ah, os prazos…

nunca pretendi ser “crítico” de cinema. aliás, até hoje, nem sei se sou “crítico” de alguma coisa. assisti “filhos do paraíso” numa aula da faculdade. com pendências financeiras, ainda nem estou matriculado, mas tenho assistido as aulas (para não perder o conteúdo) enquanto dou um jeito de resolver este(s) outro(s) problema(s). os que me conhecem sabem o quanto sou péssimo em cumprir (alguns) prazos. mesmo que isso signifique dinheiro (ou a perda dele), notas (“escolares”), juros (por pagar contas em atraso) etc. mas tou me acertando. embora, até mesmo para me corrigir, eu sempre reveja o tal do “prazo”.

abaixo, um texto (fraquíssimo) sobre o citado filme. era atividade “escolar”. acabei não entregando: perdi o “prazo”. ao texto (?), pois:

aula de amor

a beleza de “filhos do paraíso” (“bacheha-ye aseman”, irã, 1997) está na simplicidade – o que não quer, nem de longe, dizer pobreza – de sua trama e na pureza da relação de dois irmãos, singelas crianças. ele (ali, interpretado por amir farrock hashemian) perde o par de sapatos dela (zahra, por bahari seddiqi) e ambos – a menina estudando pela manhã, o menino à tarde – passam a revezar os tênis dele, para o compromisso diário e “sagrado” de ir à escola. sabendo da pobreza dos pais, os dois têm medo do castigo e, em gestos de cumplicidade extrema, mostram que felicidade é bem mais que dinheiro no bolso e/ou bens materiais.

ajudando o pai (mohammad amir naji) no ofício de jardineiro, o menino mostra também que amizades independem de situação financeira ou condição social. com pequenos mimos – uma caneta ganha por bom comportamento e boas notas na escola (apesar dos constantes atrasos ocasionados pela troca dos tênis no meio do caminho), por exemplo – ele “galanteia” a irmã, muito mais que com o intuito de comprar-lhe o silêncio, déjà vu, o medo do castigo paterno.

numa corrida – em que ele consegue, com um choro talentoso, inscrever-se fora do prazo – está a grande chance de devolver à irmã os tênis perdidos. antes de qualquer lição – de moral ou não – “filhos do paraíso” é uma bela história de amor. ou uma belíssima história de uma declaração de amor fraterno.

4 respostas para “ah, os prazos…”

  1. Uma belissima critica de um filme que deveria ter ganho o Oscar.Para quem não se lembra ele concorreu na categoria de melhor filme estrangeiro com a ” A Vida é Bela” e o brasileiro “Central do Brasil”.Abraços.

Deixar mensagem para Donna Oliveira Cancelar resposta