mulheres de a a z

essa saiu no tribuna do nordeste, hoje.

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Harém literário

Escritor paulista homenageia mulheres em livro de estréia. Obra será lançada hoje em São Luís.

por Zema Ribeiro*
Especial para o Tribuna do Nordeste


[o escritor paulista otto augusto sievert lança “mulheres de a a z”, hoje, na livraria poeme-se. foto: divulgação]

Apesar de “Mulheres de A a Z” [Viveiros de Castro/7Letras, 2007, 125 páginas, R$ 12,00] desnudar-se (quiçá como uma das personagens do livro) logo no título, não pensem que não é necessário lê-lo. Sim, são 26 mulheres, de a a z, longe de uma agendinha – do autor, no caso – de quantas “eu já comi”.

Otto Augusto Sievert estréia aos 51 anos e trilha a contramão do que se vê por aí: não é precoce e, antes de interessar-se por literatura (mesmo enquanto leitor), gostava mesmo era de matemática. O paulista é funcionário da usina hidrelétrica Henry Borden – lá, mais um contato com as letras: é ele quem edita o informativo semanal da empresa.

A bem escrita estréia se dá com um tema bastante difícil: os universos femininos, melhor falar no plural. Fábulas sem moral, que é melhor ter nenhuma que ter as falsas.

São 26 contos que podem seguir a ordem alfabética proposta no livro ou podem ser lidos ao acaso. A emoção é garantida, faça o que o leitor fizer – a não ser que não faça/leia. Cartas, e-mails, a mulher independente que quer transar sem compromisso, a filha única que vai casar, um bebê que se comunica com o mundo mesmo antes de nascer, a que termina o relacionamento por que este é perfeito demais, a que começou a bater no marido, a que goza no ônibus, esfregando-se em um homem, dama do lotação às avessas; de Ana a Zélia, passando por Cristina, Gabriela, Júlia, Paula, Sara e Xênia; mulheres, emoções.

Nesta quinta-feira, 26 (coincidência ou não), Otto Augusto Sievert lança “Mulheres de A a Z” em São Luís. A noite de autógrafos acontece na Livraria Poeme-se (Rua do Sol, 451, Centro), às 19h. Sobre o trabalho, Zema Ribeiro conversou com o escritor. Confira abaixo.


[“mulheres de a a z”. foto: reprodução]

Entrevista: Otto Augusto Sievert

Zema Ribeiro – As pessoas ainda têm uma imagem de escritores que vivem para a literatura, enfurnados, criando grandes obras, ao contrário do que acontece quase sempre, na verdade. Como é conciliar o trabalho em uma usina hidrelétrica com o ofício de escritor?

Otto Augusto Sievert – É, realmente, escrever é solitário e muitas vezes angustiante. Quanto a conciliar o meu trabalho com a criação do livro não foi tão simples, justamente por serem atividades bem diversas. Mas quando a gente se propõe a fazer algo, tudo o que chega é lucro. Então eu ia tirando histórias de tudo o que acontecia. O dia a dia, em qualquer setor, te fornece muito assunto. Poso até dizer que, em algumas circunstâncias, eu trabalhar na Usina colaborou bastante para a criação da obra.

ZR – “Mulheres de A a Z” é teu primeiro livro e traz contos bem humorados. Quais as tuas intenções ao escrevê-los?

OAS – A intenção inicial sempre foi fazer uma homenagem às mulheres. A questão do bom humor é simples: as mulheres com que convivo têm grande presença de espírito. E o humor com que elas encaram as situações do cotidiano foram uma das fontes de inspiração para eu escrever o livro.

ZR – O livro não é uma listinha de “mulheres que já comi” ou algo parecido, mesmo sendo ficção. Em nenhum momento houve certo receio de uma confusão com o título?

OAS – Na verdade, o título dá esta sensação mesmo, de fazer parecer que é uma lista de mulheres “comidas” [risos], o que não é verdade, diga-se de passagem. Ele foi concebido junto com a formatação do livro. Nasceu antes dos contos, até. Posso dizer que o título orientou a formatação. No meio do percurso eu cheguei até a pensar em outro nome. Mas o que vingou mesmo foi o [Mulheres de] A a Z. E se já houve confusão? Com certeza, houve. Uma amiga minha, muito íntima, recusou-se a lê-lo. De ciúmes, pode? [risos]

ZR – Qual a tua relação com a Ilha de São Luís, onde agora lanças “Mulheres de A a Z”?

OAS – Comecei a escrever o livro logo depois de conhecer a minha namorada, a Maristela, que é daqui. A nossa convivência me fez conhecer muitos maranhenses que moram em São Paulo. E como o livro traz fragmentos de observações que faço das mulheres ao meu redor, com certeza tem muito de Maranhão no livro. O conto “Gabriela”, por exemplo, foi uma homenagem ao [jornalista e poeta maranhense radicado em São Paulo] Celso Borges e a Andréa Oliveira [esposa de Celso, responsável pela edição do livro], que na época estava grávida de Clarisse. Um dia eu fui a uma festa na casa deles e os dois passavam uma energia tão boa com aquela gravidez que fiquei imaginando se a criança, mesmo antes de nascer, já não estava curtindo os pais. E muitas situações do livro foram inspiradas por outras maranhenses paulistas. Tem mais: Andréa fez a edição e Cláudio Lima [designer e cantor maranhense] fez a capa. Portanto é um livro quase maranhense [risos].

ZR – Outros lançamentos já aconteceram, em outras cidades? Vão acontecer?

OAS – O livro já foi lançado em minha cidade, Cubatão, e no centro de São Paulo, na Rua Augusta. Ocorre que eu perdi a minha mãe em julho do ano passado, tive que assumir o inventário, e toda aquela burocracia. Isso me absorveu bastante. Pra complicar, em novembro eu fiz uma operação na perna, para trocar a prótese, sou meio biônico. Isso fez com que eu parasse um pouco com a promoção do livro. Mas agora estou voltando, muito provavelmente vou lançá-lo em Curitiba antes do fim do ano.

ZR – 26 mulheres, frutos da tua imaginação, compõem a paisagem do primeiro trabalho. Quais os teus projetos futuros? Tendo começado tarde, já pegou gosto pela coisa?

OAS – Eu sempre gostei de ler bastante, e isso me fez cometer a ousadia de escrever e publicar um livro. Olha, depois de a gente sentir este prazer, este é um caminho sem retorno. É maravilhoso, tenho vivido emoções que nem imaginava que existissem. O próximo projeto terá o nome de “Contos do dia primeiro”. É a primeira vez que falo sobre isso. E vai ser sobre mulheres, com certeza. Já o tenho idealizado. Quem sabe eu não venha lançá-lo aqui no Maranhão, também?

*Zema Ribeiro escreve no blogue http://zemaribeiro.blogspot.com

Serviço

O quê: Noite de autógrafos de “Mulheres de A a Z“.
Quem: o escritor paulista Otto Augusto Sievert.
Quando: hoje, às 19h.
Onde: Livraria Poeme-se (Rua do Sol, 451, Centro).
Quanto: Entrada franca. O livro custa R$ 12,00.

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