Já se vão 50 anos desde que Ney Matogrosso despontou no cenário artístico brasileiro, com o rosto pintado e trejeitos no palco que desagradavam os generais de plantão, à frente do grupo Secos e Molhados.
Ontem (18) ele se apresentou em São Luís, no Pavilhão de Eventos do Multicenter Sebrae, para deleite do ótimo público presente, produção da 4Mãos. O show da turnê “Bloco na Rua” durou cerca de hora e meia em que o cantor atestou porque é, desde sempre e ainda, um dos mais interessantes artistas brasileiros em atividade.
A quem achar pouca a duração do show, é música o tempo inteiro. E dança. Com uma projeção emuldurando. Ney Matogrosso não conversa nem desconversa. Fora cantar ao longo de todo o show (parece redundância, mas não é), deu apenas boa noite, anunciou o fim do show, voltou para o bis e disse o quanto era incrível cantar para aquela plateia.
Um espetáculo e tanto, aberto por “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, do capixaba Sérgio Sampaio (1947-1994), de onde vem o título do show e do álbum lançado por Ney Matogrosso em 2019.
O roteiro do show demonstrou a versatilidade que marca a trajetória do artista, que sempre gravou o que quis, sem se prender a rótulos ou escolas: continuou por pérolas do rock brasileiro, como “Jardins da Babilônia” (Lee Marcucci/ Rita Lee) e “O Beco” (Bi Ribeiro/ Herbert Vianna), as três primeiras cantadas na mesma sequência do álbum.
Performer nato, Ney Matogrosso tem pleno domínio do palco, é senhor da situação. O figurino de Lino Villaventura, o mesmo com que aparece na capa de “Bloco na Rua”, fazia esvoaçar uma espécie de saia de franjas ao longo da apresentação. Seu balé particular está a serviço de sua música e vice-versa e sua excelência está em ambos.
Ney Matogrosso estava acompanhado por Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano (percussão), Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Tuco Marcondes (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone).
“Já Sei” (Alice Ruiz/ Alzira E./ Itamar Assumpção), “Pavão Mysteriozo” (Ednardo), “Tua Cantiga” (Chico Buarque), “A Maçã” (Marcelo Motta/ Paulo Coelho/ Raul Seixas), “Yolanda” (versão de Chico Buarque para composição de Pablo Milanés), “Postal de amor” (Fausto Nilo/ Raimundo Fagner/ Ricardo) e “Ponta do Lápis” (Clodo Ferreira/ Rodger Rogério) formaram outro bloco na mesma sequência do álbum, continuada por “Corista de Rock” (Luiz Sérgio/ Rita Lee), “Já Que Tem Que” (Alzira E./ Itamar Assumpção), “O Último Dia” (Billy Brandão/ Paulinho Moska), “Inominável” (Dan Nakagawa), “Sangue Latino” (João Ricardo/ Paulinho Mendonça) – única do Secos e Molhados que compareceu ao repertório do show –, e “Como dois e dois” (Caetano Veloso”), que praticamente fechou o show, dando um pequeno pulo em relação ao repertório do álbum.
Das poucas vezes em que falou, Ney Matogrosso anunciou o fim do show, repito: “foi um prazer inenarrável cantar para todos vocês”, disse, antes de emendar “Poema” (Cazuza/ Frejat) e seu maior hit, “Homem Com H” (Antonio Barros). Ao ser chamado para o bis, educadamente disse: “já cantamos tudo o que havíamos ensaiado, mas eu vou cantar mais duas porque eu gosto”, e mandou “Roendo as Unhas” (Paulinho da Viola) e “Rua da Passagem” (Arnaldo Antunes/ Lenine).
Das não poucas vezes em que chorei ao longo da apresentação, prefiro não revelar e salgar o jornalismo e misturá-lo a questões pessoais, como as lembranças de minha avó Maria Lindoso (1939-2020), fã declarada que não chegou a ver um show ao vivo, mas me ensinou a admirar Ney Matogrosso.
*O jornalista assistiu ao show a convite da produção.
Apresentação acontece neste sábado (23), às 20h, na Praça da Bíblia
Moisés Ferreira (guitarra), Wilson Zara (voz e violão) e Mauro Izzy (contrabaixo): o Trio Zamoma. Foto: divulgação
No próximo sábado (23), o Trio Zamoma encerra a pequena turnê “Acalanto”. O grupo formado por Wilson Zara (voz e violão), Moisés Ferreira (guitarra) e Mauro Izzy (contrabaixo) chega ao oitavo município de sua rota: em Açailândia o show acontecerá na Praça da Bíblia (Av. Bernardo Sayão), às 20h, com participação dos artistas Eldima Barros, Fernando Terra e da banda Abrigo de Loa, formada por Jefferson Alive (voz), Anderson Mille (guitarra), Allan Soares (baixo) e Hudson Clayton (bateria).
“Acalanto” tem patrocínio da Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão e conta, nesta última apresentação, com parcerias locais da Secretaria Municipal de Cultura de Açailândia, Luthieria Soares, Rádio Sorriso FM e Studio Toka do Abrigo. O repertório é composto por clássicos da música popular brasileira e do pop rock nacional e internacional, de nomes como Belchior, Fagner, Raul Seixas, Zé Ramalho, Beatles, Bob Dylan, Angela Ro Ro e Roberto Carlos, entre outros.
“Chegamos ao fim desta temporada com a sensação do dever cumprido. A pandemia ainda não acabou e a gente, com a crise sanitária, teve ainda mais certeza da centralidade da cultura em nossas vidas; a música e outras formas de expressão artística têm nos ajudado a atravessar esse momento difícil. E mesmo que ainda não tenha acabado completamente, é muito bom poder reencontrar o público, com todos os cuidados que a situação exige, e também com artistas de cada cidade por onde passamos, nesse diálogo sempre interessante e estimulante, de muitas trocas e aprendizados”, comenta o cantor Wilson Zara.
Para Allan Soares, produtor local do evento, “o “Acalanto” é de grande importância cultural para o município de Açailândia. Temos acompanhado os municípios por onde o projeto tem passado e ficamos agradecidos por nossa cidade ter sido incluída na rota”, afirma.
“O projeto “Acalanto” circula por diversas cidades e Açailândia foi contemplada. A caravana apresenta um show musical para os amantes da boa música, com o grande artista Wilson Zara, cantor e músico de grande importância para a cultura do nosso estado. A Secretaria de Cultura agradece imensamente aos produtores do projeto por escolher nossa cidade como destino dessa turnê. Para nós é um privilégio receber tal espetáculo musical”, agradece o Secretário Municipal de Cultura de Açailândia Xico Cruz.
Gratuidade – Como todas as apresentações realizadas até aqui, a população também poderá desfrutar do show de forma gratuita em Açailândia – o encerramento da temporada acontece dia 23 de julho (sábado), às 20h, na Praça da Bíblia. Antes, o show “Acalanto”, do Trio Zamoma, foi apresentado nos municípios de Caxias (20 de maio), Lago da Pedra (3 de junho), Pedreiras (4 de junho), Governador Eugênio Barros (Vila Socorro, 1º. de julho), Barra do Corda (2 de julho), Grajaú (15 de julho) e Montes Altos (17 de julho).
Serviço
O quê: show de encerramento da turnê “Acalanto” Quem: Trio Zamoma (Wilson Zara, Moisés Ferreira e Mauro Izzy). Participações: Eldima Barros, Fernando Terra e banda Abrigo de Loa Quando: sábado (23), às 20h Onde: Praça da Bíblia (Av. Bernardo Sayão, Açailândia/MA) Quanto: grátis Patrocínio: Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão Parcerias: Secretaria Municipal de Cultura de Açailândia, Luthieria Soares, Rádio Sorriso FM e Studio Toka do Abrigo Informações: no instagram @wilsonzarazara ou facebook @trilhasetons
Turnê do Trio Zamoma chega a mais dois municípios sexta-feira e domingo que vem
Mauro Izzy, Wilson Zara e Moisés Ferreira, o Trio Zamoma. Foto: divulgação
Wilson Zara (voz e violão), Moisés Ferreira (guitarra) e Mauro Izzy (contrabaixo) se juntaram no Trio Zamoma e, neste formato enxuto, estão percorrendo oito municípios maranhenses desde maio passado, com o projeto “Acalanto”, patrocinado pela Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.
Com um repertório de clássicos da música popular brasileira e do pop rock nacional e internacional, a pequena turnê tem estabelecido diálogos entre os artistas e manifestações culturais locais das cidades por onde passam.
Os próximos destinos de “Acalanto” são os municípios de Grajaú e Montes Altos. No primeiro, o Trio Zamoma se apresenta na Pracinha da Trizidela, dia 15 (sexta-feira), às 20h, como apoio local da Prefeitura Municipal; já no segundo, o show integra a programação de abertura dos festejos de Santa Ana, padroeira da cidade. Em Montes Altos, a apresentação acontece dia 17 (domingo), no mesmo horário, na Praça de Santa Ana, com apoio da Paróquia de Santa Ana. Todas as apresentações da turnê são gratuitas e abertas ao público.
Em Montes Altos o show se soma à missa e leilões, tradicionalmente realizados durante festejos religiosos. “Montes Altos se sentirá privilegiada com um show dessa envergadura e melhor ainda, totalmente gratuito. É muito importante entrar nesse circuito turístico e de shows do Estado e a passagem do Trio Zamoma por aqui certamente será uma fonte de inspiração para nossos artistas locais”, afirma a pedagoga imperatrizense Neuzinete Guimarães, moradora de Montes Altos.
“Estes encontros, estas trocas, têm nos motivado bastante enquanto artistas; estamos buscando levar sempre o nosso melhor, tentando corresponder às expectativas do público, a interação e o carinho com que temos sido recebidos por onde já passamos com a turnê “Acalanto””, comenta o cantor Wilson Zara.
Serviço
O quê: shows da turnê “Acalanto” Quem: o Trio Zamoma – Wilson Zara (voz e violão), Moisés Ferreira (guitarra) e Mauro Izzy (contrabaixo) Quando/onde: dia 15 (Pracinha da Trizidela, em Grajaú); e dia 17 (Praça de Santa Ana, em Montes Altos), sempre às 20h Quanto: grátis Informações: instagram @wilsonzarazara e facebook @trilhasetons Patrocínio: Potiguar e Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão
Os caminhos de Bárbara Eugenia e Tatá Aeroplano já se cruzavam havia algum tempo. Artistas de trajetórias distintas, ano passado chegou o momento de registrarem esse encontro: gravaram e lançaram juntos o álbum Vida ventureira [2017], coleção de delicadezas que agrega elementos de rock rural, folk, psicodelia e punk, com a sonoridade ora remetendo a Zé Rodrix, ora a Kraftwerk, em 12 faixas cerzidas por bucolismo.
Tatá Aeroplano já comparou o (seu) ofício de fazer discos à produção orgânica de vegetais: em pequena escala, sem preocupação com a grandeza dos números, mas com a qualidade e alimentando uma fatia importante da população. Múltiplo, já esteve à frente das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro, e se divide entre ele mesmo e o personagem Frito Sampler, que já assina dois álbuns de sua vasta discografia.
Após sua estreia em 2010, com Journal de Bad, Vida ventureira é o segundo, digamos, casamento musical de Bárbara Eugenia. O primeiro foi o álbum Aurora [2014], dividido com Chankas, guitarrista da banda Hurtmold. Sua Coração, faixa que abre É o que temos [2013], integrou a trilha sonora da novela global Velho Chico. Foi em seu segundo disco, aliás, que a parceria com Tatá Aeroplano começou: deles, ela gravou Eu não tenho medo da chuva e não fico só.
Produzido por eles com Dustan Gallas, Junior Boca e Bruno Buarque (os cinco assinam os arranjos coletivos), Vida ventureira é um disco que simula um road movie, sobre um casal que cai na estrada. “A vida ventureira é a vida ao Deus dará/ é vida pé na estrada/ mania de jogar/ as coisas lá pro alto e se mandar”, avisa a letra da faixa-título. “Jogados nesta saga/ viemos descobrir/ novos horizontes/ pra se sorrir”, continua.
Os versos iniciais de As asas são escadas pra voar – “se eu te contar o que eu sinto/ você vai me dizer que também já sentiu desse jeito” – dialogam diretamente com os de Petróleo do futuro – “Ah, se eu soubesse lhe dizer/ o que eu sonhei ontem à noite, você ia querer/ me dizer tudo sobre o seu sonho também” –, do primeiro disco da Legião Urbana [1985].
Em Pro mundo virar shopping uma crítica feroz, mas bem humorada, à sociedade de consumo, máquina azeitada por preconceitos, antenada com o noticiário, citando o Nobel de Literatura Hermann Hesse e o lendário Flávio Basso, por sua alcunha mais conhecida, Júpiter Maçã.
Tatá e Bárbara vivem em São Paulo. Vida ventureira é uma espécie de escape: um disco que exala tranquilidade e doçura em contraponto à violência e ao corre-corre da metrópole. “O verde das matas nos dá/ calma, coragem, sentido pra continuar”, entrega O verde das matas.
Tanto ele quanto ela se preparam para lançar discos novos este ano. Enquanto isso, estão na Europa, onde iniciaram ontem (22), a Portugal e Galícia Tour, com shows em cidades como Coimbra e Lisboa, entre outras, serviço completo no e-flyer abaixo. Avisem os amigos d’além mar!
Nosly e Djalma Chaves percorrerão 10 municípios maranhenses com Andarilho Parador. Foto: Fafá Lago
Após uma turnê de sucesso que percorreu Imperatriz/MA e as capitais São Luís/MA, Belém/PA, Brasília/DF, Fortaleza/CE e Teresina/PI, realizada entre o fim de 2015 e o início de 2016, os músicos Djalma Chaves e Nosly retornam à estrada com Andarilho Parador, show que reúne no palco estes dois talentosos e versáteis artistas.
Desta vez, Andarilho Parador percorrerá 10 municípios maranhenses. A nova turnê tem início já neste fim de semana, quando os artistas percorrem Timon (28 de abril, às 21h, no Bar Sertão de Dentro – Av. Jaime Rios, 370, Parque Piaui), Caxias (29 de abril, às 19h, no Completo Turístico Memorial da Balaiada – Av. General Sampaio, 297-339, Cangalheiro) e Bacabal (1º. de maio, no Sesi – Rua Frederico Leda, s/nº., Centro). Neste último o show integrará as comemorações pelo Dia do Trabalhador. Ao público recomenda-se a doação de alimentos não perecíveis, que serão destinados às vítimas das enchentes no Maranhão.
No show, Djalma Chaves (violão e voz) e Nosly (violão, guitarra e voz) percorrem suas trajetórias artísticas, relembrando grandes sucessos seus, de conterrâneos, e nomes consagrados da música popular brasileira. A banda que os acompanha é formada por Murilo Rego (teclados e vocal), Rui Mário (teclados e sanfona), Mauro Travincas (contrabaixo), Sued Richarllys (guitarra) e Fleming Bastos (bateria). A produção é de Tatiana Ramos.
Além dos três municípios deste fim de semana, até junho a turnê percorrerá ainda palcos em Barreirinhas, Pedreiras, Pinheiro, Rosário, Santa Inês e Vargem Grande, sendo encerrada em São Luís. Acompanhe a agenda na fanpage de Andarilho Parador.
“Estamos muito contentes em poder chegar, com este show, ainda mais perto do povo do Maranhão. Será literalmente uma grande viagem musical. João do Vale, um dos nomes lembrados no repertório, aprecia as paisagens numa viagem de trem numa conhecida música sua. Vamos fazer essa troca com o público: vamos apreciar essas paisagens que tanto nos inspiram e oferecer às plateias nossa melhor paisagem sonora”, comemora Djalma Chaves.
“Em time que está ganhando não se mexe. Em outros estados, outras capitais, a turnê Andarilho Parador foi exitosa. Estamos realmente muito felizes em poder proporcionar a nosso público querido estas apresentações, lembrando músicas nossas, de artistas conterrâneos, alguns nascidos em cidades pelas quais vamos passar, além, é claro, da alegria que é reencontrar estes parceiros de palco e vida, com quem tocar é sempre um enorme prazer”, completa Nosly.
O show Andarilho Parador toma emprestado os títulos dos discos mais recentes dos artistas: Andarilho, de Djalma Chaves, e Parador, de Nosly. A turnê tem patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar) e Secretaria de Estado da Cultura e Turismo do Maranhão (Sectur), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.
A dupla francesa Aurélie & Verioca lançou, ano passado, seu segundo disco, o ótimo Pas à Pas, em que apresentam temas instrumentais e cantados, em francês e português, com sonoridade brasileiríssima: estão lá o choro, o samba e a bossa nova.
Gravado entre a França e o Brasil, o álbum é recheado de participações especiais daqui e de lá: [a flautista] Cléa Thomasset, Flor de Abacate [grupo formado por Marcos Flávio (trombone), Rubim do Bandolim, Silvio Carlos (violão sete cordas), Dudu Braga (cavaquinho) e Oszenclever Camargo (percussão)], [a cantora e compositora] Joyce Moreno, [o violonista] Luís Filipe de Lima, [o violonista e bandolinista] Marco Ruviaro, [o baterista e violoncelista] Médéric Bourgue, [o cavaquinista] Osman Martins, [o percussionista] Stéphane Edouard, [o violonista] Swami Jr., [o saxofonista] Thomas Vahle e [o percussionista] Zé Luis Nascimento.
Além de músicas autorais, o disco traz composições de nomes como Joyce Moreno [Chocolate for (h)all, versão delas para For hall], Swami Jr. [Le temps d’un samba, versão delas para O tempo de um samba] e Egberto Gismonti [À la dérive, versão delas para Loro].
Em abril elas voltam ao Brasil para uma turnê, o que fazem regularmente desde 2012. Já estão agendadas duas apresentações no Rio de Janeiro: dia 28 de abril, no Vinicius Bar (Rua Vinicius de Moraes, 39, Ipanema), com repertório mais voltado à bossa nova; e dia 30 de abril, na Casa das Artes da Ilha de Paquetá (Praça de São Roque, 31, Paquetá). Elas demonstram interesse em passar também por Brasília, Goiânia e São Luís – atenção, produtores! –, onde o público mais afeito a choro já ouviu faixas de seu disco mais recente no Chorinhos e Chorões de Ricarte Almeida Santos.
Aurélie Tyszblat (voz e letras) e Verioca Lherm (violão, voz, cavaquinho, percussões vocais e músicas) conversaram por e-mail (em português) com o Homem de vícios antigos.
Verioca (de óculos) e Aurélie. Foto: José Feijó
Está anunciada uma turnê de vocês pelo Brasil que pode passar por São Luís. O que está fechado e o que está faltando? Aurélie – Estamos fazendo uma turnê por ano no Brasil desde 2012. Até o ano passado, essa turnê passava por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Para 2016, o nosso desejo é tentar atingir outros espaços. Pensamos em Goiânia, Brasília e São Luís do Maranhão, por que as nossas produtoras têm conexões nesses estados. A nossa experiência mostra que a maioria dos shows dessas turnês é fechada entre um e dois meses antes do início da temporada. Temos já dois shows marcados no Rio e ainda algumas semanas para completar a temporada.
Vocês são francesas. Como se conheceram? Algum parentesco? E como se apaixonaram pela música brasileira? Verioca – Eu nasci perto de Clermont-Ferrand, no centro da França, e moro em Montpellier, no sul da França perto do mar, há mais de 10 anos. Não tenho nenhuma ligação familiar com o Brasil. Eu toco música brasileira há 30 anos, então essa música é mais que uma inspiração para mim, ela virou a minha música! Primeiro foi quando estudei violão clássico no conservatório. Tinha estudado algumas obras de [Heitor] Villa-Lobos, [Tom] Jobim, e logo depois eu descobri a pianista e cantora [maranhense] Tânia Maria. Foi como uma revelação: eu soube imediatamente que era este tipo de música que eu queria tocar. Desde esse tempo eu comecei a estudar e nunca parei. Hoje, além do meu violão de seis e da minha voz, eu toco percussões – surdo, pandeiro, tantan, repinique, alfaia, tamborim etc. –, cavaquinho, violão sete cordas. Como multi-instrumentista, eu toco em vários grupos de música na França. A maioria são grupos de música brasileira – o grupo Madrugada, que faz samba, Choro Sorrindo, que toca choro, Guaraná Samba, que toca música afro-brasileira, Onda Maracatu, que toca maracatu –, mas também com cantoras de canções francesas, Marie Busato, ou grupos de crianças, Les P’tits Loups du Jazz.
Aurélie – Eu nasci em Paris e moro lá desde sempre. O meu avô do lado do meu pai era da Polônia e a minha mãe nasceu na Argélia. Do meu lado também não tem nenhuma ligação com o Brasil na minha família. Quem sabe numa outra vida éramos formigas brasileiras… ou bem-te-vi talvez… Eu ouvi o meu primeiro disco de música brasileira quando tinha 14 anos de idade. Era um disco de Chico Buarque e a gravação ao vivo de Vinícius [de Moraes] com Toquinho e Maria Creuza, En La Fusa [gravado na boate homônima em Buenos Aires]. Depois comecei a cantar a música de [o pianista] Michel Legrand e standards de jazz. Mas nas partituras do Real Book, queria sempre cantar os temas brasileiros. Foi anos depois, em 2003, que encontrei um professor muito querido, Eduardo Lopes, que mora na França e faz oficinas sobre a música brasileira. Foi graças a ele que desenvolvi a minha paixão pela música brasileira de uma forma muito profunda, longe dos clichês. Comecei a minha vida profissional trabalhando com cinema, primeiro com produção e logo depois como roteirista. Eu queria contar histórias e acho que é exatamente o que eu quero fazer no palco hoje.
Verioca – Nós nos cruzamos pela primeira vez em 2002 numa oficina de jazz que eu estava dando. Depois a Aurélie me contatou em 2007 para me propor de montarmos juntas um repertório de versões de [o violonista] Guinga e [o compositor] Aldir Blanc. Eu só podia aceitar, pois admiro desde sempre o trabalho deles. Nós preparamos então umas vinte músicas e começamos a viajar com o show.
Aurélie – A Verioca tinha acabado de abrir o show da Tânia Maria no Olympia de Paris e eu fiquei muito fã do trabalho dela. Eu escutei os seus dois primeiros cds sem parar durante um certo tempo, antes de pensar em propor minhas letras. O começo da parceria na composição é mais recente, do final de 2009.
É interessante vocês falarem nesta distância de clichês. Em seu novo disco, por exemplo, vemos, entre os compositores, os nomes de Joyce Moreno e Egberto Gismonti, entre outros, além do nome dela e de Swami Jr. entre as muitas participações especiais. Gostaria que vocês comentassem um pouco o processo de realização deste disco. Aurélie – Temos uma relação específica com cada músico que participou do nosso disco. Vamos começar com a Joyce. Ela conhece o trabalho solo da Verioca há mais de 15 anos, pois a empresária dela à época, Beth Bessa, que é agora a nossa produtora no Rio, tinha oferecido os dois primeiros discos dela. Ela já tinha gostado muito. Finalmente, nos encontramos no Rio em 2010 durante uma oficina sobre a música brasileira conduzida por meu professor Eduardo Lopes. Cantamos Essa mulher para ela e ela gostou. Uma amizade nasceu assim. E quando escrevi essa letra na música instrumental dela, For hall, pedi a autorização e ela me deu na hora. Ela fala fluentemente francês e aceitou o convite para participar do disco com a maior simplicidade e alegria. Ano passado foi uma alegria poder convidá-la no palco do Sesc Tijuca, onde tocamos uma das músicas mais recentes dela, chamada Claude et Maurice, em homenagem a Claude Debussy e Maurice Ravel. Com Gismonti foi diferente. Quando escrevi a letra do Loro e quando a Verioca chegou a um arranjo interessante, consegui o e-mail dele e pedi a autorização de mostrar essa versão. Ele demorou um pouco para me responder, mas quando respondeu, nos acolheu com uma generosidade incrível. Ele tinha “estudado” o nosso trabalho com muito carinho e nos deu sugestões e opiniões que vão ficar para sempre nos nossos corações. Com Swami Jr. foi um pouco do mesmo jeito, a gente tinha um amigo em comum, o [cantor] Marcelo Preto, que já tinha gravado no nosso primeiro disco [Além des nuages, 2011]. E quando eu fiz a versão de O tempo de um samba ele aceitou de nos encontrar para ouvi-la. Na época não sabia que ele falava francês, pois tinha morado em Paris alguns anos. De lá ele topou gravar na música dele e ficou lindo! É interessante notar que tanto a Joyce quanto Gismonti e Swami Jr. falam francês muito bem. Só pra dizer que essa ponte franco-brasileira funciona nos dois sentidos. Os outros convidados do disco são amigos que a gente escolheu com muito carinho para participar de tal faixa. Pode parecer esquisito, mas a gente gosta de apresentar músicos brasileiros que não se conhecem. Foi assim que o Luís Filipe de Lima faz um duo com Osman Martins no cavaquinho. Os dois nunca se encontraram – Osman mora na Bélgica há anos e Luís Filipe é radicado no Rio –, mas a musicalidade deles juntos é impressionante. Flor de Abacate que toca no Pas à pas são [nossos] amigos desde 2012, a primeira turnê que fizemos em Minas. Temos uma admiração muito grande pelo trabalho deles juntos e separados também. O irmão de Dudu e Ramon Braga até gravou uma música nossa no primeiro disco dele, Reconciliação. Mas também tem participações de músicos daqui: o Médéric Bourgue no cello é um dos raros músicos daqui que conhece bem a música brasileira e a suas síncopas tão particulares. Ele também toca bateria, mas tem um som lindo no cello. A Cléa Thomasset é uma amiga de longa data que tem uma relação muito forte com o Brasil, dedica a sua música ao chorinho. Ela faz parte da boemia de Paris, do que falamos em Naquele bar [faixa de Pas à pás]. O Marco Ruviaro é amigo dela, chorão de primeira, compositor, bandolinista e toca até clarinete muito bem! No total, levou um ano de produção para finalizar o disco, gravando no Rio, Belo Horizonte, São Paulo, mas também Paris, Bretanha. Pode parecer muito, mas é o tempo que precisamos para amadurecer cada música. Deveria dizer cada compasso de cada música [risos]. E também a vantagem de não ter gravadora. Como independente, podemos ter o tempo que precisamos. Basta ficar focadas. Vou acrescentar aqui que, como trabalhei com produtora de cinema na minha primeira experiência profissional, sei mexer nessa burocracia chata. Não é a minha praia como vocês falam, mas tem que fazer para poder viabilizar os nossos sonhos…
Pas à pas é um disco bilíngue. Mesmo quando cantando em francês, as músicas compostas por vocês, é um disco que soa brasileiríssimo. Quais os principais canais de fruição de música brasileira para vocês? Discos chegam ao mercado, vocês importam, baixam, ou um pouco de tudo isso? Verioca – Comecei a me interessar por música brasileira nos anos 1980. Nesta época não tinha internet! Então eu sempre procurava discos de vinil. Tenho mais de 600 LPs de música brasileira e mais de 500 CDs, viajava no Brasil quando eu podia para caçar as pérolas que podia achar. Também assistia, sempre que possível, os brasileiros que tocavam na França, como por exemplo Les étoiles, com [os cantores] Rolando Faria e Luiz Antônio, ou Tânia Maria, que vem de São Luís do Maranhão, ou [a cantora e violinista] Mônica Passos. Nas minhas viagens, procurava partituras e voltava na França para estudar.
Aurélie – Hoje é mais fácil. Facebook é uma ferramenta que pode ser muito ruim, mas que é, sem dúvida, uma fonte incrível para descobrir novos talentos. Essa semana descobri o grupo vocal Ordinarius [formado pelos cantores André Miranda, Augusto Ordine, Letícia Carvalho, Luiza Sales, Maíra Martins e Marcelo Saboya] e me encantei! Mas cada vez que viajamos, a nossa mala volta cheia de discos novos. Pois o que é incrível no Brasil é que, apesar das dificuldades que têm os músicos bons para ter visibilidade na grande mídia, tem sempre novos compositores, intérpretes, talentos que surgem.
Vocês falaram na paixão inicial pela obra de Villa-Lobos. São Luís do Maranhão, de onde escrevo, é a terra de Turíbio Santos, um dos maiores divulgadores da obra de Villa mundo afora, já tendo morado na França, gravado diversos discos aí e vencido alguns concursos de violão. Vocês conhecem seu trabalho? Verioca – Eu conheço Turíbio Santos, sim! O [violonista] Roland Dyens foi o meu professor e com certeza, quem estuda violão clássico conhece Turíbio Santos.
Aurélie – Não conhecia, mas gostei muito.
Foi a música brasileira que levou-as a aprender português? Aurélie – Sim, foi por causa, ou seja, graças a música que a gente começou a estudar a língua portuguesa. Antes de me interessar nessa música, nunca tinha achado letras tão poéticas, tão ricas e com uma poesia do dia a dia que ajuda a viver.
Verioca – Eu também aprendi o português viajando para o Brasil e através das letras, mas também dos gibis do Zé Carioca. Por esse motivo o meu português é mais coloquial.
Sua nova turnê brasileira deve ser focada no Pas à pas, mas passar também pelo primeiro disco e outras afetividades, digamos assim. O que o público brasileiro das cidades por onde vocês passarão pode esperar de Aurélie e Verioca no palco? Aurélie – A turnê oficial de lançamento de Pas à pas foi feita ano passado. Mas para muitas pessoas, esse disco ainda é novidade! Então pretendemos continuar a divulgar esse trabalho. Porém, como sempre, costumamos viajar com muitas coisas diferentes no nosso repertório. Temos por exemplo um repertório dedicado ao choro cantado, com obras de Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim… São letras um pouco esquecidas que gostamos de resgatar, e também algumas surpresas em francês. Também, nesta temporada, faremos no Rio um show de homenagem a bossa nova, no Vinicius Bar, em Ipanema. Na França, apresentamos esse ano um show com um escritor francês, Jean-Paul Delfino, que inclusive viajou à São Luis em novembro de 2015, e que escreveu há alguns anos um livro sobre a bossa nova. Com ele, o nosso show mistura histórias ligadas a bossa nova e músicas de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Baden Powell que têm versões em Francês. Além disso tudo, gostamos sempre de homenagear os compositores que alimentaram a nossa identidade franco-brasileira: Guinga, Eduardo Gudin, Joyce Moreno e Egberto Gismonti fazem parte desse grupo. Mas o que eu posso dizer é que, independentemente do repertório, procuramos sempre fazer um show que mistura emoções, contando histórias, anedotas que nos levam também do lado da infância, da saudade e da joie de vivre. Isso tudo para que o nosso show vire um momento de encontro autêntico com o público.
Já é possível falar em disco novo? Se sim, o que vocês estão preparando? Aurélie – Para o próximo disco temos ideais. Mas são apenas desejos que não podemos comentar ainda. Como eu já falei para você, produzir o Pas à pas foi um processo demorado e exigente de um ano de produção, sem falar dos inúmeros meses que a gente levou para escrever e selecionar o repertório. Então acho que ele merece uma vida longa e vamos fazer tudo para defendê-lo no palco durante mais um tempo.
Não houve lista de melhores discos lançados ano passado a que Silva não comparecesse com seu Vista pro mar (2014). Com este show o músico aporta hoje (2) pela primeira vez em São Luís: a apresentação acontece às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro), sob a chancela da Musikália Produções, do radialista Gilberto Mineiro. Os ingressos, à venda no local, custam R$ 30,00.
Coalhado de timbres e texturas sonoras particulares, o som de Silva evoca os anos 1980: é como se ele traduzisse a musicalidade daquela década com a tecnologia disponível hoje. Mas engana-se quem pensa em passadismo ou saudosismo pura e simplesmente. O cantor e compositor capixaba ataca de sintetizadores e toca outros instrumentos (é graduado em violino por uma faculdade capixaba) – no disco e no palco – em repertório completamente autoral – as 11 faixas de Vista pro mar são assinadas por Silva (Lúcio Silva de Souza) com o irmão Lucas Silva. Fernanda Takai participa de Okinawa.
Algumas letras falam em mar, tema evocado na capa de seu segundo álbum de carreira – sucessor de Claridão (2012) –, em que seu rosto aparece “desfigurado” por uma “onda”. “Eu não nasci do mar/ Mas sou daqui/ Já mergulhei pra não sair/ Quem é de preamar/ Se encontra aqui/ Não há mais maré-baixa/ Em mim/ Eu sou de remar/ Sou de insistir/ Mesmo que sozinho/ Só vai se afogar/ Quem não reagir/ Mesmo que sozinho”, diz a letra da faixa-título. Será que o poluído mar da Ilha lhe inspiraria?
Parte do disco foi gravada além-mar, em Lisboa, Portugal, por onde o músico passou em turnê e acabou na trilha sonora de uma novela portuguesa – Imergir, de um EP inaugural, lançado em 2011, embalou o enredo da global Além do horizonte.
No show de logo mais, o repertório passeia por músicas dos dois discos mais o EP. O show de abertura fica por conta do pré-lançamento de Alice ainda, de Nathália Ferro.
Turnê de Chão foi captada por câmeras instaladas no corpo de técnicos e roadies
Lenine considera Chão seu disco mais rock’n roll. E tudo começou com uma guinada: a captação acidental do canto de um passarinho quando o artista pernambucano gravava as bases do álbum lançado em 2011.
É um disco cheio de efeitos e bases pré-gravadas, algo mantido no show com bastante competência – o blogueiro assistiu-o no Teatro Arthur Azevedo. Chão era realmente diferente de tudo o que Lenine havia produzido até então e causou certo estranhamento em fãs adeptos do “em time em que está ganhando não se mexe”.
Ali estão os sons do coração do neto – que aparece na capa do disco, deitado sobre o peito de Lenine –, máquinas de lavar, pisadas na brita, passarinho, serra elétrica, chaleira e cigarras, reproduzidos nas 130 apresentações (em 80 cidades do Brasil e do mundo) ao longo da turnê, que durou dois anos e nove meses.
Câmeras GoPro foram instaladas ao lado dos músicos – JR Tostoi e Bruno Giorgi – e no peito de técnicos de som e roadies para captar imagens de Chão. O áudio foi captado em duas apresentações ao vivo. Lenine disponibilizará, a partir de hoje (13), uma por dia, as 22 faixas gravadas de Chão ao vivo.
O “orquidoido” – como se define, por ter mais de cinco mil espécies de orquídeas em sua coleção – está em estúdio, gravando Carbono, seu 11º. álbum – são 14 ao todo, mas o artista exclui trilhas e coletâneas da soma.
É a primeira vez que Lenine disponibiliza um show completo no youtube. Dia 4 de abril ele poderá ser visualizado completo, como playlist. Carbono será lançado no início de maio.
Confira o primeiro vídeo disponibilizado por Lenine:
Uma viagem musical do moderno ao erudito. É o que promete o instrumentista Chiquinho França no encerramento de sua turnê Sons e Trilhos, que acontece nesta quinta-feira (30), às 20h30, na Praça de Alimentação (Parquinho) da Avenida Litorânea.
A apresentação encerra uma temporada de 10 shows com que ele percorreu, além de em São Luís, onde aconteceu a abertura e agora o encerramento, as cidades de Santa Inês, Imperatriz, Porto Franco, Grajaú, Bacabal, Pedreiras, Codó e Caxias. A produção é da Zarpa Produções e o patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Como nos outros shows da turnê, Chiquinho França (bandolim e guitarra) será acompanhado pelos músicos JBlues (teclados), Mauro Sérgio (contrabaixo) e Oliveira Neto (bateria). A novidade para a apresentação deste show de encerramento é a participação especial do cantor Paulo Piratta.
Chiquinho, sua banda e convidado farão um passeio por ritmos como jazz, blues, rock, samba, choro, baião, frevo e a diversidade da cultura popular do Maranhão. A exemplo de todas as apresentações da turnê, o acesso ao show musical é gratuito.
[No melhor esquema “do it yourself”, a velha máxima punk, topei de bom grado produzir este show, do querido Edvaldo Santana. O artista meteu o pé na estrada, “like a rolling stone”, e pediu pouca coisa para vir à São Luís pela primeira vez: apenas um lugar para tocar. Seu cachê dependerá inteiramente da bilheteria, já que não há patrocínio por trás. Quero ver o Teatro da Cidade de São Luís, o antigo Cine Roxy, entupido de amigos apreciando a arte desse craque de nossa música. Obrigado, de já, aos que tem colaborado ou ainda vão, de alguma forma, para que tudo aconteça e dê certo.]
Turnê de lançamento do novo álbum do artista visitará outras cidades do Nordeste
O artista clicado por Edson Kumasaka
Cantor, compositor e violonista, Edvaldo Santana se apresenta pela primeira vez em São Luís. O músico paulista conta 40 anos de carreira, iniciada na banda Matéria Prima. Parceiro de nomes como Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção e Tom Zé, em seu caldeirão sonoro se misturam a urbanidade de São Paulo à poesia do Nordeste, onde afloram as influências negras de ritmos internacionalmente consagrados, como reggae, salsa, blues, rock e jazz, que se fundem aos brasileiríssimos samba, xote, coco, choro e baião, entre outros.
Seu mais recente disco, Jataí, lançado em 2013, dá continuidade a uma obra que, ainda que pouco conhecida, correndo por fora do mercado convencional, prima pela qualidade e verdade. Sentimento seria uma boa palavra para defini-los – Edvaldo Santana, o disco, sua trajetória.
Jataí, disponível para download no site do artista, é o sétimo álbum solo da carreira de Edvaldo Santana. Seu repertório é totalmente inédito e autoral. Quando Deus quer até o Diabo ajuda, faixa que abre o disco, ajuda a explicar o modus operandi da turnê com que o artista visitará, além de São Luís, outras cidades nordestinas: Juazeiro/BA (24/10), São Raimundo Nonato/PI (27 e 29/10), Teresina/PI (31/10), Fortaleza/CE (9/11), João Pessoa/PB (14/11) e Natal/RN (16/11). Explique-se: o músico botou literalmente a viola no saco e está rodando o Nordeste na cara e na coragem.
A faixa-título, aliás, é um passeio pelo Brasil, citando inclusive a capital maranhense e seu tambor de crioula. Merecem destaque ainda faixas como A poda da rosa, Nada no mundo é igual e Amor é graça, entre outras. No repertório do show, Edvaldo Santana passeará ainda por músicas de outros discos, como Lobo solitário, O jogador, Choro de outono e Reserva de alegria, entre outras.
Jataí, o show, acontece dia 7 de novembro (sexta-feira), às 20h, no Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy). Os ingressos estarão à venda na bilheteria do teatro a partir de 3 de novembro (segunda-feira). A produção é de Zema Ribeiro.
Confiram Edvaldo Santana em A poda da Rosa:
Serviço
O quê: show Jataí – voz e violão. Quem: Edvaldo Santana. Onde: Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy, Rua do Egito, Centro). Quando: 7 de novembro (sexta-feira), às 20h. Quanto: R$ 20,00 (R$ 10,00 para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei). Maiores informações: zemaribeiro@gmail.com, (98) 8122-0009.
Bacabal, Pedreiras, Codó e Caxias. Estes são os próximos destinos do trem musical de Chiquinho França, que aporta acompanhado de sua banda nestas cidades, para shows do projeto Sons e Trilhos.
Guitarrista e bandolinista consagrado, Chiquinho França apresenta um repertório versátil, passeando do rock, jazz e blues ao choro, frevo e baião, um pé na modernidade, outro na tradição, as duas mãos na música de qualidade.
Acompanhado por JBlues (teclado), Mauro Sérgio (contrabaixo) e Oliveira Neto (bateria), Chiquinho França, um dos mais requisitados instrumentistas maranhenses, promete emocionar as plateias. “Na verdade, quem se emociona sou eu, ao poder oferecer ao público a música que aprendi vendo um ceguinho tocar na rodoviária de Santa Inês, minha cidade natal”, afirma o músico, lembrando as origens musicais.
Nesta segunda metade da turnê, Chiquinho França se apresenta na Praça São José (Praça do Bolo, Centro), em Bacabal, dia 15 (quarta), às 20h30; no dia seguinte (16), no mesmo horário, na Maçonaria Renascença Pedreirense (Praça do Jardim, Centro), em Pedreiras.
Sexta-feira (17) é a vez de Codó: Chiquinho França e banda se apresentam na Praça Ferreira Bayma, às 20h30. Sábado (18), no mesmo horário, é a vez de Caxias. Na terra do poeta Gonçalves Dias a apresentação acontece no Centro de Cultura (Praça do Panteon, Centro).
Todas as apresentações são gratuitas e abertas ao público. A última apresentação da turnê acontecerá em São Luís, em data, horário e local a definir. Sons e Trilhos tem realização da Zarpa Produções e patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.
Músico se apresentará em nove cidades do interior. Shows de abertura e encerramento da turnê acontecem em São Luís. Gratuitas, apresentações acontecem em outubro.
Foto: divulgação. Facebook do artista.
Reconhecido como um dos mais talentosos e versáteis artistas da música produzida no Maranhão, o guitarrista e bandolinista Chiquinho França cai na estrada para 10 apresentações em nove cidades maranhenses.
Com patrocínio da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, o projeto Sons e Trilhos levará o músico a Santa Inês (cidade natal do artista), Imperatriz, Porto Franco, Grajaú, Bacabal, Pedreiras, Codó e Caxias.
Os shows de abertura e encerramento da turnê acontecem em São Luís, o primeiro dentro da programação dos festejos do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no Cohatrac, já neste sábado (4/10), às 22h. Todas as apresentações são gratuitas.
“É uma felicidade muito grande poder percorrer estas cidades, poder presentear o público com o que temos feito até aqui em nossa carreira musical. São mais de 30 anos de estrada, passeando por diversos gêneros. Quer dizer, bagagem não falta para esta viagem”, afirma, sorridente, o músico.
Transitando com desenvoltura entre diversos estilos musicais brasileiros – choro, baião e frevo, entre outros – e internacionais – jazz, blues, pop e erudito – Chiquinho França será acompanhado pelos músicos JBlues (teclados), Mauro Sérgio (contrabaixo) e Oliveira Neto (bateria).
Sons e Trilhos é uma realização da Zarpa Produções. Veja a programação completa da turnê, que acontece durante o mês de outubro.
São Luís: 4 (sábado), 22h, Círio de Nazaré (Praça da Igreja do Cohatrac). | Santa Inês: 8 (quarta), 22h, Panela de Barro Restaurante e Eventos. | Imperatriz: 9 (quinta), 21h30, Festejo de Santa Tereza D’Ávila (Praça da Matriz). | Porto Franco: 10 (sexta), 20h30, Praça Demétrio Milhomem (Beira Rio). | Grajaú: 11 (sábado), 20h30, Praça Raimundo Simas (Centro). | Bacabal: 15 (quarta), 20h30, Praça São José (Praça do Bolo, Centro). | Pedreiras: 16 (quinta), 20h30, Maçonaria Renascença Pedreirense (Praça do Jardim, Centro). | Codó: 17 (sexta), 20h30, Praça Ferreira Bayma. | Caxias: 18 (sábado), 20h30, Centro de Cultura (Praça do Panteon, Centro). | São Luís: data, horário e local a confirmar.
Músico visitou projeto socioambiental em Lago do Junco e conheceu ainda experiências de São Luís e do Delta do Parnaíba. Show no formato voz e violão acontece às 20h30, no Patrimônio Show. O espetáculo é gratuito – ingressos foram distribuídos ontem (3), no local
Foto: Zema Ribeiro
Após 10 etapas realizadas pela turnê Música e sustentabilidade numa só nota, Lenine revelou-se surpreso com os projetos que tem visitado em diversas regiões do país. “Eu sou um felizardo, por que eu trabalho com música e a música é um passaporte. Ela te leva pra muitos lugares. Eu achava que eu conhecia o Brasil, mas eu tenho certeza que eu não conheço nada”, confessou. “É muito bom constatar que tem uma turma do bem espalhada por esse Brasil, apesar de uma turma do mal jogando contra”, provocou.
O músico chegou com cerca de 20 minutos de atraso ao Patrimônio Show, onde se apresentará logo mais às 20h30 encerrando sua passagem pelo Maranhão. Despojado, trajava sandálias havaianas, bermuda branca e a camiseta Mãe Terra – desenvolvida especialmente para a turnê pela designer Marceli Mazur –, mimo do kit de imprensa distribuído aos jornalistas presentes. Lenine usava um brinco em cada orelha, dois cordões, três pulseiras e dois anéis, no braço e mão direitos – do lado esquerdo uma tornozeleira.
Ontem (3) ele esteve em Lago do Junco, onde visitou projeto desenvolvido por quebradeiras de coco babaçu, com apoio da Petrobras – que patrocina a turnê, dentro do Programa Petrobras Socioambiental. “Eu voltei lavado. E não foi só por causa do sabonete [de coco babaçu] que elas me deram”, elogiou o projeto, dividindo com os meios de comunicação presentes suas dificuldades, incluindo a de deslocamento. “Foram oito horas para ir e sete para vir, estou até agora com a bunda quadrada”, disse sorrindo.
Antes da entrevista coletiva, representantes da Petrobras apresentaram o Programa Petrobrás Socioambiental. Além do projeto anfitrião, desenvolvido pela AMTR, a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais, de Lago do Junco/MA, também os projetos convidados, Biomade – Biodiversidade Marinha do Delta, que trabalha a preservação ambiental na região do Delta do Parnaíba – e o Mara-kizumba – desenvolvido pela ONG Mandingueiros do Amanhã, sob a batuta do Mestre Bamba –, também patrocinados pela Petrobras, apresentaram suas experiências e revelaram-se muito contentes com a presença de Lenine, valorizando seus trabalhos. “Minha ideia com essa turnê é justamente colaborar para dar visibilidade a estas iniciativas e favorecer trocas, já que muitas vezes temos projetos fazendo coisas parecidas, apoiadas pelo mesmo programa, sem dialogar entre si. Precisamos ter uma visão mais holística de tudo”, disse o músico.
Bem humorado, Lenine confessou não gostar da expressão meio ambiente. “Gosto do ambiente inteiro, com o ser humano inserido nele”. Orquidoido, como se autodetermina quando o assunto é sua gigantesca coleção de orquídeas, ele não é um neófito quando se trata da questão. Sua preocupação com a preservação ambiental e com as injustiças sociais permeia sua obra desde o distante Baque solto, seu primeiro disco, lançado em 1983, dividido com o parceiro Lula Queiroga.
Lembrei-me do samba de 1992 do Suvaco do Cristo – agremiação carnavalesca carioca que teve o pernambucano em sua ala de compositores –, quando o Brasil sediou a Eco 92 [a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento], intitulado cacofonicamente Eco no ar. Perguntei-lhe se não estava faltando humor para lidar com estes temas. Ele sorriu e respondeu: “Tá até bem humorado. Às vezes é bom não ter tanta sisudez. Mas o problema é sério, por mais que a gente brinque, tem um momento de seriedade. A gente [o Estado brasileiro] podia estar dando uma resposta para o mundo, uma resposta bela, verde, desde o Eco 92. E a gente não deu”.
A palavra cultura não aparece nas linhas de ação do Programa Petrobras Socioambiental – produção inclusiva e sustentável; biodiversidade e sociodiversidade; direitos da criança e do adolescente; florestas e clima; educação; água; e esporte – nem nos eixos transversais – equidade de gênero; igualdade racial; e inclusão de pessoas com deficiência. Lenine diz que o show não faz essa ponte, que seu encontro musical, no formato voz e violão, com a plateia é uma forma de ele agradecer a vivência e o aprendizado: “Eu queria retribuir a essas pessoas de alguma maneira. Estou retribuindo da melhor maneira que eu sei, que é fazendo música”.
Sempre simpático e sorridente, ele não adiantou o repertório: “[O show] é mais livre, por conta desse formato [voz e violão]. O mais importante é a intimidade, é estar ali, próximo. Pra mim também é uma experiência bacana de mostrar a canção como ela foi feita, sem roupagem, sem nada. Essa desnudez tem a ver com isso tudo. A iluminação também é toda solar, tem uma série de coisas que envolveu todo esse processo de a gente fazer isso”.
Ainda provoquei-lhe, “de repente dá pra lembrar uns sambas do Suvaco”: “É, quem sabe, no calor das coisas, da hora. O negócio é memória. Eu compondo há mais de 30 anos, às vezes umas letras quilométricas, às vezes eu pago mico”, sorriu sem se esquivar, antes de posar para fotos oficiais com membros dos projetos e a tietagem.
Show gratuito na Praça Gonçalves Dias celebrará conquistas de 2013 e marcará início de turnê por palcos ludovicenses e em outras capitais brasileiras
POR ZEMA RIBEIRO
Vencedora do Prêmio Universidade FM 2013 na categoria Revelação, a cantora Alexandra Nicolas volta a se encontrar com seu público fiel no próximo dia 18 de janeiro (sábado), às 18h, no coreto da Praça Gonçalves Dias, também conhecida como Largo dos Amores, no centro da capital maranhense.
A artista apresentará o show Festejos na Praça, em que celebrará os bons momentos de 2013 – ano em que lançou seu disco de estreia, Festejos, inteiramente dedicado ao repertório de Paulo César Pinheiro – e dará início à temporada 2014, em que já estão previstos shows no Rio de Janeiro e em outras capitais brasileiras.
“Festejos foi todo gravado no Rio de Janeiro, com o repertório de Paulinho e direção, arranjos e execução de grandes mestres do choro. No entanto, preferimos começar por aqui, por isso o lançamento do trabalho foi realizado em São Luís. Este ano nos dedicaremos a tornar o disco mais conhecido noutras praças, literalmente”, anuncia a cantora.
Os shows de lançamento a que ela se refere aconteceram no Teatro Arthur Azevedo, em duas apresentações, 7 e 8 de março do ano passado. Para o show do dia 18, Alexandra Nicolas mesclará ao repertório do disco, músicas que gosta de cantar. “Festejos na Praça vai ser vibrante, pra cima. O repertório está bem animado, passeia por samba, xote, forró, coco”, promete. A escolha das músicas é também um experimento: ela já está selecionando material para o próximo disco, que deve lançar em 2015. Mas sobre o assunto a cantora não dá nenhuma pista. “No fundo, eu estou sempre selecionando repertório”, afirma.
Festejos, o disco, não será tocado na íntegra e a noite terá ainda Sereia de Água Doce, de Vanessa da Mata, Xirê, de Roque Ferreira, Aguadeira e Saubára, parcerias de Roque com Paulo César Pinheiro, além de Pipira, de João do Vale (parceria com José Batista), Coco sem Azeite, de Pinduca, e Homem de Saia (Marcelo Reis e Enéas de Castro), sucesso do Trio Nordestino.
Para acompanhá-la em Festejos na Praça, Alexandra Nicolas cercou-se de um competentíssimo time de músicos: Rui Mário (sanfona e direção musical), Marcus Lussaray (violão e viola), Robertinho Chinês (bandolim e cavaquinho), Carlos Raqueth (contrabaixo), Fleming Bastos (bateria), Arlindo Carvalho (percussão), Marcos Alves (percussão), Josafá Alves (coro) e Teresa Rachel (coro). “São todos grandes músicos, me dão segurança, me deixam à vontade”, elogia.
A cantora e a banda têm vontade de, depois da estreia no coreto da Gonçalves Dias, apresentar Festejos na Praça em outros logradouros de São Luís. “Tudo vai acontecer no momento certo. Este primeiro show aberto é fruto da vontade de fazer, de comemorar, da parceria da equipe de produção e dos músicos. A depender dos frutos que colhermos, vamos ocupar outras praças”, aposta a cantora.
Sem falsa modéstia, Robertinho Chinês acredita que este show será “o melhor entardecer musical que o Maranhão já viu e ouviu”. A abertura fica por conta do Cantinho do Choro, grupo que é o tradicional ocupante do coreto. Para este sábado (18), o grupo tem a seguinte formação: Osmar do Trombone, Nonato Oliveira (pandeiro), Márcio Guimarães (cavaquinho), Carlos Reis (violão), Osmar Junior (saxofone) e Zezá Alves (flauta).
Ficha técnica – Festejos na Praça tem direção geral de Martin Messier, direção musical de Rui Mário, produção executiva de Raydenisson Sá, projeto gráfico de Raquel Noronha, fotografia de Veruska de Oliveira e Edu Aguiar, assessoria de imprensa de Zema Ribeiro, figurino de Julienne Santos e sonorização, palco e iluminação da Master Áudio e Luz.
Serviço
O quê: show Festejos na Praça. Quem: Alexandra Nicolas e banda. Abertura: Cantinho do Choro. Onde: coreto da Praça Gonçalves Dias. Quando: 18 de janeiro (sábado), às 18h. Quanto: gratuito e aberto ao público.
Não é fácil classificar a música de Babi Jaques e Os Sicilianos – assumisse o grupo uma sigla ela seria quase “beijos”. Talvez seja mesmo tarefa impossível e dizer simplesmente liquidificador sonoro certamente soaria clichê. É pop, é rock, é blues, é frevo, é música popular brasileira, mas é muito mais que isso. Ecos de tropicalismo e manguebeat – justificado pela conterraneidade com Chico Science, a quem, aliás, sampleiam na vinheta de abertura de Coisa Nostra, seu disco de estreia –, mas também da vanguarda paulistana de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Ao menos aos ouvidos deste modesto crítico, impossível não lembrar, de cara, das experiências do pianista em Clara Crocodilo.
Talvez pelo fato de a banda ser formada por personagens. O que justifica a multiplicidade, Barbara Jaques, a vocalista, assumindo diversas formas durante uma performance. O disco enquanto suporte – um cd com encarte ou as faixas soltas nas esquinas virtuais para download – não é suficiente para cabê-los. Qualquer busca no google levará o leitor/ouvinte a biografias inventadas – o que pode reacender propositadamente ou não a fogueira em torno da polêmica um tanto vazia e insossa sobre o assunto.
Em Coisa Nostra, disco e show com que chegam à São Luís, por exemplo, travestem-se de mafiosos oriundos da cidade imaginária de Nostrife, evidente soma de máfia e Recife, sua (verdadeira) terra natal. Babi Jaques pode ser numa faixa cantora de cabaré, noutra dublê de desenho animado, versátil cantora é o que é, afinal de contas. Sua música está próxima da poesia, melodias e harmonias são trilha sonora para a palavra, onde cabem ainda teatro, cinema, circo e, por que não?, música.
Coisa Nostra chega após a participação da banda em coletâneas e na trilha sonora de filmes. Produziram e lançaram ainda o documentário Sabe lá o que é isso, investigando as transformações do frevo, o título um verso do Hino de Batutas de São José, cuja releitura moderna o disco traz de brinde. É a estreia de um grupo que parece ter nascido pronto. São apenas quatro anos de carreira, mas o que se ouve e vê é pura maturidade musical. Alexandre Barros (bateria), Babi Jaques (voz), Thiago Lasserre (baixo) e Well (guitarra) garantem diversão nostrifense aos estrangeiros que se aventuram por seu disco e shows.
Hoje eles aportam em outra cidade imaginária, de tantas alcunhas um tanto já sem sentido: Athenas brasileira, Ilha do amor. Certamente não conhecem a lenda da serpente e é capaz dela despertar para dançar e se divertir – e fumar!: o afundar de São Luís fica pra outra ocasião, hoje no máximo o chão vai tremer ali na Praça Nauro Machado e arredores, onde às 23h Babi Jaques e Os Sicilianos armam sua (fan)farra musical, de graça, dentro da programação da 8ª. Aldeia Sesc Guajajara de Artes. A festa está garantida, como na letra de Evocação sem número: “E não importa se acabou fevereiro/ meu carnaval dura o ano inteiro”.
O quarteto se apresenta ainda em Itapecuru-Mirim (3/11) e Caxias (8/11), antes de continuar as aventuras por Piauí, Ceará, São Paulo, Uruguai e Argentina.