celebra o Dia Estadual de Combate à Tortura será lançada campanha

O artista Carlos Latuff assina a identidade visual da campanha que será lançada hoje

Entidades que compõem o Comitê Estadual de Combate à Tortura (CECT-MA), a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA), a Ouvidoria de Segurança Pública e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), lançam hoje (22) uma Campanha de Combate à Tortura.

Seu primeiro ato será uma panfletagem no Terminal de Integração da Praia Grande e arredores. “Aquele terminal foi um dos palcos da tortura sofrida por Gerô, é simbólico fazermos algo ali”, afirmou a psicóloga Cinthia Urbano, da SMDH. Um ato previsto para às 18h no local, foi cancelado, por motivos de força maior, segundo a assessoria de comunicação da entidade. Diversas outras atividades estão previstas até dezembro, quando se encerra esta etapa da campanha.

O artista popular Gerô foi torturado até a morte por policiais militares

A lembrança do assassinato de Gerô é justificada: o artista popular Jeremias Pereira da Silva foi torturado até a morte por policiais militares, na tarde de 22 de março de 2007. Os PMs, supostamente, teriam “confundindo”-o com um assaltante. Hoje, data de lançamento da campanha, o crime completa cinco anos.

Debate-papo – Às 19h30min o Papoético cede seu privilegiado espaço de debates sobre arte e cultura ao tema. Um filme sobre a temática será exibido e, em seguida, uma roda de conversa com Cinthia Urbano e a advogada Joisiane Gamba, também da SMDH, tomará o espaço do Chico Discos, sebo-bar localizado na esquina das Ruas Treze de Maio e Afogados, no Centro da capital maranhense (no segundo piso de um casarão, sobre o Banco Bonsucesso).

O Papoético é realizado todas as quintas-feiras no espaço, desde novembro de 2010, organizado pelo jornalista e poeta Paulo Melo Sousa. A entrada é franca. (Da Assessoria de Comunicação da SMDH)