DICA PROS AMIGOS DE SÃO LUÍS: QUARTA BLACK

Quarta-feira, 20, véspera do feriado, no Bar do Porto: Nego Ka’apor e Terecô de Caixa de Areal (de Bequimão-MA). A partir das 22h. Ingressos: R$ 5,00 (estudante com carteira paga metade).

DICA PROS AMIGOS DE PEDREIRAS-MA

Sábado, 23, a partir das 23h, Garrincha, Wilson Zara, Beto Pereira e Banda, na AABB. Mesa: R$ 25,00.

DICA PROS AMIGOS DO RIO

Amanhã, 19, a partir das 20h, a moçada d’As 3 Marias apresentará cacuriá e tambor de crioula no Espaço Cultural Sérgio Porto (Rua Humaitá, 163 – Humaitá). Ingressos: R$ 10,00 (estudante com carteira paga metade). Participações especialíssimas de César Nascimento, Rita Ribeiro e Boi Brilho de Lucas. Maiores informações: (21) 2266-0896.
Confiram!

CESAR TEIXEIRA

CESAR TEIXEIRA, monstro sagrado do jornalismo e da cultura popular do Maranhão, faz aniversário hoje, 15/4. Homenageio-o aqui, transcrevendo a letra dum samba seu, inédito, cantado na ocasião do aniversário de 26 anos da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos-SMDH, em show que teve nosso dedo na produção, dia 11/2/2005, no Teatro Alcione Nazaré; lá estavam também o Akomabu, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro eLena Machado, entre outros.

Meu poeta, meu cabo de guerra! [1], um abraço por hoje e por sempre, pelo que tu representas em minha vida.

 

O samba:

 

FAUSTINA [2]

Cesar Teixeira

 

Desencantou quando botou os pés no cais

da Praia Grande, sob aplausos imortais

Foi coroada no altar

da 28, e do Oscar

nem Hollywood, poderia imaginar

 

E hoje, entre outras novidades

Traz a chave da cidade

guardada no sutiã

A luz da madrugada

será tombada

pelo patrimônio da manhã

 

Faustina!

Faustina desarrumava o bode

com o seu mamãe-sacode

Faustina fez o que fez

quando era freira no Convento das Mercês.

(Viva o Xirizal!) [3]

 

Amanhã, a partir das 15h, vai rolar um tambor-de-crioula na Praça da Faustina (no encontro das ruas João Gualberto, Giz e Beco da Alfândega, Praia Grande).

 

Notas:

[1] saudação que usamos para nos cumprimentar; o poeta Nauro Machado é o autor da expressão;

[2] batizei, aqui, o samba de “Faustina”; não sei se é esse realmente o título da música;

[3] a Zona do Baixo Meretrício; a (rua) 28 e o Oscar (Frota) são componentes desta “Paisagem Feita de Tempo”. [4]

[4] título do livro de Joãozinho Ribeiro, a ser publicado em breve, como parte das comemorações de seu cinqüentenário, sobre o qual trataremos aqui em breve.

Aninha

Link novo aí do lado. A Aninha me cativou por que escreve coisas assim:

Ela estava parada debaixo da chuva, sentia o vento tentar carregar seus cabelos. Mas não conseguia; ele estava tão encharcado que nem a ventania o movia.
O vento também maltratava sua pele. Ardia, e como! Mas ela merecia, aquilo era pouco. Muito pouco.
Lágrimas se misturavam as gotas de chuvas no seu rosto.
Começou a chorar. Motivo? Todos… ou nenhum.
Lembrou e chorou. Chorou e lembrou.
A chuva estava acabando. Será que ela acabaria junto? Reuniu forças e saiu andando.
Para casa.
Recomeçaria tudo de novo.
– Ei!
– Oi!
– Me dá?
– O quê?
– Um abraço!
[…]

Tenham a felicidade de ler mais clicando aqui.

BIGODE

 

Um post antes de sair.

Sigo, rumo ao Bar do Bigode (Praça das Flores, Renascença), onde a “confraria” do Bigode reúne-se para a audição de mais dois títulos que irão para a DISCOTECA DO BIGODE: estou levando uma coletânea de música brasileira (com Patrícia Ahmaral, Cascabulho, Tião Carvalho, Liga-Tripa, Juraildes etc.) e a cópia de “Lances de Agora / Fonte Nova”, de Chico Maranhão, que irão somar-se à coletânea de samba (de Elis Regina e Adoniran Barbosa a Marcelo D2) que levei no sábado passado.

Até!

FÓRUM NO DESTERRO DISCUTIRÁ TEMAS IMPORTANTES PARA A ÁREA DO CENTRO HISTÓRICO

Texto de Joãozinho Ribeiro, com colaboração deste blogueiro, publicado hoje, no JP Turismo, encarte do Jornal Pequeno; lá, sem os devidos créditos.

por Joãozinho Ribeiro*

colaborou Zema Ribeiro**

 

As comunidades do Centro Histórico de São Luís se preparam para a realização do II Fórum de Desenvolvimento Territorial Sustentável – Desterro, Portinho e Praia Grande. As discussões acontecerão na próxima semana, durante os dias 13, 14 e 15 de abril, no Auditório do Poeta, localizado no Convento das Mercês. Como diz o título do acontecimento, trata-se de sua segunda versão, que conta com uma parceria singular, tanto na sua elaboração, como na realização e nos desdobramentos de suas ações.

Esta parceria envolve órgãos das três esferas de governo (municipal, estadual e federal), entidades comunitárias e sindicais, moradores, comerciantes, pequenos e médios empresários, todos com o objetivo comum de criar as condições necessárias para que o desenvolvimento humano seja o centro das políticas públicas destinadas para aquela histórica área. Foi exatamente com este propósito que no ano passado, diversas instituições que trabalhavam isoladamente, resolveram juntas construir o Fórum de Desenvolvimento Territorial Sustentável e desenvolver ações de inclusão social que hoje são responsáveis por um modelo ímpar de atuação, sem precedentes em outra comunidade ludovicense.

Da parceria inicial fizeram parte a União de Moradores do Centro Histórico, o SESC, o Núcleo Gestor do Centro Histórico, a Faculdade São Luís, o CEDUC, o SEBRAE, a APROSMA, a Secretaria de Estado da Cultura, IPHAN etc. Hoje, outras instituições se integraram ao Fórum, como o Sindicato dos Arrumadores, da Cooperativa Gastronômica; e, mesmo aquelas que não se encontram diretamente vinculadas às ações do Fórum, nunca deixaram de prestar seu apoio, às atividades coletivas realizadas: Convento das Mercês, Câmara de Dirigentes Lojistas etc.

Para a versão deste ano a idéia é que se possa fazer três dias de discussão, que possam ajudar a consolidar os propósitos do Fórum: principalmente a inclusão social, a geração de renda e voltar os olhos do mundo para os três bairros que formam o Centro Histórico da capital maranhense, Patrimônio Cultural da Humanidade. O Fórum de Desenvolvimento Territorial Sustentável tem caráter permanente e reúne-se todas as quartas-feiras no prédio do Centro de Educação e Cidadania – CEDUC, à Rua da Palma, s/n.

A solenidade de abertura do II Seminário de Desenvolvimento Territorial Sustentável – Desterro, Portinho e Praia Grande acontecerá no próximo dia 13 de abril, às 19h. Confira abaixo a programação completa do evento.

PROGRAMAÇÃO:

 

Dia 13 de abril

19h30min – Solenidade de abertura

  • Apresentação da Banda do Bom Menino
  • Fala inspiradora
  • Composição da mesa:

(União dos Moradores do Centro Histórico – Convento das Mercês – Prefeitura de São Luís – Governo do Maranhão – Faculdade São Luís – Iphan/Ma – Sebrae/Ma – Câmara de Vereadores de São Luís – C.V.R.D. – Ministério Público Federal)

22h – Encerramento:

  • “Dança do Balaio”

 

Dia 14 de abril

18h – Apresentação do Grupo “Tapete Criações Cênicas”

18h30min – Mesa 1: “SEGURANÇA E MORADIA”

Sessão pinga-fogo: intervenção de 5 pessoas da comunidade com o tempo de 3 minutos para cada uma delas

Debatedores: Delegacia de Turismo – Faculdade de Arquitetura – Núcleo Gestor do Centro Histórico – União de Moradores do Centro Histórico – Delegacia de Polícia Civil – União por Moradia Popular

20h – Intervalo

20h30min – Retorno com discussões em grupo

22h – Encerramento:

  • “Tambor da Paz”

 

Dia 15 de abril

18h – Mesa 2: “TRABALHO E RENDA”

Sessão pinga-fogo: intervenção de 5 pessoas da comunidade com o tempo de 3 minutos para cada uma delas

Debatedores: Secretaria Municipal de Turismo – Cooperativa Gastronômica do Centro Histórico – SEBRAE/Ma – CEDUC – Sousa do Cachorro-Quente – D. Dilma Pinheiro – SEMTHURB

20h – Intervalo

20h30min – Retorno com discussões em grupo

22h – Encerramento:

  • Roda de Capoeira
  • Tambor de Crioula “Manto de São Benedito”

 

* poeta, compositor, professor universitário.

** editor de http://olhodeboi2.zip.net

TESTAMENTO DE JUDAS (versão original)

por Cesar Teixeira

 

Na Inquisição da História

testamento é uma arte

pro forno da Aeronáutica

criado por Bonaparte.

Eu também serei queimado,

ofendido e esquartejado

na porta do Laborarte.

 

Laborarte que este ano

tem a idade de Jesus,

porém, cheio de pecados,

mereceria uma cruz.

Trinta e três anos perdidos,

um bordel no Céu florido

de bêbados urubus.

 

Ficam muitas carapuças

para a escória obsoleta

que busca o meu tropeço

em sua alma abjeta,

que a mediocridade empalha

dando pernas aos canalhas

nas calçadas dos poetas.

 

Para o presidente Bush,

esse vampiro de fraque

que defende a eutanásia

e bebe o sangue do Iraque,

deixo em seu peito cravado

o voto dos trucidados

nessa guerra de almanaque.

 

Não, aos Estados Unidos,

esse país é escroto:

fala que no Sul é peido

e que no Norte é arroto.

Vende armas e as discrimina,

mata, polui, não assina

Protocolo de Kyoto.

 

Ao repórter Larry Rohter,

um fantoche presepeiro

que diz que o Brasil é gordo

e que Lula é cachaceiro,

deixo um visto permanente

pra malhar seu Presidente,

que é outro fuxiqueiro.

 

Para o Fernando Henrique

e seu ato desonesto

contra a América Latina

ficará o meu protesto,

bastam Kissinger e a CIA

para a Democracia

condenar seu manifesto.

 

Lá na Zona Industrial

vou botar uma porteira,

pra não fazerem da Ilha

um Cabaré de terceira.

Patativa, sem babado,

trocou logo o Pau Deitado

pela Ponta da Madeira.

 

Se a chinesa Baosteel

a Lei do Solo mudar

libero uma encruzilhada

para o Bulcão despachar.

No Itaqui vou fazer bico

vendendo no meu penico

sushi com arroz-de-cuxá.

 

Deixarei as minhas lágrimas

no Rio Itapecuru,

que o Pólo Siderúrgico

vai beber feito urubu

no copo do Italuís,

para ver o infeliz

se acabar no leito nu.

 

Lá no Rio dos Cachorros

vou rezar um Pai Nosso.

A Vale do Rio Doce,

no seu navio de ossos,

levará para o Espaço

um bumba-meu-boi de aço

pra dançar sobre os destroços.

 

Quase 15 mil pessoas

sei que vão pedir esmola

lá na Vila Sarney Filho

ou lá na Vila Kiola.

Suicídio eu já tentei

da ponte José Sarney,

roubaram minha viola.

 

Vou deixar o meu pandeiro

como uma alternativa

pra quando Sarney voltar

à TV Educativa,

pois, enquanto ele mentia,

a mão direita tremia

no programa Roda Viva.

 

Pras almas da Liberdade

vou acender 20 velas,

foi o povo brasileiro

quem deu o sangue por ela.

Tancredo não teve cura

e o filho da Ditadura

se enfiou pela janela.

 

O Convento das Mercês

quero devolver à plebe

para ver no Big Brother

ou no Programa da Hebe

o caixão da Oligarquia

sobre o mármore da pia

onde o Demônio bebe.

 

Mandarei de São Luís,

capital do rendez-vous,

placa de aço pra China

e pra Coréia do Sul,

camarão para o Timor,

banana pro Imperador

da ilha de Curupu.

 

Vou deixar uma cartilha

pros feitores na nação

contra o Trabalho Escravo

do homem que, sem ter chão,

já nasce escravizado

e com fome é exportado

para uma outra prisão.

 

Levo contas do Ricardo

ao TCE com urgência,

pois a Procuradoria

hoje pede transparência,

mas, procura o que não vê,

tem fantasma que não crê

no avanço da Ciência.

 

E na Base de Alcântara,

onde morador não passa,

deixo a nave do passado

que subiu pela fumaça.

Tecnológico muro,

a Bastilha do futuro

é cercada de desgraça.

 

Deixo um “agronegócio”

que devasta a esperança

ao Ministério da Fome.

A soja só enche a pança

dos porcos do Ocidente,

mas no Cerrado indigente

esvazia as crianças.

 

No cofre do Banco Santos

a muamba que eu guardei

era dos aposentados

e da Assistência, eu sei,

mas por causa da herdeira,

compadre Cid Ferreira

me ligou e eu saquei.

 

Jackson e Zé Reinaldo,

ex-amiguinhos da Branca,

agora juntam os trapos

pra alternarem a pelanca

do poder no Maranhão

– quarenta anos se vão

e a mula ainda é manca.

 

Ao guri pela Polícia

no formigueiro amarrado

deixo a corda da Vitória

para que seja laçado

o ex-prefeito bufalino,

da natureza assassino

protegido pelo Estado.

 

Deixo pro Governador

um jatinho alugado

pra festejar com a Grande

o IDH do Estado

Aniversário em Cancun

é o segredo do jejum

de um povo condenado.

 

Esta herança de farinha

do mesmo saco é modesta

pra Roseana e Alexandra

que brigam só pela festa,

pois a mamata não muda

duas meninas buchudas

com um brilhante na testa.

 

Deixo ao Jornal Pequeno

essa farofa maluca

pra tirar gosto de pinga

e esfriar logo a cuca.

É melhor não puxar saco,

a mão do velho macaco

tá dentro dessa cumbuca.

 

Eu falei pra esse Judas

que não ama o chão natal

dos 30 milhões de dólares,

mas na Cena Federal

o boicote é o seu hobby

para combater o pobre,

não a pobreza rural.

 

Deixo verbas desviadas

do projeto Salangô

para irrigar o Inferno,

onde faz muito calor.

A Lunus foi lá pra baixo,

já desviou um riacho

com bomba d’água e trator.

 

Agora posso plantar

e colher o meu conforto,

exportando breu e soja,

ferro e cruzes pelo Porto.

Se esperasse a ordinária

dessa tal Reforma Agrária

eu já estaria morto.

 

Lula riscou Severino,

mandou José pro sembal,

porém, vou botar a Branca

num Ministério legal,

nem que seja o do Barraco

pra chutar pau do sovaco

de aleijado em Carnaval.

 

Disse ao Fantasma da Ópera

que devolva enquanto é cedo

a herança que roubou

do “Seu” Arthur Azevedo.

Com Lei não se faz beicinho,

porque senão o padrinho

não lhe dá outro brinquedo.

 

Para o Ministério Público

deixo empresas de valor:

Petra, Diamantina, Trasco,

Sercen, Beton e Primor.

L.J. é Trans-Parente

e a Ducol também tem gente

de um esperto Senador.

 

Jota-Jota me lembrou

nessa lista fantasmeira

para acrescentar no Sinfra

uma estrada pro Teixeira.

Guerreiro ainda habilita

Machado, Izidro, Mesquita,

Dominice e Bandeira.

 

Para Gasparzinho e Pluft

deixo a estrada rupestre

de Arame a Paulo Ramos,

onde a força extraterrestre

da EIT e Planor

fez milhões virarem pó

naquele Golpe de Mestre.

 

O Governo Federal

vai herdar um souvenir

que o Severino trouxe

do sertão do Cariri.

É um tal supositório

que meu compadre Gregório

chama de abacaxi.

 

Pedirei ao Severino

que aumente o salário

do trabalhador que arrasta

a sua cruz de otário.

Nessa Câmara de Nero

come o alto e o baixo clero

o pão do nosso Calvário.

 

A Jorge Sudam Hussein

deixo foro especial:

por causa da Usimar,

lá no Juízo Final

o seu couro utilitário

vai pro Pólo de Rosário

e bloco de Carnaval.

 

Para o Raimundo Louro,

ex-prefeito de Pedreiras,

deixo a minha Bolsa-Escola

e a fome prisioneira

para mostrar no Fantástico

em um saquinho de plástico

feito uma caranguejeira.

 

A foto de um Carcará

com sua cara-de-pau

vou colocar no projeto

contra fraude eleitoral.

Se eu fosse João Alberto,

com Zé Vieira por perto,

não votava em Bacabal.

 

Pro Governo Zé Reinaldo

não continuar aflito,

eu vou deixar uma ponte

toda feita de palito

para atravessar inseto

sem cair feito concreto

no Estreito dos Mosquitos.

 

Deixo aos bravos jornalistas

que o Sistema embalsama

uma procissão de asas

pra salvarem-se das chamas,

que a palavra é um abismo

cavado pelo cinismo

em seu Mirante de lama.

 

A velha Turma do Quinto

nenhum segredo nos trouxe:

seu enredo para o ano

é a Vale do Rio Doce.

“Do Itaqui pra todo mundo:

Vale festejar”, no fundo,

é puxar saco, e danou-se!

 

Preparei para a Favela

um kit contra acidente.

Atrás do seu trio elétrico

eu vou beber uma quente

pra não ver, desenganado,

o samba eletrocutado

por um júri impertinente.

 

A herança do Maurício

lá do “Boguedá” Café

são minhas luvas de boxe

pra ele fazer cafuné

em um músico golpista,
papagaio de artista,

que não respeita mulher.

 

Entrego a Ópera Night

uma produção vendida

para Maria Vitória,

que será muito aplaudida

de fralda e mamadeira,

“arrasando” na primeira

apresentação da vida.

 

A Mirante foi vaiada

porque meteu o seu bico

naquele show arriscado

de Zeca, Cesar e Chico.

Ópera, vendo o motim,

se escondeu no camarim

para não pagar o mico.

 

Fica para Márcio Jerry

o meu velho celular.

De Imperatriz a Brasília,

todos vão participar

da sua Rede de Intrigas:

toda vez que ele liga,

põe um besta pra falar.

 

Pra Joãozinho Ribeiro,

meu parceiro de água benta,

eu vou deixar a cachaça

“Recordação de 50”.

Cada dose é um comício

quando faz tributo ao vício

e novo projeto inventa.

 

Vou devolver os troféus

do Paraguai importado

pra Rádio Universidade,

já que vou ser enforcado.

Eu sei que Rose Ferreira

quis ver a minha caveira,

porque cheguei atrasado.

 

Deixo para Chico César

um jurará com ervilha

e o champanhe da humildade

que é pra tomar na bilha.

Entre pedras de responsa,

foi montado nessa onça

que Zeca voltou pra ilha.

 

Falei ao Príncipe Charles

que não posso lhe deixar

a calcinha de Faustina

se o IPHAN não liberar.

Por que é que a realeza

não fica só com a Duquesa

que a Cornualha lhe dá?

 

O castelo lá da FUNC

mais parece o Chantilly,

para receber dinheiro

ninguém mais pode subir.

Moisés Nobre foi barrado

por quatrocentos soldados

e nem Cicarelli eu vi.

 

Por isso deixo a Veloso

o cachê do ano passado

das brincadeiras juninas

nas Eleições divulgado.

Prêmio só quem recebeu

foi o prefeito Tadeu

pela Gazeta ofertado.

 

A pomba da paz eu deixo

para a dor-de-cotovelo

do Prêmio Carnavalesco,

que já virou pesadelo.

Nesse Baile do Cabide,

Moraes cuspiu no Euclides,

que puxou o seu cabelo.

 

Em Brasília, Seminário

de Cultura é agonia,

um turista se perdeu

na mão de João “Desguia”,

mas Michol botou no trilho

a prole Vieira Filho

em seu trem da alegria.

 

Mandei um ovo pintado

numa cesta de palhinha,

mas Escrete recusou

dizendo: “Não sou galinha!”

Insistir não adianta,

durante a Semana Santa

só quer ser a Coelhinha.

 

Deixo pra Seu Adalberto

uma vela pra queimar,

expulsou o Zé Maria

Quinta-Feira do seu bar,

porém, hoje ele confessa:

a Festa foi só promessa

que terminou de pagar.

 

Eu vi no show das mulheres,

enquanto a chuva caía,

que a cantora Patativa

não comemorou seu dia

entre modelos, travessa,

com a sunga na cabeça

pra também cantar Maria.

 

Pelos dez anos de glória

no seu JP Turismo,

vou deixar pra Gutemberg

o troféu do heroísmo,

Sacrificado entre festas,

viagens, louras, serestas,

é tão árduo o jornalismo!

 

Vou pedir a Leonardo,

Bogéa e Cecílio Sá

pra convencerem São Pedro

a me permitir entrar

disfarçado de Noel

num barzinho lá do Céu,

onde Rui vai me cobrar.

 

Para o Léo eu deixo um rádio

Voz de Ouro ABC

e um caixão de defunto

cheinho de LP,

já que morto é só motivo

para proibir o vivo

de cantar para beber.

 

Fabriquei para a Cemar

lamparinas do futuro

pra iluminar o Programa

que só tem deixado furo.

A gestão é um engodo,

desvia Luz para Todos

e deixa o pobre no escuro.

 

Para as crianças indígenas

no Céu guarani-kaiowá

deixo o coração de pano

para que possam enxugar

a chuva que dói sem data,

sem teto, terra ou mata

como lágrimas no ar.

 

Em Mato Grosso do Sul

morrem de desnutrição

depois que o madeireiro,

o gado, a soja e o ladrão

invadiram sua casa.

Hoje a Funai e a Funasa

levam cestinhas de pão.

 

Boto o dedo na ferida

e a Justiça tem que olhar,

porque João Leocádio

é a prova que um crime há

na sua própria impunidade,

então, que surja a verdade

– tem Buriti pra cobrar.

 

Se Brasil é um cinema

que vive de bang-bang,

deixo estes versos de luto

pra Irmã Dorothy Stang.

Nesse governo de Lula

a Reforma Agrária é nula

e também vive de sangue.


– FIM – 

O TESTAMENTO DE JUDAS

Transcrevemos abaixo a íntegra da edição 2005 do Testamento de Judas, escrito pelo jornalista e compositor Cesar Teixeira para a tradicional brincadeira realizada anualmente pelo Laboratório de Expressões Artísticas – LABORARTE. 

O TESTAMENTO DE JUDAS

por Cesar Teixeira

São Luís-MA

2005


Na Inquisição da História

testamento é uma arte

pro forno da Aeronáutica

criado por Bonaparte.

Eu também serei queimado,

ofendido e esquartejado

na porta do Laborarte.

 

Laborarte que este ano

tem a idade de Jesus,

mesmo que ele ressuscite

vou pregá-lo numa cruz.

Trinta e três anos perdidos,

um museu no Céu erguido

entre nuvens de urubus.

 

Ficam muitas carapuças

para a escória obsoleta

que busca o meu tropeço

em sua alma abjeta,

que a mediocridade empalha

dando pernas aos canalhas

nas calçadas dos poetas.

 

Para o presidente Bush,

esse vampiro de fraque

que defende a eutanásia

e bebe o sangue do Iraque,

deixo em seu peito cravado

o voto dos trucidados

nessa guerra de almanaque.

 

Ah, os Estados Unidos

são um país muito escroto,

fala que no Sul é peido

e que no Norte é arroto.

Vende armas e as discrimina,

mata, polui, nunca assina

Protocolo de Kyoto.

 

E ao repórter Larry Rohter,

esse fantoche incauto

que diz que o Brasil é gordo

e Lula só vive “alto”,

deixo um visto permanente

pra beber com o Presidente

no Palácio do Planalto.

 

Para o Fernando Henrique

e seu ato desonesto

contra a América Latina

ficará o meu protesto,

bastam Kissinger e a CIA

para a Democracia

condenar seu manifesto.

 

Lá na Zona Industrial

vou botar uma porteira,

pra não fazerem do Porto

um Cabaré de terceira.

Patativa, sem pecado,

trocou logo o Pau Deitado

pela Ponta da Madeira.

 

Se a chinesa Baosteel

a Lei do Solo mudar

libero uma encruzilhada

para o Bulcão despachar.

No Itaqui vou fazer bico

vendendo no meu penico

sushi com arroz-de-cuxá.

 

Deixarei as minhas lágrimas

no Rio Itapecuru,

que o Pólo Siderúrgico

vai beber feito urubu

no copo do Italuís,

para ver o infeliz

se acabar no leito nu.

 

Lá no Rio dos Cachorros

vou rezar um Pai Nosso,

a Vale do Rio Doce

no seu navio de ossos

levará para o Espaço

um bumba-meu-boi de aço

pra dançar sobre os destroços.

 

Quase 15 mil famílias

sei que vão pedir esmola

lá na Vila Sarney Filho

ou lá Vila Kiola.

Suicídio eu já tentei

da ponte José Sarney,

me roubaram a sacola.

 

Vou deixar o meu pandeiro

como uma alternativa

pra quando Sarney voltar

à TV Educativa,

pois, enquanto ele mentia,

a mão direita tremia

no programa Roda Viva.

 

Pras almas da Liberdade

vou acender 20 velas,

foi o povo brasileiro

quem deu o sangue por ela.

Tancredo não teve cura

e o filho da Ditadura

se enfiou pela janela.

 

O Convento das Mercês

quero devolver à plebe

para ver no Big Brother

ou no Programa da Hebe

o caixão da Oligarquia

sobre o mármore da pia

onde o Demônio bebe.

 

Mandarei de São Luís,

capital do rendez-vous,

placa de aço pra China,

Alemanha e Seul,

camarão para o Timor,

banana pro Imperador

da ilha de Curupu.

 

Vou deixar uma cartilha

pros feitores na nação

contra o Trabalho Escravo

do homem que, sem ter chão,

já nasce escravizado

pela fome e é exportado

para uma outra prisão.

 

Levo contas do Ricardo

ao TCE com urgência,

pois a Procuradoria

hoje pede transparência,

mas, procura o que não vê,

tem fantasma que não crê

no avanço da Ciência.

 

E na Base de Alcântara,

onde morador não passa,

deixo a nave do passado

que subiu pela fumaça.

Tecnológico muro,

a Bastilha do futuro

é cercada de desgraça.

 

Deixo um “agronegócio”

que devasta a esperança

ao Ministério da Fome.

A soja só enche a pança

dos porcos do Ocidente,

mas no Cerrado indigente

esvazia as crianças.

 

No cofre do Banco Santos

a muamba que eu guardei

era dos aposentados

e da assistência, eu sei,

mas por causa da herdeira,

compadre Cid Ferreira

me ligou e eu saquei.

 

Jackson e Zé Reinaldo,

ex-amiguinhos da Branca,

agora juntam os trapos

pra alternarem a pelanca

do poder no Maranhão

– quarenta anos se vão

e a mula ainda é manca.

 

Pra ruminante Polícia

que fere pobre amarrado,

deixo a corda da Vitória

para que seja laçado

o ex-prefeito bufalino,

dos campos um assassino

protegido pelo Estado.

 

Acenei pro velho Judas

que não ama o chão natal

com 30 milhões de dólares,

mas na Cena Federal

o boicote é o seu hobby

para combater o pobre,

não a pobreza rural.

 

Deixo verbas desviadas

do projeto Salangô

para irrigar o Inferno,

onde faz muito calor.

A Lunus foi lá pra baixo,

já desviou um riacho

com bomba d’água e trator.

 

Agora posso plantar

e colher o meu conforto,

exportando breu e soja,

ferro e cruzes pelo Porto.

Se esperasse a ordinária

dessa tal Reforma Agrária

eu já estaria morto.

 

Lula riscou Severino,

mandou José pro sembal,

porém, vou botar a Branca

num Ministério legal,

nem que seja o do Barraco

pra chutar pau do sovaco

de aleijado em Carnaval.

 

Peço ao Fernando Bicudo

que devolva enquanto é cedo

a herança que roubou

do “Seu” Arthur Azevedo.

Com Lei não se faz beicinho,

porque senão o padrinho

não lhe dá outro brinquedo.

 

Para o Ministério Público

deixo empresas de valor:

Petra, Diamantina, Trasco,

Sercen, Beton e Primor.

L.J. é Trans-Parente

e a Ducol também tem gente

de um esperto Senador.

 

Jota-Jota me lembrou

nessa lista fantasmeira

para acrescentar no Sinfra

uma estrada pro Teixeira.

Guerreiro ainda habilita

Machado, Izidro, Mesquita,

Dominice e Bandeira.

 

Para Gasparzinho e Pluft

deixo a estrada rupestre

de Arame a Paulo Ramos,

onde a força extraterrestre

da EIT e Planor

fez milhões virarem pó

naquele Golpe de Mestre.

 

Vou deixar muitas estradas

cheias de borocotó

pros fantasmas desfilarem

arrastando o chamató.

Dominice vai na frente,

atrás, Lourival Parente

com a égua pocotó.

 

Pedirei ao Severino

que aumente o salário

do trabalhador que arrasta

a sua cruz de otário.

Nessa Câmara de Nero

come o alto e o baixo clero

o pão do nosso Calvário.

 

O Governo Federal

vai herdar um souvenir

que o Severino trouxe

do sertão do Cariri.

É um tal supositório

que meu compadre Gregório

chama de abacaxi.

 

A Jorge Sudam Hussein

deixo foro especial:

por causa da Usimar,

lá no Juízo Final

o seu couro utilitário

vai pro Pólo de Rosário

e bloco de Carnaval.

 

Para o Raimundo Louro,

ex-prefeito de Pedreiras,

deixo a minha Bolsa-Escola

e a fome prisioneira

para mostrar no Fantástico

em um saquinho de plástico

feito uma caranguejeira.

 

Pro Governo Zé Reinaldo

não continuar aflito,

eu vou deixar uma ponte

toda feita de palito

para atravessar inseto

sem cair feito concreto

no Estreito dos Mosquitos.

 

A foto de um Carcará

com sua cara-de-pau

vou colocar no projeto

contra fraude eleitoral.

Se eu fosse João Alberto,

com Zé Vieira por perto,

não votava em Bacabal.

 

Deixo aos nobres jornalistas

que o Sistema embalsama

uma procissão de asas

pra salvarem-se das chamas,

que a palavra é um abismo

cavado pelo cinismo

em seu Mirante de lama.

 

A velha Turma do Quinto

nenhum segredo nos trouxe:

seu enredo para o ano

é a Vale do Rio Doce.

“Do Itaqui pra todo mundo:

Vale festejar”, no fundo,

é puxar saco, e danou-se!

 

Preparei para a Favela

um kit contra acidente.

Atrás do seu trio elétrico

eu vou beber uma quente

pra não ver, desenganado,

o samba eletrocutado

por um júri impertinente.

 

A herança do Maurício

lá do “Boguedá” Café

são minhas luvas de boxe

pra ele fazer cafuné

em um músico golpista,

papagaio de artista,

que não respeita mulher.

 

Deixo pra Ópera Night

uma produção vendida

para Maria Vitória,

que será muito aplaudida

de fralda e mamadeira,

“arrasando” na primeira

apresentação da vida.

 

Fica para Márcio Jerry

o meu velho celular.

De Imperatriz a Brasília,

todos vão participar

da sua Rede de Intrigas:

toda vez que ele liga,

põe um besta pra falar.

 

Pra Joãozinho Ribeiro,

meu parceiro de água benta,

eu vou deixar a cachaça

“Recordação de 50”.

Cada dose é um comício

quando faz tributo ao vício

e novo projeto inventa.

 

Vou devolver os troféus

do Paraguai importado

pra Rádio Universidade,

já que vou ser enforcado.

Eu sei que Rose Ferreira

quis ver a minha caveira,

porque cheguei atrasado.

 

Deixo para Chico César

um jurará com ervilha

e o champanhe da humildade

que é pra tomar na bilha.

Entre pedras de responsa,

foi montado nessa onça

que Zeca voltou pra ilha.

 

Falei ao Príncipe Charles

que não posso lhe deixar

a calcinha de Faustina

se o IPHAN não liberar.

Por que é que a realeza

não fica só com a Duquesa

que a Cornualha lhe dá?

 

O castelo lá da FUNC

mais parece o Chantilly,

para receber dinheiro

ninguém mais pode subir.

Moisés Nobre foi barrado,

por quatrocentos soldados

e nem Cicarelli eu vi.

 

Por isso deixo a Veloso

o cachê do ano passado

das brincadeiras juninas

nas Eleições divulgado.

Prêmio só quem recebeu

foi o prefeito Tadeu

pela Gazeta ofertado.

 

Deixo a pomba da paz

para a dor-de-cotovelo

do Prêmio Carnavalesco

que já virou pesadelo.

Nesse Baile do Cabide,

Moraes cuspiu no Euclides,

que puxou o seu cabelo.

 

Quando ganhou o guindaste

da CVRD caído,

Escrete chamou e disse

pra enfermeira no ouvido

que aplicasse em seu bracinho

sangue novo de “bofinho”

pra se sentir possuído.

 

Deixo pra Seu Adalberto

uma vela pra queimar,

expulsou o Zé Maria

Quinta-Feira do seu bar,

porém, hoje ele confessa:

a Festa foi só promessa

que terminou de pagar.

 

Fabriquei para a Cemar

lamparinas do futuro

pra iluminar o Programa

que só tem deixado furo.

A gestão é um engodo,

desvia Luz para Todos

e deixa o pobre no escuro.

 

Para as crianças indígenas

no céu guarani-kaiowá

deixo o coração de pano

para que possam enxugar

a chuva que cai sem data,

sem teto, nem terra ou mata

– chuva, seu pranto no ar.

 

Em Mato Grosso do Sul

morrem de desnutrição

depois que o gado, a soja

e o madeireiro ladrão

destruíram sua casa.

Hoje a Funai e a Funasa

levam cestinhas de pão.

 

Vou pedir a Leonardo,

Bogéa e Cecílio Sá

pra convencerem São Pedro

a me permitir entrar

disfarçado de Noel

num barzinho lá do Céu,

onde Rui vai me cobrar.

 

Boto o dedo na ferida

e a Justiça tem que olhar,

porque João Leocádio

é a prova que um crime há

na sua própria impunidade,

então, que surja a verdade,

tem Buriti pra cobrar.

 

Se Brasil é um cinema

que vive de bang-bang,

deixo estes versos de luto

pra Irmã Dorothy Stang.

Nesse governo de Lula

a Reforma Agrária é nula

e também vive de sangue.

– FIM –

FALÊNCIA

1º de abril. Abro o Jornal Pequeno pela manhã e leio a notícia: “Salário mínimo vai a R$ 1.500,00”. José Linhares Jr., colega de aula e hospício, escreve sobre o dia da mentira. No trabalho, Valéria abre um site e lê: “Morre João Paulo II”. Cometi, imediata e inevitavelmente o poema abaixo.

 

Me deram a notícia da morte do papa

No dia primeiro de abril

Quem viu, quem viu?

 

O papa já tava mais velho

Que a Brigitte Bardot

Mas será mesmo que ele se acabou?

 

Isso é mais um trote?

Ou é verdade mesmo que o papa morreu?

Rezem um rosário pelos pecados seus.

ÊTA PORRA!

O título aí é uma frase sempre usada pelo Marcelino Freire. Êta danado! (essa é outra!). O negócio é o seguinte: para comemorar os cem mil acessos (isso merece realmente uma comemoração; um brinde, Marcelino e leitores!) o cabra – será o eraOdito?, como quem diz “será o benedito?” – está distribuindo alguns presentes. Fiquem ligados e acessem (link ao lado).