Obituário: Olga Mohana

“Ela era meio mãe, e dizia “tu vai estudar viola e tu vai estudar piano”, ela era quem dizia”. A afirmação é do flautista Zezé Alves, em seu depoimento à Chorografia do Maranhão [O Imparcial, 9 de junho de 2013]. O professor de música refere-se a Olga Mohana, ex-diretora da Escola de Música do Estado do Maranhão (EMEM).

A lembrança de Zezé traduz o carinho com que a professora, falecida hoje (6), era tratada por seus pares. Olga Mohana chegou a estudar canto na Universidade Federal da Bahia (UFBA), na década de 1950, mas seguindo os conselhos da mãe, que costumava dizer que “canto lírico não dá futuro pra ninguém no Maranhão”, foi parar na Faculdade de Serviço Social (da hoje Universidade Federal do Maranhão – UFMA), onde graduou-se em 1964, chegando a dar aulas e coordenar do Departamento de Serviço Social. Em paralelo, a paixão pela música: dava aulas de canto na EMEM.

Olga era irmã do padre João Mohana, outro nome fundamental para a música do Maranhão. Ela deixou um disco gravado, em que canta acompanhada da pianista cearense Mércia Pinto, professora da EMEM no período em que foi diretora (o governo biônico de João Castelo, entre 1979 e 1982). Também data deste período a gravação, ao vivo no Teatro Arthur Azevedo, do importante Missa de Antonio Rayol.

Olga Mohana tinha 80 anos e viveu os últimos dois com a saúde bastante debilitada, em decorrência de um AVC. Estava internada desde a última segunda-feira (4), na UDI, onde faleceu na manhã de hoje. O velório acontece a partir do meio dia na sala 4 da Pax União (Rua Grande, Diamante, próximo à Caixa d’Água). O sepultamento se dará às 17h, no Cemitério do Gavião (Madre Deus).

O blogue agradece as informações de Cândida Mohana e José Antonio (parentes da saudosa Olga, com quem conversei por telefone), Joel Jacintho (jornalista que me deu a notícia, via facebook) e Luiz Alexandre Raposo, por este perfil da professora no site da Academia Vianense de Letras (donde roubei informações e a foto que ilustra este post).

Ponto de Vista mostrará e discutirá produção teatral universitária no Maranhão

Com um curso de licenciatura na área, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realizará entre os próximos dias 10 a 14 de junho seu I Festival Universitário de Teatro. Batizado de Ponto de Vista, é o que o mesmo pretende apresentar, integrando as comunidades acadêmica e não acadêmica.

“O objetivo do Festival é a difusão das pesquisas da cena teatral na universidade, a fruição artística, o apuro estético e a prática extensiva entre alunos/as, professores/as e comunidade”, reza o release.

O Festival Universitário Ponto de Vista acontecerá no Centro de Ciências Humanas (CCH), no Campus Universitário do Bacanga, e no Teatro Alcione Nazaré, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande. No primeiro espaço ficará concentrada a programação mais, digamos, acadêmica (embora também aberta ao público em geral): mesas redondas, oficinas artísticas, palestras e lançamentos de livros; no segundo, a mostra artística do festival, com encenações com entrada franca.

A coordenação é da professora Michelle Cabral e a programação completa e maiores informações podem ser acessadas na página do festival.

Poetas Luís Inácio Oliveira e Josoaldo Lima Rêgo autografam novos livros no Chico Discos

POETAS CONTEMPORÂNEOS DE SÃO LUÍS LANÇAM LIVROS PELA 7LETRAS

Noite de autógrafos será realizada no bar Chico Discos

Dois representantes da poesia contemporânea do Maranhão, Josoaldo Lima Rêgo, 33, e Luís Inácio Oliveira, 43, lançam, no dia 22 de novembro (quinta-feira), às 20h, no Chico Discos (Rua de São João, 389C, Centro) os seus respectivos livros Variações do Mar e Forasteiro Rastro, lançados pela 7Letras, a mais importante editora de poesia do Brasil na atualidade.

Os trabalhos vêm movimentar a cena da poesia local e inserir mais valores na tradição poética da cidade. Ambos autores são professores universitários. Josoaldo Lima Rêgo é formado em Geografia e leciona na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Estudou em São Luís, São Paulo e Coimbra (Portugal). Também professor da UFMA, Luís Inácio Oliveira é formado em Direito e cursa doutorado em Filosofia na Universidade de Campinas (Unicamp).

Pela 7Letras, Josoaldo Rêgo já tinha lançado Paisagens Possíveis em 2010, resultado de um prêmio concedido pela Pró-Reitoria de Cultura da Universidade de São Paulo (USP). Este primeiro trabalho teve o aval do respeitado poeta e tradutor paulista Cláudio Willer. Segundo Josoaldo, Variações do Mar pode ser percebido como uma continuação do anterior, porque nele aparecem muitos temas presentes no primeiro. “É marcado por deslocamentos (viagens), deambulações, mar, rios e cidades”, completa.

Sobre o conceito de mar presente no título, ele explica: “Pensei no mar como algo que representasse ‘intimidade’. Algo que vai de maneira sinuosa perpassando personagens, cidades e acontecimentos diversos. Tem um poema no começo do livro, chamado A Intimidade do Mar, que tem um único verso: “salitre nos ossos”. Sendo de São Luís, penso que o salitre é o nosso DNA”.

Tendo se destacado na geração da poesia maranhense dos anos 1990, quando lançou o seu primeiro livro, Luís Inácio Oliveira reaparece renovado e com a poética ampliada. Ele conta que os poemas de Forasteiro Rastro foram escritos desde o final dos anos 90 até 2010. Sendo assim, o livro é um projeto poético que foi se formando ao longo desse tempo. “É um trabalho que tem a ver com a experiência da viagem e do deslocamento espacial e temporal, com o olhar de estrangeiro, muitas vezes dirigido à minha própria cidade e com os rastros e as marcas deixados por essas experiências”, ressalta.

Em Forasteiro Rastro Luís Inácio enveredou pela primeira vez por poemas em prosa, que possuem logicamente um teor narrativo. “São tentativas de captar imagens reveladoras, como numa espécie de fotografia poética de rua. Por isso, são textos ligados também à experiência de perambular pela cidade (São Luís e outras por onde andei) com esse olhar meio forasteiro e se deixar afetar por coisas pequenas, mas surpreendentes”, conclui. (Release de Eduardo Júlio).

*

AGRESTE

Talvez rasgar as costas
na praia.
Ser pedra sem viagens
fora do lume.

Caminhar como um killer
qualquer.

Agreste entre agrestes,
nada. Só uma fresta aberta
com a palavra.

Josoaldo Lima Rêgo

*

ARREBOL

o que não mata a sede do aguardente
o que afoga dentro da voz da cantora
o violão de 7 cordas
o que naufraga a tempo de virar gesto
e degringola cacos
de vidro assim chamados madrigais
noturnos
o que te espera na próxima esquina
e nem te lembras com alarde
o que se deve à cicatriz de uma palavra
e é alado e ilegível

Luís Inácio Oliveira

*

SERVIÇO

Lançamento dos livros de poemas Variações do Mar, de Josoaldo Lima Rêgo, e Forasteiro Rastro, de Luís Inácio Oliveira.
Quando: Dia 22 (quinta-feira), às 20h.
Local: Chico Discos.
Preço de cada livro: R$ 20,00.
Aberto ao público.

Autógrafos de professores. Em caneta azul, por favor!

O convite é feião (como parece “ter” que ser qualquer coisa que tenha alguma oficialidade) e traz erros nos títulos das obras publicadas pelo Centro de Ciências Sociais (CCSo) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o que, a meu ver, pega muito mal. Desejo aos livros melhor sorte, em ambos os aspectos (revisão & projeto gráfico).

Há títulos interessantes e certamente os conteúdos o são e eu destaco os dos queridos professores amigos: Rádios comunitárias no Maranhão: histórias, avanços e contradições na luta pela democratização da comunicação, de Ed Wilson Ferreira Araújo, Diluindo fronteiras: hibridizações entre o real e o ficcional na narrativa da telenovela, este sim o título correto do livro de Larissa Leda Fonseca Rocha (destes dois já fui aluno), Pobreza, resistência e enfrentamento no Estado do Maranhão, este sim o título correto do livro de Lília Penha Viana Silva, presidente licenciada do Conselho Regional de Serviço Social – 2ª. Região/Maranhão (CRESS/MA), para quem “compus” o jingle-brinquedo de (nunca usado na) campanha: “para o CRESS ser feliz, qual é a senha?/ Lília Penha!/ Lília Penha!”, tremenda molecagem, voltemos aos livros, Jovens, imaginários de paz e televisão, de Vera Lúcia Rolim Salles, com quem tive a honra de trabalhar durante o Laboratório Internacional de Mídias Livres em São Luís (2009), que, infelizmente, ficou em edição única, e Discurso jornalístico, política e liderança no Brasil (1985-1990), de Joanita Mota de Ataíde, responsável por minha mais recente ida à UFMA (já faz um tempinho, é verdade) para parlar com estudantes sobre jornalismo cultural.

Mais infos na imagem que abre o post, cliquem para ampliar, tudo que tenho sobre a noite coletiva de autógrafos.