AS GENEROSAS PALAVRAS DE ROGÉRIO E GILDOMAR

 

Registro aqui o meu contentamento com o escrito por Rogério Tomaz Jr. em seu blogue (link ao lado), sobre o lançamento (a rolar em breve) de “Uma Crônica e Um Punhado de Poemas de Amor Crônico (Declarações de Amor para Ellen Carol)”. Leia, clicando aqui.

Abaixo, o comentário do amigo Gildomar Marinho, exímio músico, sobre a (s)obra:

“Ah! um poeta bom. E vivo, pulsante e, hoje, on-line.

Dos amores, sabemos cedo. Das dores, é na bucha mesmo! Uma musa, uma crônica, um amor crônico. Não, não! Na verdade, um coração crônico. Desses que puxa o amor à tona e traz dele a verdade. Doa o quanto doer. De soslaio fico brechando cada faceta e dela sai um inédito amor. Absoluto, intenso e único. Zema é assim. Incorrigível Zema, costumo dizer. E sobre ele, não é demais pensar: como arranja tempo? Estudante de Comunicação, articulista, blogueiro, cronista, pesquisador, produtor cultural e parceiro dos parceiros notívagos onde o templo dos fiéis exige um ritual constante de peregrinação pelos bares da Praia Grande, do Léo, do Desterro e da Madre Deus, onde a morada aos poucos se transforma num santuário à cultura maranhense. Mas eu falava da relação do Zema com o amor. Sim, sua relação com o amor é direta. Aqui Ellen Carol é musa das musas do amor presente, que o autor já denunciou o dolorido corte. É seu exercício de sofrer e viver, dito no verso de preces e dúvidas. Se amar e sofrer é viver, viva Zema!”

EU JURO QUE EU NÃO QUERIA POSTAR ISSO AQUI…

 

(ou QUATRO POEMAS SOBRE “FIM”)

Em breve publico “Uma Crônica e Um Punhado de Poemas de Amor Crônico (Declarações de Amor para Ellen Carol)”. A (s)obra sairá em formato cordel, para ser vendida por um preço baixo (R$ 3,00) e trará tudo o que escrevi para a moça desde 27 de abril, data em que “ficamos” (detesto o termo, mas foi isso que aconteceu) pela primeira vez. A (s)obra sai, mas o amor não mais. Ela o assassinou. Os poemas abaixo não estarão no livreto (não foram cometidos para ela, falam de outros momentos de minha “vida louca vida, vida breve”), mas traduzem (muito) bem, tudo o que estou sentindo.

cenas do último capítulo

eu queria que tudo que a gente dissesse:
“ah! esquece!”
fosse
assim
tão fácil

mas nem tudo é como a gente quer
você quer que eu te esqueça
mas não pensa
que você
se eternizou em mim

é como passar um ano assistindo a uma novela
e ver que não vale
a pena
não ter perdido uma cena
até chegarmos a esse fim
(a vida é assim)


fim (samba melancólico)

resolvi não sorrir mais
percebi que sou um homem
condenado a viver amargamente
você foi embora, simplesmente
me abandonou sem olhar para trás
e sozinho eu não vou conseguir
sequer mostrar os dentes


o fim do mundo

o mundo acabou
por que o mundo é um cata-vento
e cessou o vento

o mundo acabou
por que o mundo é um moinho
e águas passadas não movem moinho

o mundo acabou
por que você era meu mundo
e tu não me amas mais


o fim do mundo nº 2

e eis que o mundo era um poema
e este é o fim do poema:

 

EM TEMPO:

O Fórum Cultura Cidadã reúne-se hoje, às 19h no Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) (Rua Osvaldo Cruz, próximo ao Cine Passeio). Durante o encontro será definido um calendário de debates, intitulados “Diálogos Interculturais”, que farão parte das atividades de preparação para a I Conferência Municipal de Cultura. O primeiro está marcado para o próximo dia 20/7. Mais informações, por aqui, em breve.

SÃO LUÍS 400 ANOS: UM PLANO DIRETOR PARA A CULTURA DA CIDADE

 

por Joãozinho Ribeiro (*)

 

Um Município precisa de um Plano Diretor para a Cultura? O que significa isto?

Continuidade administrativa é um dos pilares da edificação de um Plano Diretor para qualquer projeto decente de desenvolvimento de uma cidade, que não se confunde necessariamente com a perpetuação dos seus administradores, nem com a mania de quase todo governante de dividir a história da cidade em “antes e depois de mim”. Em função deste tipo de raciocínio, inúmeros projetos culturais permanecem inacabados e os produtores culturais submetidos a uma crônica e cruel instabilidade, que dificulta o planejamento e a realização de investimentos a médio e longo prazo. Não se trata aqui só dos planos diretores a que fazem referência as leis orgânicas dos municípios, mas dos objetivos estratégicos, dos macros-objetivos da cidade em termos de cultura que transcendem esta ou aquela administração e os mecanismos que incorporem  a população para atingi-los como protagonista das ações culturais. O ponto fundamental é que estes objetivos possam ser traduzidos em metas quantificáveis, programas ou projetos objetivos. Plano Diretor não pode ser filosofia do governo, mas a expressão prática dessa filosofia. Um Plano Diretor para a Cultura não deve ser documento tecnocrático, distante dos centros decisórios reais da cidade, mas um projeto capaz de promover coesão e mobilizar a cidade em sua direção. São Luís precisa de um Plano Diretor para a Cultura?

Entendemos que sim, assim como também é o entendimento contido na Agenda 21 da Cultura para as Cidades, aprovada em maio de 2004, no Fórum Universal das Culturas, de Barcelona, da qual reproduzimos os seguintes compromissos assumidos pelas centenas de autoridades locais presentes:

 

  1. COMPROMISSOS

(…)

  1. Promover a implementação de formas de “avaliação do impacto cultural” para considerar, com caráter preceptivo, as iniciativas públicas ou privadas que impliquem alterações significativas na vida cultural das cidades.
  2. Considerar os parâmetros culturais na gestão urbanística e em toda a planificação territorial e urbana, estabelecendo as leis, normas e os regulamentos necessários que assegurem a proteção do patrimônio cultural local e a herança das gerações antecessoras.

(…)

  1. Implementar ações que tenham como objetivo a descentralização das políticas e dos recursos destinados à área cultural, legitimando a originalidade criativa das chamadas periferias, favorecendo os setores sociais vulneráveis, defendendo o princípio do direito à cultura e ao conhecimento de todos os cidadãos sem discriminações de nenhum tipo. Esta determinação não deverá passar por alto as responsabilidades centrais e, particularmente, as que referem ao necessário financiamento que todos os projetos de descentralização exigem.

O que não podemos entender, e até nos causa espanto, é a pauta de discussões da II Conferência Municipal das Cidades – evento realizado no auditório do Hotel Abevville durante os dias 4, 5 e 6 de julho, promovido pela Prefeitura de São Luís – não ter contemplado este tema, justamente no momento em que se discute a atualização do Plano Diretor da cidade.

Felizmente, a coordenação do evento, diga-se de passagem bastante solícita, concedeu-nos um tempo para uma intervenção, momento em que fizemos a seguinte colocação:

 

“Entendemos que elaborar um Plano Diretor para uma cidade é, antes de tudo, sonhá-la. E, como é possível se sonhar uma cidade como São Luís – Patrimônio Cultural da Humanidade – sem ouvir os seus artistas e poetas? Como pode não estar reservado, nestas rodadas de discussões, um capítulo dedicado à cultura. A cidade histórica de Recife, também Patrimônio da Humanidade, que sempre costumamos tomar como referência, recentemente atualizou o seu Plano Diretor; e lá, um capítulo generoso e decente foi dedicado à Cultura”.

 

Só então os representantes do Poder Público reconheceram o grande equívoco, e pediram à platéia presente as necessárias desculpas pelo grave esquecimento.

Talvez por causa de esquecimentos como esse é que Olinda abocanhou o importante título de “Capital Brasileira da Cultura – 2006”, na última 5ª feira (30/6); pois teve o mérito de apresentar um respeitável programa de atividades culturais para o ano respectivo. Como cidade eleita terá, entre outras vantagens, projeção como referência da cultura nacional, restauro do patrimônio histórico e atração de investimentos privados.

O presidente das organizações Capital Americana da Cultura e da Capital Brasileira da Cultura, Xavier Tudela aproveitou a oportunidade para afirmar na cerimônia de entrega do prêmio: “Olinda Capital Brasileira da Cultura 2006 é um marco que representa a vontade do povo brasileiro em querer mostrar ao mundo a sua imensa riqueza cultural e visa valorizar a identidade cultural de cada país e utilizar a cultura como instrumento de transformação social. O Brasil foi escolhido para ser o primeiro país do continente americano a ter a sua própria capital nacional da cultura pelo seu enorme potencial e diversidade cultural”.

Esperamos que na próxima edição deste cobiçado prêmio nossa querida cidade concorra com todo o potencial que brota da sua diversificada e rica produção cultural. Para tanto, de uma vez por todas, é preciso acabar com tantos adiamentos e discutir uma política pública de cultura para o Município, pois quanto mais adiamento se fizer, mais aumentará o passivo cultural.

A cidade precisa ouvir seus poetas, seus escritores, pesquisadores, produtores e agentes culturais em geral; pois todos têm grandes contribuições para dar à atual administração do Prefeito Tadeu Palácio. O que não pode mais se perpetuar é essa “operação avestruz” na Cultura da cidade.

Queremos discutir o Plano Diretor, queremos participar democraticamente da elaboração de uma política municipal de cultura, como já se encontra previsto na Lei Orgânica do Município (parágrafo único, do art. 156); queremos ver implantado o Sistema Municipal de Cultura, sintonizado com o Sistema Nacional, que está sendo implantado em todo o país pelo Ministério da Cultura; fato que permitirá compartilhar, dentre outros benefícios:

  1. a) o fortalecimento dos sistemas de financiamento específicos da cultura, nas suas respectivas esferas administrativas;
  2. b) a integração e otimização dos recursos financeiros destinados às políticas culturais;
  3. c) a implantação de sistemas setoriais das diversas áreas da cultura – bibliotecas, museus, centros culturais, artes em geral, patrimônio cultural, entre outras – com participação e controle social;
  4. d) a implantação e disponibilização democrática do Sistema Nacional de Informações Culturais, constituído de banco de dados sobre bens, serviços, programas e instituições de natureza cultural;
  5. e) a implementação integrada de programas e projetos de capacitação e aprimoramento de setores e instituições culturais específicos;
  6. f) a cooperação técnica para a realização de planejamento estratégico, no âmbito do Sistema nacional de Cultura;
  7. g) a articulação com as diversas redes/setores da cultura brasileira;
  8. h) a facilitação de fluxos de projetos culturais em circuitos nacionais.

 

No breve espaço que nos foi concedido pelos organizadores da II Conferência Municipal das Cidades, também aproveitamos para divulgar a instalação do Fórum Cultura Cidadã, que já está discutindo democraticamente nas comunidades a preparação da I Conferência Municipal de Cultura, e solicitamos a aprovação de uma moção de apoio à realização deste evento.

No momento, aguardamos o sinal positivo do Prefeito Tadeu Palácio a um pedido de audiência que lhe foi oficialmente solicitada (protocolado no dia 28/6) para podermos, em parceria com a Prefeitura, agilizar as ações para realizarmos, até o mês de setembro, a I Conferência Municipal de Cultura da Cidade de São Luís.

 

(*) poeta/compositor, integrante da Coordenação do Fórum Cultura Cidadã

JÔ, FELIZ ANIVERSÁRIO!

 

Das raras pessoas que quanto mais você conhece, mais você ama, Joisiane Gambafoi/é/será (sempre) um presente em minha vida. Por seu aniversário, torno públicos os votos de parabéns deste blogueiro que a adotou como mãe. Feliz aniversário! Um forte abraço! (Um vinho mais tarde? risos)

Já andaste por caminhos
Onde os pés saíram feridos, mas
Isso nunca te impediu de caminhar
Sempre em busca da paz.
Incrivelmente forte, és mulher
Admirável. Ser mãe é padecer
No paraíso. É fazer da tristeza
Esse teu belo sorriso.

Gastas a alegria, para tê-la
Ainda mais. Dia após dia
Multiplicas tudo o que é
Bom. Sou grato a Deus pela
Amizade sincera que irradias.

MESA REDONDA

Acontece hoje, às 19h, mesa redonda sobre o pólo siderúrgico, no auditório daSociedade Médica do Maranhão (Rua do Passeio, 541, Centro). Expositores convidados: Alberto (Beto) Cantanhede, líder comunitário do povoado Taim;Guilherme Zagallo, advogado; e Walter Rodrigues, editor do Colunão. O evento, organizado pelo Instituto Maria Aragão, é gratuito e aberto ao público.

SEGREDOS DA LUA

 

Com o tema Lua Crescente, acontece até o dia 15/7, a quinta exposição do Ateliê Segredos da Lua. No São Luís Shopping, perto do Louvre Magazine, em frente à Gabryella, das 10h às 22h. Maiores informações: (98) 9975-2692.

E NO RIO…

César Nascimento ministra oficina de percussão (tambor de crioula e quatro sotaques de bumba-meu-boi) durante o Festival SESC Rio de Inverno. Dias 14, 15 e 16/7, das15h às 18h. Na sala do SESC Petrópolis (RJ), em frente ao Palácio de Cristal. Maiores informações: http://www.sescrj.com.br

DIÁLOGOS (IM)PROVÁVEIS

 

Sempre imagino diálogos que quase nunca acontecem. O mais recente:

ela: “posso passar aí?”
ele: “se não passares, não verás um homem triste; no entanto, passando, verás um homem feliz”

Ele sou eu.

GARÇOM, MAIS UMAS, RAPIDINHO!…

 

[1] Nasceu Isabelly (acho que é essa a grafia!), sobrinha de “algodão-doce”. Se Deus quiser poderei chamá-la sobrinha, em breve. Baby, você entende!

[2] Gisele Brasil (link ao lado) postou O Caminho do Meio “para o Zema”. Bela pintura de Isaak Levitan. Obrigado, Gi! Tive o prazer de conhecer a moça pessoalmente na última quinta-feira, quando almoçamos juntos na Feira da Praia Grande. Minha confidente virtual confirmou as ótimas impressões que dela eu já trazia: é uma beleza de pessoa, em todos os sentidos. A ela, um abração! E por favor: nada de ciúmes, Ramón e “algodão-doce”.

[3] Diálogo com Cássia Pires, via msn messenger:
ela: “mas a minha vida é novela mexicana”.
eu: “pô, a minha também tá assim”.
“novela mexicana ou teatro de Nelson Rodrigues, dá pra escolher”.
“prefiro o segundo”.

Rápidas:

 

[1] O blogueiro está na Ilha! Por motivo de força maior, a viagem para Estreito/MA foi adiada para a próxima sexta-feira. Quem também está na Ilha é Ananias Martins, com quem o primeiro teve o prazer de emendar umas na última sexta-feira, na Feira da Praia Grande.

[2] Estou negociando a publicação de “Uma crônica e um punhado de poemas de amor crônico” com a Vírus Editora, do amigo Marco Pólo Haickel. Com prefácio de Joãozinho Ribeiro, o livro sairá no formato cordel, e será vendido, provavelmente, por R$ 3,00. É uma declaração de amor pública para a “baixinha dos olhos graúdos e brilhantes” (Tiara, amiga comum, diz que os olhos brilhantes são os meus quando falo nela), ou “garota big-big” ou “algodão-doce” (no dizer de Cris Ribeiro). O lançamento está previsto para ainda este mês e já conta com o apoio do Instituto UniSãoLuís de Cultura e Cidadania. Novidades, por aqui em breve.

[3] Fransoufer expõe “Bequimão meu Bequimão”, reunião de 23 telas, no dia 13 de julho, às 19h, no Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol, 302, Centro). Maiores informações: (98) 3231-0910, ou pessoalmente no Sebo Papiros do Egito (Rua da Cruz, 150, Centro).

[4] Está instalado o Fórum Cultura Cidadã, cujo principal objetivo é a realização da Conferência Municipal de Cultura. Na última quinta-feira, o blogueiro esteve presente à reunião, compondo a mesa diretora dos trabalhos, representando a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), ao lado de Joãozinho Ribeiro (liderando o FCC e representando o Instituto Maria Aragão), Teresa Seabra (pró-reitora de extensão da UFMA), Joberval Bertoldo (vereador), Gisele Padilha (Centro de Cultura Negra do Maranhão) e Jorge Carioca (Secretário Municipal do Orçamento Participativo). A partir do dia 20/7, inicia-se uma série de debates intitulados Diálogos Interculturais; o primeiro tema é “Plano Diretor, Reforma Administrativa e Patrimônio Cultural”. Maiores informações, por aqui, em breve.

[5] Reuben da Cunha e Zema Ribeiro assumiram, entre si, o compromisso de trazer para o Maranhão (ou pelo menos para a capital do estado) as discussões do Fórum Literatura Urgente. “Um estado com a tradição que o Maranhão tem, de bons escritores, não pode ficar de fora desta discussão nacional”, concordam os poetas-blogueiros.

JP

Daqui a pouco desço até Estreito/MA. A viagem faz parte da Imprensa Turística Itinerante, idéia do amigo Gutemberg Bogéa para o Almanaque J P Turismo, onde o blogueiro assina a coluna Quintal Poético, uma crônica bimestral. Até segunda e beijos na rima!

SEXTA, DIA 8 DE JULHO, UM DIA DE SILÊNCIO

 

Brasília, 4 de julho de 2005

Revi, ontem, o maravilhoso documentário “Janela da Alma“, dos cineastas João Jardim e Walter Carvalho. E pela primeira vez vi, nos extras do DVD, o então vereador de Belo Horizonte, Arnaldo Godoy, deficiente visual, responder que se tivesse apenas um pedido a fazer ao “gênio da lâmpada” desejaria não perder o estado de indignação frente às injustiças. Sim, ele não pediu para ver a luz invadir novamente os seus olhos, para ver através de uma escuridão que o persegue desde os seus 17 anos. Preferiu não estar mergulhado nas trevas da indiferença e do egocentrismo que não o deixariam solidário ao Mundo.

O cidadão Godoy é uma fonte de inspiração num mundo onde deixamos morrer 50 mil pessoas de fome por dia, sem falar de outros milhões de humanos que fenecem de diversas fomes, tantas, que nos são difíceis até de nomear. Enquanto isso, uma minoria de ricos e privilegiados, “vivem” na mais absoluta miséria espiritual, por não saberem compartilhar sua abundância material. A responsabilidade também nos pesa, quando por omissão, nada fazemos em nossos ofícios profissionais e criadores para transformar e amenizar tanta dor e miséria vizinha, ali, na nossa “periferia”.

E este estado miserável, muitas vezes não está presente nos mais pobres, que ainda permanecem generosos pelas tradições culturais e religiosas, sabendo pois partilhar o pouco que tem com os que têm menos ainda. É isso que a elite econômica e cultural precisa humildemente aprender com o povo brasileiro do sertão à favela.

Os artistas deram, nesse último fim de semana, um belo exemplo com a edição do Live8, ao tentarem pacificamente abrir com arte – em vez de porrada – os fartos cofres e a dura consciência dos poderosos líderes do G8. Quase todo o mundo ouviu, em palcos de várias cidades, a voz de importante “artivistas” cantando e falando da fome, do perdão 100 % da dívida externa dos países pobres e do cinismo daqueles que se omitem, por ganância, a ajudarem os filhos mais desfavorecidos da Terra, concentrados também, infelizmente, em meio de extermínios étnicos no berço da vida: a Mãe África.

Esperamos que os jovens não tenham ido ao Live8 só se agitarem com a beleza da música, mas sim para ajudar a tirar a dureza da máscara dos que decidem também, os seus incertos futuros.

Por fim, deixo com vocês a íntegra da Carta Aberta aos Líderes do G8, escrita pelo músico Bob Geldof, um dos organizadores do Live8. E se esta carta não nos tocar a consciência e até a emoção, tenham a certeza de que perdemos a capacidade de indignação e respeito pela Vida ou, por certo, adquirimos uma cegueira pior que a deficiência visual que Arnaldo Godoy não pôde evitar pela fatalidade da vida. Mas, Godoy, um político com uma inteligência sensível, pôde afastar a temeridade de outra triste escuridão, usando sua dignidade sábia como um belo trunfo para servir ao outro e ao Mundo.

Convidamos, como nos sugere Bob Geldof, que na sexta, dia 8, façamos um silêncio gandhiano nos comunicando somente através da escrita e pelo estritamente necessário, esperando a resposta positiva dos que pensam que governam nossa liberdade e nosso Mundo.

Bené Fonteles
Coordenador do Movimento Artistas pela Natureza

 

CARTA ABERTA AOS LÍDERES DO G8

 

Vamos deixar tudo bem claro… Os concertos Live8 que aconteceram ontem foram uma ocasião musical maravilhosa. No entanto, a despeito do fato de que os maiores músicos populares do mundo estiveram tocando, não foram eles os astros do evento. O “8” em Live8não representa oito músicos ou oito bandas. Representa vocês, os oito líderes do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia).

Quero deixar isso perfeitamente claro logo de início. Todo mundo que está participando desses concertos, o faz porque as muitas gerações de pessoas que nos assistirão não continuarão tolerando o sofrimento dos pobres quando dispomos dos meios financeiros e morais para impedi-lo.

Estamos obtendo para vocês o maior mandato para ação da história. Da mesma forma da escravidão, o sufrágio feminino, o final do apartheid, elas agora pedem pelo final da absurda injustiça de uma pobreza extrema que causa a morte de 50 mil pessoas por dia em pleno século 21.

O Live8 aconteceu para que vocês, nossos líderes eleitos, agora, em 2005, realizem o avanço exigido por, entre outros, a Comissão pela África, na batalha por tornar a pobreza uma parte do passado. Vocês sabem o que precisa ser feito, especificamente.

Quanto à assistência: prover U$25 bilhões em assistência adicional à África e preparar planos para garantir que essa assistência seja verdadeiramente eficaz na erradicação da pobreza. Essa quantia precisa ser somada a outros U$25 bilhões destinados aos países mais pobres do mundo. Trata-se do absoluto mínimo requerido para começar a vencer a batalha contra a pobreza extrema.

Quanto à dívida: confirmar o perdão de 100% das dívidas anunciado na reunião dos Ministros das Finanças do G8 e assumir o compromisso de perdoar 100% das dívidas de todos os países que precisem disso e de remover as políticas econômicas prejudiciais que lhes são impostas como condição.

Quanto ao comércio internacional: tomar medidas decisivas para pôr fim às regras de comércio injustas e permitir que os países pobres construam suas economias ao ritmo deles. É só por meio do comércio que a África poderá um dia derrotar a pobreza por conta própria.

Quero deixar igualmente claro que, ao mesmo tempo, os governantes africanos precisam estar livres da corrupção e do banditismo e adotar práticas reconhecidas de boa gestão, prestação de contas e transparência diante de seus povos e do mundo.

Vinte anos atrás, no Live Aid, pedimos caridade. Agora, com o Live8, queremos justiça para os pobres. A reunião do G8 nos próximos dias pode dar os primeiros passos reais em direção à erradicação dos extremos de pobreza, de uma vez por todas.

Nós não aplaudiremos meias medidas ou retórica vazia. Precisamos de um avanço histórico.

Haverá barulho, música e alegria, a alegria da possibilidade exuberante. Na sexta-feira, haverá um grande silêncio, enquanto o mundo aguarda seu veredicto. Não nos desapontem. Não criem uma geração de cínicos. Não traiam os desejos e esperanças dos pobres do mundo. Devemos ou não permitir que aquelas 50 mil pessoas que morrem por dia continuem a viver?

Bob Geldof
Cantor e um dos organizadores do Live8.

 

ENTREVISTA: ZEMA RIBEIRO (SIM, EU MESMO!)

 

Essa eu “roubei” do blogue da Mariana Bradford (link ao lado).

Sua professora de literatura, Myrtes Folegatti, enviou, por e-mail, um questionário relacionado à blogosfera, para seu curso de pós-graduação em Letras na PUC-Rio. A Mariana publicou em seu blogue, com suas respostas, e eu o republico por aqui, com as minhas.

1.Você já teve um diário no papel antes de criar um na Internet? Ainda o mantém paralelamente?

Não.

2.Você tem mais de um blog? Por quê?

Não. Mas estou conversando com um amigo para fazermos um coletivo, tipo o Blônicas (link ao lado).

3.Quando e por que você teve a idéia de fazer um diário na internet?

Apesar de eu escrever quase diariamente, não diria que meu blogue é um diário. Às vezes até tem essa cara, principalmente quando estou feliz e coloco minhas alegrias, partilhando-as com minha meia dúzia de leitores. Mas a proposta é outra.

4.Quais as vantagens e desvantagens de ter um blog?

Posso escrever o que quero, sem censura. O retorno de quem lê. Lá eu também deixo dizer o que querem: os comentários não passam por uma aprovação minha. Podem elogiar ou esculhambar. Não vejo desvantagens; talvez a exclusão digital, tipo, se mais gente tivesse acesso a internet, eu teria mais leitores, mas não sei até que ponto isso é verdade.

5.Você mantém o anonimato através de um pseudônimo? Escreve sozinho ou em parceria?

Pseudônimo. Bom, não sei se Zema é pseudônimo. Já disse: é um batismo inventado por um amigo num poema. Gildomar Marinho juntou Zé Maria, meu nome de batismo, fez uma poesia e passou a me tratar assim, onde quer que estivéssemos. A história pegou, e hoje até estranho ser chamado de Zé Maria. Escrevo só, às vezes coloco um recorte da obra de alguém, ou publico textos de amigos ou coisas que acho interessante, mas quase tudo o que está aqui é meu.

6.É possível manter a intimidade, o segredo e a privacidade na rede?

Acho que sim. Tenho blogue, já fiz lista eletrônica, conheci um monte de gente virtualmente antes de conhecer pessoalmente, até hoje tem gente que eu nem conheci pessoalmente ainda, mas com quem me relaciono freqüentemente por e-mail, messenger e até telefone. Estou no orkut e nunca tive problemas.

7.Surgiu uma nova linguagem por causa dos blogs?

Acho que não. Surgiu um novo jeito de divulgar idéias. Mas o surgimento de uma nova linguagem depende muito mais de quem escreve do que da ferramenta que se usa, não? Isso aí é complexo, literatura de internet é um termo complexo. Estou preparando um livro de poemas: será que por terem sido publicados previamente na internet, os poemas do blogue não podem ir para o livro?

8.Você elabora a sua mensagem ou deixa o seu pensamento fluir automaticamente?

As duas coisas andam juntas. Talvez por isso eu fale pouco.

9.Você se obriga a atualizar seu blog todo dia? Por quê?

Eu até gostaria, mas às vezes não dá tempo. Outro dia fiz uma viagem e passei dez, onze dias sem blogar. Isso vicia. Mas é bom atualizar sempre, até mesmo em respeito à minha meia dúzia de leitores, e por conta da proposta inicial do blogue: difundir a cultura maranhense, funcionar como agenda, pautar jornais… pretensão? Total, mas a gente tenta. Outra coisa que gosto de fazer é ler, ao menos dia sim, dia não, tudo o que estálinkado em meu blogue, e olha que não é pouca coisa…

10.O que muda para você o fato de saber que está sendo lido?

Talvez signifique que eu tenho algo a dizer. Se alguém lê é por que é interessante. Ou não? Tem coisas que não são interessantes e são lidas, é verdade. Eu não sei, sinceramente… risos

11.Você guarda o que escreveu no disquete, no disco rígido ou imprimindo?

Não. Raramente. Como trabalho muito com divulgação de eventos no blogue, isso quase não faz sentido. Mas guardo um texto ou outro, poemas…

12.Você relê o seu blog? Com que freqüência?

Raramente. Às vezes procurando algo que escrevi, às vezes caçando um poema para usar em algo…

13.Você considera seu blog pessoal ou informativo/jornalístico?

Misturo as duas coisas. Tem horas que ele parece uma modesta agenda cultural, cobrindo coisas do Maranhão, ou de maranhenses fora do estado, ou de pessoas que eu gosto, em qualquer lugar. De repente a “garota big-big” me faz feliz e eu divido essa alegria com meus seis leitores…

14.Você lê outros blogs?

Todos os que estão linkados no meu e mais alguns.

 

BLOGOSFERA

 

Links novos aí do lado: Pedro Alexandre Sanches, Santiago Nazarian (veja lá como adquirir seu romance de estréia) e Patrick Pataugaza (das coisas mais impressionantes que li nos últimos tempos, em se tratando de poesia; vocês precisam lê-lo. Nós precisamos lê-lo).

***

E fiquei contente por praticamente apresentar a poesia de José Patrício Neto à Gisele Brasil. (links ao lado). O primeiro, ao lado de Reuben da Cunha (e agora Pataugaza), é dono de poemas impressionantes (vide Toada para Oswald, lá no blogue dele); ela, tem sido uma amizade constante (ainda que via messenger) e importantíssima, um ouvido aberto para a “angústia do mundo”, como certa vez a profª. Cristina (Sociologia) me batizou no segundo grau (sim, eu sou do tempo do segundo grau!).