Jair já vai tarde

Foto: Zema Ribeiro

Jair Bolsonaro (PL) se elegeu e governou com mentiras. Conspurcou o Evangelho de Jesus Cristo segundo São João como slogan de campanha em 2018: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, repetia aos quatro ventos, mas uma vez no cargo, colocou seus crimes (e os dos filhos) sob sigilo de 100 anos.

Um dos traços do fascismo é acusar o outro do que você mesmo faz. Em 2018 Bolsonaro disse que o Brasil se tornaria uma Venezuela caso o vencedor do pleito fosse seu oponente, Fernando Haddad (PT), alçado à cabeça de chapa após a ilegítima prisão de Luís Inácio Lula da Silva (PT, que então liderava todas as pesquisas de intenção de voto), orquestrada pelo juiz parcial Sérgio Moro, em conluio com procuradores e a acusação. Mentira tem perna curta. E nariz comprido.

Em 2022, com o país de volta ao mapa da fome, o neofascista disse que é mentira que alguém passa fome no Brasil, que não se vê ninguém pedindo pão. O cruel Jair Bolsonaro vive em uma bolha, uma realidade paralela em que só se acredita no que querem ele e seus fanáticos seguidores.

Caminho e dirijo todos os dias pelas ruas da cidade em que moro e independentemente da rota e do tamanho do percurso, nunca antes na história deste país eu tinha visto as faixas de pedestres nos semáforos loteadas entre flanelinhas, malabares, imigrantes e famélicos em geral. A propósito, a foto que abre-ilustra este texto foi feita ontem, pouco depois de meio-dia, no Renascença, em São Luís.

A despeito de tudo isso, Bolsonaro manteve-se no poder, a peso de ouro, apesar da falta de decoro, das mentiras diuturnas e dos não poucos crimes cometidos em quase quatro anos de mandato. É asqueroso, canalha, cínico, covarde, deselegante, grosseiro, hipócrita, perverso, vil, “o impostor que com o posto não condiz”, como diz a letra da recém-lançada “Hino ao inominável”, de Carlos Rennó (com música de Chico Brown e Pedro Luís, gravada por 30 intérpretes antifascistas).

Presidente em férias permanentes, Bolsonaro parece enfim fazer seu último passeio pago com dinheiro público: foi passar e nos fazer passar vergonha à vista, no débito, no crédito (sob o sigilo do cartão corporativo) e no pix (que ele continua mentindo ter inventado) no funeral da rainha da Inglaterra e na ONU, transformados em palanques e comícios, com suas habituais mentiras e a claque de ignorantes a lhe bater palmas e gritar “mito!”.

Ainda bem que o pesadelo está chegando ao fim. Já não era sem tempo.

7ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul: confira a programação desta terça-feira (27)

13hVirou o Jogo: A História das Pintadas (Marcelo Villanova, Brasil, 15 min., 2012, documentário). > Chocó (Johnny Hendrix Hinestroza, Colômbia, 80 min., 2012, ficção; o trailer do filme, abaixo, está em espanhol, mas todas as exibições da mostra têm legendas, para garantir o acesso de pessoas com deficiência auditiva às sessões).

15hO Garoto que Mente (Marité Ugás, Venezuela, 99 min., 2011, ficção).

17hMenino do Cinco (Marcelo Matos de Oliveira/ Wallace Nogueira, Brasil, 20 min., 2012, ficção) > Maria da Penha: um Caso de Litígio Internacional (Felipe Diniz, Brasil, 13 min., 2011, documentário).

19hCom o Meu Coração em Yambo (María Fernanda Restrepo, Equador, 137 min., 2011, documentário).

Para ler as sinopses, fichas técnicas e classificações indicativas, clique nos títulos dos filmes.

Toda a programação da Mostra é gratuita e acontece no Teatro da Cidade de São Luís (antigo Cine Roxy, Rua do Egito, Centro). Recomenda-se chegar entre meia hora e 15 minutos antes de cada sessão para a retirada dos ingressos na bilheteria.